Entrevista de Adam Lambert na Revista Vangardist, Viena (Áustria) – 04/09

No início de Setembro, a Revista Vangardist de Viena (Áustria), realizou uma entrevista com Adam Lambert. Confira abaixo as páginas da revista, e a seguir a tradução completa:

“Eu finalmente aceitei a mim mesmo”

Adam Lambert sobre solidão, seu novo estilo e Madonna

Texto e entrevista de Sebastian Krebitz e Julian Behrenbeck

Para a nossa Tattoo Edition, a Vangardsit proporcionou uma entrevista com o artista pop de sucesso e ícone de moda masculina Adam Lambert sobre seu novo álbum, a vida de artista entre aparências e realidade e sobre suas impressionantes tatuagens nos dois braços que ele confessa amar ter feito.

“The Original High” é o mais recente álbum, levando o artista em uma direção completamente nova. O novo álbum de Adam Lambert tem muita personalidade, honestidade e muito coração.

A Vangardsit conheceu a estrela de L.A. e entrevistou a pessoa Adam Lambert e não a estrela do American Idol. Ele nos contou sobre sua juventude, seu sentimentos e sua constante metamorfose.

VANGARDIST: Parabéns pelo seu novo álbum. Nós acabamos de ouvi-lo no escritório. Eu amei a música “Rumors”. Seu novo álbum parece mais amadurecido se comparado ao seu primeiro, o álbum do início da sua carreira. Você se sente mais amadurecido enquanto artista atualmente?
ADAM LAMBERT: Eu acredito que seja uma jornada contínua. Não existe um ponto final, sabe? Nunca haverá algo como “Ok, estou pronto, que ótimo. Eu sou um homem crescido agora”. Eu sinto como se fosse mais um passo à frente em direção ao meu progresso enquanto pessoa e músico. Juntamente com os meus produtores, aprendi a ficar mais estável. Eu realmente acredito que nesse álbum tem muito mais equilíbrio e dinâmica.

V: Esse novo álbum lida com muita solidão, como você já havia dito antes. Esse é o tipo de coisa que anda de mãos dadas com o fato de você estar nos holofotes ou é algo mais como os demônios pessoais que você tem que lidar?
AL: Eu acredito que sejam ambos. Eu definitivamente acho que a minha situação tem altos e baixos, mas eu credito que esse seja um caso da maioria das pessoas. Elas são ideias universais. Todos nós temos momentos solitários. Se você está solteiro, você pensa “Eu quero estar apaixonado”. Mas, mesmo em relacionamentos você pode se sentir solitário, como “Eu estou com essa pessoa, mas eu me sinto sozinho”. Essa forma de pensar é bastante universal.

V: Então, não é apenas os holofotes?
AL: Não, não são só os holofotes. Não é como se fosse “Oh, eu sou famoso. Tenham pena de mim”. É a vida real, apenas isso. Antes de começar a escrever o álbum, eu tive alguns meses livres. Nada para fazer em L.A., o lugar de onde venho. Eu estava saindo com os meus amigos, indo a restaurantes com pessoas, indo ao cinema, namorando um pouco e eu estava vivendo uma vida normal. Eu não estava viajando, não estava no palco, não estava tendo uma entrevista atrás da outra. Foi bom ter este tempo, antes de começar o novo álbum, eu então pude lembrar como é ter uma vida igual a todo mundo. Normal.

V: Foi difícil chegar a esse lugar de solidão, a fim de ‘trazer’ essas músicas e letras, ou você apenas se sentiu bem?
AL: Eu me senti bem. No passado, minhas músicas eram um pouco mais conceituais e teatrais – um pouco mais exageradas. Eu tenho muitas canções que são do tipo loucas e selvagens. Isto definitivamente continua parte da minha personalidade, mas com esse álbum eu quero passar honestidade. Ser real e cantar sobre temas mais sensíveis que eu sinto e penso a respeito. Mais pessoal. Eu sou um perfeito livro aberto. Eu compartilho as coisas facilmente. Eu sinto como se fosse o próximo passo, me abrir um pouco mais. Vivemos um momento interessante, você tem várias escolhas de artistas pop, fazendo música como forma de escape, criando fantasias onde as pessoas podem esquecer sobre as suas vidas, ou artistas criando música para fazer as pessoas olharem para suas vidas de uma forma diferente. E eu penso que esse álbum é como se fosse uma carta pessoal. A intenção é essa: “Isso é o que estou passando. Eu, Adam como pessoa e você provavelmente irá passar por algo parecido”. Então, na realidade você não está sozinho e vamos cantar a respeito disso, vamos nos sentir melhor a respeito disso juntos. E outra coisa que pode ser interessante é que a maior parte das músicas, mesmo as que tem um pouco de melancolia, continuam eufóricas e dançantes. Então eu espero que a batida e o ritmo, possa ajudar você a passar por cima da tristeza, como uma cura.

