Tradução da Entrevista de Adam Lambert na Revista Winq de Londres – Jun/Jul 2016 (1ª Parte)

Conforme já publicamos aqui, Adam Lambert é a capa da edição de Junho/Julho da Revista Winq de Londres. Confira a seguir a primeira parte da entrevista desta edição, na qual Adam conversou sobre música, melancolia e sobre substituir o “insubstituível” Freddie Mercury com o Queen.

Adam Lambert
Que seu reinado seja longo

Neste verão, o finalista do American Idol transformado em sensação pop vai substituir o insubstituível Freddie Mercury em uma turnê de cinco semanas pelos festivais europeus com os membros remanescentes do Queen. Nós conversamos com ele sobre música, melancolia e superar as conversas binárias.

Apesar das 15 temporadas e 178 finalistas, a lista de sucessos globais do American Idol é quase embaraçosamente pequena. A vencedora da primeira temporada Kelly Clarkson vendeu impressionantes 25 milhões de álbuns no mundo todo. Carrie Underwood conseguiu sete Grammys por seu estilo de Country Music, enquanto Jennifer Hudson conquistou um Oscar por seu papel em Dreamgirls e tem se provado uma mestra dos palcos, tela e auto-falantes. O sucesso de Jordin Sparks desabrochou e depois secou, enquanto que o segundo colocado da segunda temporada, Clay Aiken, é mais conhecido hoje por suas aparições em Reality Shows e ativismo LGBT do que por sua música.

Adam Lambert, então, é uma coisa rara. Para começar ele é o artista masculino mais bem sucedido a sair do programa. E mais, seu sucesso é realmente global – e não apenas porque ele está à frente do Queen, uma das maiores e mais amadas bandas de rock de todos os tempos, pelos últimos cinco anos. Desde sua segunda colocação em 2009 no Idol, ele lançou três álbuns de estúdio, com um total de vendas de 2,5 milhões ao redor do mundo – “The Original High”, do ano passado, arrecadando sozinho 1 milhão de vendas e conquistando espaço no Top 10 pelo mundo. Seu segundo álbum, “Trespassing”, de 2012 estreou no primeiro lugar da Billboard 200, o que o colocou no livro dos recordes como o primeiro artista abertamente gay a conseguir esta posição. Seus fãs, conhecidos como Glamberts (uma denominação perfeita se é que já houve uma, dada sua estética obviamente glam rock), rivalizam até mesmo com a Beyhive de Beyoncé e com os Little Monsters de Lady Gaga quando se fala de dedicação incondicional, possivelmente se espalhando por mais faixas demográficas graças a popularidade dele em um programa de TV do horário nobre no sábado à noite, assistido por milhões de pessoas.

Eu conversei com o popstar de maneiras e cabelo impecáveis durante sua passagem pela Alemanha com sua turnê solo pelo mundo, antes de seu show em Hamburgo. “Eu tenho boas memórias da Alemanha”, ele me diz. “Eu vivi aqui quando era mais novo, fazendo um musical, então é bom estar de volta.” Alguma coisa na ideia do impossivelmente americano Adam Lambert falando o gutural alemão me faz perguntar se ele conseguiu aprender alguma coisa da língua. “Eu realmente não tenho muito ouvido para línguas, exceto inglês!” Ele responde rindo. “Eu pesquei algumas cantadas aqui e ali.”

Felizmente para seus fãs internacionais, sua falta de habilidade com línguas estrangeiras não o impediu de se apresentar ao redor do mundo. Durante a entrevista, eu me pergunto se ele vê diferença entre fãs americanos e europeus. “Sabe, há muitas similaridades, mas eu também vejo, uh…” ele hesita antes de continuar, “Eu tenho visto muito fãs bonitos! Eu provavelmente não deveria falar isso em voz alta, mas eles são um pouco mais jovens aqui na Europa…”

É um exemplo clássico do senso de humor levemente obscuro de Lambert, mascarado com travessuras e diversão. Aqueles que seguiram sua carreira desde o Idol sabem bem disso: ele saltou para sua primeira audição – cantando nada menos do que “Bohemian Rhapsody” do Queen – e apesar (ou por causa) de sua “gayzisse” extravagante, teatral e sem remorso, encantou os jurados. O visual – meio gótico glam rock – era propositalmente provocativo, uma expressão de individualidade; a voz, uma ferramenta a ser flexionada para reverberar gravemente ou alçar voo em notas altas; a performance, desavergonhadamente melodramática, desafiando você a desviar o olhar.

