Anti Music: “Noite de estreia da turnê do Queen + Adam Lambert” – (Chicago – 19/06)

Noite de estreia da turnê do Queen + Adam Lambert

Chicago, IL – United Center – 19 de Junho de 2014

Quando Freddie Mercury faleceu em 1991, eu achei que fosse o fim do Queen. Obviamente, a presença física de Freddie não estava mais conosco, mas como mostrado na noite de estreia da turnê do Queen + Adam Lambert em Chicago, seu espírito reinou na plateia como nunca. Por duas horas, o guitarrista Brian May e o baterista Roger Taylor apresentaram uma série de seus melhores hits. Queen sempre teve um relação peculiar com a América. A última vez que eles fizeram uma turnê aqui foi em 1982 (em um subúrbio), e em Chicago em 7 de dezembro de 1978, no Chicago Stadium. O United Center agora está em seu lugar e foi um regresso a casa para a banda e não apenas voltaram ao trono do rock n’ roll, mas também introduziram um artista chamativo e feroz que ajudou a trazer esses hinos para as massas; Adam Lambert. No papel, Lambert parece um clone de Mercury, com sua extravagância, mas há muito mais nele do que dizem. Ele sabe que não tem como substituir Mercury, mas não podemos negar que ele é descendente musical de Mercury. Mas isso funcionaria no palco? Poderiam os dois membros restantes do Queen (John Deacon se aposentou em 1997) trazer os clássicos novamente sem manchar as memórias das audiência? Eu estou entusiasmado em informar que com uma mistura musicalidade apaixonada, uma multidão carregada com entusiasmo e um catálogo inigualável, esta turnê serve ao Queen e seu legado com propósito e orgulho.

Uma grande cortina com o logo do Queen cobria o palco, e você podia sentir a antecipação no ar momentos antes de cair e revelar a banda. Abrindo o show com “Now I’m Here”, a plateia ficou de pé e ficou assim na maior parte do show de duas horas. Houve um pequeno problema com o microfone de Adam Lambert, mas sendo um verdadeiro profissional, ele simplesmente atravessou o palco para pegar um microfone reserva e continuou como se nada tivesse acontecido. Eu menciono isso só para mostrar como se recuperaram bem. Se Lambert tivesse entrado no palco em uma moto, ele poderia ser confundido com Rob Halford em 1990. Vestido em couro preto, Lambert cantou as músicas de sua forma. Mesmo Lambert sendo bom, o guitarrista de cabelos cinzas e encaracolados, Brian May, roubou a cena música após música. Durante a segunda música da noite, “Stone Cold Crazy”, May mostrou seu músculo musical em sua guitarra vermelha de maneira que foi difícil não se emocionar vendo-o tocar essas músicas no palco. Retornando ao passado, May continuamente passou sua mágica pelos dedos, que por sua vez se espalhou pela audiência. Desde 1990, eu não conseguia ouvir “Stone Cold Crazy” sem a versão do Metallica, mas nessa noite, May a tomou de volta com sua magia na guitarra. O baterista Roger Taylor acrescentou sua batida ao kit. Mesmo tendo 64 anos, “Stone Cold Crazy”, “I Want It All”, “Under Pressure” e “Tie Your Mother Down” foram tão estrondosos quanto você poderia imaginar. Ele deixou seu filho assumir seu lugar para que ele pudesse cantar a emocional “These Are The Days Of Our Lives”, que foi o último vídeo que gravaram com Mercury em 1991.

Eu sempre soube que Adam Lambert tem tudo para ser um grande artista e vocalista, mas ele poderia cantar essas músicas com a banda? No começo do show com “Another One Bites The Dust”, ele foi à frente do palco e engajou a plateia para cantarem juntos. Durante o trio de “In The Lap Of The Gods”, “Seven Seas Of Rhye” e “Killer Queen”, Lambert achou seu encaixe. Foi aí que ele começou a abraçar seu Deus do rock interno. Ele consegue comandar o palco como os melhores veteranos e mesmo cantando músicas que não são suas, isso não o impediu de dar o máximo de si. Ele é brincalhão, mas sempre levou a música a sério. Musicalmente, o set é composto por hits. Isso não pareceu incomodar nenhum dos 17.000 fãs presentes. Quase o dobro de pessoas que pagaram para ver Queen + Paul Rogers em 2006. A demanda por ingressos estava tão alta que a arena abriu alguns assentos atrás do som e perto do palco para atender a procura. Eu sempre digo que você pode perceber a demanda de um show se esses lugares estiverem esgotados. Os pontos mais altos incluíram “I Want It All” e “The Show Must Go On” dos álbuns The Miracle e Innuendo. Por algum motivo eu fiz uma procura sobre o Queen no começo desse ano. Isso significa que eu ouvi todas as músicas, comecei a ler biografias e pus minhas mãos em tudo que pude. Houve uma época nos EUA em que o catálogo do Queen não era acessível, até 1992, que foi quando pararam de apresentar por aqui. Entretanto, a maturidade musical de The Miracle e Innuendo, dois álbuns gravados quando a banda sabia que Mercury não estaria com eles para sempre. Esse pensamento permeou nas músicas de maneira que ninguém poderia ter previsto. Mais chocante é Made In Heaven, em que a maior parte foi gravada após a morte de Mercury. “I Want It All” e “The Show Must Go On” apesar de fazerem parte de ábums que não tiveram turnê, ganharam destaque.

