Onstage Magazine: Review de Queen + Adam Lambert em Milão (Itália) – 10/02

A humildade do Queen e o talento de Adam Lambert: não tem como dar errado

Mediolanum Forum, Assago (Milão), 10 de Fevereiro de 2015. Sejamos francos, os preconceitos em torno do retorno de Brian May e Roger Taylor no Queen foram realmente muitos, especialmente por causa da decisão de trazer um ex-participante do American Idol com eles. Vamos começar, desde já, dizendo que a experiência será um fracasso total, antes mesmo de a comprovarmos. O Queen nunca foi amado pela crítica, mesmo quando seu cantor era, de acordo com a definição de Sir Mick Jagger, o maior vocalista da história da música. Portanto, é difícil imaginar jornalistas descascando as mãos para aplaudir a nova combinação anglo-americana.

Em vez disso, no final da noite, não foi fácil encontrar um sequer presente no Forum que não estivesse mais do que convencido da validade e credibilidade do grandiloquente, às vezes exagerado, e, porque não, extravagante show a maior parte do tempo. Com um palco como não vimos há algum tempo em sua turnê, a banda olha para a Itália em ótima forma, embora até algumas horas antes do show a saúde de Adam Lambert abriu a possibilidade de cancelamento, como aconteceu alguns dias antes, em Bruxelas.

A programação é tão “Queen Live” que quase se parece com uma homenagem ao “Live and Magic”, como já haviam previsto. “One Vision” inicia um karaokê que terminará apenas duas horas e meia mais tarde, com “We Are The Champions”. Auto-celebradora e auto-indulgente como deveria ser, Brian e Roger, no entanto, aparecem como a classe gregária, provando mais uma vez possuir uma humildade rara em nosso mundo atual. May, em especial, parece ser o mais revigorado pela presença de uma figura como Lambert, que é, obviamente, à força que muitas vezes o leva a ir além dos limites aos setenta anos.

A prova mais evidente talvez seja a surpreendente “Stone Cold Crazy”, que honestamente não acho que deveriam tocá-la ao vivo após 40 anos de gravada: cansativa, muito ruim e parece ser o limite para Roger Taylor. Sobre o baterista, a escolha de trazer seu filho, Rufus Tiger (não há nome mais bad boy que esse), que ganhou uma competição de bateria com o pai, foi excepcional, auxiliando Roger a não perder o ritmo em diversos momentos, trazendo-o mais de uma vez da beira da exaustão, mas com um sorriso no rosto, mostrando a genuinidade daquela dupla. Rufus prova ter talento e discretos atributos, especialmente quando está tocando bateria no lugar do pai durante “A Kind Of Magic”.

Há também um enorme laço entre todos, inevitavelmente: os outros membros cantam, permitindo Lambert de recuperar sua energia após solos que agridem a voz, sem perder a emoção do show. O momento mais intenso? Talvez a parte central do show, aquele em que o menino prodígio deixa o palco para permitir os seus ídolos de tocar um maravilhoso prelúdio semi acústico de “Love Of My Life”, e uma devastadora “Days Of Our Lives”, interpretada por May de tal forma a qual devemos reverenciar.

Duas palavras obedientes ao general acusado da noite, Adam Lambert. O cara realmente sabe o que está fazendo, e, – surpresa! – apesar da forte teatralidade de sua performance, ele é melhor que o vocalista anterior, Paul Rodgers: ele se enfeita totalmente com roupas excessivas e uma performance elétrica que, em termos de equilíbrio, combina perfeitamente com a realeza dos ilustres colegas. O que não deve ser subestimado é que Adam é dono de uma responsabilidade gigantesca, e ele parece estar à vontade em um dos papéis mais difíceis do mundo da música. As pessoas percebem isso e o apreciam sinceramente: ninguém pode substituir Freddie, mas intérpretes são sempre bem-vindos.

É desnecessário enfatizar que o fantasma de Mercury paira na Arena desde as primeiras notas, sendo constantemente lembrado por fotos suas nos telões e com palavras afetuosas de seus dois amigos e do vocalista, que não perde uma oportunidade de agradecer a todos pela oportunidade que lhe foi dada. Ao som de “God Save The Queen”, a última música, é inevitável pensar que talvez essa seja a última vez que eu os veja ao vivo. Assim como quando eu tinha 12 anos, eu gostaria de viver para sempre.

Autoria do Post: Elisa Ferrari
Fontes: Adam Lambert TV e Onstage Magazine

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