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25Maio2012
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Village Voice/SOTC: Q&A com Adam Lambert
O Village Voice/SOTC se encontrou com Adam Lambert em 14 de Maio, um pouco antes da sua apresentação no MLB fan Cave (reveja aqui). Confira a entrevista:
Q&A: Adam Lambert fala sobre Trespassing, Stankface, Seguir Nile Rodgers no Twitter, e Ser um Popstar Pop Assumido Em 2012 Quando Adam Lambert estava no American Idol em 2009, ele chamou a atenção dos telespectadores com sua multi-oitava voz [ver nota 1] e um incrível rearranjo de músicas comumente usadas em show de talentos – e apesar de ter ficado em segundo lugar naquela temporada, ele era com certeza o concorrente que mais tinha o estilo “rockstar” daquele ano, e ele ganhou mais manchetes ainda quando se revelou gay na capa da Rolling Stone logo após o final da temporada do Idol. Com o lançamento de Trespassing (RCA), seu segundo álbum pós-Idol, sua confiança e sentimento devem estabelecê-lo como um dos maiores popstars dos dias atuais. Trespassing, que tem dentre seus colaboradores, Pharrell [Williams], Sam Sparro, Nile Rodgers do Chic, e Dr. Luke; transborda com balanço e é liderado pelo carisma avassalador de Lambert, e pode muito bem ser o primeiro álbum de um popstar assumido a ocupar “O Primeiro Lugar das Paradas”, como observou Chris Molanphy semana passada [ver nota 2].
Eu adoro o álbum. Eu o acho incrível, divertido, tão cheio de vida. Eu não sei se você viu o artigo que fizemos semana passada…
Eu adorei. Foi realmente muito lisonjeiro. Obrigado.O que você acha da [possibilidade de Trespassing ser o primeiro álbum de um popstar assumido em Primeiro Lugar das Paradas]?
Eu gosto muito da ideia. Eu espero que as pessoas comprem o álbum porque elas gostaram dele – e eu acho que elas vão gostar. Eu sinto que, logo no começo, toda essa jornada tem sido um jogo de adivinhação. Era mais ou menos como, “Eu espero que isso funcione, eu espero que seja bom”. Quando eu estava no Idol eu sabia que podia subir no palco e fazer aquilo que eu achava que era bom, e quando eu fazia isso a cada semana eu pensava “Wow, isso está mesmo funcionando? As pessoas gostam disso?” Eu não conseguia entender. E mesmo com o primeiro álbum, era tipo, certo. Mas depois que a poeira baixou, depois que fiz a turnê e consegui uma base de fãs e viajei, agora minha reação é, “OK”. E quando eu escrevi este álbum eu pensei, “OK, eu sei o que eu quero fazer”. E eu confio nisso, agora mais do que nunca. Este álbum, quando o finalizamos, eu pensei, “Isto é muito bom”. E eu sou do tipo que duvida muito de si mesmo. Mas para chegar a este ponto é realmente incrível.Eu acho que ele inspira muita confiança. Como você conseguiu escrever as canções para que, mesmo com seus colaboradores, deixasse a sua personalidade brilhar nelas?
No meio do processo eu disse, “Olha, eu realmente quero gerenciar essa produção. Eu quero garantir que tenha uma sentido de coesão no album”. Quando eu estive em várias das seções de composição – algumas das quais eu agendei, algumas, a gravadora agendou para mim – eu mencionei isso e conversei com o produtor e disse, esta é a música que me inspira, esse é o som que eu quero fazer, e eu acredito que eu ajudei a direcionar a ideia. Eu estive no Burning Man [ver nota 3], e até a época do Burning Man nós tínhamos feito um punhado de coisas emocionais e sombrias, algumas das quais eram realmente boas e algumas eram meio infantis. Eu tinha escrito algumas músicas que seguiam um estilo de rock clássico antigo, o que eu sempre meio que [curti]. Mas eu estava procurando por algo. E eu estava me divertindo no Burning Man num carro de som com amigos, e estava tocando bastante dubstep [ver nota 4]. E eu gosto de dubstep do ponto de vista da produção, do ponto de vista técnico, mas não existe balanço em muito do estilo.É muito novo-metal.
