[ENTREVISTA] Rolling Stone entrevista Brian May – Jul/2017

Em recente entrevista a Rolling Stone, Dr. Brian May, o guitarrista do Queen, conversou sobre a turnê de verão do Queen + Adam Lambert que está ocorrendo nos Estados Unidos e Canadá desde o dia 23 de Junho; biografia do Queen; e o legado do grande hit “We Will Rock You”. Confira a seguir:

Enquanto segue na estrada com o atual frontman, Adam Lambert, o guitarrista explica como é respirar vida nova no legado da banda

Durante as passagens do Queen nas arenas norte-americanas com o frontman Adam Lambert neste verão, o guitarrista Brian May diz sentir quase como um déjà vu. “Muitas vezes, sinto-me como nos velhos tempos, porque isso tudo se tornou tão grande quanto antigamente”, diz ele. “Eu me sinto muito privilegiado e muito sortudo por tocarmos em estádios. Atualmente, estamos numa escala maior do que qualquer coisa que já fizemos antes. É grande, é arriscado e estamos ao vivo, como sempre. Não somos uma peça de museu, somos uma entidade viva”.

A banda iniciou sua turnê de verão no final de Junho e estará a caminho dos EUA até o início de Agosto, tocando uma seleção que abrange muitas de suas melhores músicas. “Lembro-me de Prince dizendo: ‘Muitos hits, muitos hits’”, diz May. “É um bom problema para se ter. Vamos lançar algumas músicas que as pessoas não veem ao vivo há muito tempo; o problema é decidir o que deixar de fora”.

Ele diz que os fãs podem esperar por uma versão “vintage ‘Americana Queen’ em seus dias de glória… na época em que fomos atraindo esse ponto com o público americano” com músicas como “We Will Rock You” de 1977 e “We Are The Champions”. A banda também tocou a excêntrica música solo de Lambert e até uma melodia do álbum de solo de May de 1993, “Back To The Light”. “Tudo se tornou bem mais flexível do que antes”, disse o guitarrista, que recentemente lançou outra versão solo com a cantora Kerry Ellis, chamada “Golden Days”. “Nós não tocamos com bases musicais ao fundo, então podemos fazer o que quisermos. Sabemos que Adam já conhece o suficiente para bancar os improvisos conosco. Isso faz com que pareça com os velhos tempos. Mas obviamente é novo, porque tocamos pra um público que são os filhos ou netos e filhas das pessoas para quem tocávamos nos anos 70. E estamos um pouquinho mais velhos”. Ele ri. “Não muito, mas um pouquinho mais velhos”.

Curiosamente, ele diz ter encontrado recentemente paz com a banda no lugar atual onde se encontram no mundo por estarem próximos ao que era o Queen nos anos 70. “Levei meus filhos para verem o show do Aerosmith não faz muito tempo”, diz ele durante um longo bate-papo com a Rolling Stone. “Aerosmith é, de certa forma, bastante semelhante a nós. Tudo é real, vivo, arriscado e sem segurança. Apenas assisti as feições dos meus filhos e pensei ‘não tenho que me desculpar por isso. Isso é algo real’. Senti como se fôssemos inquestionavelmente algo real. Nós somos o que somos e não somos perfeitos, mas será uma coisa que nunca foi vista antes. Será uma coisa do momento”.

O que os fãs devem esperar da turnê?
Se eles já nos viram, ficarão muito surpresos porque o show parecerá muito diferente de tudo o que fizemos antes. Estávamos muito interessados em adotar avanços na tecnologia e em todos os brinquedos novos. Embora o show tenha certos elementos retrospectivos, parecerá bastante novo. E temos um cantor fenomenal para adicionar à nossa armada; Adam é bastante extraordinário de muitas maneiras.

