Reverb entrevista o guitarrista de Adam Lambert, o talentosíssimo Adam Ross @adamrossmusic

Adam Ross é o novo guitarrista de Adam Lambert, e ao longo dos últimos meses já vem conquistando o coração dos Glamberts. Confira a seguir a entrevista realizada recentemente com a Reverb.

Os destaques do “sideman” [ver nota 1]: Adam Ross, guitarrista da Rihanna e Adam Lambert

Apesar do seu amor pela guitarra ter começado com as gravações de Pearl Jam e Joe Satriani, o guitarrista, produtor e compositor Adam Ross tem tocado por todo mundo em turnês com artistas incluindo Rihanna, MKTO e, mais recentemente, Adam Lambert.

Para Ross, embora ele tenha uma série de outros interesses musicais, estar em turnê parece ser o que ele faz. Ele apareceu nos palcos para artistas como Jay-Z e Eminem, tocou com Rihanna na Good Girl Gone Bad Tour.

“Já toquei em muitas gravações”, Ross diz. “Mas eu pareço sempre conectado a artistas quando o ciclo de turnês começa e eles precisam de um guitarrista para tocar ao vivo.”

Ross recentemente sentou com a Reverb para falar sobre seu caminho para se tornar um guitarrista de turnê, porque ele prefere seu Fractal Axe-FX do que a incerteza do Backline [amplificadores], seus equipamentos e aplicações favoritas.

O que fez você entrar para o mundo da música?
Eu estava com cerca de 12, quase 13 anos, e eu estava com alguns amigos assistindo a MTV. Eu me lembro de estar vendo o videoclipe de Pearl Jam e eu estava como, “Oh, eu quero tocar guitarra!” E foram bandas como Pearl Jam, Nirvana e Stone Temple Pilots que me fizeram tocar guitarra. Então para o meu aniversário de 13 anos, minha mãe me deu uma Charvel Jackson vermelha. Alguns meses depois, meu pai me apresentou à gravação de “Surfing With The Alien” de Joe Satriani. Isso despertou meu interesse para shredding de alto-octano [ver nota 2], o que prendeu minha atenção pelos próximos anos.

Estava nos seus planos se tornar um músico profissional ou você fazia isso apenas para se divertir?
Foi aquela música de Joe Satriani que me levou até bandas como Stingray, Steve Vai, e então para alguns guitarristas mais clássicos, além de me aprofundar em teoria musical e todo esse tipo de coisa. Em um ano mais ou menos tocando, eu comecei a me aprofundar mais e eu realmente não saí mais disso. Uma vez que eu comecei, estava tudo acabado e eu não olhei para trás.

Você entrou em alguma escola de música?
Sim. Eu fui para Berklee College of Music. Uma vez que eu fiquei sério nisso, eu nunca pensei em fazer qualquer outra coisa. Eu entrei para a Berklee com uma bolsa de estudos e estudei com os melhores instrutores e preenchi lacunas na minha teoria musical e conheci muitas pessoas. Foi uma experiência fantástica. Boston é uma ótima cidade para quem é estudante.

Você acha que a Berklee School of Music te ajudou na transição de estar na estrada profissionalmente? O que exatamente te levou até os shows que você está fazendo agora?
Logo depois de estar em Berklee, entrei para uma banda e comecei a tocar na cena local de Boston, tocando para gravadoras e viajando para Nova Iorque. Isso me manteve prosseguir. Eu estava tão aprofundado na cena de guitarra shred no meu primeiro ano em Berklee. Mas então, entrar em uma banda, foi uma transição. Estar mais na cena comum da música me levou ao mundo real da música, ao contrário do mercado fechado de apenas tocar com guitarristas. Depois de me formar, através de alguns dos meus contatos na cena local de Boston, eu fui indicado para tocar guitarra com o artista de Boston, Bleu. Ele estava na Columbia Records naquela época, junto com John Mayer e Train. Eu fiz algumas turnês com ele e então me mudei para Los Angeles para buscar ainda mais shows em turnês. E estou fazendo turnês desde então.