V: Como você se sente a respeito de crescer um pouco isolado e agora estar nos holofotes compartilhando sua história com mundo todo?
AL: Quando eu era mais jovem, quando eu estava no ensino fundamental – tipo sexto, sétimo ano – eu definitivamente, era um tipo solitário. Mas aos fins de semana eu tinha a minha galera, a qual fazia parte. Esses eram meus amigos mais próximos, com os quais eu me sentia eu mesmo. Mais isso era apenas um dia na semana e quando você tem doze anos é um tempo muito longo para esperar. Foi um tempo interessante para mim. No ensino médio, eu comecei a ser mais social, a ter mais amigos e coisas do tipo. E tive ainda mais durante os meus vinte anos. Eu sou uma pessoa bastante social, então nada disso de isolado depois do ensino fundamental. Mas quando você é adolescente começa a determinar condições, tipo, se você é gay. Quando você tem dez ou onze anos, você é tipo “Uhh, isso é tão estranho. Eu sou estranho”. Mas quando começa a ficar mais velho você é tipo “Ok, eu finalmente aceitei a mim mesmo”.

V: Você estava em turnê com o Queen, não há muito tempo atrás. Como se sente dando passos tão largos? E quanta experiência você ganhou com isso?
AL: No início eu estava intimidado com toda a ideia. Porque eu pensei bem, é um terreno assustador. Freddie era inacreditável e não há substituto para ele. Isso é impossível. É o Freddie Mercury. Então e percebi, que queria passar isso para o público. Eu amava ele também. Eu sou um fã. Então era realmente importante aqui um equilíbrio: entre prestar um tributo a ele e fazer algo somente meu – mas nunca ir demais para um lado ou para o outro. Foi bastante complicado achar esse equilíbrio, a sorte é que eu tinha Bryan e Roger para me dar à luz verde, vermelha ou amarela. Estamos trabalhando há alguns anos e levou um tempo para nos adequarmos uns aos outros e pelo tempo que levamos nessa turnê parecíamos estar chegando a isso.

V: Como isso influencia o seu novo álbum? Houve inspiração do show? O estado de espírito ou a energia?
AL: Eu acredito que a minha música é mais moderna e eletrônica. Queen é mais clássico, mas existe uma coisa a respeito do Queen, a sua playlist: ela tem tantos gêneros (musicais) diferentes. Eu fui inspirado por isso. Eles provaram que uma boa música sempre será uma boa música e que o público te acompanhará na sua jornada. Você não precisa ficar em uma caixa. Eu também aprendi que o poder da emoção é atemporal. E nesse álbum eu utilizo bastante das tendências eletrônicas, mas o coração dele é atemporal como as músicas clássicas (músicas antigas que viraram hinos). Então eu espero que ele se estenda por 2015.

V: Existe um estilo de música no qual você pode usar do seu estilo pessoal? Aonde você quer chegar e espera que seus fãs o acompanhem? Mostrar para eles estilos diferentes como rock clássico ou rock and roll?
AL: Eu acho isso interessante. Os fãs americanos, se tornaram fãs por causa do American Idol. E no American Idol eu escolhi fazer algo mais rock clássico com a maior parte das músicas que apresentei. Quero dizer, eu fiz algumas outras coisas, como funk e outras coisas, mas a maioria tinha algo retro ou algum tipo rock. Mas então, por exemplo, os meus fãs europeus, vieram a mim por causa dos meus vídeos. Eu acredito que fãs de diferentes países têm diferentes perspectivas. E fazer turnê com o Queen, interpretando as músicas de rock clássico e conhecendo novos fãs foi algo novo para mim também. É uma jornada, um processo bastante interessante. Eu gosto do “The Original High”, porque tem um pouco de tudo nele. Brian está tocando guitarra em uma das músicas, chamada “Lucy”, então você percebe que continua sendo os clássicos riffs dele, mas soa como uma batida de hip-hop. Então o velho e o novo emergem juntos. Eu acho que esse álbum é um daqueles que você tem que ouvir com a mente aberta e me deixar levar você aonde quer que seja.

