Adam Lambert: “Sou teatral, sim, e tenho orgulho disso”

Honolulu, prepare-se para uma tsunami de glitter. Adam Lambert, cujas performances têm sido descritas como uma loucura brilhante, está invadindo o Estado de Aloha com sua Glam Nation Tour. Aguarde muito do acima mencionado glitter. E dança. E fumaça e lasers. E acima de tudo, espere ser seduzido por um artista cujo lema é “Mais é mais.”

Não, Lambert não é conhecido pela sutileza.

E ele deve também ser o homem mais ocupado do universo, como descobri tentando conseguir uma entrevista. Ele é jovem, apenas 28 anos, e sua vida foi literalmente revolucionada desde sua participação de chamar a atenção no American Idol há apenas 1 ano atrás. Seu primeiro álbum, o pop/rock eclético For Your Entertainment, vendeu mais de 1 milhão de cópias no mundo todo. Seu show aclamado pela crítica está esgotando em todos os lugares que ele vai. Apesar de sua punitiva agenda, quando finalmente nos falamos ao telefone, Lambert foi gracioso, articulado e pé-no-chão. “É um show, pessoal!”

Lambert chega em Honolulu bem no meio de sua turnê internacional. Ele encantou audiências por todo o país nos Estados Unidos bem como em Singapura, Japão, Malásia, Austrália, Nova Zelândia e Hong Kong.

Lambert teve sua mão em cada parte de sua criação, ele diz: “Eu queria que refletisse diferentes partes de mim.”

E reflete. Eu assisti ao show em Seattle e a Glam Nation é musicalmente suntuosa, visualmente arrebatadora e emocionalmente extasiante. Relaxadamente dividida em 3 “atos”, o primeiro pulsa com temas de obsessão, dominação, sexualidade e coração partido. O segundo ato é uma tour-de-force acústica, que explora vulnerabilidade, auto-conhecimento e aceitação. A jornada dele (e a nossa) culmina numa ritmada celebração de música, alegria e amor. É isso, simples assim, um manifesto amoroso.

O amálgama de tudo isso é o maior bem de Adam – sua voz. E é extraordinária. Críticos definiram sua ensurdecedora e multi-oitavada voz como operática, poderosa e até mesmo sublime.

Essa voz diferencia Lambert de seus comtemporâneos no competitivo mundo pop. O que o propele ainda mais é sua suprema confiança no palco. Lambert transpira uma rara combinação de vulnerabilidade e sex appeal de macho-alfa. Bela e fera combinadas.

Seus fãs amam. Eles gritam a cada enfiada de quadril e urram em aprovação quando ele beija seu lindo baixista Tommy Joe Ratliff. É agressivo, sugestivo, mas Lambert é o primeiro a dizer que ele o faz tranquilamente.

“O que eu faço no palco, é sexual, mas é uma performance, é um show. E as mulheres gostam”, ele diz, com um tantinho de surpresa na voz.

Não apenas as mulheres. Robert Sorenson arrastou sua esposa do Canadá até Seattle para ver o show: “Eu a obriguei a vir. Nossa, eu o acho fantástico, um verdadeiro showman. Eu amo a voz dele.”

O que achei interessante em Washington foi a diversidade dos fãs de Lambert – adolescentes e avós, hipsters [ver nota] e motoqueiros, góticos, “Glamberts” cheios de glitter, filhos de militares – todos interagindo e gritando juntos.

Jaycee de 13 anos dispara, “Adam é um animal sexy e eu o amo. Ele é o mundo. E se eu o encontrasse, acho que morreria.”

Próximo dos 40 anos Michelle Deeyoe afirma, “Ele parece de fato uma pessoa genuína. Ele não despreza as pessoas. Eu o acho corajoso.”

“Não se preocupem amigos: Eu ainda serei eu. Sempre. Sem desculpas.”

Lambert pode estar vivendo a vida de um rockstar, mas pessoalmente ele é o bom moço. (Bem, uma versão glam do bom moço). Ele é doce e educado, rápido em dar o crédito a seus pais por lhe passarem os valores que o guiam. Leila e Eber Lambert deram a seu filho um bem precioso – um base de aceitação emocional e amor que deu a ele a elasticidade pessoal que ele mostra ao lidar com as dificuldades que vem com a fama.

“Minha mãe é… eu a chamaria de borboleta social”, ele diz. Ele aprendeu com ela como lidar com pessoas e situações de modo gracioso e bem humorado. Seu pai, Lambert diz, é carismático e inteligente, e entra nos locais e chama a atenção. Mas mais importante, o pai esteve sempre 100% dando suporte ao filho, o que não é pouco para um garoto que percebeu que era “diferente” aos 12 anos de idade.

E isso, é claro, nos leva ao que Adam divertidamente chama de “o elefante rosa no meio da sala”.

“O meu dreidel [peão judeu] gira ao contrário.” – Adam Lambert em “The View”

Lambert é “assumido” desde seus 18 anos e nunca escondeu sua orientação sexual. A especulação durante o Idol o divertiu e o mistificou. Mas ele é claro numa coisa: “Eu não sou um cantor gay. Eu sou um cantor.”

Ao mesmo tempo, ele compreende que está em posição de ajudar não apenas jovens gays mas qualquer pessoa que se sinta diferente ou sozinha ou isolada. Ele fala com prazer se achar que vai ajudar.

