Brian May fala sobre Adam Lambert em entrevista a Edvardas Zickus da Lituânia – 26/09/2017

Em 26/09/2017, Brian May concedeu algumas entrevistas, uma delas já publicamos aqui, realizada com Petr Vizina da Czech TV News de Windlesham (Reino Unido). Agora, confira mais uma destas entrevistas, feita com o jornalista e apresentador de tv na Lituânia, Edvardas Zickus (tradução solicitada pela fã Suzana Gusmão), e assim que possível, estaremos postando os vídeos nas versões legendadas das partes em que Brian fala sobre Adam:

O entrevistador começa perguntando se Brian se lembra de quantas entrevistas ele já deu na vida, ao que Brian responde não, que foram muitas. O entrevistador então pergunta se Brian não fica cansado de responder sempre às mesmas perguntas nas entrevistas. Brian confessa que às vezes sim, mas é uma forma de fazer contato, e ele tenta ser criativo em suas respostas, sendo elas repetitivas ou não.

O entrevistador comenta que Brian é do tipo que leva uma vida tranquila, e Brian diz que realmente adora a tranquilidade, mas gosta de fazer barulho no palco. Brian diz que não gosta de agitação ao seu redor, e brinca que talvez seja a idade.

O entrevistador pergunta de onde Brian tira energias para fazer turnê, e comenta do episódio recente em que ele teve que cancelar uma série de shows para tratar de uma doença. Brian responde que ele teve sorte de se curar, e diz que o segredo é se manter em forma, que apesar de ter ignorado isso nos últimos cinquenta anos, atualmente ele dá muita importância a exercícios e alimentação saudável. Semanas antes dos shows começarem, porém, ele faz uma pausa nos exercícios para treinar seus dedos ao tocar guitarra, o que é muito importante, pois se seus dedos pararem de trabalhar então estará tudo acabado. Ainda assim, Brian diz que desfruta de todo esse processo, provavelmente ainda mais nos dias de hoje.

O entrevistador pergunta se ainda é importante para o Queen se manter como um grupo de sucesso, e Brian diz que eles têm os seus fãs, com os quais eles se conectam, mas que esperam alcançar novas pessoas.

O entrevistador pergunta se, no início, ele imaginava que o Queen se tornaria um grupo tão grandioso, e Brian diz que não fazia ideia, que quando eles começaram a tocar em todos aqueles lugares, alguns que ele nem sabia existir, foi uma recompensa, que superou todos os seus sonhos. Brian diz ainda que ver tantas pessoas sabendo todas as letras do Queen, mesmo em países que não falam inglês, é a coisa mais incrível.

O entrevistador pergunta se Brian se lembra como era ser tão famoso quando eles eram jovens, e Brian brinca que eles se tornaram uma atração turística, que todos sabiam, e ainda sabem, quem eles são, e é uma coisa estranha. Hoje em dia, algumas pessoas ficam animadas quando o encontram, mas nem sempre ele tem tempo para parar e atendê-las, e se preocupa se está desapontando as pessoas. Mas Brian diz que é muito bom, que embora existam aquelas pessoas que são rudes e esperam que eles ‘lhes façam uma performance’, a maioria lhes dão de tudo sem querer nada em troca, e menciona um episódio recente em que uma garota passou a seu lado na rua e parecia querer dizer algo, talvez pedir um autógrafo ou uma foto, mas ela apenas disse ”A propósito, você é incrível!”, e se afastou. Brian diz que momentos assim fazem o seu dia, e fazem ele pensar que está no lugar certo. Brian comenta que às vezes ele se pergunta coisas assim – se ele está fazendo a coisa certa da sua vida, se ele está tratando as pessoas direito, se ele está cuidando bem de sua família, se ele está ajudando as pessoas e animais que precisam – afinal, eles também são seres humanos que questionam como qualquer outro, mas que ele espera estar usando bem o seu tempo.

[7:40] Entrevistador: Alguns anos atrás, você disse que achou que o Queen tinha morrido em 1991, quando Freddie morreu.
[7:47] Brian: Sim, eu tive esse sentimento. Foi como uma decisão consciente, nós dissemos: ‘se um de nós partirmos, não faremos mais isso’. E por um bom tempo foi assim – Roger foi fazer suas coisas e desapareceu, e eu fui fazer música solo, com muita paixão, fiz duas grandes turnês, cantando, estupidamente, e eu não queria falar sobre o Queen – o Queen tinha acabado, e eu era eu. Então houve um momento em que percebemos que haviam muitas pessoas que gostavam do que tínhamos construído – nós passamos 20 anos construindo o Queen, colocando toda nossa paixão nisso – e as pessoas gostavam, ainda queriam aquilo, e você quer ser capaz de dar às pessoas o que elas querem. Pensamos no que poderíamos fazer, e começamos colocando a música na estrada – com o musical ”We Will Rock You”, o que é ótimo. Então conhecemos o Paul Rodgers, e de repente surgiu a oportunidade de nós fazermos algo, mas não sabíamos o que, e então se tornou Queen + Paul Rodgers, e novamente nós fizemos turnê pelo mundo. E então chegamos ao fim disso e pensamos: ”Ok, agora nós estamos acabados”. E não foi antes de Adam Lambert aparecer no horizonte que eu e Roger consideramos a possibilidade de ser o Queen outra vez. Então, acho que é sorte, nós temos muita sorte de ter a oportunidade de ”fazer Queen” no nível mais alto possível, nós temos um grande vocalista, um ótimo comunicador, um ótimo cantor, e Roger e eu ainda podemos tocar. E acho que provavelmente nós tocamos melhor agora do que já tocamos antes, nós crescemos, temos mais consciência, e, graças a Deus, ainda temos energia, ainda podemos correr ao invés de andar. Então, eu me sinto sortudo. E enquanto ainda pudermos fazer isso, me sinto ótimo ao fazê-lo.