Sete anos depois, o cantor de 34 anos de idade amadureceu tanto em seu visual quanto na sua música, e está usando os sapatos inimitáveis de Freddie Mercury em uma turnê pelos festivais de verão na Europa com o Queen. Depois da nossa conversa, ele prometeu que está a ponto de “vestir minhas lederhosen [ver nota] e pegar umas cervejas e salsichas”, e eu estou inclinado a acreditar nele…

A maioria das pessoas sabe que você encontrou a fama no American Idol, que chegou ao fim este ano após 15 temporadas. Você se sentiu melancólico com isso, como você se sentiu sobre o fim do programa? Obviamente ele teve um grande papel na sua carreira.
É, tudo chega ao fim – todas as coisas boas. Eu tenho muitas boas memorias, eu me diverti muito e o show realmente me catapultou e me trouxe onde eu estou agora… Bem ele me levou a um lugar de onde eu pude chegar onde estou agora. Ele me colocou no mapa e realmente facilitou as coisas e me colocou em contato com muitas pessoas.

Você é um dos poucos participantes do Idol que realmente alcançou um sucesso global extraordinário. Por que você acha que conseguiu isso quando outros não conseguiram?
Oh, eu não sei… Eu acho que é uma combinação de várias coisas diferentes, eu acho que um pouco disso é sorte, um pouco é baseado na minha personalidade, um pouco é baseado no timing e também em reunir a equipe certa. Eu passei por algumas situações diferentes desde o programa, no que diz respeito à gravadora e administração. É um processo de aprendizado e crescimento constantes.

Você lançou seu terceiro álbum, “The Original High”, no ano passado e ele fez muito sucesso nos Estados Unidos e no reino Unido – Eu sei que este foi o primeiro álbum a entrar no top 10…
Woo!

Exatamente – Parabéns. Esse foi um momento importante para você?
Sim, é claro – havia muita pressão sobre mim com esse álbum. Eu tinha deixado minha outra gravadora e estava me arriscando ao fazer isso, e então fui contratado rapidamente por uma nova gravadora e consegui um acordo com Max Martin e seu time. Então, havia muitos elementos novos e nós definitivamente queríamos fazer algo moderno e novo e isso estilisticamente virou uma página para mim. Eu acho que nós conseguimos tudo isso, eu tive um ótimo time para trabalhar e estou muito orgulhoso do álbum.

Você tem alguma faixa preferida nele para cantar ao vivo?
Ah Deus, essa é difícil – É tipo a Escolha de Sofia [risos]. Todas as músicas meio que ocupam um ângulo diferente da minha personalidade. O legal sobre esse álbum é que ele é muito pessoal, é sobre minha própria perspectiva da vida, mas eu acho que ele também – nós trabalhamos duro para conseguir isso – reflete um pouco a condição humana. Especialmente essa geração, onde nós estamos agora como sociedade. Eu acho que muitas pessoas estão procurando por alguma coisa e não estão muito seguras de onde encontrá-las, e nós estamos vivendo em uma era onde todos estão atados à tecnologia e mídias sociais e tudo mais, o que pode parecer uma forma de nos conectar, mas eu acho que de muitas maneiras, isso nos isola. Há uma vibe de melancolia e desencantamento e foi isso o que eu percebi. É sobre isso que muitas das canções falam; esse pensamento agridoce “Eu vou ficar bem. Eu vou superar, mas ‘hmmm, eu estou um pouquinho melancólico”, sabe?

Mas há poder na melancolia, não?
Eu acho que é a via. Eu acho, nesse ponto, fazer músicas que são bidimensionais – “Agora estou feliz!”, “Agora estou triste” – não parece real. Eu queria que o álbum tivesse músicas que são um pouco mais complexas do que isso, porque a vida é mais complicada do que isso. Então eu queria pegar uma letra que pode ser um pouco triste e colocá-la com uma música dançante… Ser capaz de jogar tudo isso junto e te dar o remédio e ao mesmo tempo te dar as lágrimas.

