[ENTREVISTA] Esquire entrevista Adam Lambert – Jun/2017

Hilary Hughes do Portal Esquire recentemente entrevistou Adam Lambert. Confira como foi a entrevista:

Adam Lambert não está aqui para substituir Freddie Mercury. Ele é o frontman do Queen para o Século XXI

No 40º aniversário do impactante “News Of The World”, Lambert contribui para o legado da banda de rock, enquanto avança com o seu próprio.

Quando eu mencionei que Adam Lambert – que está em turnê como frontman do Queen desde 2012 – é capaz de assumir o microfone que herdou de Freddie Mercury sem suar a camisa, ele ri. Lambert, como Mercury antes dele, tem um dom para o drama sob o calor dos holofotes, o que se estende através do seu guarda-roupa: uma jaqueta de couro preta é a marca-registrada do showman, seja cravejada, estampada, coberta de zíperes, ou, como a do momento, representando a Bandeira-Estrelada norte-americana. Para este show, ele traja uma jaqueta prateada com nuances espelhadas em vermelho, correspondentes à sombra da cor atual do seu cabelo; provavelmente ele vai usá-la em uma série dos 21 shows que fará nos próximos 30 dias, e vai suar muito em cada um deles.

“Bem, eu suo. Eu suo muito.”

É uma deflexão, uma piada às suas próprias custas, e outro paralelo entre o antigo American Idol de 35 anos e o tenor de bigode, que morreu em 1991, aos 45 anos de idade. Como Mercury fez no auge de “Bohemian Rhapsody” do Queen, Lambert ruge através de um dos mais adorados e vocalmente tributados versos do século XX com uma facilidade irritante, e dá tudo de si até não sobrar nada além de um zumbido nos ouvidos de uma multidão atordoada e transpiração suficiente em seu colarinho para causar preocupação.

“Estou encharcado e numa bagunça febril já nos primeiros 20 minutos”, diz ele, “mas sabe, vale a pena.”

Lambert também é um bom jogador, como nos quesitos – preencher o vazio de Mercury, cantar as músicas de Mercury e fazer o certo pelo legado de Mercury – cada um deles é uma responsabilidade, um desafio e um destino inevitáveis. O nome do cantor atingiu um status em 2009 graças ao segundo lugar conquistado na final da oitava temporada de American Idol, o que conquistou, fatalmente, com o apoio do Queen. O final da temporada contou com Lambert e seu rival, Kris Allen, cantando “We Are The Champions” ao lado de May e Taylor; embora Allen tenha sido consagrado o vencedor desta temporada, o vibrato estrondoso de Lambert foi uma combinação perfeita para a seleção de músicas cinematográficas e discografia do Queen em geral.

Harmônico para as tortuosidades dos clássicos do rock, afinadíssimo e muito amigável ao pop, sua voz era aparentemente a herdeira milenar de Mercury, o que foi consolidado por May e Taylor ao ponto em que nomearam Lambert para fixar-se semi-permanentemente neste último capítulo da épica banda Queen. Ele não só teve que suprir as expectativas de May e Taylor, como também às das múltiplas gerações de fãs – nos padrões olímpicos definidos pelo grandioso falecido Mercury, um ícone do rock e da comunidade LGBTQ, a quem Lambert aprendeu a homenagear a todo custo.

“A forma como naveguei com a intimidação inicial, digo, ‘Qual a sua intenção com esta música?’”, conta Lambert sobre seus diálogos internos com Mercury. “O que eu quero que o público sinta e que história estou tentando contar?’ contanto que eu foque nisso, costuma dar certo. Eu tenho que evitar ouvir gravações demais. Não quero imitá-lo ou copiá-lo. Acho que acabaria ficando brega e seria um desrespeito com os fãs. Não estou aqui para fazer uma representação. Estou aqui para garantir que estas músicas continuem sendo ouvidas, para mantê-las vivas no espaço.”

Além disso, a memória do desempenho indomável de Mercury casa perfeitamente com as apresentações de Lambert no palco e sua conexão psíquica a ele. Nas séries de shows que se passa, Lambert evidencia o ‘espírito’ de Mercury que influencia mais que seus trejeitos vocais.

“Há um show em Montreal onde ele está vestindo um pequeno short branco, sem sapatos, e está marchando em torno do palco curtindo o momento, fazendo exatamente o que tem vontade o tempo todo”, ele diz. “Há algo tão inspirador nisso. Ele era realmente uma estrela do rock dessa forma, fazendo o que bem queria. Não se importava se as pessoas iam ou não gostar. Ele não se desculpava. Era tão corajoso! Sempre me inspirei nessa mentalidade. Houve momentos na minha vida em que tentaram me impedir de estar onde estava, mas quando estou no palco com o Queen tenho permissão total para deixar tudo fluir”.

Para Lambert, a ocasião desta turnê – que celebra os 40 anos do “News Of The World”, sexto álbum do Queen (e recordista de vendas) – tem um ar de urgência nos hinos inspiradores do álbum que atingem um sentimento necessário em 2017. “News Of The World” conta com “We Will Rock You” e “We Are The Champions” como seus singles, e estes desafiantes, triunfantes, incendiantes hinos, como Lambert se refere, oferecem benefícios motivacionais aos que olham para a música como um escape aos golpes emocionais proporcionados pela loucura do mundo em que vivemos. Tão feliz quanto eu, May e Taylor estão reformulando seu setlist para ancorar o “News Of The World” que, de forma geral, é um estímulo para aos oprimidos – ou viciados – percorrendo a lista de atrocidades e escândalos que deparamos tão logo olhemos para a tela.

“As pessoas, universalmente, tem desejo de empoderamento”, diz ele. “Isso é o que eu mais gosto no set do Queen. Eles têm estas canções incríveis que são todas muito fortes e contagiantes. Eu sempre gostei da música do Queen por serem melodias e ideias atemporais. Quase sempre escreveram exclusivamente sobre a experiência humana. Não escreveram sobre pessoas ricas, pessoas pobres, determinada cor, sexualidade ou gênero; é a composição mais universal que eu encontrei e acho que isso que os faz ser tão lendários. Há algo muito bonito sobre como as suas músicas unem as pessoas”.

Se sair em turnê com o Queen ofereceu a Lambert uma super aula sobre esclarecimento musical e sobre oferecer ao público tanta esperança quanto se possa oferecer, seu novo single, “Two Fux”, atenta para como colocar esse suado conhecimento para uso. Lambert é membro ativo e voz da comunidade LGBTQ, e recentemente falou na #ResistMarch que ocorreu ao longo da semana do Orgulho LGBTQ em Los Angeles. Ele tende a “fugir da política por ser tão divisiva”, mas o discurso de Lambert foi apaixonado e apontou em suas críticas a administração de Trump pela disseminação de ódio, homofobia, xenofobia, racismo e sexismo.

“Two Fux” é arejado, efervescente, uma vitrine para demonstração de seus falsetes e escalas vocais; também demonstra uma fusão com a influência do Queen e suas próprias experiências e perspectivas. Em um dos momentos do show do Queen, “Two Fux” é tocada ao vivo, e May e Taylor ficam felizes em emprestar seu talento e seu espaço para tal.

“A música realmente amarra tudo o que nós estamos falando – Orgulho, o mundo em que vivemos, a inspiração trazida pelo espírito de Freddie Mercury”, diz ele. “É muito estimulante. É uma música emocionante. Estou muito feliz que Brian e Roger tenham-na apreciado tanto quanto eu e que tenham interesse de tocá-la comigo nos shows. Estou muito honrado em terem concordado com isso”.

Em cinco anos, os desafios de Lambert mudaram e ele se encontra em um lugar mais “orgânico”. Agora, já comprovou que é digno da tarefa aparentemente impossível que tem em mãos e pode relaxar um pouco neste lugar surreal e singular que esculpiu para si mesmo – uma estrela do pop de direito, convidado a escrever a lenda de outra estrela. Seria o suficiente para fazê-lo desmoronar sob tanta pressão, mas nem o faz cansar, de fato. Ele pode lidar com isso como se fosse mais um dia qualquer – com ou sem sua jaqueta de couro.

Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Diego Girardello
Fonte: Esquire

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One Comment

  1. Uau,que texto maravilhoso,assim como outros que já li.E é incrível como Adam respeita o legado da banda e como ele admira Freddie Mercury,por isso que é tão talentoso aprendeu com o melhor ?

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