Capa e Entrevista na QX Gay London Magazine

Além de ser capa da edição de 28 de Junho da QX Gay London Magazine, Adam Lambert também foi entrevistado por Cliff Joannou quando ele estava em Londres para se apresentar no G-A-Y Club no início de Junho. Confira:

E Primeiro Veio Adam [ver nota]

Aparentemente inconsciente de sua influência, Adam Lambert é mais do que apenas um cantor que saiu da televisão. Aberto sobre sua sexualidade desde o começo num país notoriamente de direita, ele chegou a segundo lugar numa grande competição de canto americana. Então, no mês passado [Maio], o seu mais novo álbum atingiu o Primeiro Lugar nas paradas da Billboard – a primeira vez para um artista assumidamente gay e um atestado da mudança dos tempos e das atitudes de um Estados Unidos tradicionalmente conservativo. Cliff Joannou se encontrou com um humilde e de alguma forma subjulgado superstar durante a sua recente visita quando se apresentou na G-A-Y…

Parabéns! Você é o primeiro artista abertamente gay a ter um álbum nº 1 na Billboard. Como você se sentiu quando soube dessa notícia?
Eu não sabia que isso nunca tinha acontecido. Eu estou tão orgulhoso de ter esse privilégio de ser assumido e muito confortável com minha sexualidade em público. Especialmente na América, onde isso ainda é tão malquisto, ainda é tão tabu. Embora não seja a coisa mais fácil, porque isso facilmente se sobrepõe a música quando a imprensa fala sobre isso. Então eu fico meio “Ok, eu sou um cantor, não um cantor gay”.

Você sente que o assunto “sexualidade” atrapalha a opinião pública a identificá-lo por sua música?
Eu acho que para algumas pessoas que ainda são encanadas com a sexualidade, isso pode provavelmente deixar a música de lado, mas eu acho que muitas pessoas por aí não dão a mínima. Quer eles gostem da minha música ou não. Mas quando você está tentando se promover e fazer contatos e talvez você se chegue até alguém que não sabe exatamente quem eu sou e então eles leêm uma matéria e depois outro artigo e então uma terceira matéria e nas manchetes vocês são apenas “gay”, “gay”, “gay”… E eles podem se perguntar “tudo o que esse cara fala é sobre ser gay?”. Quando na verdade está fora do meu controle. Eu falo sobre qualquer coisa que estejamos falando na entrevista e então eles costumam, principalmente nos Estados Unidos, e amam transformar em uma conversa sobre “gay gay gay gay gay…”. Esse é o meu caminho e paciência é uma virtude e a paciência tem me ajudado, um passo de cada vez, e eu acho que estamos fazendo grandes progressos, e eu acho que ao seu tempo nós seremos capazes de deixar de lado os assuntos “politicamente gays”. Porque tudo se resume realmente a minha música, e enquanto as músicas são bastante autobiográficas, no final das contas, são todas sobre experiências do ser humano.

O que nós podemos esperar desse novo CD?
É muito divertido. É uma mistura de funky, dance, disco, música eletrônica e pop. Eu queria fazer algo que se afastasse um pouco do último álbum. Eu pude trabalhar com Pharrel Williams, Bruno Mars… Eu acho que tem um pouco mais de alma do que o último álbum, o que soa muito mais natural pra mim por diferentes razões. Eu gosto de cantar músicas com um pouco mais de groove, é mais divertido de cantar ao vivo e tem muito mais atitude. Eu basicamente dividi ao meio e a segunda metade do álbum é um pouco mais emocional, um tanto sensível e eu acho que como um todo a ideia do álbum é meio que dizer “para se tornar alguém que é particular e que se tornará diferente, você tem que se projetar com força, determinação e ferocidade” mas o que há por baixo disso nem sempre é o que todos pensam que seja. Nem sempre você estará super confiante, nem sempre você é tão forte quanto pensa que é. Mas para se tornar uma pessoa independente, você tem que colocar tudo isso pra fora. Então [o álbum] fala sobre dar as caras e ser forte e fazer o que você faz de melhor, mas o que está embaixo dessa força, nós todos temos nossos problemas com os quais temos que lidar, nós todos temos nossas inseguranças, nós todos temos o nosso coração partido, nós todos temos nossos momentos de dificuldades. Então isso revela toda uma intimidade e eu fico realmente feliz por isso.

