Entrevista na DORIAN Magazine (Estocolmo, Suécia) – Mar/2012

Conforme publicamos aqui anteriormente, Adam Lambert concedeu uma entrevista para a DORIAN Magazine, uma revista de Estocolmo (Suécia) para a sua edição de março. Confira os scans do artigo, bem como a tradução da entrevista:

A recriação de ADAM

Parece que a qualificação técnica e poderosa da voz de tenor de Adam Lambert é algumas vezes negligenciada por causa de seu estilo exagerado, teatral e andrógino de se apresentar, ou, mais recentemente, por causa de alguns tropeços públicos. Mas a vida traz experiência e, depois de dois anos de evolução, o ídolo, agora com total controle sobre sua carreira, está desencadeando ansiedade por seu segundo álbum, com um novo “look” e um novo som.

Adam tem sido um “entertainer” por toda sua vida,e começou como artista da música profissional aos 10 anos. Ele chamou a atenção do público quando ficou em segundo lugar na oitava teMporada do programa “American Idol.” Quando Adam não venceu, rumores acusaram a produção do programa de burlar os resultados.

Mais tarde a “Times” identificou Adam como um dos artistas pop importantes e abertamente gay a começar sua carreira com uma grande gravadora dos EUA e sua primeira turnê mundial, “Glam Nation”, fez dele o único participante do American Idol a realizar isso no ano seguinte à sua temporada do programa.

Adam gravou seu álbum de estreia, For Your Entertainment, muito rápido. Ele estreiou em 3º na Billboard, vendendo 198.000 cópias nos EUA na primeira semana, e alcançando o TOP 10 em vários países. Adam recebeu uma nomeação ao Grammy por Melhor Performance Masculina Pop. Ele vendeu (até janeiro de 2011), 1,2 milhões de álbuns e 4,2 milhões de singles em todo o mundo.

Adam é também muito filantropo, e contribui regularmente para o avanço da aceitação social do público LGBT. Algumas vezes ele é ofuscado por fofocas e pela atenção da mídia por seus assuntos pessoais, como a enorme publicidade de sua prisão em uma noite em Helsinki, com seu namorado, Sauli Koskinen, participante de um reality show da tv finlandesa.

“Glambert” está pronto para assumir as paradas européias seguindo um enorme sucesso nos EUA com o lançamento de “Trespassing”, um álbum despojado, mais sofisticado. Lambert co-escreveu e co-produziu com músicos como Pharrel Williams, Dr. Luke, Sam Sparro, Bruno Mars e a co-escritora de “”Teenage Dream” Bonnie McKee.

Adam descreve “Trespassing” como “uma excitante jornada através dos últimos dois anos de sua vida”. O primeiro single, “Better Then I Know Myself” mostra bem como ele está envolvido. O vídeo é cheio de imagens, simbolismos, e metáforas e mostra os dois lados de Adam, o claro e o escuro. “Há músicas de festa, sexy, sobre relações desastrosas”, diz o cantor.

Nós vamos ouvir o álbum mas antes vamos às fotos e à entrevista.

Do álbum de estreia, o glam pop foi substituído por um som inspirado na discoteca dos anos 90, os sons mais leves são justapostos com os mais pesados – que é exatamente onde sua voz é assustadoramente bela, sem compromisso.

Acima de tudo, “Trespassing” mostra a escalada de Lambert de um participante do American Idol até se tornar um astro global, por si próprio.

Estamos muito animados para encontrar Adam, mas ele vai estar bem apresentável e irá responder a quaisquer perguntas pessoais?

PARABÉNS PELO SEU NOVO ÁLBUM. COMO VOCÊ VAI INDO COM “TRESPASSING”; EU ESTAVA ESPERANDO POR ALGO COMO O ÁLBUM “CONTROL” DE JANET JACKSON?
– Obrigado! E certamente você pode pensar como Janet Jackson, eu a amo! Não, o título do állbum é que eu sinto que estou permitindo que os ouvintes invadam minha vida. Se as músicas são felizes, ou tristes, ou meio-termo, o que importa é que elas são muito honestas, verdadeiras e autobiográficas. Ao permitir que os ouvintes invadam meu mundo, eu invado o mundo deles ao mesmo tempo. E há outro significado para o título, é que eu sou um pouco estranho na indústria da música, vindo de um show de competição… e há um certo estigma nisso…e ser o único artista pop abertamente gay nos EUA, faz com que eu sinta que tenho muita invasão a fazer. Eu tenho muito chão a percorrer e muitas barreiras a quebrar.

VOCÊ TEM UM SOM NOVO, DANÇANTE, ELECTRO E UM LOOK MAIS SOFISTICADO… FOI UMA EVOLUÇÃO OU UMA DECISÃO ESTRATÉGICA?
– Eu sinto que estou envolvido. Quando eu estava fazendo o primeiro álbum, eu estava apaixonado pela coisa toda do glam rock, “Velvet Goldmine” é meu filme favorito… David Bowie e todas aquelas pessoas. Eu queria fazer algo estilizado, e colorido, como homenagem direta ao glam rock, e eu penso que fiz isso. Agora eu me sinto mais como eu me visto no dia a dia, fazendo isso um pouco mais francamente e de rua.

