Poffy the Cucumber’s: “ADAM LAMBERT: a Fúria e a Paixão (e os Saltos Altos)”, na visão de um fã do Queen

Jon Dunmore, um grande fã do Queen publicou este belo artigo sobre Adam Lambert em seu blog pessoal, em Outubro de 2015. É longo, sim o texto é longo, mas merecedor da sua atenção!

ADAM LAMBERT: a Fúria e a Paixão (e os Saltos Altos)

“Durante toda a temporada, você foi um dos melhores, um dos mais originais participantes que já tivemos no programa. E toda a ideia de fazer um programa como este é a esperança de encontrar uma estrela mundial. Eu genuinamente acredito, com todo meu coração, que nós encontramos isto em você!” — Simon Cowell, AMERICAN IDOL

Adam Lambert é o melhor vocalista do mundo no momento?

Adam Lambert saltou totalmente pronto para o cenário internacional com suas performances cintilantes no AMERICAN IDOL em 2009. Por que eu apenas reconheci este personagem louvável seis anos depois? Uma palavra: QUEEN.

Quando ouvi que Queen estava em turnê com um cara chamado Adam Lambert (bem depois do vocalista Paul Rodgers decampar), bem, coloquemos assim: se Sean Penn acreditar que você é um ator bom o suficiente para estar no elenco de um filme que está dirigindo, então você não é apenas “bom o suficiente”. Você é ótimo! Da mesma forma, se Brian May acredita que você é bom o suficiente para estar a frente desta banda excepcional, você não é apenas “bom o suficiente”, It’s a Kind of Magic! [É quase mágico!]

A encarnação “QUEEN + Adam Lambert” esteve em turnê por dois anos até então, em tempo para dar uma olhada no camarada Lambert, e ver sobre o que era o tal rebuliço (pesquise no YouTube e você terá um arquivo memorável). E a maestria deste jovem necromante em seu ofício tomou conta de mim, me atirou para trás com seu virtuosismo desenfreado. E com choque e tristeza, percebi… meus heróis vocalistas das eras passadas foram substituídos por este novo modelo (E que modelo!).

Lambert está “aliado consigo mesmo” e é maravilhoso que os aproveitadores do American Idol que chamam a si mesmos de jurados tenham usado exatamente esta frase para o descrever. (Talvez tenham usado para outras pessoas, eu não sei, já que não assisto este tal karaokê glorificado. Mas eles realmente acertaram com este vocalista único!).

A citação de Simon Cowell abriu este artigo não porquê preciso dela para corroborar minha opinião, mas porque estou chocado que mesmo um pateta desqualificado como Cowell possa reconhecer o talento lancinante de Lambert. Mas por que se rebaixar a um pateta? Ouvi grandes elogios de um deus entre os homens, Brian May:

“Esta é a voz acima de qualquer expectativa. Algumas pessoas perceberão, mas não acho que todo o mundo perceberá quão sensacional Adam é como cantor.” — Dr. Brian May, Queen

Alguns podem opinar: claro que cabe a May exaltar as habilidades de Lambert, para vender os ingressos de seu show. Mas estes cínicos perderam o ponto: Brian May jamais deixaria qualquer um a frente de sua banda como frontman, a pessoa mais escrutinada pelo legado duradouro de Freddie Mercury, a menos que esta pessoa tenha um calibre monumental (e se você quiser ver o concerto por um ângulo capitalista: se May tivesse exitado, as vendas fracassariam, haveria caos e saques nas ruas…).