Li a ele as palavras que a mãe de um filho gay me enviou um dia após a Gov. Linda Lingle vetar o projeto de lei de união civil gay (alterei o nome e o texto para proteger a privacidade da família):

“Essa foi uma semana difícil para a nossa família. Nosso filho, Alex, é rápido, inteligente e criativo. Hoje durante o jantar, Alex disse que é um cidadão de segunda classe. Ele deixou a mesa. E não tenho palavras para explicar a dor no meu coração.”

Silêncio curto e então Adam responde: “Bem, tem a ver com ser cidadãos de segunda-classe. E tem a ver com igualdade”. Lambert diz que não entende como as pessoas não podem ver algo tão óbvio. Apesar de, de modo geral, evitar envolver-se em política, ele recentemente gravou uma mensagem aos jovens gays no YouTube. O site “It Gets Better” (“Fica melhor”) foi criado em resposta à recente onda de suicídios de adolescentes. A mensagem dele – Acredite em si mesmo e foque no positivo [veja aqui o que publicamos a respeito].

Lambert acredita estar dando a maior declaração ao viver sua vida de modo aberto, honestamente e sem desculpas. Lambert vive o que outros pregam.

Isso fez dele um herói para Kriss Farrell de 17 anos de idade. “É de fato muito importante para mim porque eu sou gay. Ele pode mostrar ao mundo ‘Este é quem eu sou, este sou eu’. E eu posso olhar e pensar, tipo, eu posso fazer isso também.”

“Eu não sei o segredo do sucesso mas sei que o segredo para o fracasso é tentar agradar todo mundo”.

Lambert diz que almeja longevidade no mundo da música. Mas durante nossa conversa ele diz ainda mais… “Eu quero mudar o jogo.”

Ele está para começar a trabalhar em seu novo álbum e é sagaz o suficiente para entender que tem que tomar decisões inteligentes se quiser cavar um lugar para si mesmo nas paradas de sucesso pop.

Mas, para ele, expressão artística – e a música – vêm primeiro. Ele tem idéias de músicas que irão “mostrar mais lados de mim, mais vulnerabilidades”.

Há uma coisa que ele nunca abrirá mão em nome do sucesso. Lambert insiste em manter sua vida, seus relacionamentos e sua música tão autênticos – tão reais – quanto possível. Essa autenticidade é o que finalmente pode arremessá-lo de um cantor pop de sucesso para um marco cultural.

Há um ponto de revelação no show onde Lambert, acompanhado apenas de uma guitarra acústica, senta-se num palco sem muita luz e canta. Despida de cacofonia eletrônica e bateria, sua voz – sem adornos – soa requintada e pura através da noite.

Ele escreveu a canção, Aftermath, sobre amor e força para encontrar a força dentro de você mesmo.

“Quer gritar, não se esconder,
Não tenha medo do que está lá dentro.
Te digo que você vai ficar bem
No Fim das Contas. A cada vez que alguém te diminuir, a cada vez que alguém te disser que você não pode,
Só se lembre de que você não está sozinho
No Fim das Contas…”

É um momento autêntico – e belo. Diz muito sobre Adam Mitchell Lambert. Ele quer mudar o jogo. E ele vai fazer isso honestamente, sem medo e sendo ele mesmo.

Adam Lambert’s Glam Nation Tour, no Blaisdell Concert Hall, 25 e 26/Out. No momento da impressão deste artigo os ingressos já estavam esgotados.

NOTAS:

Hipsters: É aquele grupo de pessoas que adora se vestir de maneira esquisita (e iniciam tendências por causa disso), especialmente abusando de camisetas e malhas justas que parecem ter mais de 10 anos de uso, calças jeans mais apertadas, chapéus ou bonés ou capuz de moletom, tênis Puma ou All-Star, óculos Elvis Costello (se você for maior de 50 anos imagine os de Carlos Lacerda) e cabelos que variam de um afro para brancos ao estilo Mick Jagger dos anos 60, com aparência de serem lavados uma vez a cada trimestre. Adoram qualquer produção independente seja de cinema ou de música (coisas que você nunca ouviu falar e que vão se tornar moda), lugares alternativos e seu lema é baseado na famosa frase de Clark Gable em E o Vento Levou: “Francamente, eu não dou a mínima”.

Fontes: Adam Lambert TV, Midweek, Examiner

Tradução: Célia Mello

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3 Comments

  1. È por isso que eu me identifico cm o adam, Sou alternativa, adoro coisas dos anos 60 e sou bissexual, com o adam eu aprendi a não ligar pro que dizem ao meu respeito, pois eu sei que eu não sou a única e que eu não estou sozinha. Obrigado por tudo adam. *-*

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  2. ooowwn….que lindooo esse artigo!!!!!
    *___*
    por isso q eu amo mesmooooo e tenho orgulho de ser fã dele!
    versão glam do bom moçO hahaha
    …Jenny, que fofo, nao ligue mesmo pra q os outros falam!
    O Dan é mara e DIVO totalmente e forever!

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  3. E não é isso que ele é mesmo?? um bom moço glam!! um fofo tudo de bom e glam!! o que eu acho o méximo é que ele é um cara com conteúdo além de todo o resto que ele tem de talento, de beleza, de interessante.. enfim! amei esse texto também!

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