V: Essa é uma ótima maneira de vê-lo. E parece muito pessoal. Olhando para trás, para o início da sua carreira e olhando para você agora, seu estilo mudou um pouco. Como você descreve seu estilo pessoal agora?
AL: Bem, eu acho que ele está onde eu estou musicalmente agora. Um pouco de “menos é mais” às vezes. E antes eu era “Quando será que eu consigo colocar – de tudo?” Quanto de cabelo, quanto de maquiagem, joias… e era divertido. Era o que eu queria expressar. Agora eu acho que estou um pouco mais refinado, talvez. Estive sendo inspirado por ideias mais clássicas, formas e coisas do tipo, mas também estive atento as tendências. Eu amo moda. Sou um fã de moda. Com o meu Instagram e o meu Facebook eu sigo marcas de moda e estive em alguns eventos de moda. Eu curto muito roupa. Eu tento conectar minha visão com o que está acontecendo no mundo.

V: Agora minha última pergunta. Lidando com o primeiro single do seu novo álbum, por acaso você visitou alguma cidade fantasma com Madonna? (O entrevistador faz um trocadilho com “Ghost Town”, nome do single de Adam homônimo ao de Madonna).
AL: (Risos) Nós deveríamos. Eu sei, eu sei. Quando ela lançou a música dela eu fiquei tipo “Espera? Isso é… Eu tenho uma música chamada “Ghost Town”… Quê?!” Eu fiquei surpreso. Meu álbum já estava pronto. A música já tinha sido escolhida, já estava tudo pronto. Era primavera quando lançamos a música. E então eu abri meu computador e vi que a lista de músicas dela também havia sido liberada. Eu fiquei tipo “Que? Como?” Especialmente porque eu sou um fã da Madonna. Então me senti muito estranho quando isso aconteceu. Talvez, tenha havido um estranho tipo de conexão. Eu estive trabalhando com bastante gente que ela também trabalhou, parece um tipo de conexão. Eu não sei o que é. Subconsciente ou algo. Eu realmente gostei do “Ghost Town” dela e eu percebi que elas são diferentes tipos de música. Não foi uma grande coisa.

V: Eu também quero te contar a respeito das notícias que fizemos. Como você sabe o Life Ball acontece aqui em Viena. HIV é um tema e tanto para a comunidade gay, mas especialmente para a comunidade não gay, porque eles não lidam muito bem com o tema – eles não têm muita informação. E nós sentimos que o estigma do HIV só fica maior.
AL: Mesmo na comunidade gay eu sinto este tabu.

V: Sim, mas é ainda pior dentro das ‘comunidades’ heterossexuais. Então nós decidimos fazer uma campanha juntamente com Saatchi & Saatchi Switzerland para combater este estigma. A ideia foi publicar uma revista com o sangue de três pessoas HIV positivo injetado nas tintas das prensas de impressão.
AL: Incrível. Eu adorei.

V: Nós trouxemos uma cópia hoje. Então agora você pode decidir se você quer tocar e mostrar que você não tem problema algum em fazê-lo. Se você concordar tiraremos uma foto. Você pode ficar com essa cópia. É para você.
AL: (pegando imediatamente) Claro! É um conceito muito bom. Eu gostei muito.

Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Tici Bezerra
Fontes: Adam Lambert Fan Club e @adamlambert_pic

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One Comment

  1. tava aqui pensando… o título dessa matéria foi bem tendencioso.
    ele falou sobre quando ele não era mais adolescente, e usaram como se fosse algo recente. a midia e suas cagadas eternas.

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