[ENTREVISTA] Newsweek: “Adam Lambert fala sobre se voltar para o soul e para longe da música pop baseada nas tendências…”

Adam Lambert fala sobre se voltar para o soul e para longe da música pop ‘baseada nas tendências’, Pete Buttigieg e canalizar Freddie Mercury

Durante um hiato com o Queen em 1985, Freddie Mercury lançou seu álbum solo de estreia, “Mr. Bad Guy”, explorando sons pop e disco muito diferentes dos clássicos que os fãs de rock que estavam acostumados a ouvir dele. Trinta e cinco anos depois, Adam Lambert, sucessor espiritual de Mercury, cuja própria carreira se entrelaça com o legado do vocalista do Queen, segue um caminho semelhante.

Em Março, Lambert, com 38 anos e mais de uma década depois de sua participação no American Idol, que o colocou no centro das atenções, lançará seu quarto álbum de estúdio, “Velvet”, que é diferente do som pop-rock que o catapultou para as paradas musicais em 2009 e o colocou na órbita de Brian May e Roger Taylor para lucrativas turnês mundiais como Queen + Adam Lambert.

“Velvet” é um disco decididamente mais funk-soul; os primeiros cortes do álbum, como “Superpower”, evocam Prince dos anos 70 e 80, Lionel Richie e George Michael. O último single de Lambert, “Roses”, se inclina tanto nesse som retro do funk que ele até convocou Nile Rodgers do Chic para participar. “Roses” casa muito bem os vocais midtempo soprosos de Lambert com as inconfundíveis habilidades de guitarra de Rodgers, para um retorno satisfatório aos anos 70.

A jornada de Lambert no passado dos gêneros musicais, até um tempo antes de ele nascer, é uma “carta de amor para a música com a qual eu cresci”, diz ele. “Eu cresci em uma casa com vinis e meus pais tocavam ótimas músicas dos anos 70. Eu queria me apoiar em algo que tivesse um pouco mais de alma. Eu queria fazer um pop menos estético, menos dance e um pouco mais perto do que formou meu amor e entendimento da música em primeiro lugar”.

O pop estético vende, é claro, mas Lambert diz que, após uma década de experiência na indústria da música, ele não sente mais que precisa tentar perseguir Billie Eilish ou Roddy Rich nas paradas, ou fazer uma música semelhante a algo que já existe no rádio. “Como muitas indústrias criativas, a [música] é muito baseada em tendências. Você tem pessoas que lançam tendências e pessoas que mergulham nessas tendências”, diz ele. “Não as estão derrubando; mesmo seguindo as tendências, eles são bem sucedidos.”

“É realmente fácil medir o sucesso em números, rotações ou streams… tudo é ótimo se você tiver números altos nesses pontos”, diz Lambert. Mas ele acrescenta: “Eu cheguei à conclusão nos últimos dois anos, que tenho que ter minha própria definição de sucesso. Nesse projeto, minha medida de sucesso foi: Isso parece real? Eu amo isso? E eu estou crescendo?”

“Velvet” é o primeiro álbum de Lambert não lançado por uma grande gravadora. Em vez disso, está no selo independente Empire. Seja por escolha ou necessidade, o cantor está abraçando essa mudança. “Foi uma concessão que tive que fazer para divulgar o que eu queria. [Isso] supera a grandeza de estar em tal e tal gravadora. Sinto uma satisfação mais pessoal”, diz ele.

Tematicamente, Lambert, que é abertamente gay, diz que as letras do “Velvet” continuarão se esforçando para elevar, inspirar e empoderar seus fãs, muitos dos quais se identificam como LGBTQ+. “Uma coisa que eu notei sobre meus fãs ao longo dos anos: nós dois somos estranhos, a base de fãs e eu. Algo que eles gostam muito, e respondem, é o sentimento de ganhar força com as coisas que eu canto”, ele diz. “Esse foi o cerne de muitas dessas músicas – inspirar as pessoas, fazer com que elas sintam que não há problema em serem as ‘outras’, não há problema em serem mais estranhas do que a norma”.

Não há hinos políticos declarados, diz Lambert, apesar de seu lançamento em um ano eleitoral. As próximas eleições presidenciais seguem três anos de hostilidade sentida pela comunidade LGBTQ+, pois o governo Trump proibiu militares transgênero e argumentou perante a Suprema Corte que as leis de direitos civis não protegem os gays da discriminação no local de trabalho. “Penso que na América estamos vivendo um tempo em que o clima político atual é divisivo, projetado para criar inimigos. Acho que, no fundo, há um elemento de supremacia branca em jogo”, diz Lambert. “Tudo isso é nojento para mim. E como membro da comunidade LGBTQ, sinto que somos um grupo minoritário que está sendo alvo”.

Ainda assim, há algo de positivo no clima político nos EUA, pois a divisão deu espaço para o prefeito Pete Buttigieg, de South Bend, Indiana, tornar-se o principal candidato democrata. Buttigieg teve uma boa posição depois dos caucus democratas de Iowa na terça-feira, compartilhando uma vantagem inicial com Bernie Sanders. (Os resultados completos ainda não foram revelados devido a um erro no software de votação.)

“Estou muito orgulhoso de ver alguém que se identifica como gay concorrendo em uma eleição política. É muito inspirador”, diz Lambert. Mas isso não significa necessariamente um endosso. Se Lambert votará em Buttigieg em última análise, dependerá das políticas que ele propõe, não de sua sexualidade. “Acho que a política de identidade é uma espécie de convite […] é uma maneira de convidar pessoas para a festa”, explica ele. “Existe um certo entendimento entre a comunidade gay e um candidato gay. Mas, no final das contas, as pessoas não estão cegas para as questões em pauta e essas precisam ser avaliadas adequadamente”.

Lambert é tímido quanto aos candidatos democratas que está apoiando nas primárias – “Há alguns que eu realmente gosto”, diz ele – mas acredita que “deve ser alguém que possa tirar esse outro cara [Trump] do cargo“.

Quando as eleições de Novembro chegarem, Lambert estará encerrando um de seus anos mais movimentados até hoje. Mais de 10 anos se passaram desde o American Idol, mas só este ano, Lambert lançará o “Velvet”, fará uma mini-residência em Las Vegas no Venetian, embarcará em uma turnê solo europeia, incluindo um concerto na famosa Wembley Arena, em Londres, e cairá na estrada novamente com o Queen, para se apresentar primeiro na Austrália e Nova Zelândia em Fevereiro, e depois pela Europa durante o verão.

Esses shows do Queen, nos quais Lambert canta os vocais de Mercury em “Bohemian Rhapsody”, “Radio Ga Ga” e “Don’t Stop Me Now”, colocaram o cantor no vasto e duradouro legado do Queen, algo que Lambert não poderia imaginar quando fez o teste para Simon Cowell e companhia no Idol.

“É o presente que continua rendendo”, diz Lambert. “Brian e Roger deveriam estar lá em cima, tocando sua música incrível para seus fãs amorosos, e eles precisam de um cantor, e eu estou feliz em preencher o espaço. Estou prestando um serviço e prestando homenagem a alguém que admiro e que é meu herói.”

“Quando subo ao palco, penso em Freddie, penso em tentar abordar as músicas com o mesmo espírito, na mesma direção em que ele queria que as músicas fossem abordadas. E quando eu me visto, definitivamente penso: ‘Freddie aprovaria essa roupa?'” Lambert continua.

Ele pode sentir Mercury em espírito, talvez? “Existe algo. Há algum tipo de espírito no ar. Há algo maior do que apenas nós subindo no palco”.

“Roses” de Adam Lambert, com Nile Rodgers, está disponível para stream e download agora. “Velvet” será lançado em 20 de Março.

Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Stefani Banhete
Fonte: Newsweek

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