Você teve um espaço de três anos entre os lançamentos dos seus três álbuns, enquanto que na indústria da música, para os recém-chegados pelo menos, parece haver um ritmo mais rápido hoje em dia. Você sente a pressão também?
Eu entendo seu ponto, sim, provavelmente é emocionante sempre ter material novo no mercado e para os fãs também. Eu acho que cada um tem sua trajetória e essa é a minha, e ela tem funcionado para mim. Quem sabe quanto tempo vai levar até eu ter material novo? Pode ser menos tempo, pode ser mais ou menos o mesmo, eu não sei. Eu tenho que sentir que está certo, esse é o ponto. Tem que ser o material certo e tem que ser lançado no momento certo.

Você lançou “Welcome To The Show” recentemente e você está no novo single de Steve Aoki, “Can’t Go Home.” EDM é um novo som para você, mas parece combinar muito bem com a sua voz, nessa música em particular. Como essa colaboração aconteceu?
Foi meio aleatório, por intermédio de uma pessoa com quem eu costumava trabalhar, que está trabalhando com ele agora. Eu ouvi a demo e o resto se desenrolou… Entrei no estúdio com Steve e ele foi tão legal, tão amável. Havia realmente uma energia muito boa, ele me deu muita liberdade e disse: “Vai fundo.” Eu fazia uma tomada e perguntava, “Bem, o que você acha?”, e ele respondia “Faça o que você quiser cara, está ótimo!” Para mim, pessoalmente, esse é o melhor tipo de energia para criar, porque eu posso ser um pouco intenso, então ter alguém para me equilibrar com uma energia despreocupada é realmente bom para mim. Ele criou um ambiente de trabalho incrível.

Obviamente nós temos que falar sobre o Queen também, você tem se apresentado com eles pelos últimos cinco anos e você cantou “Bohemian Rhapsody” na sua audição do American Idol. Isso deve ser um sonho, porque você obviamente é um grande fã – como isso aconteceu?
Eles foram convidados a se apresentar na final daquela temporada, quando eu cheguei aos últimos dois, então essa foi minha primeira vez dividindo o palco com eles e os conhecendo. Eles tinham ouvido a meu respeito por causa da minha audição, eu acho. Foi louco, definitivamente houve um sentimento de reconhecimento, onde nós olhamos uns para os outros, tipo “Oh, isso é legal! Isso é bom.” Então eu lancei meu primeiro álbum e fiz a divulgação e tudo mais e fiz a turnê e depois disso, eles entraram em contato com uma oportunidade para fazermos um medley de canções no MTV EMAs em Belfast. Essa foi nossa primeira vez fazendo algo juntos fora do American Idol. Eu acho que foi o começo de um relacionamento fantástico que obviamente tem funcionado muito bem [risos].

Vocês todos também vão sair em turnê por pelo menos um mês, pelos festivais europeus neste verão. Como é a camaradagem entre vocês? Vocês são de gerações diferentes, a música transcende isso?
Sim, é interessante… Eu tenho ouvido muito essa pergunta, mas não importa muito quando você sobe no palco e as luzes estão acesas, e os fãs estão lá. A música deles em particular é tão atemporal que realmente não parece haver uma grande lacuna entre gerações – não para mim de qualquer forma, e eu acho que eles sentem o mesmo. Nós nos damos muito bem, e há muito respeito mútuo ali. Eu acho que há tanta alegria saindo do palco que nós acabamos nos deleitando com isso. Todos são muito gratos por ter essa oportunidade. Do meu ponto de vista é como, “Uau, eu não posso acreditar que vocês realmente querem que eu cante com você, isso é tão legal.” Eles estão animados para trazer as músicas à vida novamente, e que possam tocar suas canções. Acho que qualquer um que já teve alguma dúvida sobre esta colaboração precisa manter isso em mente, porque Brian e Roger amam tocar música, eles adoram fazer esses shows ao vivo, e eles devem ter todo o direito de continuar a tocar suas canções. E eu estou feliz em ajudar!

NOTA: Lederhosen (em alemão para calças de couro; no singular: Lederhose) são calças feitas de couro, que podem ser curtas ou na altura do joelho.

Clique aqui para conferir os scans desta revista. Em breve publicaremos a segunda parte, fique atento!

Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Stefani Banhete
Fontes: @WinqMagazine e @TrespassingAL

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