É muito difícil. Muito metálico. Eu gosto de funk, ou disco ou coisas com as quais você possa agitar. Isso é sexy. E esse pequeno carro de som passou por nós tocando Daft Punk [ver nota 5]. E o nosso carro de som foi de curtir do dubstep para imediatamente sorrir, se agarrar e se tocar. E aquilo me iluminou e eu pensei, “Esse é o tipo de álbum que eu quero”. É instantâneo, clássico, velho, novo, preto, branco, gay, hétero. Eu fui conquistado por aquilo.Eu gosto do jeito como [Trespassing] flui. O álbum tem uma atmosfera bem pop, o que eu acho que está faltando no momento. Eu acho que os ritmos que estão no rádio são todos muito parecidos.
Nós tentamos encontrar coisas que dessem um sentimento diferente. Stankface [ver nota 6] é o meu objetivo com este álbum. E eu sinto que ele instiga ao stankface – eu vi pessoas reagindo a ele. E esta é outra parte disso também. Eu tive tempo de analisar a demo, sintonizá-la, voltar e mudar algumas coisas com os produtores, escrever partes novas, acrescentar novos elementos, e então tocá-las paras as pessoas. Tocá-las para os amigos, colegas, pessoas que eu respeito e confio, e ver a reação. E se eu recebesse um monte de “Eh”, então eu pensaria, “Isso não vai funcionar”. Quando você é um artista é difícil ser completamente objetivo.Com tudo isso combinado, eu amo esse álbum. Ele está aqui para impressionar.
Então você vai fazer turnê com o Queen esse verão?
Eu vou. Eu vou fazer cinco shows.Existe alguma música em particular que você está empolgado para mostrar ao público?
“Another Ones Bites the Dust”. Impressionante.Sim. Essa é das boas.
Eu acho que não é muito diferente do que eu faço, para as pessoas que me conhecem. Eu cantei algumas músicas do Queen no Idol. Eram as minhas favoritas.O que você pensa a respeito de “entrar no personagem” de Freddie Mercury?
Eu estou levando meu próprio personagem, garota [risos.] Eu acredito que Freddie provavelmente aprovaria meu personagem. Mas Freddie é um grande ídolo para mim como cantor, como artista, como compositor, e como gay. Ele é um ícone. Eu acredito que seria meio ridículo para mim, subir no palco e tentar imitá-lo, e tentar [torná-lo] pop. Eu sou um artista, você sabe. Meu objetivo é fazer jus às músicas e não ir muito além. Eu não quero desrespeitar. Eu quero manter a intenção. Quer dizer, eu tenho Brian [May] e Roger [Taylor] no palco nos ensaios, me dizendo o que eu posso ou não fazer. Então eu vou olhar para eles, no intuito de, “Hey, isso é legal?” E eu sou convidado deles.Como você se envolveu com Nile Rodgers?
Eu escrevi a música “Shady” com Sam Sparro e Lester Mendez. E nós estávamos quase terminando, e eu pensei, “OK, a produção está muito boa, mas nós precisamos de um elemento vivo – nós precisamos de uma guitarra disco, ao estilo Chic”. E o Sam disse, “Eu sigo Nile no twitter; vamos twittar para ele”. E foi assim que aconteceu. Nós twittamos para ele. Eu fui à Nova York algumas semanas mais tarde para algumas reuniões e nós fomos apresentados e eu perguntei se ele queria fazer alguma coisa comigo e ele foi muito legal. Ele é tão gentil e humilde.O blog sobre o tratamento do câncer dele é muito inspirador.
Ele é super positivo. E ele tem apoiado muito o álbum que gravamos. E tem muito orgulho de falar do álbum para as pessoas. Aquilo foi muito válido, para alguém do calibre dele, dar a sua aprovação com uma faixa – uma faixa funk, também.Você vai fazer turnê com o álbum?
