Tradução da Entrevista na Revista OUT – Agosto/2015

Conforme postamos aqui anteriormente, Adam Lambert é capa da edição de Agosto da Revista OUT de Nova York. Agora, confira a tradução completa desta entrevista:

Adam e o Angst [ver nota 1]

O novo álbum de Adam Lambert encontra terreno sólido na inquietação

Para Adam Lambert, Hollywood não é apenas uma metáfora de sucesso ou desilusão. É um lugar real – sua cidade pelos últimos 15 anos. Sua casa antes mesmo dele participar com todos os louvores (se não com o título) no American Idol. Sua casa antes de lançar um álbum no topo da parada Billboard. Antes de estar estrelando Glee como convidado e antes de estar à frente de uma banda de Rock que está entre as maiores do mundo.

Quando chegou à hora de escrever e gravar seu novo álbum “The Original High” ele sabia de onde esse material estaria vindo.

“Eu queria que o álbum fosse uma verdadeira foto instantânea da minha vida, minha vida real, minha autêntica vida in L.A. nos últimos 15 anos”, diz Lambert. “Eu queria que isso soasse como as músicas que escuto quando saio, quando eu estou na droga da academia, no Runyon Canion ou no meu carro.” Ele pausa. “É um álbum um pouco melancólico, sabe, fala sobre os altos e baixos da vida em Hollywood”.

Se Lambert está cantando especificamente sobre seu tempo na indústria musical, os pontos altos certamente incluem o lançamento de seu segundo álbum “Trespassing” estreando em 1º lugar na Billboard 200 – algo histórico para um artista gay; ou o fato de ter sido escolhido a dedo por Brian May e Roger Taylor para ser o herdeiro aparente de Freddie Mercury em uma turnê itinerante. Os pontos baixos talvez incluam um pouco de decepção com o fato das rádios terem tocado pouco os singles de “Trespassing” apesar do lançamento auspicioso. Ou talvez a reação de sua então gravadora a RCA.

Durante o tempo ocioso após o lançamento de “Trespassing”, Lambert estava saindo, indo a jantares, saindo com amigos. E sua conversas com eles tinham um novo e diferente propósito. Ele começou a perguntar a amigos coisas intensas: “O que é que você quer?” “Por que você está nessa cidade?” “Você está à procura de que?”

Ele diz, “A maioria das pessoas que perguntei não foram capazes de responder. ‘Como que vamos saber? Eu não sei o que eu quero.’ E eu entendi aquilo, eu fiquei tipo ‘Exatamente.’ O que é que nós estamos buscando? Qual é a força motriz aqui? É a felicidade? É o sucesso? É o sexo? É o amor? É a validação?”

Lambert foi para a RCA, armado com algumas novas ideias a partir dessas conversas com amigos e suas experiências de dois álbuns e disse: “Vamos tentar algo diferente.” Mas a RCA também tinha algo diferente em mente: um álbum de cover dos anos 80. Lambert pensou sobre a proposta por algumas semanas e pesquisou sobre New Wave [ver nota 2]. “Não parecia a coisa certa, então eu disse: ‘Eu realmente não quero fazer isso’ e eles disseram, ‘Bem é isso que queremos fazer’ e eu disse, ‘Ok, eu vou optar por sair”.

Agora, sem contrato pela primeira vez, Lambert se aproximou de dois de seus ex-colaboradores, os suecos super–produtores Max Martin e Shellback que co-escreveram e co-produziram vários hits: Britney Spears – “Baby One More Time,” Katy Perry – “Roar,” Maroon 5 – “Moves Like Jagger,” e Taylor Swift – “We Are Never Ever Getting Back Together.” Adam levou um demo intitulada “The Original High” sobre a busca de adrenalinas originadas em primeiras experiências.

“Shell ficou muito empolgado” disse Lambert. “Ele imediatamente ouviu e viu como poderia transformá-la em uma canção ainda mais forte.” Martin e Shellback conversaram com Lambert sobre onde a vida estava levando ele, e Adam disse que Martin e Shellback disseram, “E se nós produzíssemos executivamente todo o material, o álbum todo?”

“Eu dei um suspiro de alívio, porque, naquele momento eu não tinha certeza do que estaria por vir.” Lambert diz. “Esses dois caras são pessoas que eu respeito muito e eu realmente os aprecio como pessoas. Eles responderam às minhas orações.”

