Adam Lambert na Revista DNA (Austrália) – Out/2012

A Revista DNA da Austrália publicou na sua última edição (Outubro), a entrevista que realizou com Adam Lambert quando ele esteve no país promovendo seu álbum “Trespassing”. Confira a seguir os scans do artigo, bem como o artigo traduzido:

“Ei, garota, ei!”

Adam Lambert é o primeiro artista publicamente gay que teve seu álbum estreando como número 1 nas paradas dos EUA. Deliciosamente extravagante e carismático, ele conversou com Marc Andrews sobre estar no palco com Queen, seu namorado finlandês e o estado da psique Americana.

DNA: Então seu parceiro (celebridade finlandesa Sauli Koskinen) está de volta aos EUA?
Adam Lambert: Nós passamos um tempo juntos no Japão, o que foi ótimo. Agora ele está de volta aos EUA, e mora comigo.

Ele diz coisas estranhas em finlandês para você?
Às vezes sim. Mas na maioria das vezes são coisas boas. A mentalidade escandinava é bem “aberta”.

E não é por isso mesmo que você está com ele?
Sim. Eu estou começando a entender mais sobre aquela cultura.

Você tem muitas saunas?
Eu adoraria ter uma sauna na minha casa, e acredito que ele (Sauli) adoraria também. Se tudo der certo com o álbum, talvez eu possa fazer uma *risos*.

Não tenho certeza se seu novo cabelo loiro vai dar certo na sauna!
*Risos* Oh, eu farei uma touca com hidratante.

Bom, nós temos que lhe parabenizar por seu álbum Trespassing ter estreado em primeiro lugar nos EUA.
Obrigado! Isso foi muito emocionante.

Onde você estava quando ficou sabendo que (seu álbum) foi o número 1?
Eu estava ensaiando no Reino Unido e meus empresários me disseram. Quando eu soube fiquei tipo “Uhul! É isso aí!”. Eu não esperava por isso. Acho que comi um cupcake, ou algo do tipo, mas eu não preciso comer em todas minhas celebrações *risos*. Embora eu tenha bebido alguma coisa, admito.

Jake Shears, do Scissor Sisters, contou para a DNA que você realmente “tomou jeito” agora.
Isso é tão doce, eu o amo. Ele é um sarro. Eu não o tenho visto a algum tempo. Quando fui para Londres ele estava lá por dois dias e nós tentamos sair juntos. Ele me ligou e foi muito divertido. Ele me fez rir, mas eu estava tentado acabar com meu cansaço (jet lag) e eu sabia que teria uma entrevista cedo no dia seguinte, então eu disse “Cara, eu não posso sair!”. Me tornei um jovem responsável.

O que ele disse é realmente verdade!
Não é divertido trabalhar quando se está de ressaca. Estar se sentindo bem faz todos os negócios de promoção serem muito mais divertidos.

Agora as pessoas no Reino Unido estão te amando porque você é a nova rainha, pode-se dizer.
Sim, e foi muito divertido. Uma rainha cantando com Queen! Foi inacreditável ter sido convidado.

Mas Jessie J roubou sua cena na cerimônia de encerramento das Olimpíadas!
Oh, mas ela foi boa. Eu queria muito ter uma daquela jaqueta comprida amarela que ela usou. Fiquei tipo “Garota, que feroz!”. Eu queria me apresentar nas Olimpíadas e o pessoal do Queen estava curioso para que isso acontecesse também, mas para se apresentar você precisaria ser um cidadão do Reino Unido, era o combinado.

Você está junto de alguém da Finlândia, que é na União Européia, que é perto!
A banda é britânica e eu sou um convidado! Eu compreendo. Eu achei que foi muito legal a cultura pop britânica ser celebrada na cerimônia de encerramento. E eu não me encaixo muito bem nessa cultura pop – talvez algum dia dê certo. Queen foi muito legal, mesmo assim.

Você teve que “estudar” Freddie Mercury para cantar com o Queen?
Eu tentei não estudar Freddie Mercury. Esse era o grande “x da questão”. Eu não queria ficar muito obcecado com o jeito que ele fazia tudo. Achei que seria tolice tentar imitá-lo. O importante para mim era não ficar muito diferente do original, mas também ser eu mesmo. Eu tive que ajustar as versões em minha cabeça que eu cresci ouvindo e pensar como eu iria interpretá-las. Era muito importante ter respeito.

