UltraBrit: Queen + Adam Lambert en GEBA: “A monarquia continua em pé”, Buenos Aires – 25/09

Queen + Adam Lambert en GEBA: “A monarquia continua em pé”

O que bem fez o Queen, desde o falecimento de seu líder em 1991, em colocar “dissociado” do nome do grupo, oportunamente, o nome de seus convidados a ocupar o lugar do vocalista – deixando a estes afortunados o modesto amparo de um sinal ‘+’, além de fechar-se para a possibilidade de uma substituição efetiva – tem sido um acerto de Brian May e Roger Taylor. É pela sua história, seu papel, seu carisma e suas habilidades artísticas tremendas, que Freddie Mercury é, e sempre será, insubstituível; e seus companheiros de banda foram os primeiros a compreender isto nos dolorosos anos 90.

De modo que, em geral, salvo a experiência junto a Paul Rodgers (2004-2009), que incluiu o disco “The Cosmos Rocks” (2008), o curso dos últimos vinte e poucos anos implicou na entrada e saída de intérpretes convidados, mais a título de homenagear o passado glorioso da banda que para um projeto de médio prazo. É como se fizessem uma série constante de audições. No entanto, pode-se dizer que, apesar das iniciativas de Brian May e Roger Taylor (John Deacon rapidamente deixou de ser assunto) não terem alcançado um sucesso absoluto, pelo menos evitaram o desespero que, por exemplo, manteve a banda INXS ocupada revelando como os fãs estavam “digerindo” o seu novato da vez, até pouco tempo. O mercado da nostalgia parece fácil, mas não é tanto assim; e Queen foi dando voltas no assunto com bastante discrição até desfrutar de uma boa ocasião: somente agora.

É por este simples motivo que a noite fria da sexta-feira passada no estádio de GEBA foi qualquer coisa, menos uma fraude. Com a ansiedade de voltar a ver 50% de uma das bandas mais famosas de todos os tempos, um público familiar que enchia lentamente o recinto era recebido por um andaime tomado por um grande ‘Q’ e, em seguida, por um telão imponente com o escudo real que aumentou o mistério. A introdução extensa de “One Vision” e seu riff explosivo, expôs os personagens da apresentação em meio a um requintado jogo de luzes e sons que, paulatinamente, foram ganhando força.

Não foi necessário esperar a dança de “Another One Bites The Dust” – segunda música executada – ou o rock de “Fat Bottomed Girls” para que o grande enigma, o fator desencadeante do bom desenvolvimento das coisas, fosse resolvido e selado: Adam Lambert, de 33 anos, americano, descoberto no programa ‘American Idol’, se apropriou daquelas velhas canções – a maioria delas datadas quando ainda nem era nascido – com uma naturalidade que não se aprende na escola. Dotado de uma grande técnica vocal e postura cênica, dívida de George Michael e Robbie Williams (ambos admiradores de Mercury), o novo convidado não hesitou em se declarar “um homem de sorte” por estar parado ali, em meio a um público nostálgico que, entretanto, pareceu aceitá-lo sem muita discussão. Mesmo em “Killer Queen”, permitiu-se usar de gestos teatrais que o próprio Freddie não pode mostrar por estar tocando o piano; inclinando-se em um divã vermelho na ponta de uma passarela anexa, Lambert interpretou essa belíssima música de 1974 tomando champagne e exagerando no histrionismo que se destacava na trilha original.

Enquanto os trens ainda cercavam a propriedade saudando com buzinas, a imbatível “Crazy Little Thing Called Love” e o gospel de “Somebody To Love” deram lugar a um dos momentos mais emocionantes da noite. No meio da passarela, guitarra de doze cordas em mãos, Brian May agradeceu e presenteou seus fãs com “Love Of My Life” que incluiu a projeção de Freddie vocalizando os últimos versos. Ocasião mais propícia para o choro, impossível. Sem sair do lugar, e para continuar com o clima de romance, May promoveu uma selfie com a multidão ao fundo e embalou “Las Palabras De Amor”, presente aos latinos, que não interpretara desde sua última visita à região. Em seguida, Roger Taylor tomou o microfone para cantar “A Kind Of Magic” e deixou os tambores ao encargo de seu filho Rufus, que durante todo o show auxiliou o pai na percussão ou diretamente tocando uma segunda bateria. E, como não há rock sem grandes solos, ambos duelaram antes de continuar a apresentação com “Under Preassure”, novamente na presença de Lambert, cujo single “Ghost Town” foi precedido por uma versão animada de “I Want To Break Free”.

A solenidade esteve presente, mais uma vez, com “Who Wants To Live Forever”, bem ambientada com um jogo de lasers até durante o extenso solo de May, somando ao sarau um corante floydiano que explodiu em “Tie Your Mother Down”, seguida de uma sequência de clássicos tribuneres. Neste mesmo padrão, engataram as sempre bem-sucedidas “Don’t Stop Me Now”, “Radio GaGa” e “I Want It All”, antes do encerramento. Assim, “Bohemian Rhapsody” (novamente com projeções no telão nas últimas estrofes), “We Will Rock You” e sua irmã inseparável “We Are The Champions”, puseram um ponto final a uma noite que deixou conformado seu público, a princípio condescendente e bem disposto, mas com o poder de desqualificar seus ídolos caso tivessem perdido sua marca com a escolha do novo vocalista.

Como isto não aconteceu, é pouco provável que Lambert seja afastado e, consequentemente, é muito possível que o Queen persista explorando o que lhe resta do rock clássico dos anos 60 (a autocelebração), tarefa que realiza com total dignidade e de forma correta, artisticamente. Por sua parte, a multidão agradecida se retirou com críticas genuinamente positivas, enquanto, na saída, em Dorrego, cartazes pediam um novo encontro, em breve, com uma das bandas de tributo mais importantes naquele grande teatro portenho. Um evento que promete ser ainda mais próximo, enquanto o Queen ainda tenha seus cartuchos para queimar.

Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Diego Girardello
Fonte: UltraBrit

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