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04out2014
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Ensaio by Aleksandrakv: “Sexo, Adam, e Tudo Mais”
Já publicamos anteriormente aqui, o inspirador e sensual ensaio sobre Adam Lambert, feito pela fã aleksandrakv, intitulado “Eu vou me casar com a voz de Adam Lambert”. Confiram agora mais um belo texto publicado em seu Tumblr “Adam Lambert Through My Eyes” [Adam Lambert através dos meus olhos]:
Sexo, Adam, e Tudo Mais Aspectos relacionados ao sexo na vida, na arte e na carreira de Adam Lambert, são visíveis e disponíveis para os fãs, são variados e abundantes, mas é perfeitamente viável não levá-los em consideração, se a pessoa assim o desejar. Eles são parte inseparável da minha percepção dele, mas há tantas percepções quanto existem fãs por aí. Você pode ignorar tudo isso, ou partes disso, e não perder muito se isso não for a sua praia, ou se simplesmente não lhe interessa. Para aqueles que estão interessados, ou mesmo tem prazer neles, há muito para escolher, desde temas mais política e sociologicamente relevantes, até as completamente decadentes orgias com que ele ocasionalmente nos presenteia no palco e em outros lugares.
Esta história deveria ser leve e divertida, porque é assim que sexo e sexy devem ser; eles são melhores quando são divertidos e bons e sem complicações, e eles deveriam ser sempre assim, para todo o sempre; mas como se pode ver, às vezes não são. No entanto, no sentido mais amplo da palavra, o sexo pode ser encontrado na orientação sexual de Adam, suas performances sexualmente carregadas, letras sugestivas ou explícitas, insinuações lascivas durante entrevistas e outros meios de comunicação com os fãs ou imprensa, e por último, mas certamente não menos importante, em seu glorioso corpo.
Sua beleza e fumegante boa aparência chamam a atenção de todos os gêneros e orientações, e os escassos que não são da mesma opinião também acontecem de ser um grupo heterogêneo. Adam não é nem a primeira nem a última pessoa a ter esse apelo sexual generalizado, o que parece ser uma categoria muito esquiva. É independente de perfeição física, ou a sempre mutante relação masculinidade/feminilidade na aparência, embora Adam se esforce para a primeira e goste de brincar com a última. A definição mais próxima seria chamá-lo de um fator X, que ou você tem ou não tem. Definitivamente, não tem nada a ver com o fato de que Adam é gay.
A orientação sexual de Adam talvez fosse algo sem significado algum, se ele fosse um contabilista, por exemplo; mas no seu caso, influenciou a trajetória de sua carreira. Não necessariamente de um modo bom ou ruim, mas seu impacto é inegável. Por um lado, todo mundo que conhece Adam, mesmo um pouquinho, sabe que a resposta à questão de se ele precisava ou não nos dizer que é gay, é um inequívoco sim, e que no início era necessário para ele como pessoa, não como um músico. Por outro lado, fãs e admiradores precisavam se preocupar ou até mesmo saber que ele é gay? Um sim ainda mais alto é a resposta para isso.
Esta atitude está em contradição com o que Adam parecia querer no início de sua carreira e, provavelmente ainda quer: que sua sexualidade não importe, e também está em contradição com o mundo pós-gay que ele quer. Embora esse ponto de vista seja perfeitamente compreensível, o meu é um pouco diferente: Eu acho que sua orientação sexual é uma parte de sua música que não pode ser plenamente compreendida sem levar em consideração a sua sexualidade. Quando ele falou sobre “Outlaws Of Love”, ele disse, parafraseando, que, apesar de seus amantes [na música] serem gays, sua luta é universal e pode ser aplicada a casais heterossexuais também, uma reminiscência de Romeu e Julieta, ou Bonnie e Clyde, por exemplo. E eu concordo, é mesmo e poderia ser aplicada, mas a arte é ainda mais dominada por casais heterossexuais do que a vida, e precisa desesperadamente de outras sexualidades sendo representadas.
Nada sopra mais vento nas velas de uma luta política do que a arte. A representação correta de outras sexualidades em filmes, músicas, livros ou programas de TV traz não só a consciência, mas espero que o entendimento também. Se nós lutamos pela igualdade, é necessário muito mais apoio e visibilidade para as minorias, para que elas possam alcançá-la. E por mais que a homofobia “grave” seja desprezível e criminosa e tenha de ser combatida, a “leve” pode ser perigosa também. Reflete-se principalmente, por um lado, na ignorância, onde Adam foi mais do que útil, dando grande insight. Ignorar também é uma forma de homofobia “leve”, onde, na tentativa de tratar todas as sexualidades como iguais, ignora-se o simples fato de que elas não são iguais na maior parte do mundo de hoje; ainda não, pelo menos por enquanto. Eu não quero ser considerada culpada de qualquer uma delas, então eu quero e preciso saber.
O sucesso fenomenal de “Trespassing”, que deu a Adam o título inovador de primeiro artista assumidamente gay a chegar ao topo das paradas, é de conhecimento comum – mas o que ninguém menciona quando falam deste sucesso é que “Trespassing” é um álbum abertamente gay também, com tópicos e mensagens muito diretas nas letras. Eu acho que é ainda mais importante do que o fato de o próprio Adam ser gay. Se tivesse sido um álbum menos revelador, ou se as letras tivessem sido escritas por outros em vez de Adam, por exemplo, o sucesso de Adam ainda seria comemorado da mesma forma, não há nenhuma dúvida quanto a isso, mas não seria a mesma coisa. Dessa forma, seu triunfo foi completo, e esse álbum será para sempre listado como um dos mais educativos, o que é um tributo que deve ser pago a ele.
