Finantial Times: “O American Idol no lugar do British Idol”

O American Idol no lugar do British Idol

O vice-campeão do programa de talento Adam Lambert, invocou o espírito de Freddie Mercury em show com a banda Queen

Queen, Hammersmith Apollo, em Londres

A última vez que a banda Queen esteve reunida foi com Paul Rodgers como substituto de Freddie Mercury. Foi desanimador. Rodgers, ex-líder das bandas Free e Bad Company, tem um estilo meio “preso” das antigas; tê-lo substituindo os trejeitos extravagantes de Mercury, transformou o Queen numa banda de blues/rock comum, do tipo que Brian May e Roger Taylor costumavam ser antes de conhecere, Freddie.

Desta vez eles se uniram com um vice-campeão do American Idol. Mas não para por aí – Adam Lambert não só é um artista muito melhor do que o programa de televisão sugere, mas também tem algumas qualidades genuinamente do Freedie Mercury incluindo um tom de voz dramático, um guarda-roupa único e uma personalidade ousada. Ele é um dos poucos gays que são pop star nos Estados Unidos. Sem contar que seu novo álbum estreou no número um na parada da Billboard em Maio.

No papel, era uma pura mistura de gerações. Na prática, foi divertido, mas falho. Lambert parecia um pouco desconfortável no palco, indeciso entre ficar ao lado de May e Taylor ou dançar como se fosse a atração principal. A incerteza se extendeu para a sua roupa de abertura: o topete extravagante do cantor, jaqueta de couro com ombros largos e pontas e calças pretas de couro sugeriam que ele tinha lido as notas informativas erradas e veio como um Billy Idol.

O formato não ajudou a se estabelecer. Ao invés de projetar um novo show em torno de seu vocalista convidado, May e Taylor o colocaram de para-quedas dentro de uma apresentação da banda Queen. Assim, Lambert passou longos períodos fora do palco, enquanto May e Taylor estavam no centro das atenções. Taylor cantou “It’s A Kind Of Magic” e teve um solo de bateria interminável com seu filho baterista Rufus. May tinha um solo acústico e – a única estrela do rock com um PhD em astrofísica – contou uma piada boa sobre um bóson de Higgs [ver nota] tentando entrar em uma igreja. Moral da história: “Sem mim vocês não atingem as massas.”

Em suma, foi um pequeno conjunto de músicas. Mas havia partes boas também. Os vocais de Lambert, uma mistura de rock, teatro musical e R&B, deu uma impressão convincente de como o jovem Freddie Mercury seria hoje. “Who Wants To Live Forever” se tornou impactante, um melisma impregnado
de uma moderna e poderosa balada, enquanto que do jeito que ele trouxe “I Want to Break Free” ao fim – segurando a nota, com os braços para cima, olhando ao redor, balançando a cabeça – teve uma repercursão verdadeira do grande artista.

Excepcional iluminação e som poderoso adicionado à ilusão da banda Queen reativada. Apesar de algumas notas infladas durante o seu solo, a guitarra de May foi excelente, desde os vulgares riffs de ”Fat Bottomed Girl” ao solo espacial no meio de ”Who Wants To Live Forever”. Mercury fez uma participação póstuma, aparecendo em uma tela do arquivo de concertos para cantar parte de “Bohemian Rhapsody”: “Adeus a todos, eu tenho que ir/Tenho que deixar todos vocês para trás e encarar a verdade”. Em alguns momentos seu espírito esteva aquela noite.

NOTA: Bóson de Higgs, conhecida como a “partícula de Deus” é uma partícula elementar bosônica prevista pelo Modelo Padrão de partículas, teoricamente surgida logo após ao Big Bang de escala maciça hipotética predita para validar o modelo padrão atual de partícula. Representa a chave para explicar a origem da massa das outras partículas elementares. (Wikipédia). Segundo teorias da Física que aguardam comprovação definitiva, Higgs é uma partícula subatômica considerada uma das matérias-primas básicas da criação do Universo. Existe uma teoria quase completa sobre o funcionamento do Universo, com todas as partículas que formam os átomos e moléculas e toda a matéria que vemos, além de partículas mais exóticas. Esse é o chamado Modelo Padrão. Mas há um “buraco” na teoria: ela não explica como todas essas partículas obtiveram massa. A partícula de Higgs, cuja teoria foi proposta inicialmente em 1964, é uma explicação para tentar preencher esse vácuo (veja mais detalhes aqui).

Fontes: valilac/Adamtopia e Finantial Times

Tradução: Kátia Emmanuelle

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