O palco principal tinha um tela em forma de círculo, lasers, luzes e fumaças, mas foi no mini palco em que os momentos mais íntimos ocorreram. May tocou “Love Of My Life” sozinho com uma guitarra acústica, mas antes do final da música, a tela mostrou Freddie Mercury cantando a música. Momentos como esse fazem você imaginar como seria o Mercury de sessenta e poucos anos e suas músicas. May continuou com uma rendição de “’39” do A Night at the Opera, que incluiu a banda se juntando à ele em um pequeno palco na frente. Roger Taylor fez um duelo de bateria com seu filho, Rufus Tiger Taylor. Quando a banda se juntou em volta de Taylor, eles lançaram uma versão fantástica de “Under Pressure”, no qual Taylor e Lambert trocaram farpas com a música. Em seguida veio uma nova música do Queen, “Love Kills”, que será lançada no final desse ano em um álbum chamado Queen Forever. “Love Kills” foi originalmente uma música solo de Mercury, mas foi gravada pela banda para virar do Queen (como parte do material de Made In Heaven). Lambert foi especialmente comovente em sua performance.

No palco principal, Lambert mostrou cada gota de humanidade em “Who Wants To Live Forever” com May. A banda foi acentuada com lasers e um globo espelhado, que desceram no mini palco onde Lambert e May levaram o clímax da música em um momento do qual não me esquecerei. A primeira vez em que ouvi a música foi no Rockline, dois dias após a morte de Mercury, quando Axl Rose era o convidado especial. Ele estava tão comovido e inspirado por Mercury que pediu para o apresentador tocar a música. Dentro do United Center, o Queen atingiu o emocional da música de uma forma que nunca imaginei. Foi nesse momento que Lambert me ganhou. Ele não é Freddie Mercury e não está tentando o imitar, mas ele captura sua alma, seu talento e inspira as pessoas. No final, Lambert não merece só seu tempo e dinheiro, mas suas emoções também. Nós últimos trinta minutos, a banda tocou hits após hits, com “Tie Your Mother Down”, “Crazy Little Thing Called Love”, “Bohemian Rhapsody” (com Mercury cantando o segundo verso), “We Will Rock You” e o final com “We Are The Champions”. Cada um desses hits foi grande para a plateia, mas “Radio Gaga” me deixou uma bagunça emocional.

“Radio Gaga” foi uma das últimas músicas do Queen a fazer sucesso nos EUA e eles nunca fizeram uma turnê com The Works, e aqui estávamos, trinta anos depois com 17.000 mãos batendo palmas uniformemente durante o refrão, me dando calafrios e encharcando meus olhos. A música escrita pelo baterista Roger Taylor sobre como a televisão se sobressaiu em relação ao rádio, que era a fonte principal de entretenimento antes da TV, é um pouco irônica hoje em dia. Enquanto cantava a música, Lambert encorajava a plateia a levantar as mãos para o céu, e fizeram isso. O descendente de Mercury comandou a arena como um profissional. Para Roger Taylor e Brian May, isso é outra coisa; é um lar. O palco do show é um lugar sagrado. Enquanto assistiam a banda apresentar a música, a plateia seguiu a ordem e colocou as mãos para cima. Alguns de nós fizemos isso pela batida, outros para se sentirem livres e vivos por alguns momentos, mas a maioria de nós levantou esperançosos para que Mercury visse nosso sinal e soubesse que “alguém ainda o ama”. Esta é a quintessência do Queen e seu coração ainda está batendo alto e orgulhoso. Pode ser demais para você ouvir essas músicas cantadas por alguém que não seja Mercury, mas eu espero que você enfrente isso, porque o Queen + Adam Lambert é grandiosidade pura.

Fontes: @shoshannastone e Anti Music

Tradução: Carolina Martins C.

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