Nos conte algo sobre a música mais pessoal no CD…
Bem, “Outlaws Of Love”, uma das últimas músicas, é uma canção que eu escrevi especificamente sobre a comunidade LGBT e sobre nossas lutas contra a ignorância e sobre o problema da igualdade dos direitos matrimoniais que estão ocorrendo agora e todos os problemas sociais que enfrentamos. É quase uma música melancólica e triste. Existem muitas músicas que são mais bem-humoradas e leves sem ter que levar tudo muito a sério, mas essa é uma daquelas que eu realmente queria captar o sentimento de “às vezes isso cansa”. “Pop That Lock” é muito sexy e ousada. Aquele momento de música que é extremamente fortalecedor, “vamos fazer essa porcaria valer a pena”!

Você foi o produtor executivo depois de ter deixado o seu antigo produtor. Por que você fez essa escolha?
É o meu nome na porcaria do CD. Essa é a coisa mais difícil na indústria musical: no final do dia é a minha reputação jogada à opinião pública. Então eu realmente queria ter certeza que eu faria tudo o que eu criativamente poderia fazer para tornar o álbum o que ele é. Eu trabalho com grandes nomes, é um esforço em equipe e eu não vou levar o crédito por tudo. Eu apenas queria estar no controle criativo e que acima de tudo, uma visão estava sendo montada e que havia um fio condutor percorrendo todo o trabalho, no som, nas letras… E eu sinto que nós conseguimos, é muito emocionante. Até mesmo a ordem das músicas, eu sinto que elas foram ordenadas de uma maneira específica. Sonoramente há uma transição e um progresso e meio que conta uma história. De uma forma, é meio que um sentimento de estar levantando o véu. Realmente poderia ser sobre você estar se aprontando para uma noitada, se preparando e colocando na cabeça que você tem que sair, colocar uma roupa bacana e sair, ser livre e experimentar uma saída, encontrar pessoas, sair com elas e quem sabe pode azedar. Eu sinto que conta uma história como essa.

Você também está se juntando ao Queen para uma série de shows. Como aconteceu o contato inicial entre vocês?
Eu estou tão animado. Eu cantei no Europe Music Awards da MTV com eles e foi tão mágico. Foi tão legal e nós nos conectamos. Então no final do EMA nós sentamos juntos e bebemos alguma coisa na festa que houve depois e dissemos “nós temos que fazer isso de novo de alguma forma”.

Você vai interpretar as músicas da sua forma ou vai tentar ser fiel aos originais?
Nós não começamos a ensaiar ainda. Eu tenho certeza que haverão algumas escolhas que serão tomadas por minha conta, e eu acho que é uma questão de balanço. Eu acho que a ideia é cantar as músicas do jeito que elas foram feitas para serem cantadas e ter certeza de que a história contada fique intacta. Eu me sinto honrado e eu também sinto que eu quero ter certeza de estar lidando com o respeito apropriado com as músicas e pela memória de Freddie também… Eu não quero subir lá e copiá-lo, mas ao mesmo tempo eu não quero envergonhá-lo.

Você está preocupado em cantar as músicas de Freddie?
Eu não estou preocupado… quando eu ouvi pela primeira vez sobre isso eu estava realmente animado e então eu comecei a ficar ciente das coisas que eu potencialmente deveria me preocupar. Você sabe, críticas e coisas como essa. No final das contas, você vai ver um grande show, se você não quer me ver cantando as músicas do Queen, não assista! Eu acho que será uma ótima noite de ótima música.