Lambert passou oito semanas em Estocolmo trabalhando em novas canções e se encontrando com Martin e Shellback e sua coletiva de músicos conhecida como “Wolf Cousins” [ver nota 3]. A cantora de “Habits”, Tove Lo era parte do grupo e juntos escreveram e gravaram a música “Rumors” em Estocolmo. Ela disse sobre a colaboração, “muito divertido e fácil porque ele (Adam) pode cantar qualquer coisa. Nós meio que queremos transmitir emoções semelhantes em nossas músicas, então literalmente entendemos um ao outro.”

Lambert chama Shellback de “cientista maluco” do estúdio. “Ele entende como penetrar na mente das pessoas”, Lambert disse a uma plateia em Estocolmo em junho. “Ele veio com essa melodia”, disse Lambert. “E Tove Lo e eu sentamos e pensamos ‘Como fazer uma história a partir desses sons legais?’”

O primeiro single do álbum veio dessa primeira conversa ambivalente sobre Los Angeles, “‘Ghost Town’ meio que define o contexto”, diz Lambert, “Você se muda para uma grande cidade, você tem essa ideias, essas ambições e quando você tem que tomar grandes decisões, é confrontado, ou se cansa, você fica meio ‘Oh, isso não é o que eu pensei que seria ou eu não estou conseguindo o que eu pensei que queria e tudo que eu pensei que sabia está sendo posto em questão’. Como isso faz você se sentir?” Ele cita suas letras “‘My heart is a Ghost Town’(meu coração é uma cidade fantasma). Eu me sinto vazio, me sinto incompleto.”

Então, a música não é principalmente sobre uma separação? “Leva até isso”, diz ele, rindo. “Você pode gastar muita energia em um lugar como Hollywood conhecendo pessoas.”

“Evil In The Night” – apesar da alta energia na guitarra, letras bombásticas e um toque funk de Jamiroquai – parece um refinamento de uma canção assinada por Lambert.

“Eu relaxei um pouco. Eu não sei se é porque estou nos 30 anos”, ele diz. “Quando você é mais novo e tem a habilidade, você tende a mostrar mais – você sente que se têm mais a provar, nos últimos anos eu estou em uma posição onde me sinto mais confiante no que faço e eu não sinto que tenho que me provar, até ‘olhar todos os truques que eu posso fazer’. A música agora para mim é mais sobre provar que eu posso sentir alguma coisa”.

Com um novo álbum em pleno andamento, Lambert teve que anunciar publicamente sua separação de caminhos com a RCA em Julho de 2013, anunciando simultaneamente que ele havia assinado com Glee para aparecer na quinta temporada. A Warner Bros contatou Lambert no dia seguinte.

“Foi assustador sair da gravadora”, diz Lambert, mas a Warner Bros chegou e fez-o sentir confiante. “Fez-me sentir melhor sobre tudo isso, senti que havia uma luz no fim no túnel. Isso emparelhado com o interesse de Max e Shellback em fazer o álbum inteiro – foi como ‘Tudo vai funcionar, eu sei que vai dar certo’”.

Lambert cresceu em San Diego, entrando em uma companhia de teatro aos 10 anos. Aos 12, ele impressionou a plateia com um poderoso solo de ópera em “Fiddler on the Roof.”

Após se mudar para Los Angeles, ele trabalhou com teatro, incluindo: “Ten Commandments: The Musical” ao lado de Val Kilmer e a primeira turnê nacional da companhia de L.A. produzindo “Wicked” . Embora assumido gay desde seus 18 anos, sua fama recém descoberta na oitava temporada do American Idol trouxe-lhe análises aos 27 anos que um intérprete e também um suplente de Fyero não poderia se preparar para receber. Sua reformulação hábil de Johnny Cash – “Ring Of Fire” e Tears For Fears – “Mad World” acompanhando seus sombrios e glamorosos trajes no palco abalaram (em contraste com a última esquecível competição), tornou o Idol preferido da audiência.

Mas, antes mesmo do Idol acabar, Lambert apareceu na capa da “Entertainment Weekly” acompanhado de um artigo que especulava sobre
sua orientação sexual visto suas sensibilidades em performances e seu estilo outré [exagerado]. Fotos foram divulgadas dele com um homem (que ele mais tarde revelou ser um ex-namorado) em uma mídia social do Burning Man, Tribe.net. Lambert nem confirmou nem negou nada, para a frustração de muitos. Pouco depois do Idol ter terminado em maio de 2009 e Lambert ser premiado em segundo, ele se assumiu em uma matéria de capa para a “Rolling Stone”. No entanto continuou lidando com reclamações por ter feito uma sessão de fotos na revista “Details” onde sugestivamente ele agarrava um mulher nua. Para a mídia firmemente orquestrada ele não estava sendo gay o suficiente.

