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23jul2014
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HyperReality: “Na Nova turnê do Queen, Adam Lambert rouba a cena!” – (Uncasville – 19/07)
Vale ressaltar que, nessa resenha do show, entre tantas outras que estão jorrando pela internet, jornais e revistas, não há a descrição detalhada de outras reviews, que todos os fãs afoitos já devem ter decorado, que consiste praticamente em uma narrativa do show, quais as músicas e suas sequências, com algumas impressões do autor do texto intercaladas. Nessa resenha o autor destacou a energia sentida no show do Queen e Adam e as impressões da plateia.
Na nova turnê do Queen, Adam Lambert rouba a cena! Freddie Mercury pode ter morrido há aproximadamente 23 anos atrás, mas seu espírito permaneceu vivo 1000%, assim que a banda Queen entrou no palco com o estupendo – “quebra ossos” – de cair o queixo e inigualável Adam Lambert, em sua nova turnê chamada de “Queen + Adam Lambert”. Entrando na Mohegan Sun Arena, em Uncasville, Conecticut, era impossível não sentir a energia e excitação, própria dos ávidos frequentadores de shows. Havia muitos fãs veteranos do Queen de várias idades, mas o que mais me chamou a atenção foram os fãs de idade mais avançada, que se encontravam em plena forma para celebrar o legado intocável de Mercury.
O show deu início com uma dupla de músicas do álbum de 1974, “Sheer Heart Attack” [ver nota 1], as músicas chamadas “Now I’m Here” e “Stone Cold Crazy”, respectivamente, e logo nas primeiras notas do cantor, ficou claro que Adam Lambert rebatizou um deus do rock, pois à medida que crescia sua voz, ela perfurou a audiência e se existisse alguém que duvidasse da potência vocal de Lambert – cuja habilidade fez plena justiça a algumas das maiores vozes masculinas da história da música – essas pessoas instantaneamente se tornaram verdadeiros crentes.
Ficou imediatamente claro que, apesar de Lambert não ser Freddie Mercury, ele nunca afirmou que seria. Ele colocou o seu toque pessoal numas das canções mais preciosas que o Rock n’ Roll já possuiu, e provou que ele não é apenas um talento excepcional, mas uma força a ser reconhecida.
Estas foram algumas das reações que eu presenciei de pessoas que estavam próximas a mim: – “Nossa ele é incrível! – Eu nunca poderia ter imaginado(…), ele é um roqueiro F……, – Freddie ficaria orgulhoso!”
Alguns até diriam que ele nasceu para ser o vocalista de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, e no mínimo, diante da ausência de Freddie, perfeitamente adaptado para preencher um papel que parecia ter sido escrito para ele, mesmo antes do seu nascimento.
Lambert cativou o público do American Idol em 2009, com sua interpretação assombrosa da dupla Tears For Fears, “Mad World”, mas a sua carreira nunca deslanchou como deveria. Seu álbum de estreia “For Your Entertainment” saiu no final daquele ano e foi atormentado com a controvérsia criada por um beijo entre homens, durante uma premiação importante, no horário nobre da TV. As músicas pós Idol, um pouco fora de foco, exceto por algumas canções de cunho pessoal, como “Broken Open” e “Aftermath” e uma extravagante música ao estilo que o Queen interpretaria, um rock jam chamado “Music Again”, escrita pelo vocalista Justin Hawkins. Também houveram contribuições de Lady Gaga, com “Fever” e de Pink, em “Whataya Want From Me”, que chegou a alcançar a 10ª posição no ranking das 100 mais quentes da Billboard e a música “If I Had You”, que obteve sucesso moderado no seguimento de “Whataya Want From Me”. Seguiu-se a ele o álbum “Trespassing”, aclamado pela crítica em 2012. Os singles, no entanto, não causaram impacto relevante, apesar de o material ser apto a tocar nas melhores rádios e esse passo indicar um crescimento artístico de Lambert. Atualmente ele trabalha em seu terceiro álbum e como agora ele se transformou num deus do rock na turnê com o Queen, estamos esperando grandes músicas. Na verdade, eu creio que essa turnê irá fazer maravilhas por sua reputação e carisma. Depois de discutir, divulgar e apoiar o casamento entre pessoas do mesmo sexo (referindo-se à Prop 8) [ver nota 2] e interpretar uma espécie de Sam Smith (com a música “Lay Me Down”) que ama a América, eu espero que o glam rock se manifeste na sua fase pós Queen, e que esses portões sejam finalmente abertos, chamem a atenção merecida e gerem os elogios necessários, os mesmos que uma vez Freddie Mercury já teve.
Os melhores momentos da turnê começaram com sete músicas, que completaram um primeiro ato, e que me pareceram mais como um “esquenta”. “Killer Queen” pegou Lambert em uma lounge de veludo, interpretando uma rendição da faixa ultra glam, inspirada no estilo “vaudeville” [ver nota 3].
Mas foi com “Somebody To Love” que ele eclipsou a maior reação da audiência até então. Durante o clímax do clássico, ele levou a multidão à igreja, e enviou raios que causaram calafrios em forma de parafuso que subiam e desciam pela minha espinha.
Outro ponto alto do show mostrou Lambert cantando a primeira música solo de Freddie Mercury, “Love Kills”, do relançamento do silencioso filme Metropolis [ver nota 4]. O original de Mercury é um delicioso e exagerado sucesso dos anos 80, mas nessa versão retrabalhada é mais como uma versão ao estilo de “Mad World”, e é algo que vai queimando, com os vocais crescentes acompanhadas por melodia assombrosa.
