Psychology Today: What Do You Want From Me?

Por que a música “Whataya Want From Me?” de Adam Lambert, está se tornando um hit mundial? Além de uma melodia cativante, de um intérprete que conquistou a todos nós e da colaboração da cantora e compositora Pink, o que existe nessa letra que faz com que a maioria das pessoas se identifique? O que faz com que ela se torne viciante? A resposta é simples: Não existe um ser humano que alguma vez na vida não tenha perguntado a alguém (por motivo qualquer que seja): “O que você quer de mim?” numa fase de vulnerabilidade em seus relacionamentos interpessoais. O tema é tão complexo que existe a explicação feita por uma profissional (Maryanne Fisher), PhD em Psicologia da Universidade de Saint Mary’s, em Halifax, no Canadá, que se interessou pelo assunto e compartilha conosco a sua pesquisa pra lá de interessante:

“O QUE VOCÊ QUER DE MIM?”

Eu sou apaixonada por Adam Lambert – ou mais especificamente, pelo seu hit, “Whataya Want From Me “? (“O que você quer de mim?”). É tão incrivelmente cru e visceral, é praticamente uma canção que eu realmente sinto que ecoa dentro de mim. Muitas vezes eu perguntei: “O que você quer de mim?” para várias pessoas em minha vida, mas geralmente eu não disse isso em voz alta. Eu me pergunto: o que aconteceria se eu passasse fazendo essa pergunta para as pessoas durante uma semana?

Eu tenho certeza que qualquer um de nós já se sentiu assim, o que poderia nos explicar o motivo dessa música ser tão popular. (Lógico que no seu caso, Sr. Lambert, você sabe, pois tem uma impressionante capacidade vocal e é também muito bonito, o que ajuda na sua popularidade, tenho certeza.) O que eu acho de curioso nisso é que quando nos relacionamos com as pessoas e quando tudo vai bem nesse relacionamento, tendemos a não nos questionar a esse respeito. Quando as coisas começam a azedar, ou começamos a nos perguntar para onde tudo está indo, esta parece ser a pergunta mais adequada que surge em nossas mentes. Mas por que isso? Deixe-me voltar um pouco nesse assunto antes de tentar responder essa pergunta.

Eu acho que existem duas partes dessa música que mais me falam ao coração: “Eu preciso de um segundo para respirar”, o que representa um ato de contemplação em um relacionamento, e a outra, com mais tristeza, e raiva: “O que você quer de mim? ” Esses dois sentimentos andam lado a lado para mim.

Quando vc pressiona alguém contra a parede, muitas vezes é prudente dar um passo atrás, e contemplar, e só então decidir o que fazer. Decisões que envolvem as relações interpessoais sejam elas sexuais, românticas, familiares, amistosas ou com colegas de trabalho, são algumas das tarefas mais complexas para o nosso cérebro. Há simplesmente muitos fatores a se considerar, como o que a outra pessoa poderá estar pensando, ou quais as suas reais intenções, ou se elas estão se comportando deliberadamente ou inconscientemente, e, naturalmente, o que essas pessoas querem de você.

Contra qual tipo de parede você pode estar sendo pressionado? Pode ser que o relacionamento esteja se desenvolvendo muito rapidamente e você está tentando descobrir o que você realmente quer dele. Ou poderia mesmo estar caindo aos pedaços e indo rápido para um abismo e que você esteja tentando salvar o que restou dele. Talvez você esteja tentando decidir entre duas ou mais alternativas possíveis. Talvez alguém tenha te decepcionado, ou você tenha decepcionado alguém. Você pode até se sentir impulsionado, animado diante de uma situação e queira ter a chance de ver como aquela pessoa especial poderá reagir. Há um número enorme de razões pelas quais você possa estar se sentindo assim, mas a essência é a mesma: você provavelmente acha que precisa de algum espaço para tomar uma decisão. Você só precisa resolver as coisas, e meditar a respeito das opções possíveis, ou talvez apenas deixar o tempo curar algumas feridas (e isso quase sempre acontece).

Eu penso que nós subestimamos a necessidade de espaço que as pessoas têm em suas relações, e de como é importante dar esse espaço para que essa pessoa possa colocar em ordem os seus pensamentos. Eu procurei na literatura científica algo a respeito desse assunto e o quanto atinge o relacionamento interpessoal e não encontrei muita coisa sobre este tema, de modo que parece que isso ainda precisa ser estudado. O que eu posso dizer, com base em experiência pessoal, é que se você está em um relacionamento onde a outra pessoa em questão te pediu um espaço, você pode se sentir insultado ou frustrado – no entanto, você só quer ter uma resposta sobre o assunto para poder seguir em frente. Portanto, siga alguns conselhos do Sr. Lambert e dê a essa pessoa um segundo para que ela possa respirar.

Quanto ao “O que você quer de mim? parte 2, eu acho que é mais complicado. Eu ouço isso como uma frase triste, como se representasse algum tipo de frustração, mas também me soa como alguém que está desistindo de algo, como quando a pessoa se manifesta nessa expressão dessa forma: – “Meu Deus, mas o que você esperava de mim?” Ou “- Que diabos você quer que eu faça? ” – Independentemente da emoção que ela transmita, é definitivamente um sinal de que o relacionamento não está transcorrendo sem problemas, talvez as pessoas envolvidas estejam vendo uns aos outros como eles realmente são, e não mais através de óculos cor-de-rosa. Uma amiga minha chama isso de “fim do período de lua de mel” – e ela usa isso para descrever todos os seus relacionamentos interpessoais. O que ela quer dizer com isso é que uma vez que a novidade da relação acabou, e você começa a ver a pessoa como ela realmente é, isso pode ser decepcionante.

Tudo isso está relacionado com as nossas expectativas. Eu publiquei um artigo sobre este tema, há um tempo atrás, porque as pessoas procuram por esse tipo de informação. Acontece que quando nós conseguimos o que queremos, nós ficamos satisfeitos. Quando nós esperamos algo medíocre e o que acontece acaba superando nossas expectativas, nós sentimos que fomos atendidos, pois nós nos surpreendemos, então nós ficamos satisfeitos. O problema é quando esperamos que algo nos surpreenda e não conseguimos, e acabamos muito decepcionados.

Uma maneira de contornar essa bagunça é simplesmente tentar reduzir as nossas expectativas, mas será que isso é realmente razoável em se tratando de relações interpessoais? Por exemplo, vamos analisar um relacionamento romântico: à medida que ele progride você pode tentar se proteger e manter suas emoções na retaguarda, não se envolvendo a fundo com essa pessoa. Mas em algum ponto, você provavelmente vai desenvolver sentimentos de amor por essa pessoa mesmo que você não queira. Essa é a ironia: você pode ter a melhor das intenções ao entrar em um relacionamento, pode pensar que vai mantê-lo leve e macio, e pronto: BOOOM!, como uma bola de canhão no estômago, lá está você, totalmente apaixonado.

Analise o que quer dizer o Sr. Lambert. Na minha opinião, nesse processo de tentar descobrir o que a pessoa quer de você, você se enxerga num verdadeiro exercício de tentar classificar as suas próprias expectativas e quão satisfeito ou insatisfeito pode se sentir com isso. E às vezes, isso requer espaço, ou mesmo a necessidade de um segundo para que se possa respirar.

Fonte: Psychology Today

Tradução: Mônica Smitte

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