FaceCulture de Amsterdã entrevista Adam Lambert

FaceCulture é um site sediado em Amsterdã (Holanda), cujo slogan é “dar as pessoas o behind da música”. E no final de Junho (24), eles também entrevistaram Adam Lambert. Confira:

FaceCulture: Adam como você está?
Adam: Bem! É bom estar em Amsterdã novamente, eu gosto daqui.

FaceCulture: Antes de começarmos a falar sobre seu novo trabalho, eu gostaria rapidamente de voltar no tempo. Quando foi que você descobriu que gostava de estar sob a luz do palco?
Adam: Eu acho que estava na 1ª série e fizemos uma peça de “The Shoemaker and The Elves” (“O Sapateiro e Os Elfos”) e eu era o “Shoemaker” (sapateiro) e foi bom ser meio que o líder, eu gostei da atenção com certeza.

FaceCulture: Talvez seja difícil para você lembrar, mas você se lembra como foi?
Adam: Foi bom, não me lembro das minhas falas se é isso que você quer saber. Lembro-me de ter gostado muito, eu era uma criança, mas uma criança muito alta, cresci muito rápido, era mais alta que as outras crianças então eu era uma criança grande, eu gostei de tê-los sob meu controle (risos).

FaceCulture: Quando a parte de cantar se uniu a isso?
Adam: Bem, quando eu estava por volta dos 10 anos meus pais me colocaram em um grupo de teatro, o grupo fazia musicais, então eu comecei a cantar a partir daí. Alguns anos fazendo aquilo eu percebi que eu era melhor que outras crianças, os diretores sempre me colocavam no papel principal, me colocando em partes que eram difíceis de cantar. Eu gostei de toda essa validação e eu realmente gosto de cantar, gosto mesmo de cantar.

FaceCulture: Você já sabia o quanto bom você era?
Adam: Obviamente eu era uma criança, não sabia o quanto eu era bom. Eu apenas sabia que era melhor que outras crianças.

FaceCulture: Falando sobre “The Original High” podemos falar sobre esse “high” que vem de você cantar e se apresentar, a sensação é a mesma de quando você começou?
Adam: Mudou um pouco, agora eu estou acostumado com o “high” que eu recebo quando me apresento, mas eu continuo gostando muito.

FaceCulture: Quando as pessoas ficam viciadas em algumas coisas e elas mesmo conseguindo elas dizem que não é tão bom como a primeira vez…
Adam: Sim, é sobre isso que a canção se trata “Chasing The Original High”, tentar recriar a primeira vez e como pode ser muito bom e nostálgico, mas muitas vezes você não para de querer encontrar isso novamente. A primeira vez é como a melhor.

FaceCulture: Você acha que é possível voltar para essa primeira vez?
Adam: Certamente é possível de convencer-se de que está perto.

FaceCulture: Alguma vez você já esteve perto?
Adam: Depende de qual “High” estamos falando, porque são muitos.

FaceCulture: Especialmente sobre cantar ao vivo?
Adam: Eu não sei, pois com o passar dos anos eu cresci fazendo isso. Também tem ligação com o lugar que você está fazendo quando esses sentimentos originais acontecem, por exemplo, a primeira vez que eu estava na televisão cantando, foi muito intenso e a adrenalina que eu recebi disso foi inacreditável, fazer o American Idol foi como uma viagem selvagem. Agora eu continuo tendo minha adrenalina me apresentando na TV, mas agora 6 anos em minha carreira eu estou um pouco mais relaxado sobre isso, estou mais no controle de minha energia, então agora eu não tenho o mesmo “high”, mas é um “high” diferente, estou totalmente no controle agora é uma forma diferente de se eletrizar.

FaceCulture: O quanto contribuiu a mudança de gravadora, isso faz parte disso?
Adam: Sim, eu penso que a gravadora que eu fiz os dois últimos álbuns, fizeram um bom trabalho, lançamos músicas boas juntos, mas quando chegou à hora de decidir o próximo não concordávamos no que seria então era hora de sair.

FaceCulture: O que você queria fazer? Já sabia a direção que queria tomar após o segundo álbum?
Adam: Eu não tinha totalmente certeza da direção, mas eu sabia que queria fazer músicas originais, minhas próprias músicas novas. A gravadora queria fazer um álbum de covers new wave dos anos 80, eu pensei a respeito, eu estou aberto a novas ideias, pensei uma a duas semanas, ouvi várias músicas daquela época, tinha algumas que eu achava legais, mas não ressoava em mim a vontade de fazer aquilo, não parecia o certo, eu tive de dizer que se eles queriam fazer aquilo eu iria sair e fazer algo diferente.