Não tem como saber exatamente o quanto se assumir gay contribuiu ou prejudicou a carreira de Lambert. Mas seria fácil de entender se ele sentisse que preferia injustamente seguir seu caminho através de farsas. Mas ele diz que não sente inveja desses músicos que se assumiram após ele e tem tido um caminho mais fácil para percorrer. Lambert elogiou recentemente o cantor Sam Smith na Revista “Attitude”, dizendo, “Eu estou muito feliz por ele, e estou muito feliz também pelo fato de que sua sexualidade não está sendo um grande ‘espinho’ em seu caminho”.

“Foi apenas o jeito que as coisas aconteceram”, diz Lambert. “Naquela época quantos artistas populares nós tínhamos que eram assumidos? Elton John e George Michael – e quando se assumiu foi comédia em tabloides. Não havia um plano a seguir, isso era uma coisa que eu desejava ter: um pouco mais de orientação. Definitivamente havia momentos de frustração e pressão, no entanto havia também muita boa vontade, muito suporte dos fãs e pessoas da mídia, isso balanceou um pouco. Eu não tenho qualquer tipo de amargura sobre isso.”

Lambert também estabeleceu uma conexão com Freddie Mercury, um excêntrico artista do passado de quem ele era fã e com quem compartilha mais do que um alcance de uma oitava desafiadora. Em 2009, May e Taylor do Queen apresentaram “We Are The Champions” ao vivo na final do Idol com o ganhador Kris Allen e o segundo colocado Adam Lambert em um dueto vocal. Impressionados com Lambert, eles o convidaram para ser o vocalista da banda no MTV Europe Music Awards em 2011, em uma breve turnê europeia no ano seguinte e em uma turnê mundial em 2014 e 2015.

“Eu ouvi histórias incríveis sobre ele”, disse Lambert sobre Mercury. May e Taylor o disseram que ele e Freddie se dariam bem, que ele partilha do mesmo senso de humor de Mercury. “Do que eu fiquei sabendo, ele me pareceu um cara realmente doce na verdade e um pouco tímido socialmente. Eu teria gostado de conhecê-lo.” Lambert e seus colegas do Queen conversaram muito sobre Mercury, incluindo como assumido ele era. “Tecnicamente, ele não estava no armário, digo, ele fez entrevistas no começo e eles ficavam do tipo ‘você é gay?’ e ele respondia ‘Oh, sim, gay como um narciso, querido’”, Lambert diz isso e ri. “Mas ninguém realmente acreditava porque eles não queriam acreditar nisso. Isso era tão tabu na época, que as pessoas na verdade não pensavam que ele poderia ser.”

Promovendo seu novo álbum, os fãs têm notado o novo look de Lambert, um toque de menos veludo e de rímel. “Eu apenas saí do look antigo e estou aderindo a novos. É simples assim”, ele diz. “Também tem um ponto, eu estava me esforçando para atingir um look que eu realmente tivesse interesse e foi muito divertido, eu queria destacar, ser louco, ser estranho, fazer uma declaração com as roupas que eu estava usando. Eu olho para trás em alguns looks de red carpet e me questiono ‘O que você estava pensando?’”

“É como a dor do crescimento, eu só estava tentando me expressar, olhando para trás agora eu posso ver, provavelmente eu estava me escondendo atrás disso. Como uma criança que vai vestida para a escola de gótica, porque eles são sensíveis e não querem interagir com as pessoas e estão um pouco assustados.”

Embora o trabalho no estúdio seja meticulosamente planejado, algumas outras partes da vida de Lambert não são e isso está ok.
“Algumas pessoas acham que tudo é tão premeditado, pensado”, ele diz. “Algumas coisas são apenas impulsos, porque eu sinto vontade de fazer isso.”

Mas ele diz, “Seis anos é um bom tempo, e agora eu estou em um novo espaço e tempo em minha vida e eu espero que minha música e minha imagem estejam onde eu estou.”

NOTAS:

[1] Angst é uma palavra alemã, dinamarquesa, norueguesa e holandesa para medo ou ansiedade. É usada para descrever um conflito intenso. (Wikipédia)

[2] O movimento musical New Wave, que começou nos Estados Unidos, Reino Unido e Iugoslávia no final dos anos 70 e começo dos anos 80. (Wikipédia)

[3] Wolf cousins é um grupo de compositores e músicos que foi criado em 2013 em Estocolmo na Suécia por iniciativa de Max Martin e Shellback. (Swedish Songs)

Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Gabriela Macieira
Fontes: @outmagazine e OUT

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