Como qualquer novidade, nos aproximamos com cautela: “Bem, Brian May provavelmente está muito velho e quer apenas tocar suas músicas e…” Mas a verdade rasteja pela nossa espinha simplesmente assistindo as performances de Lambert no Idol… “Black Or White”, de Michael Jackson (Hmm, excelente reprodução! Nos deu uma prova do poder que MJ tinha e, agora estou cantando a versão de Lambert na minha cabeça, ao invés da original), então “Cryin’”, do Aerosmith (Meu Deus! Estas notas são ainda mais altas que as de Tyler!), e finalmente nos nocauteia, NÃO com gritos poderosos, mas com “Tracks Of My Tears” de Robinson (permitindo que fermente com sua própria paixão, sutileza e cheia de alma que chocou até mesmo o próprio Smokey). Então, quando estivermos para baixo, outra porrada com “Ring Of Fire”, do Cash (distinto e feito tão unicamente que Cowell respondeu com seu tronco cerebral límbico de homem das cavernas que sequer conseguia entender aquilo). Estes são alguns pontos altos de uma temporada cheia de performances de cair o queixo que deixaram a competição chafurdar em seus saltos (e que saltos altos!).

Ainda que tenha perdido (Democracia no comando, permitindo que o povão vote, nunca uma boa ideia).

Vice-campeão, perdendo para… para… ah, melhor nem procurá-lo! Eu desafio alguém a me dizer de cabeça quem venceu aquela temporada de 2009.
Conhecendo-o ou não, o campeão não tem seu próprio valor como vocalista. Bem, ele chegou à final e escorregou por uma rachadura do destino e
ganhou! Mas ele é o epítome da ideia tradicional de um vocalista moderno mediano de rock and roll: bom controle vocal com o mínimo de apelo emocional, um excesso de introspecção, como um James Taylor ou um John Mayer.

Adam Lambert, por outro lado, é um SUPERSTAR. Com todo o respeito, em sua última performance do Idol, ele dividiu palco com dois dos meus heróis – Kiss e Queen! (como conta Brian May, a final do Idol foi quando ele conheceu Lambert pela primeira vez. Daí em diante, a relação seria só flores em alguns anos.) Durante o programa, das audições até a final, em algum lugar, de alguma forma,os jurados do Idol (Cowell, em particular), “acusaram” Lambert de ser muito teatral, seja lá o que isto signifique. O fato é que ele ter crescido, desde a infância, cantando em musicais, o fortaleceu como um performer destemido. E quão confortável ele parecia quando seus companheiros de performance na final foram os super-teatrais Kiss e Queen? Ele podia legitimamente reivindicar teatralidade trabalhando em seu favor com estes astros mundiais. E segundo o péssimo título deste showzinho, não se está a busca de um cantor qualquer que esteja vestindo uma calça jeans e olhando para os próprios pés, e sim o de um Americal Idol, alguém que esbanje grandiosidade, generosidade e grande carisma! Curiosamente,

Cowell e companhia acusaram O Outro Cara de ser muito brando e não ter carisma o suficiente. Saiam de cima do muro, babacas ignorantes!

Cowell tentou manter os pés no chão sendo ‘objetivo’ mas foi se transformando cedo, e pudemos ver através de sua fachada de durão que era um Glambert, porque Lambert tem uma força natural inegável. Randy Jackson cultivou um amor duradouro por Lambert: “uma combinação de Steven Tyler com Fall Out Boys e Robert Pattinson, de Crepúsculo. Cara, você pode ser uma estrela do rock neste momento”. Não podia acreditar nas notas altas que ele alcançava. E Paula Abdul só queria transar com ele.

Encontrando o tom e embolsando tantas músicas diferentes, Lambert provou ser mais que notas altas para arrepiar, sabendo quando utilizar esse poder ilimitado; não somente cantando palavras ou fazendo poses, mas possuindo uma compreensão inata sobre apresentar a música com todas as emoções possíveis. Seu timbre em todas as faixas é incomparável com a maioria dos cantores do rock de hoje, e com a maioria dos cantores do passado. E pela maioria dos cantores de hoje no auge dos seus passados! Sim, acabei de blasfemar, novamente, contra todos os seus heróis – E CONTRA OS MEUS.

As pessoas estarão jogando tomates virtuais contra mim enquanto tento correr…

… Relaxem, não estou sacaneando seus heróis. Eles são meus herois, também! Os heróis que nos fizeram chorar com seu fervor inspirador, nos fez jurar a morte pela sua arte. Estou dizendo que alguém se juntou ao rank de uma forma mais decisiva e explosiva.

