Revista OUT – Parte 1

Como a gente já tinha postado aqui, o Adam foi capa da revista OUT.

Foi disponibilizado uma entrevista online com ele que não saiu na revista. São 2 partes da entrevista, aqui a primeira.

Adam Lambert: A entrevista para a Out, Parte 1
O integrante da lista dos 100 Mais da Out na categoria Revelação do Ano sobre a vida na máquina Idol, fora no mundo real, e no jogo do amor.

Por Shana Naomi Krochmal

No começo de Outubro, Out sentou com Adam Lambert por uma hora para uma conversa sobre seu álbum de estréia, a vida dentro da máquina American Idol, e sobre como esculpir uma carreira na indústria da música ainda é mais fácil para ele do que se apaixonar. (Lambert e o até então namorado Drake LaBry terminaram após essa entrevista, depois que Out foi impressa.)

Na primeira metade da nossa transcrição extendida da entrevista, Lambert faz um bate-bola com a gente do centro da Fox, fala sobre qual o seu tipo de homem (dica: ‘beleza’ é bem importante), e faz um estudo de quão longe a curiosidade pode te levar.

Out: Vamos começar falando sobre Lady Gaga.
Adam Lambert: Eu vi aquelas fotos na Out, as fotos do Halloween. Eles estavam incríveis! E sou tão renovado por ela. Eu acho que ela finalmente está correndo riscos. Tipo onde estão essas pessoas? Sabe do que eu estou falando? Eu estou inspirado por ela. Eu estou tipo, “Sim, sim porra. Vamos correr riscos.”

Nós todos queríamos que aqueles rumores sobre você pegar o lugar de Kanye na tour fossem verdade.
[Risos.] Não é verdade. Seria muito divertido.

Seria a tour mais gay de todos os tempos?
Provavelmente seria. A platéia seria maravilhosa, provavelmente, na tour. É muito engraçado pra mim porque um monte dos meus fãs mais fiéis – pessoas que foram para os shows do Idol, e eu olho os cartazes às vezes – tinham uma quantidade surpreendente deles que não gostam dela.

Sério?
E eu gosto, mas – o jeito dela de se aproximar da música não é tão distante do que eu estou fazendo. Ela está fazendo o que a garotada dos clubes estão fazendo e fazendo isso tipo ficar no, Top 40.

O que isso te inspirou a fazer?
Definitivamente a correr riscos. Sonoricamente, o estilo atual da música dela é, tipo, música de boate. Não é necessariamente tão avançada como ela se apresenta visualmente, mas é isso que faz ser tão genial. É uma música que todos amam e ela está se fantasiando e fazendo o que ela quiser. Eu acho, que é o que deveria ser. É como você interpreta isso.

O que você aprendeu no Idol se aplica ao verdadeiro mundo da indústria musical?
Eu penso que sim. Sim.

Você se sente como se você estivesse tendo um nível diferente de conversação com os executivos musicais?
Quando eu paro e compreendo com quem eu estou falando e o que eles fizeram, eu fico tipo, puta merda. Essas pessoas são poderosas e elas têm uma consciência tipo… Ufa! Eu tento não pensar nisso. É o mesmo jeito que eu lidava com o programa. Apenas não ligar para o fato de que tem 30 milhões de pessoas te assistindo agora, apenas faça o que você sabe. Apenas fique no palco, cante para as pessoas na platéia da televisão, e não pense nas câmeras.

Como você lidava com isso?
Eu acho que o que eu fiz no Idol foi ficar pensando comigo mesmo, Ok, eu quero ficar no show a maior quantidade de tempo possível, então o que eu preciso fazer para manter as pessoas interessadas? Para mim, foi meio que entrar um pouco naquele estilo camaleão em algumas situações onde essa semana, eu vou fazer mais desse jeito, e soar assim. E sempre fui eu, mas agora eu vou vir aqui, agora eu vou lá. Porque nós tínhamos temas diferentes, e é mais ou menos isso que você tem que fazer. Tentar redirecionar e me colocar no centro disso, mas tocando diferentes tipos de músicas. Essa semana eu não ter nada no estilo roqueiro. Eu vou fazer Motown. Eu não vou usar nenhuma maquiagem e eu vou usar meu estilo retro clássico limpo. E as pessoas ficaram tipo, “Wow!” E eu fiquei tipo, “Para mim não é tão diferente. Eu só estou vestindo um terno, eu só penteei o cabelo.”

