Rolling Stone Alemanha: Queen + Adam Lambert em Berlim: "Freddie está contente com o que vê lá de cima" – 04/02

Queen e Adam Lambert ao vivo em Berlim: e Freddie está contente com o que vê lá de cima

Porque é que Brian May e Roger Taylor vão em turnê com músicas antigas e um novo vocalista? Será por causa de sua maquiagem? Talvez. Ou então a razão será outra.

Muitos fãs do vocalista do Queen, Freddie Mercury, falecido em 1991, teriam toda a razão para rejeitar o “The New One”, o novato, como Brian May o apelidou: Adam Lambert aparece como sendo alguém saído de um casting de um programa de talentos, mas, vendo bem, ele vem mesmo de um desses programas. Com o seu corpo coberto de couro se parece com uma mistura de Harald Glööckler e Bill Kaulitz. Os antebraços cheios de tatuagens fazem lembrar os jogadores da Série A (da liga italiana). Por isso, o ouro se balança no corpo de Lambert. Para funcionar, tudo brilha como se fosse uma superfície espelhada de um holofote, enquanto que Mercury se contentava apenas com uma única peça de joalheria, a coroa na cabeça. É possível conseguir um estilo exagerado sem maquiagem. Assim que a primeira nota de “One Vision” toca, desce a escada com uma luz estroboscópica que parece passar-lhe através da cabeça.

Contudo, pode dizer-se: Adam Lambert, 33 anos, americano, é um bom cantor. Em poucas músicas como “Who Wants To Live Forever”, ele consegue apropriar-se delas, dando a ilusão de que poderiam ter sido escritas para ele.

Mas porque é que Brian May, de 67 anos, e Roger Taylor, de 65, vão em turnê com músicas antigas e um novo vocalista, que nunca conseguiria seguir as pegadas do antigo? Será o delineador? Talvez.

Pode ser que haja outra razão. May e Taylor não têm significado nenhum como artistas solo, apesar de ao todo terem composto metade dos sucessos do Queen. Tanto antes como depois da morte de Freddie Mercury em 1991 eles não conseguiram lançar nenhum trabalho extraordinário por conta própria. Seria, contudo, uma pena, que por esta razão as pessoas nunca mais os ouvissem. Com certeza não ouviríamos mais de Brian May como guitarrista. A sua alternância entre o funk e o metal são, esta noite, um espetáculo em “Another One Bites The Dust”, assim que o seu pé direito se chega ao pé de pedal de efeitos.

O choque é tanto quando se vê à primeira vista o quão envelhecido está Roger Taylor. Outras estrelas de rock da sua idade e estatura, como Roger Daltrey, pintaram o cabelo de loiro. Mas também é tão engraçado ver a qualidade que o antigo mulherengo e então duende engelhado e baterista com barba branca como o Papai Noel tem. Ele anda para trás e para a frente no palco, passando da bateria para a percussão e para o microfone. É uma qualidade que as novas bandas nunca terão. Taylor é ainda da velha guarda, um baterista dos anos 70. É um dos que deve ganhar a atenção, porque passa quase todo o tempo do seu trabalho sentado. E quem é que o aplaudiu mais? As loiras hard rock de meia idade com permanente, que estavam à direita do palco, apoiadas nos antebraços, malas na grade, sem dúvida a comitiva da banda. Elas acreditam nele. Pessoas como Taylor ou Lars Ulrich do Metallica são, provavelmente, os últimos da sua espécie – e Taylor continua o co-cantor, como provou aqui em “A Kind Of Magic”, de quem Mercury sempre provou que devia ter medo.

Não, não é preciso ficar receoso com o “The New One”, Adam Lambert, a sua atuação viria a ficar completa em duas horas. Ele fez um pequeno discurso de agradecimento a Freddie Mercury devido ao trabalho que lhe foi passado. Lambert contenta-se com o seu próprio grupo que se encontra no fosso a aplaudir.

O guitarrista traz um banco e sozinho entoa a música “Love Of My Life”, a voz de May alternando com a de Mercury, que aparecia nos telões por detrás dele. É uma atuação sem teatralidade, Mercury é apenas trazido a palco quatro vezes. May não olha uma única vez para cima, para onde aparece a imagem do seu falecido amigo e para e diz para lá “Cheers Mate, hope y’doing fine up there” (À você, companheiro, espero que esteja tudo bem aí em cima.).

Brian May, que concluiu a poucos anos o seu doutorado em Astrofísica, compara a sua trupe do Queen com os pioneiros do espaço Interstellar: estão também numa missão para descobrir novos planetas habitáveis. Mesmo antes de se tentar entender o que é que May queria dizer com aquilo, aparece uma plataforma em cima que começa a projetar um céu cheio de estrelas durante um solo de guitarra longo, por sorte. Ele precisa disso e os fãs também. Poderia ter continuado a tocar eternamente! Talvez o faça em casa, à noite, no jardim enorme do seu castelo, em terras britânicas, enquanto Roger Taylor se encontra sentado à lareira no interior.

Autoria do Post: Elisa Ferrari
Tradução: Kady Freilitz
Fontes: Adam Lambert TV e Rolling Stone Alemanha

Compartilhar
Share

Nenhum Comentário

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *