Review de “Trespassing” Por Lyndsey Parker do Yahoo! Music (Reality Rocks)

Adam Lambert também citou esta review do Yahoo! Music (Reality Rocks) feita por Lindsey Parker via twitter. Confira:

“Trespassing” de Adam Lambert: É mesmo profundo.

Eu admito que eu criei uma reputação como uma Glambert, o que significa que provavelmente qualquer coisa relacionada ao Adam Lambert com a minha assinatura estampada será tomada com uma pitada de sal tão grande quanto uma das antigas bindis de strass do Adam [ver nota 1]. “É claro que ela baba o novo CD do Adam Lambert,” alguns céticos podem pensar. “Lindsey Parker dizer que ama o Trespassing é o mesmo que o Oscar da Vila Sésamo dizer que é fã de lixo [ver nota 2], ou como o Ursinho Pooh dar 5 estrelas em uma avaliação de um jarro de mel.” Mas é sério, pessoas – escutem-me quando eu digo que TRESPASSING é um dos melhores álbuns de música pop que você vai ouvir em 2012.

Ou então, se você não acredita em mim, apenas escute o álbum você mesmo. Eu espero…

Viu? Eu estava CERTA!

Em Trespassing, Adam indiscutivelmente encontrou a sua verdadeira (multi-oitava [ver nota 3]) voz, alegremente e imprudentemente abandonando a postura passada de “Deus do Rock” que caracterizou muitas de suas apresentações no “American Idol” e algumas músicas guiadas pelo som da guitarra, escritas por Matt Bellamy – e Justin Hawkins. Isso, surpreendentemente, não é uma coisa ruim, apesar do convincente Deus do Rock digno-de-culto que Adam consegue incorporar quando ele entra no clima. (Fãs do Rock, não temam: as três músicas bônus, “Take Back”, “Nirvana”, e “Runnin’”, acertam em cheio o doce e velho Techno-Rock, essa última quase soando como um hino de filme de ação, que poderia ser usada como plano de fundo enquanto Rocky treina para a sua batalha de boxe na Guerra Fria contra Dolph Lundgren. Se isso fizer algum sentido…)

Enfim, isso não significa dizer que o álbum não tenha uma vibe rock, no seu maravilhoso estilo Daft Punky. Trespassing é uma realização completa da nova assinatura sonora de Lambert: uma rara linha de electropop que consegue ser tanto negligente e hedonista quanto sublimamente sofisticado. E ao mesmo tempo. Trespassing é hipermoderno-porém-retrô, um superpop cintilante-mas-não-TÃO-cintilante-assim, e é um som que parece realmente cair como uma jaqueta de couro da Skingraft feita-sob-medida em Adam. (Ele co-escreveu 12 das 15 músicas do CD.) Se esse álbum não garantir a Adam algumas críticas elogiosas e genuínas, então eu sinto muito, mas muitos críticos tendenciosos estão revirando os olhos para o “Segundo lugar do ‘American Idol’”, se baseando no seu currículum, sem ouvir de fato a droga do álbum.

Trespassing É realmente profundo, livremente pegando emprestada uma frase de feito já conhecida de Adam: é um álbum com uma personalidade dividida, quase um álbum conceitual, explorando os dois lados de uma das figuras mais polares e fascinantes da cultura pop atual. É tudo bem “lado A/lado B” (muito apropriado, então, que Trespassing será lançado em vinil), com a primeira metade tomada por um clima de funky modernizada e pronta pra começar uma festa; e o “lado B” incluindo uma trilha sonora oposta para a lacrimosa manhã do dia seguinte. Eu admito que sou parcial em relação ao “lado A” – afinal, eu não consigo resistir ao clima de pista de dança Disco-High-Energy [ver nota 4], e literalmente falando, as SETE primeiras faixas já remixadas de Trespassing me fizeram escavar o meu guarda-roupas da infância atrás dos meus patins de quatro rodas, aqueles com cadarços cor de arco-íris e pompons customizados com glíter e asas de Pegasus coladas com velcro nas laterais. (Falando sério, Adam precisa fazer a sua festa oficial de lançamento AQUI). Porém, as duas partes de Trespassing funcionam como um todo, de alguma forma, ainda mais coeso do que a primeira tentativa de Adam, For Your Entertainment, nunca foi.

O “lado A” de Trespassing quebra tudo com suas intenções declaradas, a faixa título [Trespassing] co-escrita por Pharrel Williams, na qual Adam audaciosamente anuncia, “Espere até você ver tudo o que eu tenho pra te dar” [Wait till ya get a load of me, da música Trespassing]. (E ele não está de brincadeira.). O recente reencontro com o seus parceiros do velho dueto do “American Idol”, a banda Queen, é um critério óbvio de avaliação aqui, com a linha de baixo rouca e disco, palmas ritmadas, e a intro com uma espécie de “coral militar” fazendo-nos lembrar de “Another One Bites The Dust” e “We Will Rock You” da banda Queen – porém, outras referências super bacanas vêm a mente, como a música “Mickey” da Toni Basil, a música “Double Duch Bus” do Frankie Smith, “Rhythm Nation” da Janet Jackson, e até mesmo o Go! Team, os Ting Tings, e Sleigh Bells. E ainda tem uma quebra no meio da música, onde Adam canta com uma respiração pesada, que junta as características de algumas das respirações ofegantes mais sexies no meio de uma música desde “Love To Love You Baby” da Donna Summer, ou pelo menos desde de “Burnning Up” da Madonna, “Más” dos Kinky, ou a “Posed To Death” da banda The Faint. E isso só NA PRIMEIRA FAIXA.

Desse ponto em diante, é uma Corrida Selvagem do Sr. Lambert pelas melhores boates da cidade! “Cuckoo”, co-escrita por Bonnie McKee, é o som de Kulie Minogue, Silvester e La Roux que tomou um engradado de Red Bull e entrando em uma máquina do tempo, ajustando os controles para 1992, e indo direto para uma rave. “Shady” é a música que os Scissor Sisters gostariam de ter escrito, (de fato, Sam Sparro leva o crédito por co-escrever essa), uma disco explosiva de lotar a pista de dança, com a participação da guitarra de trilha sonora pornográfica de ninguém menos que Nile Rodgers, da banda Chic (que já trabalhou com figuras fabulosamente Glams como David Bowie, Madonna, Duran Duran e Grace Jones). A épica house-music “Never Close Our Eyes” (co-escrita por dois outros ‘fazedores-de-hits’ com toque de Midas, Bruno Mars e Dr. Luke) provavelmente fez com que David Guetta cancelasse todas as futuras sessões de gravação com as super estrelas convidadas para seu próximo álbum, e decidisse contratar Adam para cantar cada uma das músicas no lugar.

E fica ainda melhor (sem nenhuma intenção de trocadilho). Tem a “Kickin’ In”, minha faixa favorita de Trespassing até o momento em que escrevo esse texto (minha favorita muda a cada hora, a cada vez que escuto), uma faixa Michael-Jacksoniana que não poderia usar do chocalho melhor do que se o próprio Christopher Walken tivesse envolvido. “Naked Love” é basicamente o som da pura alegria, um hino “joga-as-mãos-pro-céu” para a Parada pelo Amor (cortesia de Benny Blanco) que me lembra um pouco da era You Can Dance da Madonna e me faz esquecer todos os meus problemas por precisamente 3 minutos e 23 segundos. E “Pop That Lock” é tão delicioooooosa, eu fico imaginando as coreografias do programa “America’s Best Dance Crew” (O Melhor Grupo de Dança da América), particularmente aquelas do Funny Pak, sendo coreografada para uma versão remix gloriosa dessa música.

