Kinkster Mag: Quão gay é gay demais para o Pop mainstream

Quão gay é gay demais para o Pop mainstream

Com o passar dos anos nós temos visto muitos artistas LGBT que alguns de nós, eu mesmo incluído, nunca imaginaríamos, alcançando sucesso comercial. Claro, nós temos Elton John, Freddie Mercury, Boy George e alguns outros. Mas eles alegavam ser bissexuais para apaziguar a audiência dominante até que os tempos mudaram e se assumir gay se tornou mais aceito. Outra coisa sobre estes primeiros artistas, é que seu talento era inconfundível. Elton John ainda é um excelente compositor, Freddie Mercury tinha uma voz que podia desafiar os céus e Boy George continua a gravar músicas e se tornou um DJ de fama internacional. Seus talentos foram e ainda são, o centro do seu sucesso. Mas o que a necessidade de um período de incubação antes que eles pudessem mostrar seus verdadeiros ‘eus’ ao público, diz sobre seu sucesso?

Há uma nova geração de músicos LGBT que conseguiu uma posição nas ondas de rádio indie e mainstream. Alguns deles são incrivelmente talentosos, outros nem tanto. Nomes como Adam Lambert, Perfume Genius, Gossip, Scissor Sisters, Rufus Wainwright e MIKA, Brandi Carlile e Troye Sivan foram acrescentados a crescente lista de importantes números LGBT indie e pop que alcançaram níveis variados de sucesso baseados puramente em seu talento.

Adam Lambert, por exemplo, foi o queridinho gótico, glam-rock do American Idol que saiu do armário logo depois de ficar em segundo lugar, depois do todo americano Kris Allen. Muitas pessoas na mídia social e no meu círculo de amigos sentiram que Adam Lambert foi roubado do título naquele ano porque ele é gay. Ele ainda não tinha se assumido durante a competição, mas era muito difícil aquietar um gaydar quando ele estava no palco. Se este foi o caso ou não, seu sucesso depois do show tem sido inquestionável.

Por que o Sr. Lambert foi tão bem sucedido apesar de sua confissão depois do Idol, enquanto Allen desapareceu na obscuridade dos cantores/compositores? Eu acho que há algumas razões. A primeira sendo que o Sr. Lambert é um cantor e artista muito superior. Sua imagem veio como tendo a quantidade certa de “perigo:” sua “gayzisse” não era ameaçadora, mas estava definitivamente lá. Ele era completo, não-sexual, mas com a quantidade certa de bravata gay. Na única vez que ele se expressou como um ser sexual durante uma apresentação no American Music Awards de 2009, a repercussão foi rápida e furiosa, não apenas dos sensíveis cães de guarda heterossexuais, mas também da comunidade LGBT. Ele nunca mais fez algo assim. E é isso que Adam Lambert e muitos outros dessa nova linhagem de artistas LGBT têm que encarar: Eles devem ser classificados como seguros!!! A sexualidade deles tem que ser irrelevante. Ela não pode tomar o centro do palco e não pode ser o centro de todas as histórias que eles contam.

Isto me leva a alguns artistas que tentaram fazer sucesso no mainstream, mas não conseguem entrar nas paradas. Eles realmente tentam usar a sua sexualidade ou não-conformidade de gênero como parte de sua razão de ser. Talvez com exceção de RuPaul, não muitos artistas LGBT têm sido capazes de usar com sucesso o que os diferencia da sociedade “mainstream” como a sua mensagem principal.

Com seu single de estreia em 2010, “Ice Cream Truck”, Cazwell chegou bem perto do sucesso. A música passou a ser uma sensação do YouTube, com mais de 1 milhão de visualizações durante um período de uma semana, apesar do fato de que o vídeo está sinalizado como conteúdo adulto. Mas, com seu conteúdo sexual explícito, a canção não entrou no mainstream.

Adore Delano tentou usar seu sucesso no programa RuPaul’s Drag Race para lançar uma carreira musical pop. Logo após o show terminar, Delano lançou seu primeiro álbum, “Til Death Do We Party”. O álbum alcançou o nº 59 na Billboard 200 Albums Chart, mas caiu rapidamente. Por mais que a América esteja disposta a abraçar os homens homossexuais, drag queens e transgêneros na sua TV, cinema e teatro eles não se importam muito com isso em sua música.

Azealia Banks e Kelly Rowland pode ter canções sobre sexo oral, Nicki Minaj pode fazer um rap sobre ter o seu traseiro lambido e Beyonce pode cantar sobre fazer sexo oral em seu marido em uma limusine. Mas alguns homens sexy besuntados de óleo lambendo sorvete e uma drag queen talentosa que realmente escreve e canta (sem dublagem aqui) parece ser mais do que o público americano pode aguentar.

Então, nós fizemos um grande progresso em matéria de direitos LGBT e nossa visibilidade na América mainstream. Mas eles ainda têm medo de nós. Eles ainda não querem nos conhecer verdadeiramente. A mensagem tão sutil que recebemos dos Estados Unidos é, “Não importa quem você ama ou com quem você dorme, mas, por favor, não queremos ver ou ouvir sobre isso.”

Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Stebani Banhete
Fonte: Kinkster Mag

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