Review do RiverFront Times do Show de St Louis, MO – 08/08

Adam Lambert Transcende o American Idol no Pageant

O American Idol está levando uma surra este ano. Além do drama usual com os jurados, o interesse geral no show parece estar diminuindo. De fato, a final de resultados do show teve a mais baixa audiência de todos os tempos. Talvez o que o Idol precise seja outra personalidade como Adam Lambert. O segundo colocado da oitava temporada correspondeu – e excedeu – as expectativas no Pageant, na noite passada.

Glam, disco, pop eletrônico, rock, gótico e pop dançante colidiram num bem executado e agradável show. E como qualquer artista inteligente, ele deixou a platéia lotada querendo mais.

Depois de uma versão gravada de ”For Your Entertainment”, a faixa-título de seu álbum de estreia, Lambert apareceu no topo de uma escada usando uma cartola e um longo casaco, a la Johnny Deep em Alice no País das Maravilhas. (Seu topete, entretanto, gritava ”rockabilly” ou ”Morrissey.”) Ele desfilou pelo palco, e abriu com o pop eletrônico e magnético de ”Voodoo”, uma mistura de Duran Duran e Sade.

A energia aumentou com a tecno Eurodisco de ”Down The Rabbit Hole” e uma energética apresentação da faixa co-escrita por Lady GaGa, a disco vamp ”Fever”.

Por último apresentou Lambert e seus quatro dançarinos em movimentos furtivos e coregrafia impecável.

O álbum “Entertainment” tem composições e produção de figuras conhecidas do Top 40, incluindo Pink, Linda Perry, Max Martin e Ryan Tedder do One Republic. Mas a parcela rock de “Entertainment” é quase mais impressionante: Lambert também canta músicas de Matt Bellamy do Muse (”Soaked”), de Justin Hawkins do The Darkness (”Music Again”) e Rivers Cuomo do Weezer (que co-escreveu ”Pick U Up”). E Rob Cavallo que é mais conhecido por seu trabalho com Paramore e Green Day, também produz várias músicas. Com tantos talentos no álbum, ele com certeza é contínuo e profissional – se não perfeito demais às vezes.

De qualquer maneira, Lambert usou uma banda de primeira linha ao vivo que se soltou nos arranjos e mostrou serviço. O baterista Longineu Parsons estava no Yellowcard e veio de uma família musical, enquanto que a tecladista Camila Grey está na banda cult de eletro pop Uh Huh Her. O guitarrista Monte Pitmann, que tem inúmeras chances de liberar pesados e matadores solos de guitarra, está na banda de Hard Rock, Prong e fez turnê com Madonna. (Na verdade, ele a ensinou a tocar guitarra). O andrógino baixista Tommy Joe Ratliff, cujas madeixas loiras e maquiagem fazem com que ele pareça um ex-integrante do The Cure, ancora as faixas, silenciosamente e constantemente.

Estes músicos mostraram muita habilidade no operático glam gótico (”Sleepwalker”), a mistura de Def Leppard com funk híbrido dos anos 80 (”Sure Fire Winners”) e o hino dos clubes gay (”If I Had You”).

”Soaked” de fato soou exatamente como uma música do Muse, desde os vocais de Lambert até os floreios de piano clássico. (O que deixou claro que Lambert deveria estrelar num remake do ”Fantasma da Ópera”).

Sem nenhuma surpresa, a iluminada e estridente glam-pop, ”Music Again” soou como uma faixa do The Darkness, completa com Lambert liberando notas altas pelas quais Hawkins é bem conhecido.

Um cover psicodélico e fervoroso de ”Ring Of Fire” de Johnny Cash, separou a diferença – soou como Muse dando uns amassos no The Darkness num armário escuro. E o pulsante funk eletrônico de ”Strut” mostrou alguns passos de dança sensual – porém com um toque poderoso – com uma bengala.

Mesmo assim Lambert tem um qualidade camaleônica que nos diz que ele não é um artista efêmero. Mais ou menos na metade do show, ele se acomodou num banquinho para uma versão acústica do seu mega sucesso ”Whataya Want From Me”.

A música ”Aftermath” também mostrou guitarras acústicas e alguns vocais quase ”Timberlakianos”. O bis foi focado nas músicas que ele apresentou no Idol: ”Mad World” do Tears for Fears, sem adornos e sincero, provando um contraste com a sedução pesada de ”Whole Lotta Love” de Led Zeppelin.

Apesar de ser assumidamente gay, Lambert é o tipo de estrela pop que é simplesmente sexual, independentemente da sua preferência sexual. (Ele realmente beijou de leve o baixista Ratliff, mas foi mais pela diversão do que para explorar…)

Suas calças foram do ”couro apertado” ao ”ajustado no corpo” – e para a segunda metade do show, ele se apresentou com uma camisa sem mangas, com um ”A” brilhante nas costas. (Uma letra escarlate inversa?)

Ele exala confiança enquanto desfila pelo palco e agrada a exasperada platéia com muitos movimentos dos quadris, balanço do corpo, passos fluídos e movimentos sincronizados. O único passo em falso foi seu banal tamborilar de palco, que pareceu conservado e forçado.

Lambert provavelmente não teria encontrado uma platéia tão grande se ele não tivesse participado do Idol. (Sua base de fãs provavelmente tampouco seria tão diversa: O alcance das idades da platéia varia desde crianças em idade escolar até vovós, com ênfase especial em mães de meia-idade e garotas adolescentes).

De qualquer maneira, ele tem atuado e se apresentado por anos antes de ter estado na tv, e isso aparece: Lambert é um artista nato, com um impecável senso de ritmo.

Isto contribui muito bem para o prospecto de sua futura carreira, porque ele já se sente muito à vontade no palco, estando lá, bem… para o seu entretenimento.

Allison Iraheta, uma companheira da oitava temporada do American Idol, abriu o show. Ela estava vestida ao estilo roqueira, com longos cabelos vermelhos, um vestido preto e branco colado ao corpo e botas. Infelizmente, sua apresentação parecia simplesmente que ela estava mostrando a parte roqueira; ela não incorporou o feroz papel de líder vocalista. Quando ela cantou e desfilou simultaneamente pelo palco, sua nebulosa voz hard-rock ondulou e ficou rouca, como se o material não combinasse com seu alcance vocal. O cover de ”Heartbreaker” de Pat Benatar também pareceu um grande esforço. O efeito cumulativo foi ”diluted Heart”. Iraheta soou mais confiante e sólida durante os momentos em que ela se virou em direção ao teatro musical ou ao rock com toques de blue, ou quando ela ficou parada cantando junto ao microfone, como ela fez em ”No One Else”. Talvez devido a familiaridade, o rouco single ”Don’t Waste Your Prety” também foi bem apresentado. O show terminou com o conhecido single ”Friday I’ll Be Over U”, o qual novamente foi de alguma forma vacilado. Iraheta ainda é jovem – só tem 18 anos – e sua estranheza no palco seja provavelmente da inexperiência, mais do que qualquer outra coisa. Com esperança, ela vai encontrar sua própria voz no futuro.

Fonte: RiverFront Times

Tradução: Glória Conde

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One Comment

  1. Ele é o máximo!

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