Entrevista by Revista Esquire (Singapura)

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Adam Lambert

Adam Lambert está vivendo um sonho ao cantar com a icônica banda Queen, mas ele ainda tem mais uma lenda em sua lista de desejos, com quem gostaria de trabalhar.

Replicar o set do Queen no Live Aid de 1985 no show Fire Fight Austrália foi um momento que Adam Lambert jamais esquecerá. E mais, ele tinha apenas 3 anos quando Freddie Mercury subiu ao palco do Wembley Stadium com o Queen para o show idealizado por Bob Geldof para acabar com a fome no mundo.

Lambert, que vem trabalhando com o Queen desde 2012 a convite de Brian May e Roger Taylor, diz que não consegue acreditar na sua sorte.

“Nós decidimos que queríamos fazer esse evento de caridade na Austrália na época do Ano Novo e pensamos que seria legal reviver aquela lista de músicas. Foi um processo criativo que se encaixava com o momento”, disse Lambert. “Eu também gostei da ideia por ter a oportunidade de recriar esse momento icônico.”

Se fazer turnê com o Queen é um sinal dos tempos modernos, então Lambert também encontrou sua voz dentro daquele grupo icônico e isso está se refletindo em seu trabalho solo.

Seu álbum mais recente, “Velvet”, brilha com nuances dos anos 70 e 80 – ele finalmente descartou o pop brilhoso e superficial por algo muito mais profundo e introspectivo. É uma trilha sonora madura, por assim dizer, para um sujeito que foi um pouco mais fundo – da coleção de discos de seu pai até ouvir clássicos do passado pelo smartphone.

“Me parece que a música que eu fiz no passado está muito separada do que eu tenho feito com o Queen”, ele diz sobre seus álbuns anteriores. “Eu comecei a sentir que tinha duas personalidades – equilibrando meu mundo pop com o mundo do Queen. Acho que tendo passado tanto tempo na estrada com eles, eu quis transpor essa separação de sonoridades. Eu pensei comigo mesmo, eu amo tantos tipos diferentes de música e queria fazer algo que aproximasse esses dois mundos e refletisse os clássicos.”

“Velvet” chega com todos os ganchos clássicos – ele tem uma alma disco e retrô também – e ele fala muito sobre amor, perda, auto-confiança e tentar não perder o amor quando você o encontra. “Não posso negar que esse álbum expõe meu coração de várias maneiras, mas não sofro de um coração partido há algum tempo”, ele diz, sorrindo.

“A última vez que me senti de coração partido, foi quando pensei que minha carreira tinha chegado a um beco sem saída. Eu me senti desapontado e desiludido e tive que priorizar o que mais importava para mim. Assim que admiti isso e me recusei a ser sugado pelos números da indústria da música e a competitividade desse jogo, eu comecei a me sentir mais focado”, ele diz, se referindo a um período em 2018.

Lambert, que já lançou três álbuns de estúdio e um ao vivo, disse que fazer seu álbum nº 1 (e segundo trabalho solo), “Trespassing” de 2012, o forçou a repensar a forma como ele estava perseguindo a fama e fazendo álbuns. Ele já vendeu mais de três milhões de álbuns e cinco milhões de singles no mundo todo.

“Eu tive que reavaliar o que me fazia feliz”, ele relembra. “Eu mudei de gravadora, de agentes e abordei esse novo álbum de forma diferente e o processo de composição foi diferente. Eu não estava focado em fazer um hit, num visual moderno ou em encontrar uma tendência. Eu simplesmente fiz o que queria fazer.

Lambert nasceu em Indianápolis, Indiana e passou seus primeiros meses de formação vivendo em Nova Jersey com sua mãe Leila e sua avó, Annette, que tinha acabado de enviuvar. Lambert diz que crescer cercado de mulheres fortes fez dele o homem que é hoje.

“Minha avó acabou se mudando para San Diego conosco, depois que meu pai conseguiu uma transferência para lá”, ele diz. “Ela foi uma força crucial na minha vida e do meu irmão mais novo, Neil. Ela estava sempre por perto quando precisávamos dela. Quando era mais jovem, minha mãe trabalhava em consultórios de odontologia, mas optou por parar de trabalhar quando meu pai conseguiu uma promoção. Ela é a clássica mãe judia – sempre se preocupando e querendo o que é melhor para sua família.”

Foi a mãe de Lambert que o tirou do armário quando ele tinha 18 anos; para seu espanto. “Eu sempre fui muito próximo da minha mãe e eu acho que ela sempre soube que eu era gay, mas estava com medo de dizer isso em voz alta. Uma dia, estávamos no carro e ela me perguntou se eu tinha uma namorada. Eu respondi que não. Ela então perguntou se eu gostaria de ter uma e eu novamente disso não. Então ela perguntou se eu tinha um namorado. Eu respondi que não. E então ela me perguntou se eu gostaria de ter um. Eu disse ‘Com certeza’.”

Lambert revelou como sua mãe procurou um grupo de apoio para se aconselhar a como fazer o filho se abrir sobre sua orientação sexual.

“Eu achei que foi uma atitude tão doce, ela ter se dado a esse trabalho. Isso mostra o quanto ela é amorosa e por que era importante que eu aceitasse quem eu sou.” Ele acrescenta. “Eu me lembro de ir para o ensino médio e me dar conta de quem eu era, mas sem falar com ninguém. Quando adolescente, eu gostava de revistas de modas, maquiagem e estilo. Eu sempre me senti atraído por isso. Eu estava me tornando um fã de designers e comecei a vestir a minha mãe – e tentando ser construtivo. Nós íamos as compras juntos e eu fazia pressão para ela escolher a blusa sexy e não a blusa de mãe (risos). Nós tínhamos um relacionamento muito divertido; eu a ajudava a se divertir com a aparência dela.”

Quando criança, Lambert diz que adorava vestir fantasias, tirando a caixa de fantasias de hHlloween do sótão para ser usada o ano todo dentro de casa. Ele começou a fazer teatro aos 10 anos e descobriu seu amor pela arte.

“Na verdade, eu tenho que agradecer o lado da família da minha mãe por encorajar o bichinho do showbiz que existia em mim. Todo feriado de Ação de Graças nós nos reuníamos para fazer vídeos caseiros. Aquilo realmente me marcou. O irmão da minha mãe era muito engraçado e me encorajava muito.”

Se, como diz o ditado, o vencedor fica com tudo, então Lambert está aqui para derrubar esse mito. Em 2009 ele foi o segundo colocado no American Idol, mas isso não impediu sua ascensão meteórica nas paradas de sucesso americanas. Mas com esse selo de aprovação da América, veio a pressão de se moldar ao padrão perfeito que a gravadora esperava de seu novo garoto propaganda. Isso significava vários hits pop enfeitados, figurinos trabalhados e uma imagem rock n’ roll que não tinha muito apelo para o mainstream Americano.

“A indústria da música é tão dominada pelos homens; às vezes é uma batalha de morro acima, mesmo para as mulheres mais fortes nesse jogo”, diz Lambert, que é agenciado por uma mulher do Reino Unido. “É muito misógino. Ser um homem queer em uma indústria dominada por homens hétero e enfrentar o desconforto e o medo, é algo que me é familiar e é o que as mulheres sentem também. Não é equilibrado, como a indústria deveria ser e eu me considero um feminista. Esse jogo não é sobre gênero, é sobre quem consegue se dar melhor como indivíduo, mas há muitos homens vivendo na Idade Média, com certeza.”

A colaboração de Lambert com o Queen como frontman, não aconteceu para substituir Mercury, mas para reacender o poder do cenário do rock nos anos 70 e 80. E enquanto a sexualidade de Mercury era um tabu em seus tempos áureos, Lambert cresceu em uma era onde envergonhar alguém não é mais tolerado e ele está assumindo o palco com uma nova e poderosa mensagem.

“Sendo um homem, se assumir era algo importante 20 anos atrás. Eu era muito inexperiente e ingênuo e tinha medo de falar,” ele diz. “Com o passar do tempo e provavelmente depois que me mudei para LA, eu me fortaleci – Não vou dizer que fiquei durão – mas eu fiquei mais forte. Mas com certeza agora estou mais confortável comigo mesmo do que nunca.”

“Velvet” é tão tátil quanto possível, para aqueles que querem um vislumbre do mundo de Lambert. Ele se uniu a Nile Rodgers em um single do seu álbum, “Roses” – eles já trabalharam juntos em uma faixa chamada “Shady” para o álbum “Trespassing” de Lambert.

“Nós mantivemos contato desde então”, ele diz. “Eu o conheci em Nova Iorque quando ele fez aquilo para mim e nós nos tornamos amigos. Ele também me convidou para cantar com sua banda, Chic. Eu já pedi conselhos a ele várias vezes. Ele é muito generoso com sua sabedoria. Nós também trabalhamos juntos em uma música chama ‘Lay Me Down’ com Avicii.”

Lambert diz que tem muita sorte de ter conhecido e trabalhado com vários de seus ídolos; mas ainda falta um. “Tem que ser a Madonna”, ele diz. “Eu a conheci rapidamente e foi muito estarrecedor. Já cruzei com ela algumas vezes e ela sabe quem eu sou, o que é uma tremenda honra.”

NOTA: Essa matéria saiu publicada em uma revista de Singapura e a equipe do ALBR não sabe a procedência da tradução para inglês que foi usada nesta tradução para o português, portanto pedimos desculpas por qualquer estranheza no texto.

Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Stefani Banhete
Fontes: @4Gelly e PressReader

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