Você lê as críticas?
Às vezes uma análise da crítica pode ser construtiva e não é a coisa mais fácil de ler, mas também me mantém humilde. Às vezes ler a esse tipo de coisa me faz pensar… “Ok, eu ainda estou trabalhando nisso”.

Você fez algumas manchetes quando estava no American Idol. Como você lidou com o escrutínio da mídia?
Quando tudo isso começou eu fiquei um pouco surpreso, mas eu acho que eu estou num lugar diferente agora, eu acho que eu encontrei muito balanço na minha vida. Estar em um relacionamento realmente me deu um alicerce. Eu estou com meu namorado por mais de um ano e meio agora. E isso tem sido muito bom e eu estou realmente feliz no meu relacionamento e eu sempre fui o solteirão, então é novo para mim, poder se aquietar. Nós nos conhecemos em um bar, na Finlândia e eu nunca imaginei que conheceria alguém daquela forma… é tão randômico mas quando nos conhecemos, houve uma grande faísca e nós simplesmente entramos no embalo. É novo para mim, mas você tem que confiar quando você se sente tão bem, quando você sente que você tem uma química com alguém, você tem que trabalhar e se esforçar para fazer com que isso aconteça e dê espaço para crescer.

Como foi a sua infância? Quando você se assumiu e como foi esse processo para você?
Minha infância foi bacana. Eu cresci em San Diego. Eu não me assumi até os meus 17, 18, mas eu não era o adolescente que tentava realmente fazer com que as pessoas não pensasse que eu era gay. Eu fazia teatro, atuava fantasiado, usando maquiagem e fantasias e quando eu me assumi todo mundo meio que “É, nós sabíamos!”. Meus pais são muito bacanas, realmente liberais. Eu tenho um irmão mais novo com o qual eu estava fazendo teatro infantil quando eu tinha 8 ou 9 anos então eu sempre me apresentei desde criança. Então eu sentia que eu tinha uma paixão na qual eu podia colocar todas as minhas energias.

Você se apresentou no G-A-Y no começo do mês. Você ajustou seu show para o público gay?
Eu não acho que seja premeditado. Isso soa como um clichê mas eu realmente reflito a energia que mandam pra mim. Eu olho para a plateia quando me apresento, eu gosto de manter um contato visual e ver as pessoas interagindo. Isso torna tudo muito mais interessante e se eu vejo um monte de Drags na platéia, eu provavelmente me torno um pouco mais audacioso… naturalmente!

Os Estados Unidos mudaram em relação a aceitar o estilo de vida gay? Você nunca poderia imaginar um artista gay chegando a ter o álbum Nº 1 ou chegar a segundo em um concurso de popularidade em TV nacional!
Eu acho que essa é a melhor coisa em tudo isso. Eu acho que a indústria fonográfica abre os olhos um pouquinho também e percebe que é possível ser assumido e ter um sucesso comercial também. Eu acho que as pessoas em geral se sentem tipo “Ok, vamos passar esse assunto”, nós estamos persistindo nisso por muito tempo e agora as pessoas querem progresso. Eu acho que agora há finalmente uma clareza sobre isso, você pode ter sua opinião pessoal sobre isso mas vamos nos tornar todos iguais perante a lei. Esse é o próximo grande passo, tentar deixar os seus preconceitos e vícios fora disso e deixar todo mundo ter uma chance justa.

O single “Never Close Our Eyes” será lançado em 8 de Julho e o álbum “Trespassing” em 9 de Julho. Adam vai se apresentar com a banda Queen no Hammersmith Apollo em 11, 12 e 14 de Julho.

NOTA: E Primeiro Veio Adam. Adam em inglês é Adão, como na bíblia. Então seria uma analogia à frase bíblica “E primeiro veio Adão”.

Clique nas imagens acima para visualizá-las em tamanho maior. E caso queira ler a entrevista originalmente em inglês clique aqui e vá até a página 12.

Fontes: Adamtopia e QX Gay London Magazine

Tradução: Rodrigo Ferrera

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