Uma coisa te levou a outra a partir daí?
Sim, basicamente. Não havia muitos shows de turnê em Boston, mas eu participei de muitos bons shows. Mas uma vez que eu evoluía, o próximo passo lógico era me mudar para Los Angeles. Eu tinha alguns amigos que se mudaram para lá antes de mim e tiveram muita sorte. Lá tinha muitas turnês sendo montadas, então fazia sentido.

Você tocou em alguma gravação desses artistas ou você é primariamente um guitarrista ao vivo?
Eu pareço sempre me juntar aos artistas para as turnês. Eu toquei em muitas gravações, e sempre foi muito bom, mas eu pareço gravitar em torno do mundo de turnês. Hoje em dia especialmente, o mundo das turnês é bem onde eu estou agora em termos da maioria do meu trabalho. Gravações musicais parecem ser um pouco mais descartável. Na verdade eu realmente gosto de estar posicionado no mundo da turnê vs mundo da gravação. É assim que as coisas sempre acabam pra mim.

Como você se prepara para longas turnês? Se vocês estiverem fazendo 30 shows em 30 dias, como você se prepara?
Eu gosto muito de yoga. É na verdade sobre separar um pouco do seu tempo todos os dias, seja antes do shows, no seu quarto de hotel – se você receber um – ou no ônibus da turnê. Apenas reservar um pouco do seu tempo todos os dias para manter essa clareza mental. Eu medito. Eu definitivamente gosto quando não está congelando de tão frio do lado de fora porque eu gosto de fazer longas caminhadas e explorar qualquer cidade que eu esteja. Isso me ajuda a clarear a mente.

Falando sobre guitarras, quais guitarras você está usando agora com Adam Lambert?
Eu constantemente estou passando por várias guitarras, mas agora eu tenho essa Tele[Caster] Bill Crook (da Crook Custom Guitars) feita sobre medida. É a melhor guitarra que eu já possuí. Ela se mantém em perfeita sintonia. Eu fiz um monte de trabalhos com ela: modificando, tentando diferentes pickups e tal. Eu terminei esse trabalho de customização quando eu tinha um botão de três vias no estilo Les Paul nela, porque eu fico doente tentando alcançar os botões pequenos dos interruptores da Tele para trocar as pickups. Então eu tenho isso, e eu também tenho um interruptor série/paralelo. Eu na verdade posso ter a Tele soando muito Les Paul com a série/paralelo. O botão de três vias deixa muito fácil trocar de som no meio da música, então eu consigo uma variedade de sons. Isso significa que eu não preciso fazer várias trocas de guitarras durante o set.

Para a turnê do MKTO, eu também estava tocando no playback, então eu não tinha muito tempo para lidar com a afinação. Teve alguns shows que quando acabaram eu percebia que não tinha afinado minha guitarra nenhuma vez, ela apenas se manteve em sintonia. Então eu não consigo falar o suficiente sobre a minha Crook Tele. Ela é fantástica. Eu também tenho algumas relíquias da Fender Custom Shop. E algumas vezes eu e alguns bons amigos guitarristas fazemos alguns testes A vs B e apenas nos sentamos lá por horas para ver qual Tele corta e espanca mais. E em realmente todos os aspectos, a Crook Tele, apenas aniquila todas as minhas Fender Custom Shop e as dos meus amigos, o que é bem ridículo.

Para amplificadores e outras coisas, vocês estão usando equipamentos de backline ou você traz o seu próprio?
Outra grande mudança na minha situação com amplificadores tem sido o Fractal Axe-FX [ver nota 3]. Eu só estou usando o Fractal agora e tem sido o maior divisor de águas para mim como guitarrista. Eu usei muito backline [ver nota 4] nas últimas turnês, mas às vezes você encontra amplificadores mágicos e às vezes você encontra ineficientes. Especialmente agora, na turnê de Lambert que requer uma grande variedade de tons, como ir diretamente de um som de guitarra funk para uma Marshall e para um reverb-y Fender, sons duplos para sweeps. Obter esse tipo de som com um pedal analógico… Teriam enormes possibilidades de coisas darem errado, eu tomei a decisão de usar o Fractal, é muito superior em todos os sentidos.