Eu gostaria, sim. Esse definitivamente é o plano, mas nós ainda não temos nada planejado. Mas essa é mais ou menos a ideia.Sabe, minha ambição é forte, e eu amo o estrelato pop; eu amo os popstars. Eu amo Lady Gaga, Katy Perry, Rihanna, Britney, Madonna – e Beyoncé, que é uma deusa. Eu amo tanto todas essas mulheres. E Justin Timberlake, e um punhado de [outros] caras também. Mas meu objetivo com esse álbum é fazer isso ao vivo, e encontrar meu próprio caminho com ele. Existem muitos modelos por aí que eu realmente gosto como fã, mas encontrar meu próprio caminho é que vai ser a parte divertida. Nesse exato momento, eu estou me divertindo muito simplesmente sendo quem eu sou e deixando as coisas um pouco mais naturais, sabe? Eu quero elementos visuais e coisas do tipo, mas eu quero sentir muito do som Funkadelic/Jimi Hendrix, psicodélico, funk, futurístico. Manter novo, limpo, fresco, e que seja basicamente só sobre a música.
Sabe quem eu vi esse ano num show ao vivo e que mudou minha percepção? Prince. Ele não precisou de todas aquelas coisas. É novo e bom. E eu não estou aqui dizendo que o que eu faço chega aos pés do que o Prince faz, mas ele definitivamente é alguém que me inspirou.
Você veio à Nova York quando havia a Tower Records? [ver nota 7]
Não. E eu continuo dizendo que eu gostaria de morar em Nova York eventualmente. Eu ainda não fiz isso. Mas eu sinto que existe, na verdade, um movimento nesse exato momento do qual eu meio que estou participando – Os Scissor Sisters, Sam Sparro, Beth Ditto e The Gossip [ver nota 8]. Eu sinto que existe essa comunidade, nossa comunidade está surgindo de uma maneira nova e legítima e nós estamos preparando algo que talvez assiste um pouco as outras pessoas, e nós estamos fazendo isso muito bem. Eu sinto este parentesco com essas bandas.E todos esses álbuns estão sendo lançados nesse momento; os álbuns do The Gossip e dos Scissor Sisters saem no final deste mês.
E o álbum do Sam [Sparro] sairá logo, também. Parece que existe uma demanda para isso, sabe? Como se o coletivo e tal vão trazer, e nós dissemos, “É demais, vamos voltar – mas tornar mais atual.”Eu acho que o que torna Trespassing tão forte é que ele tem esse sentimento de algum super 2012.
O que é legal é que a comunidade LGBT está progredindo; é um pouco lento às vezes – mas uma das coisas que eu gosto do lado criativo disso é o ressurgimento da sensação de poder. Você pode ser forte sobre o seu lado fabuloso novamente – parece que isso está voltando. Eu acho que por um certo período de tempo, porque nós estávamos tentando progredir dentro da sociedade, nos integrar e ser aceitos – o que ainda é o caso – eu acho que ainda existe um pouco de medo que cerca o nosso comportamento, especialmente aos olhos do público e da indústria do entretenimento. Mas eu acredito que existe esse movimento onde as pessoas estão começando a pensar “Quer saber, dane-se. Eu vou ter orgulho de quem sou e fazer o que eu bem entender”. É livre. Eu acredito que a liberdade e que essa coisa da expressão está ficando maior e mais à vontade.Eu sinto como se tivesse passado os últimos anos negociando e navegando através disso – “Oi, eu sou uma celebridade e eu sou gay!” E eu ouvi, falando com as pessoas, “Sabe Adam, com você, parece sempre ser sobre a sua sexualidade”. E eu tenho pouco controle sobre isso. A mídia vai me tratar do jeito que eles quiserem. Eu sou um livro aberto. Eu estou respondendo todas as perguntas. E as respostas gay sensacionalistas são as manchetes dos artigos, mesmo que eu fale disso, daquilo e daquele outro.
