[ENTREVISTA] OUT: Adam Lambert volta com o glam rock em seu single “Two Fux”

A Revista OUT se encontrou com Adam Lambert no final de Junho para discutirem sobre sobre a criação da sua nova música de trabalho, definir sua situação atual e revisitar suas raízes do glam rock. Confira como foi a entrevista.

Adam Lambert volta com o glam rock em seu single “Two Fux”

“Se você acha que o que eu faço ou como eu vivo é demais, eu não dou a mínima”. É o que o Adam afirma na sua nova música de trabalho, nomeada apropriadamente de “Two Fux” [“Não Dou a Mínima”]. Esse hino pop provocante, escrito por Ferras, Sarah Hudson, Big Taste e Trey Campbell, prevê glamberts de 35 anos de idade jorrando auto-confiança recém descoberta, ele mesmo admite “pensam que sou de Marte”, mas mostra seu desinteresse pela suposição, com um simples “tanto faz”.

A música do Adam Lambert tem se desenvolvido muito bem desde “The Original High” de 2015, tanto na melodia, quanto nas letras, abandonando a narrativa de “querer mais” e aperfeiçoando a realização de que ele é bom o bastante. Na dramática abertura do álbum, ele repete essa fala sombria “meu coração é uma cidade fantasma”. Com a produção europeia de Max Martin, bem diferente do empoderamento de “Two Fux”, cheio de influências do Glam dos anos 70. “Ninguém me entende, melhor que eu”, diz ele, cheio de auto-confiança.

Atualmente em turnê internacional com o Queen, Lambert partiu do American Idol para um ícone da comunidade ‘queer’. Assumindo os vocais no lugar do Freddie Mercury toda a noite com a sua voz eletrizante e seu cabelo laranja-chamejante. Acompanhado por Roger Taylor na bateria e Brian May na guitarra, ele esbravejou os clássicos – “We Will Rock You” e “Another One Bites The Dust” – deixando passar seu próprio material de trabalho, incluindo “Two Fux” que mais parecia uma música ‘perdida’ do Queen.

A OUT se encontrou com o Lambert essa semana para discutir sobre a criação da sua nova música de trabalho, definir sua situação atual e revisitar suas raízes do glam rock.

Como foi o processo de composição de “Two Fux?”
Adam: Essa música foi idealizada por Sarah Hudson e Ferras, que são meus queridos amigos. Eu os conheço há anos e já compomos juntos diversas vezes. Essa é a primeira vez que algo se concretiza e eu estava tipo: “Vamos lá, vamos lançar”. É maravilhoso quando vamos ao estúdio, rimos muito e fazemos muita bobagem. A gente se diverte demais.

Ferras é um compositor ‘queer’ e Sarah Hudson é conhecida como uma aliada da comunidade LGBT. Por que foi importante trabalhar com eles nesse momento?
Adam: Eu resolvi diversificar dessa vez. Não que o meu processo anterior tenha sido ruim, por que eu amo “The Original High” e amei trabalhar com com o Max Martin. Mas quando eu voltei da Austrália ano passado depois do X Factor, eu estava me sentindo muito criativo e comecei a conversar com alguns compositores amigos meus, incluindo a Sarah e o Ferras. Eu meio que disse “vamos fazer só por diversão – sem pressão”. Foi bem descontraído, nada formal e foi muito bom, porque levou essa energia para o projeto. E é nesse estado em que me encontro agora.

De que forma “Two Fux” traduz a sua forma de pensar?
Adam: Para mim “Two Fux” veio meio que para somar. Eu escrevi muito no passado sobre “perseguir a alta originalidade”. Eu queria algo que fosse além. E com esse projeto, estou num momento da minha vida que estou tipo “quer saber? estou ótimo!” Eu vou fazer o que tem que ser feito sem me desculpar, sem tentar agradar a todos. Eu acho que todo mundo tem seus momentos de ascensão e declínio na vida, tentando encontrar um rumo, e no momento eu me sinto confiante.