VOCÊ CRIA SEU ESTILO OU TEM AJUDA PRA ISSO?
– Sim, aqui e ali… Mas eu tento o máximo fazer eu mesmo. Me sinto mais confortável, e quando eu preciso, eu peço ajuda.

ESTILO E IMAGEM SÃO PARTE DE VOCÊ. SERÁ QUE VEREMOS UMA LINHA DE MODA NO FUTURO? OU DE MAQUIAGEM?
– Eu adoraria fazer tudo isso! Eu amo moda, estilos, acessórios,maquiagem, esmaltes, todas essas coisas.

DEVEMOS PARABENIZAR VOCÊ POR SE TORNAR O NOVO VOCALISTA DA BANDA QUEEN, E VOCÊ FARÁ TURNÊ COM ELES?
– Isso foi um rumor criado pelo jornal “London” sem bases reais…

ENTÃO COMO ISSO ACONTECEU?
– Penso que eles se basearam em palpites.

MAS VOCÊ VAI FAZER TURNÊ COM ELES?
– Não, não necessariamente, nada foi definido. Estamos conversando sobre algum tipo de colaboração no futuro. Mas isso é tudo que posso dizer por enquanto.

EU ESTAVA IMAGINANDO COMO VOCÊ VAI ACHAR TEMPO.
– Exato, há a música que eu escrevi, produzi… é meu álbum, meu projeto. E eu realmente quero levá-lo adiante!

COMO É O SEU PROCESSO CRIATIVO? VOCÊ VAI PARA O ESTÚDIO E FAZ A MÚSICA OUOU NA MAIORIA DAS VEZES VOCÊ ESCREVE SOZINHO E DEPOIS GRAVA?
– Ao longo dos dois últimos anos, eu passei por muita coisa, então eu tomo notas nas sessões escritas com um produtor, ou de uma batida, ou de um acorde… aí então eu digo o que penso e disso nasce uma música.

COM TUDO QUE ACONTECEU NOS ÚLTIMOS DOIS ANOS,TE AJUDOU A CRESCER DE ALGUMA MANEIRA, HÁ ALGO DE QUE VOCÊ SE ARREPENDA?
– Eu não me arrependo de nada. Eu penso que todas as suas experiências faz de você o que você é. Houve muito para aprender para fazer meu primeiro álbum, eu nunca tinha feito isso antes. Eu era uma espécie de alguém lançado em uma situação mundial, mas que ainda precisava aprender muita coisa pelo caminho. Mas nunca me arrependo de absolutamente nada. Então penso que o álbum é o resultado desses dois últimos anos.

DE ONDE VEM TODAS ESSAS INFLUÊNCIAS ELETRÔNICAS?
– Eu sempre amei a música eletrônica. Eu não tenho saído muito últimamente, mas, eu fiiz muito isso nos últimos dez anos. Eu estive participando muito de diferentes tipos de festa, acho que fui considerado o “garoto das festas” por algum tempo, saindo, me produzindo. Mas esse álbum é muito eletrônico, a primeira parte muito funk, mas com uma batida rock n’roll, e a segunda parte é muito sombria, muito mais introspectiva e as músicas são sobre a parte mais decadente das coisas. Todos nós passamos por altos e baixos na vida. Eu acho que eu estaria traindo o meu público se ficasse com um estilo restrito, e o que há de divertido nisso? (risos)

PHARREL DISSE QUE VOCÊ PODE DANÇAR. NÓS NUNCA VEREMOS VOCÊ COREOGRAFANDO NO PALCO?
– Eu tenho coreografado nos palcos.Você não viu? (risos) Eu amo “disco” e amo dançar, mas não me considero um dançarino como Michael Jackson. Não tenho a sua técnica. Mas eu gosto de me mover conforme a música como se eu fosse a própria audiência sentindo isso, mas eu estou sim, fazendo coreografias, como na minha última turnê.

O QUE VOCÊ PENSA SOBRE A SITUAÇÃO TODA DE MADONNA vs GAGA?
– Eu acho muito fofo. Isso era, tipo, inevitável, certo? Acho que elas estão usando as figuras uma da outra para a publicidade, e todos nós sabemos que, provavelmente elas estão trocando emails para planejar a coisa toda… Quem sabe?

VOCÊ SEMPRE TWITTA PESSOALMENTE?
– Sim, sempre.

VOCÊ PESQUISA NA INTERNET SOBRE VOCÊ MESMO?
– Não, uma vez ou outra, quando quero saber a receptividade de alguma coisa, mas não faço isso por egocentrismo, faço porque faz parte do meu trabalho.