Tendo tudo isso em mente, vejo essa necessidade de que sua sexualidade não seja ignorada ou posta de lado; vem como uma grande surpresa que, quando se trata de outros aspectos da exposição sexual, suas performances carregadas, insinuações e gracejos lascivos, eu nunca o veja como um homem gay, nem sinta necessidade disso. Eu nem sequer penso nisso; isso nunca passa pela minha cabeça. Quando ele mexe seus quadris, ou lambe uma garrafa no palco, não há nada específico para qualquer orientação ali. Ele é apenas um cara quente fazendo sua própria versão de sex-talk no palco, o tipo divertido e por vezes, ridículo; são movimentos universais que as pessoas fazem da mesma forma, e apreciam da mesma forma. Ele é muito físico e ostensivo sobre isso, fortemente apoiado em seu passado no teatro, com suas genialidades pelo palco beirando a comédia pastelão.
Na outra extremidade do seu bastante amplo espectro sexual, está o erotismo mais sensual e a sedução arrepiante de algumas de suas performances. Os movimentos ficam mais delicados e sugestivos, os vocais ficam claros como um sino e cheios de desejo; a inesquecível “Whole Lotta Love” em Fantasy Springs ou “Ring Of Fire” durante Idol vêm à mente. São Erótica [ver nota] no seu melhor. E, obviamente, vem de um cara que está em grande contato com sua libido e não tem medo de expressá-la; e eu posso estar pecando pela cautela aqui, mas toda essa exibição carnal só pode vir de alguém que gosta de sexo, e gosta muito, o que não é algo que pode ser dito sobre tantas pessoas quanto se poderia esperar. O mesmo vale para seus fãs que apreciam isso. Nós nos perdemos junto com ele, e as identidades são esquecidas. Nós não pensamos sobre quem ele é ou em quem nós somos, apenas sabemos que estamos juntos nessa, pertencendo ao mesmo grupo, nos sentindo muito bem juntos. É uma experiência doce e inebriante que cria alta dependência e desejos constantes por cada vez mais estarmos estranhos e felizmente livres do fardo das limitações sociais.
Falando de fãs e seus gostos, aqueles que são muito vocais ao expressar seu prazer na sexualidade de Adam, por vezes, encontram um tipo muito estranho de discriminação. Um monte de perguntas e acusações são lançadas em seu caminho. São perguntados e talvez perguntem a si mesmos se isso é permitido, ou decente. Será que eles têm de cumprir determinados padrões? Será que eles têm de ser mais jovens do que Adam? Será que eles têm de ser gays, também? Se eles são mulheres heterossexuais e mais velhas, por exemplo, eles podem encontrar prazer em seu erotismo? É tudo muito ridículo e só mostra o quão fina é a fronteira entre arte e vida. Todo consumidor da arte de Adam pode desfrutar livre e plenamente de toda e qualquer coisa que Adam quiser dar a eles e lhes apresentar. E que grande vergonha seria se esses momentos de inspiração divina fossem para o lixo por segregar mentalmente a plateia, ou intimidá-los com assuntos sem importância. É certo que é uma questão muito menos relevante do que a luta pelos direitos humanos, mas a ironia está lá – é também um tipo de discriminação. Essa ironia não está onde você pode esperar que estivesse: no fato de que outras formas de discriminação, como o sexismo ou preconceito de idade estejam sendo introduzidas naquela contra orientações sexuais, o que é uma noção muito revoltante.
Encontra-se no fato de que nesses momentos sexualmente dirigidos que Adam nos dá, somos mais iguais do que nunca – gay ou hétero, homem ou mulher, nós temos prazer e ficamos excitados da mesma forma, essencialmente; estamos respondendo aos mesmos estímulos. Categorias são irrelevantes nesses momentos, porque é uma troca baseada na sexualidade, na interpretação da música, na voz e nas letras, na linguagem e movimentos do corpo, em pausas e silêncios, bem como nos sons liberados no palco, e na forma como aceitamos tudo isso. É uma experiência entre o artista e seu público, cegos para qualquer outra coisa que não seja o seu talento e a nossa receptividade. Mais importante, ele mostra a natureza empolgante e indiscriminatória do sexo e do erotismo na arte, lenta mas seguramente, se infiltrando na vida.
Enquanto isso, no cotidiano muito mais divertido e simples de um Glambert, felizmente superficial e sem encargos, Adam continua se pavoneando e ficando mais quente a cada dia, e nós continuamos assistindo. Mas está tudo bem – ele gosta de mostrar tanto quanto nós gostamos de assistir. Nós somos compatíveis assim.
NOTA: Erótica é um gênero literário ou de arte, destinado a despertar o desejo sexual.
Fontes: Adam Lambert TV e aleksandrakv/tumblr
Tradução: Stefani Banhete
Adorei cada palavra. ..disse tudo …amei
Parabéns por este texto magnífico!