O que aconteceu na sua vida, que o levou a esta forma de pensar?
Adam: A idade conta muito. Eu presenciei ciclos, idas e vindas, tendências e movimentos. Há esse movimento incrível agora, que dá visibilidade a pessoas trans, bem como a fluidez de gêneros e a várias outras coisas que estamos cientes, mas o fato desses assuntos estarem em evidência e bem encaminhados – é libertador. Sinto que há discussão e conversação sobre esses assuntos que eu sempre tive fortes opiniões. As pessoas estão se ligando mais em coisas mais estimulantes e eu sinto que minha voz pode ser ouvida.

Por que “Two Fux” é uma forte introdução para um projeto maior no qual você vem trabalhando?
Adam: É basicamente uma missão. Com esse refrão que fala, se você acha que o que eu faço ou como eu vivo é demais, eu não dou a mínima. Sabe, o mundo em que vivemos hoje é um pouco assustador. Há muito ódio e negatividade por aí. Nosso país, dividido politicamente e socialmente. Para conseguir lançar uma música que expressa tudo isso e dizer: “Olha, talvez você não goste de mim, mas eu não vou me abater. Não vou deixar que isso estrague meu dia. Eu vou ser quem eu sou”. Eu acho que as pessoas precisam de força própria. Eu me sinto bem ao ouvir e espero que outras pessoas se sintam bem também. E não levar as coisas muito a sério – a letra é boba, eu acho que dá as pessoas um motivo para sorrir.

Você já apresentou a música ao vivo na turnê com o Queen. Como foi a recepção?
Adam: Maravilhosa. Eu tive a oportunidade de tocar para o Brian (May) e o Roger (Taylor), alguns dos projetos em que estou trabalhando agora, quando começamos os ensaios para a turnê há duas semanas. Brian me ligou assim que eu o enviei “Two Fux” por email e me disse: “Não consigo tirar da minha cabeça. Eu só escutei uma vez e fiquei viciado”. E eu disse: “Isso é um bom sinal, não acha?” Começamos a pensar a respeito e decidimos tocar na turnê. A música tem uma sensibilidade meio Glam, então não foi difícil para a banda se adaptar.

Você considera o Queen como seus mentores próximos quanto ao processo de criação do álbum?
Adam: Eu me inspiro neles, e amo as suas opiniões em algumas coisas, mas essa música já estava pronta e bem velhinha na época em que eu toquei para eles. Esse é um projeto meu, e eu amo ser um convidado especial da banda, sair em turnê com eles e cantar as músicas que os tornaram ícones. Mas eu preciso de projetos meus, usando a minha criatividade também. Inspirado no Queen, era assim que eles faziam suas músicas. Muitas das suas músicas foram escritas individualmente pelos membros – Freddie e Ryan escreveram vários hits, Roger e John também. Eu acho que eles entendem a necessidade de ter suas próprias criações ouvidas também.

Para você, como é que “Two Fux” se relaciona com o resto da sua discografia?
Adam: Acredito que os fãs estão muito entusiasmados, por que neste meu novo projeto há muita influência das minhas raízes. Eu tenho feito vários experimentos sonoros – “Trespassing” era meio pop, eletro-punk e “The Original High” era mais sombrio, com um pop mais europeu. Esse novo projeto tem mais influências do glam rock no qual eu sempre me identifiquei. Tem muita influência dos anos 90, 80 e 70. Meus ídolos são Freddie Mercury, Prince e George Michael – Esses foram os artistas que eu voltei a ouvir no final do ano passado, para quebrar o ciclo de ouvir apenas o que era tendência. Eu estava cansado das sonoridades que todo mundo usa, então eu voltei a pensar no porque eu queria fazer música em primeiro lugar. Eu sinto que um ciclo se completou – É a minha interpretação do rock moderno.

Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Tati Bezerra
Fonte: Revista OUT

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