O entrevistador pergunta se o Queen era como uma família, se eles eram melhores amigos que compartilhavam tudo. Brian responde que sim, que eles eram como irmãos, mas que eles sempre brigavam, exatamente como irmãos brigam, que eles apoiavam um ao outro até a morte, mas também brigavam um com o outro no grupo até a morte. Eles eram uma família turbulenta – balanceada, sempre impulsionando um ao outro -, e disso surgiu o Queen.

O entrevistador pergunta se, como dizem, Brian pagou o preço por sua vida de sucesso. Brian ri e diz que sim, que tudo é uma espada com duas extremidades – você tem o bom e tem o ruim. Mas Brian diz que foi difícil, mas que não mudaria nada – ele ganhou um baú cheio de joias, mas também há dor, como todas as pessoas têm dor em suas vidas.

[11:38] Entrevistador: Agora, todos estão se perguntando: Adam Lambert é o novo Freddie Mercury?
[11:40] Brian: Acho que ele é o novo Elvis. Às vezes acho que ele está mais próximo de ser o Elvis do que de ser o Freddie. Mas, sim, há uma grande semelhança de muitas maneiras, mas o que é legal é que Adam não tem que imitar o Freddie, de nenhum jeito, ele canta as músicas com suas próprias interpretações. Ele também é extravagante e engraçado, como o Freddie era. Ele também é um grande comunicador com a plateia, como o Freddie era. Mas tudo de maneira ligeiramente diferente, ele nunca tenta ser o Freddie. Então, nós temos muita liberdade. Ele agora é um membro do grupo, e nós temos essa interação que costumávamos ter nos velhos tempos, vem naturalmente. E nós nem sempre concordamos. Adam não vem simplesmente dizendo sim para tudo, ele diz: ”Não, acho que devíamos tentar isso, por que não tentamos aquilo?”. E dizemos: ”Ah, ok!”. Porque ele vale a pena, ele é um criador, ele é um artista. É uma boa interação. Muito boa.

[12:46] Entrevistador: E você acha que Freddie aprovaria Adam como um novo membro do Queen?
[12:51] Brian: Totalmente. Com certeza Freddie iria amar o Adam, não duvido disso nem por um minuto. Acho que haveria um tipo de ciúmes entre os dois. Uma pequena competição. Acho que ele iria adorá-lo completamente. Porque Adam incorpora muito do sonho e espírito com os quais começamos. Às vezes imagino Freddie olhando para o que estamos fazendo, com aquele olhar malvado, e está feliz com isso. Ele também está feliz porque ele está incluso em tudo isso, Freddie está no show, não o jogamos fora, se você vier ver nosso show você verá, Adam e nós, não como peças de museu, e você verá o Freddie aparecer e fazer umas coisas – com a tecnologia nós podemos fazer isso. Acho que é um equilíbrio muito bom, e acho que Freddie estaria mais do que feliz, espero que ele esteja feliz.

[13:56] Entrevistador: Então, o que as pessoas podem esperar dos shows, como é o Queen atualmente?
[14:02] Brian: O show é muito diferente. Tomamos uma decisão consciente, e muita coisa foi mudada pelo apetite por mudanças que o Adam tem. Então é um show muito diferente do que o que você viu há três anos, é mais temático. Tomamos como tema o álbum “News Of The World” e o nosso robô aqui, que chamamos de Frank, pois ele foi feito por Frank Kelly Freas, um grande pintor de ficção científica. Você verá o Frank no show, e há uma razão para isso – é o aniversário de 40 anos do álbum “News Of The World”. Frank meio que comanda o show – essa foi a decisão -, podemos fazer isso pois temos essas telas gigantes que podem se mover, e elas são em duas camadas, o que causa esse efeito em 3D. Então nos divertimos muito, temos essa caricatura que nunca usamos antes. E Frank interage com a gente, ele pode me levantar em sua mão. Então tem muitas coisas divertidas. A música ainda é o centro de tudo, e temos muita confiança na música, mas há outros brinquedinhos. Chamamos de truques. Nunca há um momento tedioso, há muitas cores, visualmente e em termos de som. É uma grande experiência.

[15:22] Entrevistador: Então vai ser muito legal!
[15:23] Brian: É diferente. É legal. E provavelmente acho que é por isso que temos boas reviews atualmente. Porque mesmo que não tenhamos a música, quero dizer, a maioria das pessoas nos dão boas reviews. Frequentemente a mídia diz que as músicas do Queen não são o principal. Mas no show você pode ver o entretenimento e se conecta. Então me sinto orgulhoso disso.

[15:50] Entrevistador: Você ainda liga para esses comentários?
[15:55] Brian: É, você dá importância para tudo. Acho que todos ligam. Você pode ter milhares de pessoas dizendo que você é maravilhoso, e uma pessoa diz que você é um lixo, você ouve. Acho que todos se sentem assim. E acho que é bom, ou você pode ficar complacente. Sim, gosto de ouvir as críticas, saber o que dizem, e tomar minha decisão, se é válida ou não. É a melhor maneira de seguir em frente. É como dizem, seu melhor amigo te diz a verdade, as pessoas têm suas próprias opiniões, mas se te fazem uma crítica que é verdade, isso te ajuda, te dá força, te faz analisar as coisas.

[16:43] Entrevistador: Bom, eu acho que você é maravilhoso!
[16:46] Brian: Ah, abençoado seja. Obrigado! Agradeço muito.

Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Bruna Martins
Fonte: Brighton Rock/YouTube

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