É provável que você trabalhe de novo com o Queen?
Eu não tenho certeza. É possível. Dizer que essa foi a última vez seria triste.

Fale para nós sobre o American Idol!
Não há nenhum segredo. Eu estou trabalhando no vídeo do meu terceiro single e em algumas outras coisas também. Ainda estou esperando para ouvir sobre as outras coisas acontecendo na TV. É claro que eu faria isso (ser um jurado do American Idol). Eu me sinto um ex-aluno e isso seria algo muito divertido de se fazer. Eu amei o show a primeira vez que ele entrou no ar.

Você só quer mesmo é sair com a Mariah (Carey), não é?
Sim. E roubar alguns dos produtos de cabelo dela.

Você e o “popstar” australiano Sam Sparro trabalharam juntos em ambos os seus álbuns. Como essa conexão começou?
Eu e ele escrevemos um “b-side” e eu achei isso incrível. Eu estava tão apaixonado pelo b-side que eu abri a minha turnê com ele. Sam é tão talentoso, tão divertido e radical. Ele tem esse jeito – pacote completo.

Ele é uma diva negra por dentro!
Sim! Eu definitivamente ouço um pouco de Chaka Khan (cantora) vindo pela frente em seu novo álbum!

Nós ficamos surpresos de não haver envolvimento com Gaga em seu novo álbum.
Bom, nós fizemos Fever juntos no último álbum, o que foi muito divertido. Teria sido um ótimo single – fale isso para minha gravadora!

Você tem direito de falar quando se trata desse tipo de decisão sobre sua carreira?
Eu definitivamente sou muito presente e teimoso quando se trata de fazer decisões e grande parte do planejamento, mas não é apenas 100% de mim. Existem muitas coisas que vão além da criatividade nesse negócio, e são coisas que eu deixo que os profissionais façam.

Quando um de seus singles não se torna um sucesso, você fica desapontado?
O que eu acho sobre isso é que é muito fácil de se envolver no aspecto da concorrência da indústria da música. Eu só quero que minha música seja ouvida. Eu não me importo se está no 5º, 10º ou 15º lugar. É verdade que não tivemos muito sucesso com os primeiros dois singles nos EUA, mas o que temos que fazer é continuar tentando.

Você agora é mais um “Album Artist” [ver nota] talvez?
Essa que é a parte emocionante de ter seu álbum nas paradas. Rádios se tornaram algo muito político e cheio de armadilhas, e muitas coisas acontecem nos bastidores de uma rádio. A parte boa disso é que as pessoas compraram o álbum e estão ouvindo. É tudo o que alguém poderia pedir.

Vamos falar sobre casamento gay. O que você pensa sobre?
Eu sempre acho engraçado quando as pessoas me perguntam sobre isso como se eu fosse dizer “Eu sou realmente contra” *risos*! É claro que eu apoio o casamento gay. Eu acho que todos deveriam ter direitos iguais, simples assim. Se você olhar para essa situação atualmente, é uma questão de direitos civis, pelo menos nos EUA. É como, “Olá, eu não me importo com o que a sua religião diz, nós deveríamos ter os mesmos direitos legais e nossa união reconhecida da mesma maneira do que os heterossexuais!”

Você se envolve com isso como uma causa?
Sim, mas tenho me envolvido mais com a juventude LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais). Eu me identifico mais fortemente com eles, porque lembro como é ser um adolescente e crescer sentindo como se eu não tivesse nenhuma referência.

Você sofria bullying quando adolescente?
Não necessariamente bullying, mas eu definitivamente me sentia diferente, como um estranho. As pessoas não pegavam muito no meu pé, então tenho sorte. Cresci em San Diego, que não é uma área super conservadora. Eu definitivamente não tinha me aberto sobre isso até um tempo depois. Eu experimentei um pouco de discriminação até mesmo na indústria (da música).