Na verdade eu acho que se eu tivesse que fazer um acorde A/B com a Fender ou com a Marshall ou Fractal tocaria outra coisa. Ele também tira a variável da microfonação de amplificador. Várias vezes, situações como shows de festivais, não fica com a microfonação certa e há toneladas de outras coisas para os engenheiros de áudio lidar. Na verdade, alguns programas de TV que eu fiz, logo antes do show, eles levam os equipamentos para o set e o engenheiro no estúdio aciona o microfone. O Fractal apenas tira as variáveis e os sons são fantásticos. Tem sido um divisor de águas, e eu estou absolutamente amando isso. Eu acho que as soluções de guitarra digitais são o futuro da turnê. E eu acho que, em mais 10 ou 15 anos, a maioria dos guitarristas estarão usando esses tipos de soluções.

Interessante.
Isso pode ser uma afirmação ousada.

Bem, você pode estar cedo, quem sabe? A tecnologia tem avançado tão rapidamente. Há um crescimento exponencial a cada ano.
Está apenas cada vez ficando melhor. Muitas gravadoras e gestoras, não querem gastar muito dinheiro com fretes caros de equipamentos, materiais pesados de amplificadores de guitarras. Todo mundo só quer poder voar com suas coisas, um backline ou um amplificador. Eu realmente acho que esse é o futuro das turnês. Em outros 10, 15 anos, será como que se alguém estiver tocando com um amplificador no palco “Oh, isso é legal olhe isso! Eu me lembro de um desses”… Será a mesma coisa de quando você entra em um apartamento moderno e a pessoa tem um toca-discos, “Oh, isso é engraçado. Ele tem um toca-discos.”

Você escreve sua própria música?
Eu escrevo, mas desde que eu estive tão ocupado nos últimos anos em turnê, quando eu tenho um pouco de tempo eu normalmente costumo gastar ele em Los Angeles me recuperando da turnê.

Que conselho você dá para alguém que está começando agora como um guitarrista?
O mesmo conselho que eu sempre dou que é trabalhar mais duro que todo mundo. Aprender uma variedade de estilos. Seja legal e relaxado durante uma turnê. Personalidade é uma grande parte do estilo de vida em turnê. As pessoas que trabalham de forma consistente e conseguem uma carreira nesse negócio são aquelas que são descontraídas, com atitude amigável e percorrem um grande caminho. Eu tenho a reputação de ser o guitarrista shredder, mas, de verdade, é ainda mais importante ser capaz de escutar o artista ou diretor musical e ser capaz de aceitar críticas construtivas, a habilidade de tocar partes, e conseguir tons que são iguais aos da gravação. Essas são as coisas que não são tão fascinantes ou chamativas, mas são muito mais importantes do que ser capaz de tocar incrivelmente rápido e flamejante.

NOTAS:

[1] Sideman: é um músico profissional que é contratado para se apresentar ou gravar com um grupo a qual ele não integra. É também conhecido como músico freelancer. Sidemans geralmente se adaptam a vários estilos musicais diferentes, sendo capazes de se encaixar sem problemas em qualquer grupo em que sejam contratados para tocar. (Fonte)

[2] Shred ou Shredding é o termo utilizado para o estilo de tocar guitarra dando ênfase à velocidade e técnica. Consiste, principalmente, no uso constante das técnicas de fast picking, legatos (hammer on/pull off), sweep-picking e tapping. São usadas com o objetivo de aumentar a velocidade ao limite e tocar figuras como semicolcheia, fusas ou até semifusas, em tempos rápidos, de 150 até mais de 240bpm. Podem ser usadas como simples exibicionismo técnico ou para adicionar partes energéticas e fortes à música. (Fonte)

[3] O Fractal Axe Fx II é um preamp e processador de efeitos, é considerado o processador de efeitos mais poderosos da atualidade, portátil, leve, de alto padrão, que permite timbres irretocáveis. (Fonte)

[4] O termo backline é usado para se referir apenas aos equipamentos de amplificação de áudio que estão por trás da banda, incluindo os amplificadores de guitarras, baixo, teclados e etc. (Fonte)

Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Gisele Duarte
Agradecimentos: Gabriela Macieira
Fontes: @reverbdotcom e Reverb

Compartilhar
Share

Nenhum Comentário

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *