Classic Rock Magazine: Review de Queen + Adam Lambert na Arena O2, Londres – 17/01

Brian May, Roger Taylor e Adam Lambert prestam homenagem ao Queen e Freddie Mercury

Em um mundo onde uma banda de rock de sucesso ter mais de cinquenta anos de carreira não é nada digno de nota, é fácil esquecer que o Queen perdeu Freddie antes da metade de sua carreira. Ainda assim, como filhos de luto se recusando a encarar a ideia de que seu pai viúvo possa vir a se casar novamente, alguns fãs se apegam a crença de que a banda deveria ter acabado em 1991, e estão determinados a arquivar qualquer coisa lançada após a morte de Mercury na gaveta de “só pelo dinheiro”, e reagiram ao envolvimento de Adam Lambert com a fúria destinada a pessoas que maltratam burros em pequenas comunidades espanholas.

Ele não é Freddie e não há Queen sem Freddie, eles dizem. É impossível gostar de Lambert se você viu a banda ao vivo da primeira vez, eles dizem. Ele é um concorrente do American Idol. Um cantor pop. Ele é “gay demais”, sugeriu um leitor neste website recentemente (faz pensar se Paul Rodgers poderia da mesma forma, ser considerado ‘heterossexual demais’). Nenhum desses fatores impossibilita Lambert de se apresentar com o Queen – ou Queens Of The Stone Age, ou a Branca de Neve e os Sete Anões, por falar nisso – mas ninguém está sugerindo que vá ser fácil assim. Apenas uma coisa importa: isso realmente funciona?

Inicialmente é um grande choque. Conforme as notas da música de abertura, “One Vision” flutuam, a silhueta inequívoca de Brian May é projetada na enorme cortina que cobre o palco e a voz de Lambert soa estridente e fora de controle, se agitando e espalhando como um alpinista tentando encontrar apoio em uma parede lisa. É uma música tão presa a voz de Mercury que a alternativa mais pueril de Lambert naturalmente parece estranha, mas é apenas um truque da mente e não dura muito. Uma vez que os ouvidos se acostumam com a diferença, é inacreditável como tudo isso funciona tão bem, e a festa country da quarta música, “Fat Bottomed Girls” soa triunfante como um clímax de fim de set, conforme Lambert grita “Todas as minhas vadias de bunda grande por aí… peguem suas motos!” Ele é um frontman cativante, todo lábios franzidos e olhos trêmulos, de uma geração de músicos que cresceram com seus rostos projetados em telas enormes, totalmente versados no efeito que uma sobrancelha habilmente arqueada tem em uma arena.

Ele mantém o tom da performance corretamente. Depois de espirrar um arco de champanhe na plateia depois de “Killer Queen” (“Eu a deixei molhada, senhora? Isso é rock ‘n’ roll!”) ele oferece uma singela homenagem à banda: “Meu objetivo é celebrar a música incrível do Queen e levar vocês de volta ao momento que os fez amá-los da primeira vez”. Em momento algum a performance de Lambert parece uma imitação de Mercury, apesar de que há grandes paralelos, mesmo a extravagância de Mercury sendo menos evidente, era mais do tipo sugestiva.

Após a grandiosa “Somebody To Love”, Lambert se recolhe, deixando May sozinho com um banquinho no final da passarela. Ele toca o inesperado (“Maybe it’s because I’m a Londoner de Flanagan & Allen”), o esperado (uma versão adorável de “Love of My Life”, com a audiência fazendo volume ao fundo e Mercury aparecendo na tela para terminar a canção), experimentos com um selfie-stick e um pequeno resumo das teorias de paradoxo de Einstein.

Outros pontos altos? Uma versão acústica de “’39”; Roger Taylor casualmente passeando pelo palco cantando “These Are The Dasys Of Our Lives” enquanto a plateia recebia imagens de John Deacon nos telões; uma grande bola de espelhos pendendo do teto durante “Who Wants to Live Forever”, raios de luz transformando a arena no Estúdio 54; o filho de Taylor, Rufus assumindo a bateria na rápida “Tie Your Mother Down”; uma versão verdadeiramente dramática de “Save Me”, cortesia de Lambert; e a aparição de “I Want it All”, uma música que a banda original nunca tocou ao vivo.

O show termina com “Bohemian Rhapsody”; toda a plateia se move ao mesmo tempo, braços sobres ombros alheios. A plataforma de Taylor se ergue, May faz seu solo em um paramento dourado à Zandra Rhodes, e a parte final é apresentada com Lambert, respeitosamente parado sob a grande tela, trocando versos com dois Freddies, um de Milton Keynes em 1982 e outro de Budapeste, quatro anos depois.

Este escritor VIU Queen ao vivo da primeira vez, em sua última performance em Knebworth. E enquanto a pura força da personalidade de Freddie e sua habilidade de dominar fisicamente uma plateia possam ter faltado na performance desta noite, esta foi de alguma forma uma celebração calorosa da música da banda. É uma homenagem, sim, mas é sincera e poderosa e ridícula de todas as maneiras certas. É Queen.

Autoria do Post: Elisa Ferrari
Tradução: Stefani Banhete
Fontes: Adam Lambert TV e Classick Rock Magazine

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