Assistir suas performances no Idol, era quase como se você estivesse usando um código antigo para dizer, “Nós estamos todos dentro disso.” Me diz qual parte disso era deliberado.
Nunca houve nenhuma deliberação, tipo, “Eu vou dar pinta agora…” porque eu nunca estive no armário. O que é engraçado em ter lidado com tudo aquilo foi… [Longa pausa.] Quando aquelas fotos foram publicadas online, eu surtei. Eu fiquei tipo, “Ótimo, isso vai foder as coisas.” Porque eu pensei, você sabe, esse é um programa de televisão nacional e pessoas são conservadores no nosso país, com exceção de L.A. e Nova York e mais algumas outras cidades.

Eu acho que para um monte de pessoas, não importa o quão assumido você fosse, você tem esses momentos onde você fica tipo, “Como as pessoas vão reagir?”
Para ser sincero com você, foi um momento bem estranho, porque eu tenho vivido em L.A. por 8 anos tipo, sim, eu sou gay. Eu vou a baladas e bares gay e eu vou a baladas e bares hétero também. Eu não penso duas vezes sobre isso. E foi a primeira vez desde que eu me assumi com 18 anos que eu precisei pensar sobre isso.

Durante o processo de audição, isso não foi comentado? Tipo, “Okay, Eu vou talvez esconder isso um pouco…”
Eu só estava fazendo disso não ser um assunto, porque para mim, realmente não era sobre isso. É sobre o fator entretenimento. E eu não entendo o porque tem que ser sobre a minha sexualidade. Eu só não vou ficar falando sobre isso de um jeito ou de outro. Isso não importa. E quando aquelas fotos apareceram, eu fiquei tipo, sabe de uma coisa? Eu pensei talvez eu só vou assumir e dizer “Sim, eu sou gay.” Mas eu não queria me rotular. O que eu fiz foi, eu disse, “Eu não estou envergonhado com as fotos.” Eu não fiz as coisas que algumas pessoas fazem e dizem, “Eu cometi erros no passado.” Eu não queria que viesse a conhecimento que era um erro ou algo que eu estivesse envergonhado, porque eu não estou.

Não era nada como alguma fita de sexo explícito que qualquer pessoa, gay ou hétero, seria eliminada do Idol.
Eu estava beijando meu ex-namorado.

Mas aquele medo, de que há aquele padrão duplo para gays – não está sempre errado.
É uma coisa difícil que toda pessoa vai ter uma opinião sobre. Você sabe? Algumas pessoas na comunidade gay podem olhar para isso tipo, “Você realmente devia ter assumido aquilo. Você não escondeu, mas você não admitiu e aquilo foi fraqueza.” O que eu quero dizer é, eu não estou tentando liderar a porra do caminho dos direitos civis que nós estamos agora. Eu apenas sou um cara gay – e eu não estou envergonhado disso de jeito nenhum. Sem ressentimento nenhum de como eu lidei com isso, isso se tornou um assunto enorme. Então eu percebi você sabe o que, eu só não vou me rotular, eu vou assumir as fotos, eu vou superar isso e apenas continuar sendo eu mesmo no programa. E então eu esperei até depois porque finalmente me foi dada a oportunidade. Quero dizer, no programa, nós não podemos de verdade [permitidos de falar com a imprensa].

Você disse que foi sua escolha de como lidar com aquilo. Até os gays mais seguros que eu conheço ficam divididos sobre você ter tanto controle. Como aconteceu? Você foi chamado em uma reunião?
Literalmente, no minuto em que as fotos apareceram, a publicitária do programa me ligou e foi tipo, “Então? Você ficou sabendo dessas fotos?” E eu falei tipo, “Sim.” E ela disse, “O que você quer fazer sobre isso?” Ela foi muito legal.

Essa é a publicitária da Fox?
A publicitária da Fox, [Jill Hudson]. Ela ficou tipo, “Coisas assim já aconteceram antes, e é isso que costuma acontecer…” E eu falei tipo, “Jill, eu não quero negar elas, e eu não estou com vergonha delas. E eu não quero parecer como se estivesse com vergonha delas. Porque esse não sou eu. Esse não é como eu sou. Mas, ao mesmo tempo eu realmente quero essa oportunidade e eu quero ficar no programa por quanto tempo for possível. Então, eu meio que tenho que aparecer com um meio-termo.” E ela foi tipo, “Bem, é algo importante para você?” E eu falei, “Não.” E ela disse, “Bem, então não vamos fazer disso algo importante.” E foi isso que nós fizemos. Ela foi tipo, “Você sabe, assuma. Diga a eles quem você é, e simplesmente siga em frente.” E foi isso que fizemos. E eu estou feliz de ter lidado com aquilo daquele jeito, porque eu acho que assim que tivesse dito as palavras e me rotulado – você sabe, dizer “Eu sou gay.” – eu acho que teria sido mais sobre isso, inicialmente, e então mais nada. E o fato de nós não termos aparecido e feito um grande anúncio ou qualquer coisa desse tipo – o que não faz sentido nenhum para mim de qualquer forma. Não é um anúncio. É apenas parte de quem eu sou. Mas como a nossa nação é desse jeito, é um anúncio. E também, existem bem poucas celebridades gays. [Longa pausa.] É bem legal, agora, olhar para trás, porque eu acho que sem falar sobre isso, e tornar parte da minha identidade, eu acho que eu permiti aos espectadores a ficarem mais abertos para mim. Eu acho, assim que eu coloquei tudo na mesa dizendo que eu era gay, eu acho que as pessoas fechariam suas cabeças imediatamente.

Mas você diria que foi uma minoria de pessoas que ficaram surpresas que você era gay?
Sim, eu espero que sim. Se de alguma forma isso puder abrir a mente dos outros ou seja lá o que for, então ótimo. Eu não vou ficar aqui sentado pensando em como abrir a mente das pessoas. Essa é uma coisa que as pessoas tem que entender.

Você não quer abrir a mente das pessoas com a sua arte? Você me aparenta ser um artista que tem um ponto de vista.
Eu de fato tenho um ponto de vista. Eu talvez tenha algo a dizer agora e de novo. Eu só quero que as pessoas gostem da música e se divirtam. Para mim é isso que é música. Não é tão política para mim. Eu talvez possa ser o assunto de algo que é mais político, já que estamos em um tempo esquisito agora. E se eu puder abrir indiretamente a mente das pessoas e fizer com que elas meio que mudem um pouco a sua forma de ver as coisas, então eu vou ficar muito feliz com isso. Mas essa não é minha missão. Não é por isso que eu estou fazendo isso.

Você fala do Idol mais como uma plataforma do que uma competição. Eu sempre vi o Idol como uma máquina, uma máquina política que pode te ajudar ou te destruir –
É mesmo!

Te assistir era animador porque era como se você estivesse derrotando eles no jogo deles.
Nós estávamos todos no mesmo barco. Eu senti desde o começo que todos eles estavam do meu lado. Eles não estavam contra mim. Eles nunca disseram, “Abaixa o tom.” Eles sabiam que era bom para audiência, eles sabiam que as pessoas estavam gostando. Eles me encorajavam. Eu ficava tipo, “Isso é ótimo! Isso não podia ter sido melhor.” Eles me apoiavam totalmente no que eu queria fazer. Eles não ficavam fazendo perguntas. Eles eram tipo, “O que você vai cantar? É algo bem conhecido? As pessoas vão gostar? Bem, legal! Então dê tudo de si, cara! Você vai vestir o que? Tudo bem!” Eles não se importavam.

É sobre dinheiro no fim das contas, certo?
É sobre fazer um bom programa de TV.

As expectativas para o seu álbum poderiam ser um pouco maiores?
Eu sei. É muita pressão agora, e às vezes me amedronta um pouco. Mas, eu acho que o que você está dizendo – sobre o programa ser uma plataforma e uma máquina e isso tudo – eu acho que o que acontece é, eu sou uma das pessoas de mais sorte que estiveram na indústria [da música] por um tempo. Eu não estive necessariamente na indústria de gravadoras. Nos últimos anos eu comecei a trabalhar em algumas demos e coisas desse tipo e querer entrar na indústria. Mas eu estive na indústria teatral por muito tempo. E eu vivi em L.A. por oito anos. E quando você está na cidade do entretenimento, e você abre seus olhos e você conhece pessoas e você ouve histórias e você tem amigos que passaram por isso e aquilo, indo em um programa como o Idol, você entende, indo participar. Eu acho que o que acontece é que um monte de pessoas que eles escolhem são de cidades pequenas do meio Oeste, ou são estudantes e agora eles meio que cantam por diversão. Todo o aspecto amador do programa é muito interessante, porque cria personalidades acessíveis para a audiência poder se ver nelas. É por isso que se parece como uma máquina. Porque a máquina tem que direcionar quem está a sua volta, esses amadores que não sabem o que devem fazer. E eu acho que tem algumas pessoas que vêm até o programa e que são seguras de si mesmas, e elas sabem como lidar com o programa. E eu acho que esse fui eu.

Você teve algum bom conselho sobre negócios seguros?
Bem, uma boa quantidade de produtores me falou apenas para me manter verdadeiro comigo mesmo. Apenas tenha certeza de que você está no centro disso, artisticamente. É isso que eu estou tentando fazer. E tem sido facilitado bem elegantemente. É uma estranha confusão que fazem com o programa, que é uma máquina e que eles controlam as pessoas ao redor dela. Eu acho que algumas pessoas são controladas porque elas não sabem qual direção tomar.

Eu quis dizer mais como, eles te testarem e ver se você se destaca na ocasião. Se opondo a como você veio e ser mais tipo, “Isso é o que nós vamos fazer. Trabalhar ao meu redor.”
Sim, eles amam isso, na verdade. É menos trabalho para eles. Eu acho que eles ficam animados com alguém que tem uma direção e idéias e confiança. Eles amam isso. Essa é a coisa do programa que as pessoas não entendem. Eles não são ameaçados por isso. É isso que eles amariam. Eles amariam colocar quantas pessoas daquele jeito fossem possíveis no programa. Isso faria um grande espetáculo.

Vai ser interessante assistir o programa do ano que vem.
Eu espero que eles se arrisquem mais. Eles realmente deveriam.

E então como você está lidando com toda essa expectativa?
Eu apenas estou tentando não pensar sobre isso. É tipo, “Faça seu disco, faça sua música.”

Quando foi a última vez que você teve um dia inteiro de folga?
Ontem. Sai com meu namorado. Fui a praia. Só relaxei.

Vamos falar sobre garotos.
Ok.

Me fale mais sobre o seu namorado.
Sabe de uma coisa, eu tento não falar muito sobre ele com a imprensa porque é como, tentar deixar alguma coisa um pouco mais privada. É surpreendente – bem, não tão surpreendente assim, é muito difícil manter um relacionamento no meio de tudo isso.

E é algo relativamente novo.
É pedir demais para uma pessoa, para entender, para ficar ok [com isso.]

Ele tem estado bem?
Sim.

Teve rapazes dando em cima de você na tour?
Não. A maioria dos fãs que vieram fazer contato foram mulheres. Um monte de mulheres.

Mas você tem bastante fãs gays.
Eu conheci uns três. Essa é a coisa engraçada para mim – eu não faço idéia de quem gosta de mim, porque as únicas pessoas que eu conheci foram mulheres.

Talvez homens gays nunca teriam ido num show do Idol.
Isso é verdade, talvez seja a coisa do Idol. Eu não pensei sobre isso. Você provavelmente está certa sobre isso.

Eu fiquei surpresa em ver como pareceu afirmado te ver se apresentando em uma grande arena, com 20.000 mil pessoas gritando para você.
Essa é outra coisa, isso é de uma forma indireta, a aceitação está sendo promovida bem agora. Isso é muito, muito poderoso, e isso é uma coisa difícil de acontecer. Especialmente para um homem na indústria da música, francamente, é difícil.

Tem comentários que tanto você quanto o Neil Patrick Harris são exceções a regra, a idéia de que nunca poderia haver um gay assumido, protagonista ou uma estrela da música. Ambos parecem muito confiantes e confortáveis com quem são. Mas isso nem sempre é verdade para seus empresários. Nós fomos bastante podados pela sua assessoria – e por muitas outras pessoas – que dizem, “Bem, não vamos ser muito gay…”
Bem, você sabe, eu acho que tem algo nisso, apesar de tudo. Eu acho que a mágica desse momento é que eu não estou alienando ninguém. Eu não estou tentando de qualquer forma. Eu quero o quanto for possível que as pessoas sintam que elas podem gostar da música. Eu não quero me editar ao ponto de eu sentir que eu não tenho integridade. Mas ao mesmo tempo, eu sinto que eu não quero alienar as pessoas, então é bem difícil. É quase como ser uma figura política. É como ter que balancear as coisas. Eu realmente me sinto bem em como eu tenho sido assumido, porque eu realmente não sinto como se tivesse escondido qualquer coisa. É pegar e escolher. Quando é apropriado e quando não é? Uma das coisas que eu não gosto na comunidade gay é que as pessoas se definem pela sua sexualidade – e isso é besteira. Não deveria ser sobre isso. Deveria ser que você é apenas isso, acontece que você é isso ou aquilo, e essa é sua sexualidade. Não significa que isso deveria ditar qual é seu grupo social ou onde você vai ou com quem você conversa ou quais são seus interesses. Isso é besteira. É retrógrado.

É bem limitado.
A segregação [de pessoas heterossexuais] que existe na comunidade gay é retrógrada. Há um tempo, era necessário porque nós não éramos aceitos. E agora que a aceitação está avançando, nos últimos 10 anos. Eu acho que nós devemos avançar também, e eu acho que nós devíamos tipo, ser menos segregados e apenas ser.

Como você descreve sua sexualidade?
Eu acho que uma das coisas interessantes sobre a comunidade gay é que enquanto as pessoas assumem sua homossexualidade, existe uma estranha aversão em deixar o masculino e o feminino existir dentro de você de uma forma equilibrada. E para mim, pessoalmente, eu sinto que eu tenho um lado masculino muito forte, e eu também tenho um lado feminino muito forte. E muitas pessoas têm medo de viver nessa área cinza. Tem meninos em Boystown que são também realmente femininos ou realmente machões. É nos extremos. Eu amo quando encontro pessoas que estão confortáveis sendo os dois. E eles não têm que se identificar sendo realmente feminino ou machão. Por que? Por que você deveria?

E também, se você é um desses, então você deve ser atraído por outros. Você sente atração por rapazes iguais a você?
Eu já nem sei mais. Eu acho que quando eu era mais jovem, eu podia definir sobre a minha sexualidade, qual era o meu tipo e tudo isso. Mas conforme eu fui ficando mais velho, e aprendi mais sobre mim mesmo e sobre o mundo, realmente não tem mais nada haver com tipo. Quero dizer, se alguém é sensual, eles são sensuais. Se alguém é interessante, eles são interessantes. Se você tem uma energia e uma química com alguém, então você tem química. Feito. Você não pode definir ou explicar isso. Somente é. Você só conhece a pessoa e faz uma conexão, ou não. Entende? [Pausa] De qualquer forma – eu gosto de meninos bonitos.

[Risos.] Que tipo de beleza?
Bonitos. Bonitos são bonitos. E eu geralmente sou atraído por [caras que são] mais novos que eu. Geralmente… Mas há exceções.

Você disse a Rolling Stone que você tinha uma queda pelo Kris Allen, e virou uma loucura sobre isso.
Acredite em mim, logo depois que eu falei, eu fiquei tipo… Se transformou nessa coisa, e eu fiquei tipo, “Oh Deus, eu não devia ter dito isso e agora está tomando dimensões absurdas.”

Você costuma ser atraído por rapazes héteros?
Não, na verdade.

Kris parece ser um cara bem hétero.
Ele é um cara bem hétero. Ele é bem hétero. Ele é apenas… fofo.

Ele é bonito.
Ele é bonito. Ele é um menino bonito. Sabe? E ele é legal. Ele é um cara realmente legal. Uma das coisas que eu acho inovadora e legal sobre ele é que ele é do Arkansas – e esse sou eu sendo mente fechada – eu meio que notei que a aceitação de pessoas como eu no Arkansas é bem menor do que aqui. E ele é muito mente aberta sobre o estilo de vida de outras pessoas e ele não julga. Ele é um bom rapaz.

Ter alguém que é bem religioso e que se porta dessa forma…
Essa é a coisa engraçada, é que ele não é muito religioso, eu não sei de onde ele ganhou esse rótulo. Danny [Gokey] é muito religioso.

Vamos falar sobre Michael Sarver, que primeiro aparentou ser um rapaz bem religioso que não estava muito confortável com você sendo gay. Mas quando a tour encontrou com os protestantes “Deus odeia bichas”, ele estava por todo Twitter condenando eles e defendendo você.
Aquele cara tem um coração muito bom. Ele tem. E eu acho que ele representa uma grande porção do nosso país, pessoas boas que simplesmente tem medo do que elas não conhecem. Nós nem tivemos muitas conversas sobre aquilo diretamente, mas é apenas outro exemplo de aceitação. Nós apenas ficamos um com o outro. Ele apenas quer que todos gostem dele, e ele quer gostar de todo mundo. É muito simples, o que ele precisa. E eu tenho necessidades bem parecidas. Nós passamos muito tempo juntos, nos bastidores e no ônibus. Nós nos damos muito bem. Eu acho que o que ele percebeu que essa porra não importa. E ele ultrapassou isso.

O Danny era muito religioso de um modo que te fazia desconfortável?
Não, nunca desconfortável. Danny é um pouco mais fundamental na sua forma de ver do que eu acho que o Michael é. E eu não acho que a forma dele de pensar vai mudar. Mas isso não impediu o caminho. Nós tivemos algumas conversas sobre religião e moralismo. E não era para nenhum de nós tentar convencer o outro, era só meio que para aprender. Ele era bem legal com isso, apenas tendo uma conversa. Nós tivemos algumas conversas bem profundas sobre Deus.

O que você aprendeu?
Eu tive um senso melhor de como um cristão bem forte e tradicional se parece. Eu realmente não tenho uma grande quantidade de amigos desse jeito, então foi educacional para eu aprender sobre o que é isso e quais credos estão por trás disso. Eu fui criado judeu, antes de tudo, e eu nem sou tão religioso. Eu me consideraria espiritual, meio que me baseando em idéias mais da Nova Era. Eu não sou tipo, totalmente hippie – mas aqueles sistemas de crenças fazem mais sentido para mim.

Você já superou os seu passado escandaloso?
Eu realmente sinto que há um monte de coisas para trás, e é uma sensação boa.

Então você não está esperando para outro sapato ser jogado…
O que é engraçado é que nos anos 70 um monte de artistas glam – como Bowie, T. Rex, Iggy Pop, Alice Cooper, KISS – eles estavam criando laços entre os gêneros com a imagem deles, mas a maioria deles eram bem hétero. Mesmo eles parecendo bem exibicionistas. Bowie foi o cara que meio que te fez pensar. Mas ele era hétero, certo?

Sim, eu acho.
Sim, eu sei, eu não gostei disso também. Mas esses são os anos 80 para você. No centro disso, a pergunta era, “Eles são gays?” E eu acho que seria divertido meio que brincar com aquela imagem de, “Ele é gay?” mas do jeito contrário.

Você está brincando com a percepção quando você fala como você poderia ser bi-curioso? Ou você é geralmente atraído por mulheres?
Eu vou ficar com uma garota em um bar. Quero dizer, depois de alguns drinks.

[Risos.] Isso não te faz nem um pouco menos gay. De três mai tai para um menino gay e ele vai ficar com uma menina. Sexo é algo diferente.
É por isso que eu digo que sou curioso. Há caras gays que caçoam e fazem ‘eww’ sobre a possibilidade de fazer sexo com uma garota. Eu sou curioso sobre isso, porque eu nunca fiz.

Você nunca teve nenhuma relação com garota?
Oral.

Você que fez nela?
Uh-huh.

Foi nojento, ou só não foi o que você queria?
Foi um pouco nojento porque eu não acho que ela estava tão limpa como ela poderia estar. Não foi o ato de fazer que me desanimou. Eu realmente não lembro. Eu tinha 18 anos e eu estava bêbado. Ou talvez 17 anos… O ponto da questão é que eu não colocaria como regra. A idéia é intrigante.

E é ameaçadora.
Bem, é pessoalmente ameaçadora porque você começa definindo como uma certa coisa por muito tempo, a idéia de ir para fora disso é assustadora porque você é tipo, “Mas esse é quem eu sou!” Ser curioso e abraçar essa curiosidade é uma parte de tudo o que eu sou. Você não precisa ser uma coisa. Você só meio que precisa ser. Apenas viva sua vida – e se divirta.

Se você escolher uma coisa para ser lembrada, até agora, o que seria?
Que eu posso realmente cantar. Quero dizer, é isso que eu faço. Todas essas outras coisas são partes de uma personalidade, uma pessoa rodeada disso. Eu espero que as pessoas sejam tipo, “Oh, eu gosto da voz dele. Eu gosto da música dele.”

Fonte: Out Magazine

Tradução: Rodrigo Neri

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