A política por trás do show de Adam Lambert em Manila

Eu não assisto American Idol. Eu não sabia quem era Adam Lambert até DEPOIS que ele perdeu. Então, eu assisti as reprises e quaisquer vídeos que eu pude encontrar no YouTube, somente para entender porque Sam era doida por ele. E eu me tornei uma fã. Não do American Idol, mas de Adam Lambert. Desde Janeiro quando eu comprei o CD de Lambert para Sam, nós não ouvimos mais nada quando estamos na estrada. Eu já estou viciada, mas eu ainda canto e danço no meu assento.

Quando Sam anunciou há alguns meses atrás que Adam Lambert iria se apresentar em Manila, nós compramos ingressos assim que eles ficaram disponíveis. O show aconteceu ontem à noite e, apesar da fraca banda de abertura (uma banda local chamada Paraluman) nós amamos o show. Sexy, safado, perfeito. Nós estávamos de pé (todos na área reservada estavam), eu queria dançar, mas estava quente e úmido e lotado, e Sam estava prensada contra mim, porque o estranho ao lado dela cheirava a podre, de acordo com ela.

Quando eu acordei esta manhã, eu procurei por informações sobre o show e não encontrei nada nas novas fontes. Eu fiquei chocada com a politicagem. Eu não fazia idéia. Primeiro, parece que alguns queriam que o show fosse rotulado ”Somente para Adultos” porque em shows anteriores no exterior, Adam Lambert tinha beijado homens na platéia. Estes pessoas reagiriam da mesma forma se Lambert fosse hétero e beijasse mulheres na platéia, ao invés de homens?

No final das contas, Lambert não beijou ninguém da platéia, ontem à noite – ele beijou seu baixista, Tommy Joe Ratliff, nos lábios enquanto cantava Fever. Muito picante e deslocado – Jesus, se você conhecesse Fever, o beijo está inserido no contexto da música. Como nudez numa cena de amor num filme. E como a platéia reagiu? Lambert foi aplaudido e eu estava entre os que aplaudiram. Coragem baby. CORAGEM. Em espírito, eu também mandei a Igreja Católica para aquele lugar pela sua posição sobre a homossexualidade.

Mas a sexualidade de Lambert não é o único assunto que perseguiu o seu show. Houve o grupo OPM reclamando sobre tratamento preferencial. De acordo com o artista da OPM, Ogie Alcasid (cujo show de 8 de outubro ficou entre os shows de John Mayer e Lambert), ambos os shows de Mayer e Lambert tiveram um P1 milhão de desconto em taxas, enquanto que o seu não teve nenhum. Alcasid alega que lhe foi negado pelos organizadores do show de Lambert.

Finalmente, houve a questão do protecionismo. O cantor Gary Valenciano acha que shows de artistas estrangeiros deveriam ser agendados com maior período de tempo entre eles, porque os artistas locais estão perdendo em patrocínio.

Eu eu pensei, WHOA! Isso soa mais ou menos como o argumento contra a proliferação de filmes estrangeiros em cinemas locais. No meu entendimento, se os produtores de filmes locais nos dessem melhores escolhas dentre os filmes que eles fazem, eles não teriam que se preocupar em relação à competição com filmes estrangeiros. Mas a questão é, o que nós ganhamos? Com pouquíssimas excessões, as mesmas velhas fórmulas testadas anteriormente. Quem realmente quer ir ao cinema para ver uma continuação da mesma fórmula que polui as casas de cinema todos os dias? Nós vemos os mesmos rostos também.

Quanto ao Sr Valenciano, Jesus!! Muito pouco mudou na sua maneira de atuar e dançar nos últimos 25 anos. Agora que a sua carreira está se declinando, ele inflige seu filho no público que imita os mesmos passos de dança de Gary Valenciano – o tipo que ficou popular por Michael Jackson nos anos 80. Nós deveríamos ficar felizes presos no tempo – em nome do nacionalismo?

Eu gostaria que os partidos reclamantes não se escondessem por trás da cortina do nacionalismo para atrair o público para o seu lado. Como Speedy destacou tão sucintamente durante o almoço de hoje, é tudo sobre dinheiro. ”Pera-pera lang yang,” ele disse. E eu concordo de todo o coração.

Se a economia das Filipinas está prejudicada por muitos filmes e shows de artistas estrangeiros, nos mostrem as cifras e nós repensaremos tudo. Com relação ao público ter menos chances de entretenimento somente para que os artistas locais possam lucrar mais, eu não vejo como isso beneficia A TODOS NÓS de um jeito que se traduz em nacionalismo. Eu tenho certeza de que enche as contas bancárias de alguns poucos, mas não de todos nós.

Eu mencionei o show de abertura do show de ontem a noite – uma banda local chamada Paraluman. Claro, a vocalista era linda – jovem e magra, usando uma blusa preta justa e calças justas. Mas como foi a apresentação? A cantora não se conectou com a platéia; ela nem ao menos se conectou com seus próprios músicos. Não houve nenhuma compatibilidade. Eles não agiam como uma banda de música – eles agiam como estranhos jogados no palco juntos. E eu supostamente tenho que aplaudir porque, afinal de contas, eles são companheiros Filipinos? Jesus!! Só para mostrar o quão ruim eles eram – e eles sabiam porque a platéia não estava prestando atenção – depois da quarta música, a vocalista disse, ”Uma última música” – como se estivesse se explicando e desculpando por ainda estarem no palco.

Entretenimento é entretenimento e quem nós pagamos para isso, tem que fazer nosso dinheiro valer a pena, quer seja um filme, livros, música ou performance de palco.

Fonte: House on a Hill

Tradução: Glória Conde

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2 Comments

  1. Incrível como até isso o Adam faz… faz as pessoas repensarem seus valores…e acima de tudo, faz comque todos se tornem seus fãs!!!! Go Adam !!!!!

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