Review de “Trespassing” Por Popdust

Bem, que agradável inesperada surpresa nesta terça-feira, com Adam Lambert a publicar o seu novo álbum Trespassing no éter da Internet, nós estávamos a postos para dar opiniões de cabeça quente a cada uma das 12 faixas do álbum uma semana após o seu lançamento, e partilhá-la com todos vocês para a nossa edificação mútua. Agora, se chegaram tarde à festa para ouvir, ou apenas não gostarem de clicar em 12 artigos separados (é exaustivo, nós entendemos), fiquem à vontade para ler as nossas 12 opiniões aqui, compiladas e postas da que menos gostamos até à nossa favorita. Partida, largada, disco:

12. “Never Close Our Eyes”

“Never Close Our Eyes” já está disponível há algum tempo; é o segundo single de Trespassing. É também uma das duas faixas, em Trespassing, que Adam não escreveu. A outra faixa é o outro single, “Better Than I Know Myself,” e tem de se perguntar porquê; quando o nome do Lambert não está nos créditos, a qualidade também falha.

Aqui está quem está envolvido em “Never Close Our Eyes.” A faixa foi originalmente uma demo de Bruno Mars, o que faz muito sentido – qualquer outra canção pop tem uma mensagem de carpe diem, mas quem mais no pop iria ser tão literalmente mórbido sobre isto e escrever “there’s plenty of time to sleep when we die” [teremos todo o tempo para dormir quando morrermos] ou “none of us are promised to see tomorrow” [nenhum de nós tem a promessa de estar aqui amanhã]? (Lana Del Rey não conta. Nem os compositores de “Don’t Wanna Miss a Thing.”) Quase que ficamos a pensar que o sentido original seria uma balada imponente, algo como “It Will Rain,” o que faria muito mais sentido. Mas isso é uma questão controversa, porque Dr. Luke e Cirkut ficaram com esta em suspenso, e nenhum parece saber o que lhe fazer. O pré-refrão, em particular, soa como se ninguém conseguisse decidir em chamar a isto um dubstep, um conjunto de palmas sintetizadas ou uma interposição de Travie McCoy com a sua guitarra acústica. Adam dá o seu melhor naquilo que lhe é dado, gritando e realçando e a sua extensão vocal gospel através da linhas, tão cliché para ele. O problema não é ele, é o material – que é particularmente frustante, considerando que há, pelo menos, cinco melhores singles no álbum. Um deles é a faixa que se segue.

11. “Better Than I Know Myself”

A que mais ouvimos de Trespassing, o mais bizarro é “Better Than I Know Myself” ser escolhido para single, principalmente como primeiro. A música vacilou nos tops, e não é difícil de perceber porquê. É outra faixa em que Adam Lambert não esteve creditamente envolvido (Dr. Luke e Cirkut, aqui, tal como em “Never Close Our Eyes“, são os nomes que se destacam), e não conseguem ouvi-lo sem se perguntarem o que é que significa. P!nk, talvez, ou Katy Perry; tirando a nota aparte do refrão – Adam consegue cantá-la facilmente, mas outros talvez não – poderia ser um “Please Don’t Leave Me” mais lento, ou uma balada de “Teenage Dream”. Provavelmente, não seria a melhor balada do álbum mesmo. O ritmo é mais poderoso do que gracioso, e para uma linha vulnerável “I get kind of dark / let it go too far / I can be obnoxious at times” [Eu entro na escuridão/vou demasiado longe/posso ser horrível por vezes] há duas que não transmitem nada. Esta letra comandada por “try and see my heart” [tenta e vê o meu coração], e a primeira linha , “cold as ice” [frio como o gelo], é um texto cliché.

A sério, porque foi escolhida para primeiro single? Não há nenhuma explicação que faça sentido. Se é uma balada que o Adam quer, “Naked Love” está lá muito perto e é muito melhor, ou algo up-tempo são ambos uma melhor ideia, em geral, e algo que está pronto. Vamos ver isto desta maneira: nós imaginamos que Adam se conhece como músico e que sabe que é melhor do que isto. Aqui, não é ele.

10. “Pop That Lock”

Não, não é uma música do Lambert sobre breakdance – embora a melhor parte seja, de longe, a seção do instrumental energética, um dos momentos mais funk no álbum onde não vai faltar sacudir os quadris. Por outro lado, o título “Pop That Lock”, refere-se a relaxar e deixarmos as nossas inibições de lado – ”If you got the key, then baby, pop that lock” [se você tem a chave querido, então destranca a fechadura]. Também funciona como uma potencial música para desfilar, Adam explora ao máximo da exortação “Werrrrk!” desde RuPaul.

Os versos são um pouco enfadonhos – eles seguem o mesmo ritmo e o modelo monótomo como a “I Hate This Part” das Pussycat Dolls por alguma razão – e, em geral, o refrão é um pouco fraco para este sentimento. (Também deveríamos saber o que são “Banshee boys and dancey girls”? Somos todos nós? Não sei se nos sentimos confortáveis com isso.) Continuando, o já mencionado electro-funk energético mantém a canção num estado descartável. Sashay, Shanté.

9. “Naked Love”

Se não tem andado a prestar atenção aos tops – ou a ouvir rádios pop, é basicamente o mesmo – irão notar que “Naked Love” soa muito como aquilo que está nos tops hoje em dia. Especificamente, é uma doce canção de amor mid-tempo, que não está muito longe daquilo que iriam ouvir de alguém como os The Wanted. Esses garotos talvez não estejam tão confortáveis com as metáforas de nudez mas a melodia brilhante não muito natural, a destacada percursão rápida de oh-oh-ohs é algo das charmosas boys bands da América, e há truques no pop que funcionam, apesar de tudo, da idade.
Mas novamente, a idade não é um problema; “Naked Love” não tem nada a ver com nudismo. “Take it off” [tira isso] é tão obsceno como esta letra – em termos da MPAA, iria apenas contar como uma informação sobre nudismo; poderia se dizer que a faixa tinha, estrategicamente colocadas toalhas e lençóis. Está lá de propósito, contudo; o que Adam quer realmente dizer é para que o seu parceiro deixe todas as suas inibições. É uma metáfora comprovada – The Good Natured e Dev só apenas algumas pessoas que, nos anos passados, pediram aos seus parceiros para baixar as suas defesas. Mas, a única pessoa que parece ter ouvido estas três canções foi um blooger sobre pop. Para além disso, “Naked Love” pede de uma forma tão doce. Porque não cedemos e ficamos a conhecer algo mais?

8. “Chokehold”

Um verso como “I want your chokehold” [Eu quero o teu sufoco] está desenhado para ter atenção, especialmente quando está no refrão e (parcialmente) é o título da canção. Mas não se preocupem, nenhum Glambert de coração por aí – Adam não se mostrou uma Rihanna completa, e algumas menções a correntes são estritamente uma variação metafórica. Em vez disso, “Chokehold” é uma forte balada sobre estar numa relação asfixiante, mas não poder ou não estar preparado para sair dela (“Cause I know the second you go / Bring it on back bring it on back bring it on back to me” – porque sei que no segundo em que fores / [Te quero de volta, te quero de volta, te quero de volta pra mim]. Mas este tipo de submissão de domínio continua a ser algo como uma emocional S&M, mas o vídeo será, provavelmente, menos forte.

De qualquer modo, é difícil ser mesmo obsceno por natureza quando os versos melódicos são emprestados (roubados?) da “Ordinary World” de Duran Duran. Na verdade, toques de Duran Duran dos anos 90 estão por todo o álbum, este tipo de clássica meio-tempo decadência que o grupo aperfeiçoou com o álbum de 93, Wedding Album. Não fica mesmo nada mal com o Adam, embora quando nos concentramos, desejávamos que o álbum pudesse equilibrar-se com um pouco menos de “Come Undone” e um pouco mais desses “Don’t Stop Till You Get Enough” produzidos pelo Pharrel. Embirrento, contudo.

7. “Broken English

Quando uma música tem uma letra com “Tower of Babel has fallen down again”(A Torre de Babel caiu outra vez) como verso de abertura, podem ter a certeza que não vai ser um estilo energético como “Nothin’ But a Good Time”. De facto, “Broken English” mostra Adam justamente enquadrado no territórios de baladas, uma lamentação sobre uma relação que se quebrou devido – vocês adivinham – comunicação pobre. “Now your body language is broken English” (agora a tua linguagem corporal é inglês imperceptível) é o verso primário que ressalta, que faz com que te concentres mais no que queres ouvir, mas é uma espécie de um visual incoerente – talvez uma metáfora sobre o peixe de Babel tivesse feito mais sentido.

O que faz com que a canção passe de aborrecida e piegas, para além de algumas notas altas impressionantes atingidas por Lambert, é a produção da música, que é tão fria e mecânica como algo do The Downward Spiral dos Nine Inch Nails zumbindo sintetizados, cambaleando baterias, filtros em quase tudo. O momento alto da música vem antes do refrão final, quando uma chave leva a canção a um território alienado, e os gemidos do Adam sobre isso numa forma que só pode ser descrita – por críticos de música, de qualquer modo – por “assombrada”. A pequena vacilação na gravação antes do último “broken english” é, também, interessante. Nós vemos-te, Lester Mendez.

6. “Shady”

Ponham a mão no ar se ao ouvir a batida da bateria e o ruído surdo do baixo na introdução desta música, começaram a cantar para vocês mesmos “Standing in the rain… with his head held low… couldn’t get a ticket… it was a sold out show…” Para melhor ou pior, as comparações com a “Jukebox Hero” só duram cerca de sete segundos, até ao ponto em que “Shady” se torna numa música de Maroon 5, que Adam Levine, provavelmente, teria escrito agora se ele fosse um pouco mais honesto em relação aos seus momentos de luxúria (nós tomamos isto como um elogio, Adam!), continuando a arrastar-se o baixo e a bateria, mas adicionando alguns sintetizadores e adicionando pedaços de guitarra para adicionar um pouco de Duran Duran à música. “No I ain’t broken, but I need a fix” [Não estou quebrado mas, preciso de um conserto], o olhar lúbrico de Adam, a inerente perversidade amplificada pela gloriosidade da tripla hormonia menor.

“Take me underground / Where freaks like us can meet” [Me leve para um lugar subterrâneo / Onde possamos conhecer estranhos como nós], começa o refrão. “Turn me, turn me out / ‘Coz I’m feeling so shady lately” [Me leve, me leve daqui/ porque me sinto tão sombrio ultimamente]. Isto não é tão sórdido como como nos gostávamos que Adam um dia chegasse – passinhos de bebê, pessoal – mas é definitivamente um passo na direção certa.

5. “Cuckoo”

Todos os álbuns precisam de algumas faixas sólidas: algo que, talvez, não seja um risco, mas bom o suficiente para faturar, embarca na rádio e está apostos para prever muito bem como é que o público o vai receber. Sem home runs, por outras palavras, mas bunts (vem no sentido do basebol, é quando se bate a bola com pouca força). “Cuckoo”, a segunda música de Trespassing, é uma bunt. Como vai o pop sintetizado, é quase como que um modelo. Esta tem Bonnie McKee como co-compositora e divertindo-se dentro de uma letra (semi)louca; tem versos que cambaleiam e sustentam a escala; tem aplausos duplos e dubsteps. É chamada “Cuckoo”, e não há pontos para esclarecer uma melodia destas, mas é menos louco do que original. Poderiam isolar cerca de cinco segundos, copiá-los e passá-los como outro qualquer hit da pop, que não faria muita diferença.

Onde é que está a influência específica do Adam, então? (Ele tem também um crédito como compositor. Poderiam contar “gonna get out of the straight–jacket” como uma política manhosa se quiserem; é apenas enfatizada (e repetida) o suficiente para se perceber que não é um acidente. Ou podem contar os toques da arena do rock, uma das coisas em que ele foi muito bom no Idol: os acordes que estouram – se fossem os anos 80, teriam riffs de guitarra para os tornar mais pesados, e o guitarrista responsável estaria, provavelmente, a sonhar em tocar a “Livin’ on a Prayer” – ou os backvocais na ponte, uma coisa que podia por um estádio inteiro e fazer. (Um pequeno conselho não solicitado para o Adam e a banda, se e quando irá acontecer um turnê por estádios? Deêmm importância ao rock. Pensem nos sintetizadores como uma camisa de forças que poderá lhes desprender. Incentivar as palmas, também. Algo nos diz que terão ajuda nisso.)

4. “Underneath”

Ouvindo “Underneath,” vocês se perguntam porque é que “Better Than I Know Myself” não foi escondida numa gaveta como primeiro esboço. Tudo o que o single possuía para se levar a cabo é bem sucedido aqui, fantasticamente. Não há nada de produção desnecessária tão proeminente noutro lado; percursão cavernosa e acordes ondeantes podem ser realmente poderosos, mas só com moderação e uma base fundamentada primeiro, tal como o piano de fundo que conduz toda a música. Isto dá à música um quarto para construir, e dá à voz do Adam o espaço que ela necessita. (Estes são, provavelmente, um dos mais poderosos vocais do álbum, a par de outros.)

É o cenário apropriado, também, para os versos como “everybody wants to talk about a freak / no one wants to dig that deep… you’re gonna see things you might wanna see” [Todos querem falar deste tipo esquisito / ninguém quer descer mais fundo… você verá coisas que talvez não queira ver]. Estas vão tocar nas pessoas, elas tornam-se um pouco melodramáticas mais à frente, ou, se preferirem, é um escape emocional que contém “red river of screams” [rios vermelhos de gritos] e “black and blue sky” [céu azul e negro], que se parece tão bem como a frase de Keanu “um quente banho de dor no meu quarto de desespero”. Mas maldito seja se Adam não vender nenhuma destas linhas. No verdadeiro amor como nas baladas, muito pode ser perdoado.

3. “Trespassing”

A dita faixa que dá nome ao álbum e que o abre com um som que muitos álbuns deveriam começar — ao estilo de ”We Will Rock You” – com pausas e palmas. Adam representa-se a ele próprio como um intruso rebelde desde o início: “Well, I was walking for some time / When I came across this sign / Saying who are you and where are you from / We don’t like when visitors come” [Bem, estava andando já há algum tempo / Quando passei por este sinal / Dizendo quem é você e de onde vem / Não gostamos de ter visitantes]. (Signs, signs, everywhere a sign – sinais, sinais, sinais em todo o lado.) A partir dali, a canção entra numa das mais raras faixas de funk/disco produzidas pelo Pharrel (!) desde os bons tempo de “Rock Your Body” e “Hello Good,” com a guitarra e o baixo a imitarem a linha vocal de Lambert, criando este som compacto que faz uma abertura propulsivamente brilhante. Mais do Adam com o desafio de percorrer a batida, ondeando “I don’t need no GPS to show me where to go!!!” [Não preciso de nenhum GPS que me mostre onde ir) e prometedor “No trespassers / Well, my ass / Wait till they get a load of me” [Proibido transgressores / Bem, que se lixe / Espera até me ouvirem].

É um tipo de fora de glamour, nós contra os passos pesados deles que sempre quisemos ouvir do Adam, e isto é um excelente caminho para por o álbum a tocar. (A aproximação com “Another One Bites the Dust“ é um bom toque também.) Onde andava escondido Pharrel?

2. “Outlaws Of Love”

Já faz quase um ano desde que “Outlaws Of Love” se tornou pública. A faixa torna-se em algo como um tema não oficial para Trespassing e para a carreira do Adam. Podem ler muito do seu significado cultural em “they’ve branded us outlaws of love” [eles nos apelidaram de foras da lei do amor] como gostariam – e isto é uma nota merecida, das mencionadas pelo Village Voice, nenhum álbum de um artista assumidamente gay entrou nos tops de álbuns da Billboard – mas é também aplicado a ‘amores proibidos’ em geral. Relaciona-se com todos os que sentem o mesmo.

Agora sobre a canção em si. “Outlaws Of Love” é muito mais do que poderiam esperar de algo com um título glam-metal. Não é Bon Jovi; é uma faixa acústica, construída a partir de uma slide guitar (forma de tocar guitarra normalmente utilizado em blues), percursão (pelo menos no início) não mais alta do que um bater de coração e leves vocais do Adam. O contido acolhimento, particularmente em contraste com muitas das “iscas” do Top 40 que se encontram em todo o lado. Faz tudo aqui ressoar muito mais do que contrariamente isto poderia soar, encerra Trespassing com dignidade e reserva.

1. “Kickin’ In”

Sintetizadores laser, rápidos “c’mon!”, oitavas harmonizadas entre si, e sons de badalo… e são apenas os primeiros cerca de 30 segundos de “Kickin’ In,” o melhor tributo a Michael Jackson feito pelo Adam Lambert desde a sua atuação com “Black Or White” durante os seus dias no American Idol. Claro que é um domínio importante com que MJ nunca teria sequer sonhado, um relato sobre drogas usado de certa maneira (“She wants to be up there / In the air when the clouds live” – Ela que estar lá em cima / No ar quando as nuvens viverem) soa como se tivessem a divertir-se tanto para, possivelmente, ser considerado um exemplo. A participação de Adam em algo próprio, embora, mesmo sendo drogas ou sexo, seja pouco claro (“She wants to introduce me / to her friend Daddy / What is she tryin’ to do to me?” – Ela quer me apresentar / ao amigo dela, Papai / O que é me está a tentar fazer?) Não interessa nada a que é que o artistas ou ouvintes estão ligados quando se torna uma rebelião, refrão intoxicante, portanto: “Can you feel it kickin’ in?” [consegues sentir isto a afetar-te?]

É outro regresso à forma do produtor Pharrell, quem não tem, nem de perto, a era “Off the Wall” de Quincy Jones, desde os seus trabalhos com Justin Timberlake, em “Justified”. É uma das suas produções mais compactas há séculos, e isto pede a participação da pista de dança num modo de que não estávamos certos do Pharrel ser capaz (ou estivesse interessado) outra vez. Entre esta e a faixa que dá nome ao álbum, se “Trespassing” não ajudar a começar uma segunda onda do renascimento das Neptunes (assumindo que Chad Hugo continuam por aí), será uma tremenda pena.

Fontes: Adamtopia e Popdust

Tradução: Kady Freilitz

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