O que você quer dizer com “elementos retrospectivos”?
Bem, as pessoas querem ouvir os hits. Então, há uma obrigação, que é uma obrigação muito agradável, mas é bom mudar isso e manter todas as músicas vivas. Além disso, há um elemento de vídeo que planejamos antes. Os telões são baratos agora, então há muito conteúdo de vídeo. O vídeo será muito interativo; estará intimamente conectado com o que está no palco e também fora dele. Não quero dar muitas informações, mas haverá um certo elemento retrospectivo, que se conecta com alguns dias de glória de quando Freddie estava conosco. Então, haverá ecos do passado em uma nova forma.

Você não está falando sobre um holograma, está?
Não, não são hologramas. Nós tentamos algo com hologramas, e descobrimos que eles não nos dão o que queremos. E a maioria das coisas que as pessoas chamam de hologramas não são realmente hologramas; são o fantasma da Pepper. Preferimos coisas mais flexíveis para se fazer ao vivo. Então não. Nós não usaremos hologramas [risos]. Usaremos outras coisas.

“We Will Rock You” fará 40 anos de lançamento neste ano. Você pode descrever a sensação de sentir a plateia pisar e bater palmas com a música?
[Risos] “We Will Rock You” e “We Are The Champions” com a participação do público era algo surpreendentemente novo na época. Quando essa música nasceu, os shows não eram interativos nesse sentido. Você balançava sua cabeça e não muito mais que isso; Você não cantava durante um show do Led Zeppelin. Mas descobrimos que as pessoas estavam cantando em nossos shows em certos momentos, então a primeira reação foi: “Ei, o que há de errado com isso? Por que eles não vão calar a boca? Por que eles apenas não nos ouvem?”. [Risos] Então houve uma nova percepção de quão incrível era isso. As pessoas estavam participando do que estávamos fazendo e o show se tornando uma troca do público com a banda. Foi aí que “We Will Rock You” e “We Are The Champions” vieram, e “Radio Ga Ga” mais tarde. Fiquei emocionado por ter acontecido e estou orgulhoso por ter tido isso, porque virou universal hoje em dia. E em certo momento da nossa história, realmente funcionou bem, como na situação do Live Aid, onde tocamos para um público que não sabia que estaríamos lá. Os ingressos foram vendidos antes de termos sido adicionados à lista de bandas. Mesmo assim, eles sabiam exatamente o que fazer quando “We Will Rock You” ou “Radio Ga Ga” começaram. Todos cantavam em “We Are The Champions”. Foi um grande momento de realização para nós, transpassando muito mais do que um público de rock – tornou-se como uma consciência coletiva.

Agora você ouve tocar essas músicas nos jogos de futebol.
Sim. Em todo lugar, em todo o mundo. E o engraçado é que essas músicas realmente não foram escritas com esportes em mente, especificamente. Eu acho que estávamos conscientes da possibilidade, mas realmente era mais sobre o nosso público. Nosso público de rock. Estávamos nos conscientizando de que poderíamos empoderar a todos.

Sua última grande turnê com Freddie foi há mais de 30 anos, em 1986. Do que você sente falta de quando estava na estrada com ele?
É como perder um membro da família. De certa forma, você supera e a vida continua, mas, por outro lado, você nunca supera, porque percebe que sempre está faltando algo. Nós estávamos juntos como banda mais e mais de perto do que provavelmente qualquer um dos nossos casamentos. Obviamente, sentirei falta de Freddie até o dia em que eu morrer, como um amigo, como um colega e alguém para interagir criativamente. Ele era, eu acredito, verdadeiramente extraordinário.

Há alguma novidade sobre a biografia dele e do Queen?
Sim, acho que o que há de novo é que está acontecendo. Estamos há 12 anos nessa trajetória, mas acredito que estejamos muito próximos de um anúncio oficial, o que significará que a Fox deu luz verde para bancar o orçamento. Então, sim, acho que estamos muito perto. Nós temos nossa estrela. Temos Rami Malek como nosso Freddie, que acho que será incrível. Ele tem uma ótima presença, e ele está totalmente dedicado ao projeto, o que é maravilhoso. Passamos um pouco de tempo com ele. Ele está vivendo e respirando Freddie, o que é incrível de ver. E temos um fabuloso produtor, Graham King, que provavelmente é o maior produtor independente dentro ou fora de Hollywood. Ele montou uma ótima equipe. E temos um roteiro realmente muito bom. Finalmente. Então nos sentamos lá como os avós do projeto, em certo sentido. Nós vamos cuidar da música, supervisionando a maneira como estará sendo feita, o que é outro ponto excelente do projeto. Mas nós realmente não estamos fazendo o filme. Trabalhamos nisso nos últimos 12 anos para encaminhá-lo ao lugar certo onde achamos que faria justiça a Freddie. Nós só recebemos um aval sobre, e é isso.

Além do filme, no que você está trabalhando?
Bem, acabei de passar três anos escrevendo um livro, chamado Queen em 3-D. É baseado nessas imagens estereoscópicas que tirei durante todos esses anos enquanto estávamos na estrada. Estou bastante entusiasmado com o lançamento no próximo mês. Começou como um livro de imagens, mas acabou por ser algo parecido com uma biografia. É um conjunto de fotografias instantâneas de nós no palco, em momentos públicos e privados. E nenhuma dessas fotos foi vista antes. As pessoas poderão vê-las na turnê. Acho que será muito pesado para levar até lá, de fato, mas todos poderão vê-las quando estivermos tocando nos estádios.

Quando você começou a tirar essas fotos?
Comecei a tirar fotos estereoscópicas quando eu tinha 12 anos porque descobri como se fazia. Estava colecionando pequenos cartões estéreo de pacotes de cereais. Os cartões de fotos pareciam muito planos, mas quando você os colocava no visor, de repente podia atravessar a janela por um mundo de realidade virtual. E fui cativado. Pensei que daquele instante em diante não queria mais tirar fotos planas: queria tirar fotos estereoscópicas em 3-D. Tem sido uma espécie de obsessão em toda a minha vida. Durante as turnês do Queen eu sempre carregava uma câmera estéreo. Olhando para estas fotos, você realmente sente como se estivesse lá. Sente que pode tocar Freddie.

Você também tem um jogo Monopoly.
Sim, nós contribuímos muito para isso. Tive muito trabalho para torná-lo autêntico. Parece um pouco trivial, o Monopoly, mas o Monopoly é algo que todos adoram jogar e que geralmente é de negócios, mas este nosso é mais sobre a criatividade, o que eu acho muito divertido.

Você conseguiu renomear o Park Place ou não?
Ah, sim. No jogo original Boardwalk e Park Place que são os lugares mais caros. E neste, é Knebworth Park e Wembley Stadium. Madison Square Garden lá e Imperial College, onde tocamos pela primeira vez, o Budokan em Tóquio e tudo ao longo da linha. Mal posso esperar para jogar. Até mesmo as peças tem muito a ver com o Queen. Temos um violão; temos uma hula do clipe de “I Want To Break Free”; também temos uma ‘fat-bottomed girl’ (garota bunduda) em uma bicicleta. Acho que as pessoas vão adorar.

Mais algo de que você queira falar?
[Suspiros] Poderíamos falar sobre a paz mundial.

Ok, como podemos conseguir isso?
[Risos] Bem, pessoalmente, acho que o poder, globalmente, tende a ficar nas mãos das pessoas erradas. É quase por definição que as pessoas que querem posições de poder são as pessoas que não deveriam estar lá. Acredito que é algo que precisa ser consertado em todo o mundo. Não está bom no momento, aos meus olhos. Mas eu trabalho muito nos níveis de lobby do governo em nome dos animais, então vejo isso de perto. E vejo o que acontece. Vejo o quanto há interesse próprio na política e quanto se governa pelo dinheiro e pelo poder. É triste, na verdade. Penso que de alguma forma precisamos de algum tipo de revolução intelectual para corrigir as coisas. Eu queria muito ter as respostas agora, mas estou trabalhando nisso.

Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Diego Girardello
Fontes: @QueenWillRock e Rolling Stone

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