O que me dá este direito? Bem, não sou algum novato procurando por uma nova fixação ou um jurado desqualificado do American Idol; sou um velho e cínico músico que já ouviu de tudo, o bom, o ruim, o dublado, o auto-tuned, e Adam Lambert tem vocais que são como uma tocha olímpica iluminando através da escuridão destes ruídos de putridão e mediocridade. Vivemos em uma sociedade habituada aos superlativos, então eu simplesmente exponho o meu caso. Adam Lambert, no seu conjunto completo: voz, aparência, comportamento, vendas de discos, atitude, ética de trabalho, guarda-roupa, imagem, desempenho, é o melhor vocalista do mundo hoje. E ele tem o suporte, a arrogância, a humildade, o humor discreto, inteligência, charme, glamour, impulso, o cabelo, os saltos altos…

Olhos marcantes, unhas pintadas de preto, produção de três dias e a pomposidade de Elvis, elegância nas entrevistas, artista consumado, e esses saltos altos glamurosos. Independente de seus mais de 1,80 metros de imponência, ele acrescenta mais 12 cm de salto cravejado de pedras.

No seu auge, Lambert é melhor que a maioria dos meus ídolos, vivos ou mortos, e a maioria dos seus também, pra sermos objetivos. Logicamente, você prefere a voz Road-rash de Bon Scott (e eu também), mas em nível acadêmico, Adam Lambert pode cantar mais alto e mais claramente, e com mais potência. Você pode florescer com o timbre de Dio (eu também), mas Lambert traz a diversidade ao seu alcance (maior que o de Dio) e a intensidade de timbre que faria Dio louvar Jesus, e não o Satanás. Você pode ter orgasmos com o falsete de Halford (eu também), e embora Lambert também possa fazê-los (oh, diga!), Halford não pode descer à Terra e performar uma balada pungentemente como Lambert. E eu, pessoalmente, prefiro o último vocalista do Queen, o corajoso Paul Rodgers, em muitas canções da banda, a Lambert (como muitos fãs preferem as extravagâncias de Mark Martel), mas Lambert, novamente, é o conjunto completo.

Você pode estar encantado com Frank, Elvis, Dino, Sammy, Pavarotti, Jagger, Gillan, Springsteen, ou desfrutar do estilo de Lindsey Buckingham, Tom Petty, Robert Plant, Don Henley, Geddy Lee, Sebastian Bach, Chris Cornell, Josh Groban, Steve Perry… Todos estes homens têm vozes distintas que se adequam perfeitamente ao que oferecem, e isso é o que faz cada uma dessas vozes igualmente especiais. Eu não estou discutindo o caso de substituir estas vozes pela de Lambert nas suas músicas. Não. Essas músicas, estes artistas, estas performances permanecem sendo joias estrondosas no firmamento musical. No entanto, Lambert, no momento, destrói todos eles sem esforços.

Há ainda aqueles cujo tempo já passou (Paul McCartney, Paul Stanley, Joe Elliott, David Coverdale, Roger Daltrey) com quem Adam pode cantar nas rodinhas. Aqui está o atrito: Lambert está nos seus 30 anos; mesmo no auge destes artistas (seus 20 a 40), eles não poderiam competir com a potência vocal de Lambert. Ele realmente é a nova geração geneticamente superior de X-man. Eu não digo isto tranquilamente. Eu cresci desejando a epítome da voz rock and roll de Paul Stanley; o mesmo com Daltrey (sou tão apaixonado pelo jeito de cantar fraseado, sotaque, tudo). Por isso, é com tristeza e pesar que vejo meus heróis destroçados pela presença deste ‘homo superior’ (e que homo!).

“Você tem um pouco de trabalho no sábado – como vocalista do Queen”. — Alan Carr, Chatty Man (talk show)

De repente, o Queen tem uma legião de novos fãs impulsionados por Adam Lambert. E Adam não é ingênuo: estou certo de que ele saliva através da legião de fãs do Queen vindos de outras direções, fãs famintos por qualquer coisa do Queen, da mesma forma, que agora gastam seus dólares com Lambert em seus CDs e produtos.