COMO ESCANDINAVOS, FICAMOS MUITO ANIMADOS COM SEU NAMORADO FINLANDÊS. VOCÊS SAEM MUITO JUNTOS QUANDO ESTÃO LÁ?
– Sim, nós saímos algumas vezes em Helsinki…
(O editor chefe interrompe)

ISSO FOI QUANDO VOCÊ ACABOU NA CADEIA?
– Sim! O clube se chamava A Cela! (risos)

E VOCÊ PASSOU O NATAL LÁ ESTE ANO?
– Sim, nós passamos a véspera de Natal lá, e então voltamos a Los Angeles para o ano Novo.

QUAL FOI A SUA EXPERIÊNCIA SOBRE A VIDA NOTURNA DE HELSINKI?
– É muito boa! Eu já tinha saído bastante por lá antes, foi assim que conheci meu atual namorado.

HÁ ALGUMA COISA EM PARTICULAR SOBRE O NATAL LÁ, QUE VOCÊ TENHA GOSTADO?
– É um Natal muito tradicional, aparentemente, tentei a rena, mas não é a minha favorita… mas eu achei interessante, eu sou muito aberto a novidades, então…

EM “OUTLAWS OF LOVE” VOCÊ ABORDA O TEMA SOBRE O CASAMENTO GAY. COMO VOCÊ SE SENTE PESSOALMENTE SOBRE ISSO? VOCÊ VAI SE CASAR?
– Eu não sei, mas eu acho que todo mundo deveria ter esse direito. Não sei se isso se encaixa na minha vida nesse momento. Eu não tive muitos relacionamentos.Tenho sido como uma espécie de “the bachelor” (solteiro), então é uma nova experiência pra mim, estou aprendendo com isso e estou MUITO feliz. Eu estou preparado para esse relacionamento monogâmico, emocionalmente saudável, e me sinto muito emocionado.

VOCÊ TEM UM ESTILO DE VIDA SAUDÁVEL?
– Sim, mas eu provavelmente poderia trabalhar isso um pouco mais. Depois do dia de Ação de Graças americano, eu me senti tão inchado e gordo, então eu comecei a entrar numa dieta de sucos e me senti incrível! Você não faz mais nada por uns três dias… somente suco natural e água, e parece incrível! Você pode ocasionalmente ter uma dor de cabeça, mas isso funciona, você se sente ótimo, perde peso e elimina todas as toxinas do seu organismo.

VOCÊ JÁ CONSIDEROU FAZER CIRURGIA PLÁSTICA?
– Não, não faz meu estilo. (risos)

NUNCA?
– Nunca! Talvez em dez anos, quem sabe? Mas isso é uma outra estória.

QUAL FOI A PRIMEIRA VEZ QUE VOCE SE DEU CONTA QUE TINHA UMA PLATAFORMA PARA UMA CARREIRA?
– Provavelmente durante o “AMERICAN IDOL”. Sabendo quantas milhões de visualizações houveram. Nas primeiras semanas eu me senti horrorizado. Muito assustado. Mas depois, pensei: ok – Eu estou aqui. Eu tenho que me sentir confortável com isso, e ver isso como uma incrível oportunidade, então fiz o show como um jogo e usei todas as estratégias que eu pude… mas no fim do dia, não importava se eu estava em primeiro, segundo ou terceiro lugar.

EXISTE ALGO QUE VOCÊ QUEIRA DIZER PARA AQUELES QUE NÃO TÊM A SUA FORÇA INTERIOR?
– Isso é uma das coisas estranhas pra mim, ser capaz de de dar voz a essas pessoas que não têm essa força. Isso é um pouco assustador, quando eu percebo que tenho me tornado um tipo de modelo para as pessoas, mas nos últimos anos eu tenho percebido o quanto eu tenho sorte de estar nessa posição e como isso é ótimo. Não há nada de assustador, na verdade isso só me dá mais força e propósito. E nesse álbum, eu escrevi sobre certas coisas que a comunidade LGBT enfrenta, com uma mentalidade muito pós-gay. O que estou tentando dizer, é que isso que nós estamos passando, é o que eu passei, mas no final do dia todos nós passamos pela mesma porcaria. No final, todos temos os mesmos desejos e medos. Eu poderia ser um cara estranho, me vestir diferentemente do meu vizinho, eu poderia ser um pouco diferente lá fora, mas nós somos todos iguais.

VOCÊ SE CONIDERA BISSEXUAL OU GAY?
– Definitivamente gay. Eu já tive experiências bissexuais.

ALGUNS ARTISTAS SE DIZEM SER BISSEXUAL PARA MANTER SEUS FÃS.
– Sim, mas quando tudo isso aconteceu, eu tinha 27 anos, e eu já era gay e orgulhoso em Los Angeles por 10 anos. E além de tudo vai contra todos meus princípios mentir e enganar. Mas mesmo se eu tivesse feito isso, não creio que teria funcionado! (risos)

E aqui as demais páginas do artigo:

Fonte: Adamholic

Tradução: Graça Villar

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