Frank Ocean se assumiu depois de você…
O que ele fez foi muito valente. E seu álbum é realmente legal. O que é interessante é ler a carta que ele escreveu – ele nunca disse que era gay, apenas que tinha um relacionamento com um homem. O interessante em nossa cultura é que hoje em dia todos querem que tudo seja muito bem definido. As pessoas não conseguem aceitar que você tenha um relacionamento. Eu conheço um monte de gente, homens e mulheres, que em algum momento tiveram relacionamentos com pessoas do mesmo sexo ou tentaram manter um por um tempo. Seria muito legal se chegássemos a um ponto em que não precisássemos rotular tudo tão especificamente.

É difícil para você as pessoas sempre te definirem como o “artista gay”?
Sim, eu sou gay e um artista, mas não são coisas mutualmente exclusivas e nem é tudo o que eu faço.

Foi esse o “teto de vidro” que você quebrou – que não é grande coisa ser um artista gay.
Eu admito que às vezes sou muito instável em relação a isso. Eu penso, “Nada disso tem a ver com a minha sexualidade, isso é parte de quem eu sou!”, mas existem outras horas em que eu estou cantando sobre algo relacionado à minha sexualidade, ou fazendo uma forte declaração sobre meu estilo de vida.

Como quando você beijou um membro da sua banda no palco!
Aquilo não necessariamente significa que eu sou gay, eu só beijei um cara, que nem a Katy Perry *risos*. Eu olho para trás e dou risada de como as pessoas ficaram sentidas com aquilo.

Essa situação diz algo sobre a América, de que as pessoas se sentem mais confortáveis com homens segurando armas do que se beijando?
Sim. Violência tudo bem, mas sexualidade é assustador. As pessoas se sentem ameaçadas por causa disso (sexualidade), caso seja algo que não encaixe em seus ideais. Andar com armas por aí para “se defender” é ser um homem, aos olhos deles. Eu não entendo nada disso.

Existe alguma causa pela qual você luta – como Jake Shears é contra a circuncisão?
*risos* Não, eu não estou nesse caminho, mesmo entendendo o que ele quer dizer com isso. É um debate interessante. Eu conversei com meus amigos que se tornaram pais sobre seus filhos. Por mim, é tentar ser identificado por algo além de sua sexualidade em uma indústria que definitivamente liga para isso. A indústria da música é um pouco homofóbica. A indústria de filmes tem tido grandes avanços em progresso social e está guiando o caminho.

Você planeja fazer alguma atuação?
Eu definitivamente quero. Eu acabei de filmar um episódio de Pretty Little Liars, o que foi muito interessante. Eu atuo como eu mesmo em uma festa de Halloween – Eu sou Adam Lambert como Adam Lambert vestido de vampiro.

Que coisa mais True Blood!
Esse é meu seriado favorito. Eu amo. O legal sobre a série é que é engraçado. Está usando a ideia do vampiro como uma metáfora – vampiros de repente aparecendo e saindo dos caixões como uma metáfora social para os direitos gays. Eles criam este simbolismo e o deixa óbvio a toda hora durante o programa. A maneira como usam todo aquele mito de vampiros é muito inteligente. Você tem que olhar através do que é óbvio para entender o que eles estão tentando dizer, e é um ótimo show.

Alguma coisa que você queira compartilhar com os leitores da DNA antes de terminarmos?
Uhm… [pensando] “E aí garota!” *risos*. Eu me sinto muito bem sobre meu último álbum porque sinto que eu fui capaz de dar voz ao meu círculo de amizades em algumas das músicas. É um álbum muito “universal”, mas eu tinha o objetivo de escrever algumas músicas sobre meus amigos (homens) nas festas. Kickin’ In é sobre estar com seus garotos e ser estúpidos com eles nas festas. Alguém disse “Porque ele está cantando sobre uma garota?”. Eu chamo muitos dos meus amigos homens de “garota” *risos*. É um jeito de falar. Shady é toda sobre estar procurando por alguém para passar a noite junto, e eu amo que o álbum consegue atingir esse ponto assumidamente, sem desculpas.

NOTA: Album Artist: É basicamente uma classificação feita pelo iTunes e lojas de CD – não no Brasil, aparentemente – que mostra os artistas que tem algum álbum próprio de relevância.

Fontes: gelly14/Adamtopia, Revista DNA, @CindyM421, wal/Adamtopia (1) e wal/Adamtopia (2)

Tradução: Elisa Ferrari

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