A narrativa sempre vai ser forte, especialmente agora que está recebendo tanta atenção da mídia. E agora, por causa desta atenção da mídia, tudo se resume a somente uma coisa. O que é frustrante para você como artista.
Sim. E o que me empolga realmente sobre o que este álbum está fazendo é que eu espero que ele dê a chance de ter credibilidade aos olhos do público. Porque eu acho que às vezes eu sou um saco de pancadas ou uma espécie de “alvo”. E eu aguento o tranco. Eu não sinto pena de mim mesmo. Eu posso rir de mim mesmo também. E algumas coisas que eu faço são incrivelmente ridículas, eu sei disso. Mas vai ser empolgante dizer, “Bem, você ouviu a música?” [Risos.] Com um sorriso, sabe?
NOTAS:
[1] Um intervalo (é a distância entre dois sons) entre uma nota e ela mesma, em alturas diferentes, é chamado de oitava. Para saber mais sobre o que significa uma Oitava, na música, acesse aqui. Só para ter uma ideia, isso se refere ao fato de Adam alcançar notas muito graves e muito agudas.
[2] Conforme publicamos aqui e aqui, “Trespassing” de Adam Lambert realmente alcançou o primeiro lugar na Billboard 200.
[3] Poderíamos definir o Burning Man, como uma espécie de Mad Max dos tempos modernos, um festival de contracultura, também conhecido como um bando de modernos e descolados hippies, geek, malucos e ravers, passando “férias de uma semana” em um ambiente de grande criatividade, divididos em milhares de tendas espalhadas pelo deserto. O ponto culminante da festa é sempre a queima do “Homem”, uma estátua de madeira de 15 metros de altura, que é o marco zero da comunidade. (Site Oficial)
[4] Dubstep é um gênero de música eletrônica surgido no sul de Londres, Inglaterra, no início da década de 2000. Se caracteriza por ser uma música instrumental eletrônica com influências das texturas e ritmos digitais do Dub dos anos 1980 e do ritmo urbano 2-step. Se diferencia do grime, bassline e grindie por geralmente não apresentar vocais ou rapping. É marcado pelo uso intenso de sub graves, criação de texturas melancólicas e temas obscuros. O Dubstep é uma ramificação do Hardcore Continuum, muito influenciado por ele e bem consciente de sua história. (Wikipédia)
[5] Daft Punk é uma dupla de música eletrônica composta pelos músicos franceses Guy-Manuel de Homem-Christo e Thomas Bangalter. Daft Punk alcançou popularidade significativa no final do movimento house dos anos 90 na França e encontraram sucesso contínuo nos anos seguintes, combinando elementos de house com synthpop. (Wikipédia)
[6] Stankface é uma expressão facial humana caracterizada por um movimento exuberante das narinas e uma pequena elevação do lábio superior, causada pela influência dos anos 70 de quem tocava funk no baixo. (Urban Dictionary)
[7] Tower Records era uma cadeia de lojas americana que operava no varejo vendendo DVDs, CDs, vídeos, videogames e livros, com sede em Sacramento, Califórnia. Existe atualmente apenas como uma franquia internacional e uma loja de música online. De 1960 a 2006, a Tower Records também controlou lojas de varejo nos EUA, que foram fechadas quando a empresa declarou a sua falência e liquidação. Sua loja online, Tower.com, foi comprada por uma entidade separada e não foi afetada pelo fechamento das lojas no varejo. (Wikipédia)
[8] Beth Dippo é uma cantora americana da banda de indie rock, The Gossip. Ela ganhou mais atenção de público em Novembro de 2006 quando ela foi selecionada pela revista britânica NME como a pessoa mais fantástica no Rock. Ficando em primeiro na edição anual chamada “Cool List”. A revista citou sua “inconformidade”, como a razão para a sua seleção – Beth é lésbica, uma sincera defensora dos direitos dos homossexuais, pesa 95 kg e estava envolvida numa relação homossexual fixa. (Wikipédia)
Fontes: Adamtopia e Village Voice/SOTC
Tradução: Glória Conde
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