E a maior blasfema, mais difícil de encarar é: Adam Lambert é melhor que Freddie Mercury? O templo desaba, caos e saques nas ruas, o sol se põe, os planetas se chocam… porque esta pergunta está errada. A questão é: Adam está substituindo Freddie, respeitando as canções do Queen? Freddie é insubstituível como a força da natureza que era; o compositor, pianista, vocalista, arranjador, membro original do Queen. Mas, como seu vocalista ao vivo. Freddie teve suas deficiências. (apologistas do Queen parecem ter um problema ao defender Freddie contra qualquer outra pessoa, não somente Lambert). Adam Lambert cumpre com os vocais de Freddie melhor que o próprio no seu auge. Mais tomates.

E Adam é gay! Assumido, com orgulho e grandemente. O sentido de sua vertente teatral, que ele deixa correr solta no palco do Queen, casado com sua distinção ‘macho delivery’, o coloca ainda mais perto de Freddie que qualquer outro cantor no universo (sua picante canção original e seu vídeo sugestivo de “For Your Entertainment” o deixa outras 10 vezes mais próximo de Freddie…)

Novamente, os perigosos tomates.

Mas você não canta “Who Wants To Live Forever” (com suas linhas melódicas originais, algo que até mesmo Freddie, que deu voz à gravação original, não conseguiria fazer ao vivo) a não ser que seja um dos maiores cantores do mundo.

Adam Lambert levou o Queen verdadeiramente de volta ‘ao colo dos deuses’.

A propósito, eu não estou apaixonado pelo material original de Adam Lambert (folga aos fãs do Queen, moracidade dos Glamberts). Porquê:

1) Não estou mais na idade de me impressionar com o produto de uma estrela do rock. Não é mais especial ou relacionado com as experiências de vida. Os jovens que perdem o fôlego são afetados pela música de Lambert nesta fase formativa de suas vidas, portanto levarão suas músicas para sempre como um clássico. É cativante, dançante, picante. Não há nada intrinsecamente errado. Todos os seus discos solo estiveram no topo das paradas. Eu não o invejo. Ele mereceu tudo isto. Apenas não é um gênero/som que eu gosto.

2) O material pop-dance de Lambert está em um ambiente em que estamos acostumados a ouvir auto-tunes e vozes perfeitamente ajustadas nos agudos, que devemos nos lembrar que Lambert realmente pode fazer isto ao vivo (sem dublar, sem backing vocals dando apoio, sem auto-tune). Em suas gravações, a voz de Lambert está perdida em meio a um nevoeiro de produção. Sua atuação nos vídeos é louvável, a produção é de primeira qualidade, mas tudo pode parecer muito artificial. Enquanto ele busca se encontrar como compositor, joga plumas aos seus fãs para manter a sinergia de sua ascensão meteórica.

Uma palavra final sobre o que eu amo neste cara: em Junho de 2015, num show matutino para o “Good Morning America”, Lambert performou suas canções originais no Central Park, em Nova Iorque, dispondo de uma banda de quatro pessoas e uma camisa velha vermelha e calça de couro, sem luzes, sem explosões ou máquina de fumaça, sem trajes exagerados, sem saltos altos! Ele nos mostra que é seguro o suficiente para não ser vinculado a uma imagem ou se esconder atrás de qualquer coisa. E, ao contrário das versões gravadas, ele rebate com versões poderosas das suas músicas que o tornam pop. Entrevistado pelos apresentadores do GMA: embora tenha abalado o mundo, literalmente, com o Queen, com Idol, com performances surpreendentes e polêmicas na TV, ele se comporta com graça que compensa a sua vasta experiência comparada com sua juventude. Não é uma brincadeira de boyband e emoções fabricadas; sem movimentos ‘wigga’, sem gírias; é tão real quanto o próprio artista. Verdadeiramente original.

Não tenho dúvidas que este jovem cometa produzirá algo pelo qual choraremos, algo pelo qual morreremos, neste espetacular futuro.

Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Diego Girardello
Fontes: @mmadamimadamm, Madamimadam Treasure Trove e Poffy the Cucumber’s

Compartilhar