-
20mar2018
- ESCRITO POR:
- CATEGORIA:
- COMENTÁRIOS:
- 0
Review by 100% Rock Magazine do Show Queen + Adam Lambert em Perth (Austrália) – 06/03
Ao vivo: Queen + Adam Lambert – Perth Alguns dias opressivamente quentes e suados não fizeram nada para atenuar o entusiasmo de Perth pelo retorno do poderoso Queen – agora, efetivamente, Brian May e Roger Taylor – com Adam Lambert, e uma arena lotada estava ansiosa para o início do show, programado para 20:15, fazendo holas e batendo palmas enquanto a música ambiente preparava a atmosfera.
De repente, as luzes da casa diminuíram e uma impressionante e inovadora tecnologia de vídeo/iluminação nos mostrou o robô gigante da capa do álbum “News Of The World”, como re-inventado pelo artista Frank Kelly Freas, de sua pintura de uma história original de ficção científica. O robô, apelidado de Frank pela banda, impressionantemente “levantou” o equipamento de iluminação acima do palco, permitindo que a banda começasse o show.
A metade da banda Queen que ainda se apresenta, trabalhou com um punhado de cantores ao longo dos anos desde que o grande Freddie Mercury faleceu e o baixista John Deacon recuou de qualquer tipo de vida pública. Não é exagero dizer que sua curta colaboração com George Michael foi o melhor arranjo, logo após a perda de Freddie, por isso não é nenhuma surpresa que Adam Lambert – um veterano do American Idol – tenha mais do que um pouco do jovem e impetuoso Michael nele.
Lambert começa um pouco devagar esta noite, concentrando muita energia na postura durante o trecho de introdução de “We Will Rock You”, mas logo se recupera e deixa seu impressionante alcance vocal ter toda sua atenção durante “Hammer To Fall” e “Stone Cold Crazy”.
Com May e Taylor agora comandando o show, ele tem uma lista de rock pesado, e é impossível confundir o som de guitarra exclusivo de May (cortesia de sua Red Special, feita-a-mão-de-uma-lareira) e da bateria de Taylor (mesmo que ele tenha alguma ajuda neste departamento – mais sobre isso depois).
Praticamente todas as músicas são clássicas (até o Top 10 de Lambert indicado ao Grammy em 2009, “Whataya Want From Me”, escrito por Pink, Max Martin e Shellback, é muito simples nesta grande companhia), e havia punhados mais que poderiam ter sido tocadas e facilmente ter a mesma resposta.
O som do baixo em “Another One Bites The Dust” é inconfundivelmente divertido; uma introdução accapella de “Fat Bottomed Girls” – Lambert exortando “todas as minhas vadias gordas” a “subir em suas motos e correr”, provando que, apesar de fortemente influenciado por Mercury, ele não é um mero imitador, e ele exagera ainda mais através de “Killer Queen”, emperiquitado como Liberace, na cabeça do robô Frank, com vibes de cabaré gay.
Lambert encanta a multidão com um discurso curto e respeitoso sobre seu antecessor – para alguns, o único vocalista que pode cantar essas músicas. “Eu sei que há pessoas aí fora, dizendo: ‘Bem, ele não é Freddie Mercury!’ Me prometam que nós vamos celebrar Freddie e Queen juntos esta noite?”, ele invoca, provocando um enorme rugido e subindo alguns degraus na escada de respeito.
Pode-se imaginar que Freddie abraçaria firmemente as atitudes sexuais mais abertas que desfrutamos hoje, cerca de 27 anos após sua morte de doenças relacionadas à AIDS, e a extravagância de Lambert, a confiança para abraçar sua feminilidade e as piadas atrevidas, certamente teriam feito o falecido cantor rir. Um triciclo rosa-choque destaca “Bicycle Race”, e Lambert não é tímido para montá-lo ao redor do palco com seu microfone em um suporte especialmente construído no guidão. É absurdo, mas funciona – a banda obviamente está se divertindo muito, e a música nunca desce do rock and roll para o cabaré.
O som da guitarra de May prova a lenda do rock que ele é, os riffs são ousados, os solos, desfiados, e ele caminha para cima e para baixo na passarela em meio à multidão repetidamente, chegando perto de tantos de nós quanto possível. Empoleirado em um banquinho no final da pista, ele toca “Waltzing Matilda” sozinho, com um violão acústico, e a multidão canta para ele, antes de “Love Of My Life” se transformar em um dueto com Freddie via vídeo, enviando arrepios através da multidão.
May e Lambert – ainda no final da passarela – começam “Somebody To Love” como uma balada maravilhosa, antes de Taylor se sentar em uma segunda bateria, seguindo-o com o rockabilly cool de “Crazy Little Thing Called Love”. Há uma “batalha de bateria” entre Taylor e o percussionista/baterista de backup Tyler Warren, antes do dueto do baterista com Lambert em “Under Pressure”, então Taylor assume o microfone para “A Kind Of Magic”, que, para ser justo, foi um pouco chato, apesar dos ótimos efeitos gráficos dos anos 80 na tela.
“I Want To Break Free” foi surpreendentemente não-extravagante, antes que Lambert arrasasse na balada “Who Wants To Live Forever” com alguns vocais verdadeiramente impressionantes e o espaço preenchido por lasers, então foi a vez de May tocar um solo apropriadamente astral, com um vídeo de Frank que parece levantar o inspirado astrólogo* no cosmos com sua mão robótica. (*N.T. Brian May é astrofísico, não astrólogo.)
Com ninguém mais para impressionar, tudo o que restava para a banda era “Radio Ga Ga” e “Bohemian Rhapsody” – obra-prima de Freddie recebendo toda a grande e extasiada resposta que merece, mesmo com (ou em parte por causa disso) o vídeo de 1975 da seção operística passando nos telões.
Teremos um bis? É claro. Um breve vídeo de Freddie, conduzindo um “day-oh” reinicia o show, antes do eterno entrelaçado “We Will Rock You” e “We Are The Champions”, May com uma camiseta de Freddie, Lambert em um manto de cetim dourado e coroa cintilante, terminando um show simplesmente espetacular, em grande estilo.
Depois de mais de cinco anos juntos, Lambert e Queen são, obviamente, uma combinação feita no céu, mas a falta de material novo significa que, pelo menos, eles permanecerão apenas como um tributo ao legado, o que é uma pena. Pensando bem, com o álbum Queen + Paul Rodgers, “The Cosmos Rocks”, sendo uma adição menos do que digna ao seu catálogo, talvez eles prefiram se ater aos hits testados.
Não há como negar que raramente somos mimados com um show onde a multidão simplesmente não quer parar de cantar e gritar – o ritmo frenético da noite nos deixando esgotados. Cada milímetro da abundante pompa e circunstância deste evento foi absorvido pelo público, com todos os que saíram sentiram que Queen e Lambert fizeram um show tão íntimo e interativo quanto alguns caras podem fazer para quinze mil pessoas.
Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Stefani Banhete
Fonte: 100% Rock Magazine
Nenhum Comentário