O “Lado B” é declaradamente um caso mais quieto e menos imediato, quase soando como um EP separado e certamente sem a promessa de momentos-sensuais-e-divertidos da primeira parte do álbum. Mas essa opressão, essas músicas com uma alma de áurea azul, permitem mostrar o que tornou Adam Lambert uma super estrela em primeiro lugar: aquela voz. De forma interessante, foi essa balada a primeira música de trabalho do álbum, “Better Than I Know Myself”, que é a que se encaixa menos com o CD, quase parecendo “colada” como a “Time For Miracles” foi em FYE. Isso não significa que ela não seja uma ótima música, mas é tão parecida com o sucesso de 2009 de Adam, “Whataya Want From Me”, e Adam se envolveu obviamente desde então. Comparada com outras novas músicas mais ferozes como “Kickin’ In” e “Pop That Lock”, “BTIKM” quase parece mansa. E nós todos sabemos, Adam não é manso.

Outras baladas do “Lado B”, contudo, estão realmente em um outro nível. “Broken English”, também co-escrita por Sam Sparro, é sonhadora, languida, que queima e constrói vagarosamente, que me traz à cabeça o final de carreira dos Scritti Politti e a hipnótica, pegajosa e instrumentada da icônica performance de Adam para “Ring Of Fire” dos velhos tempos. “Underneath” é uma assombrosa balada que expõe Adam ao seu mais despido e vulnerável lado. “Chokehold” é uma reminiscência do clássico pop-sensual-para-adultos “Come Undone”, do Duran Duran, exceto pelos vocais quase 13 oitavas mais extensos que os de Simon Le Bom. E então temos a primorosamente triste, com clima de Dust In The Wind, “Outlaws Of Love”, um hino pelo casamento gay que pode ser o movimento musical mais ousado de Adam até agora, enquanto ele se depara com a constante sondagem da mídia em cima da sua vida amorosa, abordando isso com suas próprias palavras, sua própria voz.

E eu preciso levantar um ponto importante aqui. Enquanto que a sexualidade de um artista não deve ser a peça central de sua carreira, Adam, sendo praticamente o único popstar entre os principais artistas Americanos que é abertamente gay, nunca foi capaz de fugir desse rótulo – e infelizmente, ele provavelmente nunca irá. Esse é simplesmente o jeito com o qual as coisas funcionam no mundo. E um caminho através do mundo do Rock’n’roll teria sido uma “ladeira a baixo” para ele. Mas no mundo do pop, a homossexualidade normalmente não é um problema, e é constantemente celebrada e abraçada. Então eu espero otimistamente que ele seja bem recebido na comunidade EDM (comunidade da Dance Music Eletrônica) de braços abertos e com acenos acetinados, particularmente com um CD tão incrível quanto este, que firmemente estabelecerá sua credibilidade. E então, esperançosamente, o resto do mundo – isto é, os amantes da música de todas as convicções – vão libertar suas mentes, e os seus seguidores, e o resto também vão entrar na mesma onda.

NOTAS:

[1] Bindi é aquela joia indiana usada na testa, que pode ser feita com pedras preciosas ou com imitações, como o strass, que imita o diamante.

[2] ‘Oscar, the Grouch’ é um personagem-fantoche do antigo programa da televisão americana, ‘Sesame Street’, traduzida para ‘A Vila Sésamo’ na versão brasileira. Ele mora dentro de uma lata de lixo e a sua maior característica é… amar lixo.

[3] Para saber mais sobre o que significa uma Oitava, na música, acesse aqui. Só para ter uma ideia, isso se refere ao fato de Adam alcançar notas muito graves e muito agudas.

[4] High-Energy – ou Hi-NRG, é um estilo de música eletrônica dos anos 70 com influências Pop e da Disco Music.

Nota de Tradução: A escritora do texto acima faz inúmeras referências a ícones do imaginário americano, e expressões que não possuem um significado específico ou equivalente em português. Nesse caso, foi necessária a utilização de correspondentes ou até mesmo a exclusão de alguns termos, por não fazerem o menor sentido para um brasileiro, mesmo com as notas.

Fontes: Adam Lambert TV e Yahoo! Music (Reality Rocks)

Tradução: Rodrigo Ferrera

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