FaceCulture: Naquele ponto você estava a escrever suas próprias músicas que seria para o próximo álbum?
Adam: Não naquele momento, eu sempre escrevo pequenas ideias, ideias de letras. Após eu sair da gravadora, porque eu fiquei como um artista independente, eu comecei a me reunir com diferentes compositores e produtores em L.A. por conta própria, meio que experimentando, escrevendo algumas coisas. Tinha uma demo que escrevemos chamada “The Original High”, eu tinha a gravação e eu tive uma reunião com Max Martin e Shellback. Eu coloquei pra tocar a canção para eles e eles disseram: “Wow, isso não é algo que esperávamos de você, realmente amamos isso”. Shellback tinha todas as ideias do que ele poderia fazer para transformar a canção ainda melhor. Eu acho que aquilo foi o que realmente os inspirou a querer produzir o álbum inteiro e para mim naquele momento que eu tinha acabado de sair de uma gravadora, o que é meio apavorante de se fazer, eu estava tão aliviado porque esses dois caras são os melhores no POP eu os respeito muito, trabalhei com eles em meu primeiro álbum e nas duas grandes canções do álbum. Foi bom voltar e tê-los fazendo mais parte ainda nesse projeto.

FaceCulture: Durante esse tempo entre sair da gravadora e encontrar com Max e Shellback você se sentiu um pouco perdido?
Adam: Não digo perdido, mas eu queria um grupo, eu trabalho melhor em equipe, acho que esse é meu forte, eu adoro trazer ideias, discuti-las, mandar a bola uma para o outro, assim que falamos. Mas eu sabia que trabalhando com Max e Shellback eu teria uma ótima orientação, eles teriam as ideias perfeitas e sabia que podia confiar neles porque eu amo seus trabalhos. Eles têm um ótimo senso, eu sabia que eles podiam tornar tudo mais claro para mim e eles fizeram.

FaceCulture: Você mencionou que eles [Max Martin e Shellback] ficaram surpresos com a música que você levou para eles verem. Você se surpreendeu com isso quando os encontrou?
Adam: Sim, definitivamente é um vibe diferente do que as pessoas esperariam de mim.

FaceCulture: O que fez você fazê-la?
Adam: Eu fiquei atraído por essa canção, fomos colocando as palavras, uma ideia muito complexa em um modo simples. Naquele momento eu estava saindo com amigos, socializando, tendo uma vida. E uma das coisas que eu percebi foi que eu e muitas pessoas do meu círculo de amizade, nós tínhamos esse sentimento geral meio de desilusão, essa busca, perseguição, ansiando por alguma coisa. Muitas pessoas não sabem exatamente o que estão desejando, mas é algo, é um sentimento ou qualquer coisa. Muitas pessoas são motivadas por essa busca e é duro porque quando você não sabe exatamente o que está procurando você nunca se satisfaz, é como um sentimento insaciável. Eu penso que isso pode te guiar para caminhos bons, mas também prejudiciais se você não tomar cuidado. Eu comecei então a conversar com meus amigos sobre isso em L.A., Hollywood, Nova York, outra coisa também que eu comecei, a saber, é que algumas pessoas pensam que é a carreira que lhe dará essa satisfação, algumas pensam que são os relacionamentos, outras acham que é a vida sexual, outras as atividades extras como a música, outras vão pelo caminho das drogas. Eu penso que isso foi a inspiração para essa canção e para todo álbum.

FaceCulture: Durante esse processo de fazer o álbum você chegou perto de entender o que te dá essa satisfação?
Adam: Não, na verdade não. A resposta para mim foi que eu não tenho que saber e não saber na verdade é a beleza disso, você não tem que saber só precisa fazer o que você gosta o que te faz sentir bem.

FaceCulture: Você se preocupa com isso?
Adam: Não agora, eu já pensei muito nisso, mas agora não me estresso com isso, não deixo isso me guiar para um caminho prejudicial.

FaceCulture: Já teve momentos em que você pensou estar indo por esse caminho?
Adam: Eu já estive nessa situação várias vezes, todos nós fazemos escolhas que vemos que não são boas. Por exemplo, tentar namorar uma pessoa errada, todos fazem isso.

FaceCulture: Muitas das canções também podem ser interpretadas sobre relacionamentos e isso é um tema em todo álbum, essa foi a sua inspiração?
Adam: Algumas sim, relacionamentos são um grande tema no álbum. Às vezes é um relacionamento com uma pessoa, às vezes é um relacionamento com uma coisa ou conceito, hábito. Mas relacionamentos com certeza é uma das ideias principais do álbum. Por exemplo, na canção “Another Lonely Night” basicamente é sobre estar sozinho e meio que desejar alguém com você, qualquer pessoa ou a última pessoa com quem você esteve em um relacionamento, para onde você vai? Sabe? Tem muito disso.

FaceCulture: Quando você escreve as músicas, há pessoas específicas em sua mente?
Adam: Sim, algumas.

FaceCulture: Você espera que elas ouçam a música e se identifiquem?
Adam: Espero que sim!

FaceCulture: Você sabe algo sobre o que essas pessoas pensaram sobre essas músicas?
Adam: Eu não tive essa conversa com certas pessoas, mas eu provavelmente deveria fazer isso, agora que as músicas foram lançadas eu deveria perguntar sobre o que elas acharam.

FaceCulture: Muitas pessoas dizem que não gostam de saber essas coisas, você gosta de falar sobre isso?
Adam: Sim!

FaceCulture: Uma frase escrita em “Ghost Town” “I tried to believe In God and James Dean But Hollywood sold out” [Eu tentei acreditar em Deus e James Dean mas Hollywood me esgotou] o que originou essa frase?
Adam: Eu penso que esse momento da canção e a canção em geral, mas essa linha especificamente é sobre a desilusão. Algumas pessoas se mudam para grandes cidades com grandes sonhos e aspirações e se desgastam ou se encontram em dúvida quando elas percebem que: “Isso não é o que eu achei que seria, todas as minhas convicções e ideias estão sendo postas em questão e eu preciso reavaliar isso.” Isso é o que eu digo nessa canção, muitas pessoas estão procurando por algo que não está acontecendo ou que não é como elas acharam que seria e elas pensam: “Eu não deveria voltar ao início dos planos novamente e agora?” Esse tema em “Ghost Town” talvez eu descreva a fantasia de Hollywood, sabe, James Dean e isso foi meio que minha religião. Muitas pessoas se mudam para Hollywood e isso se torna tudo que elas são e elas descobrem que não é tão glamoroso assim, na verdade é bem duro.

FaceCulture: Você entrou dentro desse processo todo, sua carreira tem se expandido nos últimos anos, sua visão dessa indústria e o que você pensou que queria fazer nesse cenário mudou?
Adam: Sim, eu descobri que é mais difícil do que se pensa conseguir certos tipos de sucesso. Eu me mudei para Hollywood com 19 anos, eu entrei para o Idol com 27 então oito anos na cidade vivendo em um modesto apartamento estúdio pequeno, administrando o salário, trabalhando em diferentes coisas, com vendas, como freelancer, fazendo teatro, muito teatro, mas teatro em L.A. é como se não existisse, então eu estava me enganando e tentando viver em Los Angeles, mas eu tentei. Não foi fácil, teve muita rejeição, muito esforço para tentar fazer o próximo trabalho acontecer, a oportunidade acontecer. Em uma cidade como L.A. outra coisa que você rapidamente descobre é que tem que criar suas próprias oportunidades, você tem que ser seu próprio motivador, tem que ser inteligente, ter boa atitude, ser positivo, isso demanda um senso forte de caráter para passar por isso.

FaceCulture: Você disse que nesse novo projeto você se afastou do jeito teatral, você sente falta de estar em uma produção de teatro?
Adam: Não, eu fiz muito teatro e continuo achando uma incrível forma de arte, fazer musicais é divertido, tem vários musicais incríveis por aí. Eu às vezes acredito que as coisas na vida vêm em capítulos, acredito que isso foi parte da minha vida e agora eu tenho essa oportunidade incrível de ser um cantor, ser eu mesmo no palco, fazendo minha música. Nesse álbum conscientemente eu não disse “ok, agora eu tenho que moderar isso”, o álbum reflete um pouco do que eu conquistei em minha vida, e minha vida no geral ficou um pouco mais estabilizada, estou mais confortável na minha própria pele.

FaceCulture: O que mudou?
Adam: Eu não sei, eu acho que apenas amadureci um pouco mais, evoluí. Se você olhar para trás em seis anos na vida de qualquer pessoa haverá mudanças. Alguns relacionamentos mudam suas percepções de algumas coisas, algumas conquistas também mudam suas percepções, algumas coisas em que você falhou também mudam a forma que você encara as coisas, é a vida, a vida acontece.

FaceCulture: Muito obrigado por estar aqui.
Adam: Obrigado você!

Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Gabriela Macieira
Fonte: Adam Lambert TV

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