“Who Wants To Live Forever” é um original espetacular do Queen, que na estampa dada por Lambert, o torna mais um espetáculo à parte.
Ao longo das quase 3 horas de duração do show, a presença de Freddie Mercury foi sentida, o que beirava a homenagem, como quando o baterista original do Queen, Roger Taylor, cantou “These Are The Days Of Our Lives”, uma faixa bem apropriada para começar.
Entretanto na maior parte, encarando seriamente e com respeito, Lambert parecia mais como uma “fã excitada” quando se referia a Mercury, e de como sua influência jorrou nele, e como estava honrado e em êxtase por estar no palco com banda tão icônica.Das 22 músicas interpretadas, sem contar os solos dos membros originais do Queen, Brian May e Roger Taylor, foram as três últimas músicas que levantaram definitivamente a plateia, na interpretação de “Bohemian Rhapsody”, onde se via Lambert trocando versos com Freddie Mercury através da tomada de um show antigo na tela e as músicas do bis, “We Will Rock You” e “We Are The Champions”.
Encarando como um todo, Lambert não se perdeu em nenhuma batida sequer. O carisma escorreu pelos seus poros, ele desfilou pelo palco, zombou como Elvis Presley faria, e ousou com um atrevimento gay o suficiente para ressonar num raio de 50 milhas e foi a primeira vez, digo, a primeira vez, que vi um estádio cheio de (principalmente homens heterossexuais) mais velhos, torcendo por um homem vestido com um terno de estampa de leopardo e uma coroa reluzente de ouro e brilhantes. Quando olhei ao redor, esperando que alguém reclamasse da teatralidade divertida e exagerada de Lambert, notei que ninguém sequer pestanejou. Na verdade, o corredor de homens heterossexuais riu junto com a multidão e o aplaudiu. Foram-se os rótulos, pré-julgamentos deslavados, e a única coisa que restou era a energia pura que emanava de Lambert e Queen. Todos os presentes eram “rainhas glam-rocks”.
E isso seria exatamente o que Freddie gostaria.
Consenso: o show que mais precisa ser visto do ano! Adam Lambert trouxe energia revitalizada ao Queen que uma vez já foi única e inteligente e por isso mostra como uma força como ele é necessária nesse tipo de empreendimento e precisa ser reconhecida. Agora, se só o resto do mundo pudesse ver.
NOTAS:
[1] “Sheer Heart Attack” é o terceiro álbum de estúdio da banda Queen e lançado em Novembro de 1974. Foi produzido por Queen e Roy Thomas Baker e distribuído pela EMI no Reino Unido, e pela Elektra nos EUA. (Wikipédia)
[2] A “prop 8”, foi uma proposição de cédula da Califórnia e uma emenda constitucional estadual aprovada nas eleições estaduais em Novembro de 2008. A proposição foi criada por opositores do casamento homossexual. A proposição 8 também acabou sendo considerada inconstitucional por um tribunal federal (por motivos diferentes) e em 2010, embora a decisão do tribunal não entrasse em vigor até 26 de Junho de 2013, após a conclusão dos recursos apresentados pelos proponentes. Para entender: A “prop 8”, determina que a posição legal tradicional e predominante na maioria dos 50 estados americanos é de que o casamento, como legalmente definido, somente pode ser visto como uma união legalmente reconhecida se se tratar de um homem e uma mulher. Ou seja, ela não pode ser definida como uma união de parceiros do mesmo sexo, ou mesmo como uma união de parceiros do sexo oposto, não casadas. A ideia de que a proibição de uniões do mesmo sexo tem raízes sociais e legais profundas e duradouras, é comumente usada em argumentos legais, como base para a formulação ou manutenção de restrições sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo e usada legalmente nas manifestações principais do movimento LGBT, do qual Adam é ávido participante.
[3] Estilo Vaudeville foi um gênero de entretenimento de variedades predominante nos EUA e Canadá do início dos anos 1880 ao início dos anos 1930. Desenvolvendo-se a partir de muitas fontes, incluindo salas de concerto, apresentações de cantores populares, “circos de horror”, museus baratos e literatura burlesca, o vaudeville tornou-se um dos mais populares tipos de empreendimento dos Estados Unidos. A cada anoitecer, uma série de números era levada ao palco, sem nenhum relacionamento direto entre eles. Entre outros, músicos (tanto clássicos quanto populares), dançarina(o)s, comediantes, animais treinados, mágicos, imitadores de ambos os sexos, acrobatas, peças em um único ato ou cenas de peças, atletas, palestras dadas por celebridades, cantores de rua e filmetes. (Wikipédia)
[4] Metropolis é um filme alemão de ficção científica produzido em 1927, realizado pelo cineasta austríaco, Fritz Lang. Foi, na época, a mais cara produção até então filmada na Europa, e é considerado por especialistas um dos grandes expoentes do expressionismo alemão e também foi uma obra-prima à frente do seu tempo, já que pode se dizer que continua “atual”. No que concerne ao Queen e ao Adam, “Love Kills” é a primeira canção que Freddie Mercury gravou como artista solo. Foi originalmente usada na restauração de Giorgio Moroder na edição de 1927 do cinema mudo Metropolis, como parte da nova trilha sonora do filme. (Wikipédia)
Fonte: HyperReality
Tradução: Mônica Smitte
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