Las Vegas The Weekly entrevista Adam Lambert

Popstar Adam Lambert – que faz bicos como vocalista do Queen de vez em quando – atualmente está focado em fazer uma turnê apoiando seu terceiro álbum, “The Original High”, que coloca seus vocais e seu som eletrônico elegante do house dos anos 90 e mínimas batidas dance de vanguarda. O ex-participante discute sobre a profundidade de suas gravações, como o Queen se encaixa na sua vida criativa e a influência formativa que Vegas teve sobre ele.

Eu vi você em Cleveland em dezembro, e era um despojado show de rádio. Como está a produção dessa turnê, e o que você está querendo transmitir com essa turnê?

É bem divertido poder ir lá e fazer isso com a estação de rádio, mas você não está levando nenhuma produção com você. Com esse show, foi realmente emocionante, porque foi tipo ‘Yeah, eu vou fazer uma turnê de novo! E esse é meu show!’ [risos]. Eu convidei muitas pessoas criativas incríveis que eu conheci através dos anos, como uma mulher chamada Brooke Wendle, com quem eu trabalhei muitas vezes no passado. Eu conheço ela por mais de 10 anos. Eu convidei ela para vir e me ajudar com a direção criativa de tudo isso, e ela trouxe algumas pessoas incríveis que trabalham com vídeos e luzes. Eu queria vídeo – essa era uma das minhas maiores vontades. Eu estava como, ‘Eu quero ser capaz de mostrar visualmente a atmosfera que eu sinto que essas músicas têm”. Eu farei meu trabalho e eles farão o trabalho deles, e esperançosamente a combinação realmente ajudará a impactar as pessoas. Eu estava muito animado porque era um elemento que eu nunca tive antes.

Eu trabalhei com um incrível estilista que me ajudou a desenvolver roupas muito modernas e então, no final, aceno para os anos 90. [risos]. O show é uma jornada de três partes. O começo explora mais a angústia, dramaticidade, temas obscuros. O meio do show é bem guiado vocalmente: sou eu sem nenhum sino ou assovios, apenas eu no microfone. É bem sincero, coisas com um lado mais sensitivo. E no final nós festejamos. Nós iluminamos e vamos para a pista de dança, todos juntos. [risos] Isso realmente resume as três partes da minha personalidade, eu acho.

Mesmo vendo seu show mais despojado, ele era guiado vocalmente, mas ainda tinha algumas batidas. Foi sutil, mas a batida ainda estava lá.

Eu tenho sorte, porque agora eu tenho três álbuns que me dão uma gama de diferentes canções e diferentes energias para explorar. Quando era o momento de montar o setlist, eu estava, tudo bem, obviamente, eu focaria predominantemente no novo álbum, “The Original High”. Mas o que eu poderia trazer dos meus álbuns passados, para apoiar a ideia que está presente no álbum? Foi emocionante, pensar no setlist e juntar medleys e atirar pedaços disso e daquilo e de outra coisa. Foi legal – eu gostei do processo.

Quando você estava montando essa turnê, teve algum paralelo que você encontrou entre “The Original High” e seus outros dois álbuns que você talvez não tenha notado antes?

O interessante é que eu falei com um par de diferentes jornalistas e eles estavam tipo, “Bem, esse álbum é tão diferente dos últimos dois.” De muitas maneiras, é um mais consistente que os outros dois foram, mas há algumas faixas de ambos, primeiro e segundo, álbuns que aludem sobre onde eu estou com esse último. Coisas que são um pouco mais atmosféricas e angustiantes. Os singles dos dois álbuns [“For Your Entertainment” de 2009 e “Trespassing” de 2012] foram diferentes. Mas mesmo “Whataya Want From Me”, o grande single do primeiro álbum, mesmo sendo um pouco mais orientado no rock, emocionalmente e sonoramente está em lugar bem similar a muito do “The Original High”. Talvez por causa do time de produção por trás disso. Não é uma grande surpresa – eu estive lá antes. Eu estive nesses lugares, emocionalmente.

“The Original High” é uma vitrine para seus vocais. Ele soa muito como uma gravação de um cantor-compositor, vestido com essa produção pop moderna e contemporânea. Foi algo que você estava sendo empurrado? Como você se envolveu?

Foi um processo mais focado. Com meu primeiro álbum, nós juntamos tudo tão rapidamente a sequência do “American Idol”. Nós estávamos na turnê do “American Idol”, a turnê de verão todos os concorrentes vão juntos, e nós queríamos lançar o álbum. Então nós fizemos isso bem rapidamente. E foi minha primeira vez montando um álbum assim. O segundo álbum foi um processo bem longo, mas não foi focado, era muito mais uma experiência. Era mais “oh, eu vou tentar isso, eu vou tentar aquilo.”

Com esse álbum, eu pude passar dois meses sólidos em Estocolmo com nada mais para fazer além de trabalhar nas músicas. Teve muito tempo no estúdio, tentativa e erro, e eu realmente consegui fazer as coisas da maneira certa. É mais ou menos como um autor que escreve um rascunho de uma carta, um romance ou outra coisa. Parecia isso. Nós fazíamos um demo e então transformávamos ele em uma coisa, e então transformávamos ele em outra coisas. E então finalmente estava pronto.

E os produtores que eu trabalhei são os melhores nesse negócio, e a coisa toda foi meio que construída com eles, ao contrário do jeito típico de trabalho em que se tem diferentes produtores. Tipicamente, com grandes gravadores, uma pessoa reúne vários produtores juntos e funciona desse jeito. Isso foi feito de uma maneira mais tradicional, onde tinha apenas uma equipe. Você pode ouvir isso no álbum – há uma linearidade poderosa nele provavelmente por causa disso.

Houve alguma inspiração de letras ou musical que ajudou você nesse tempo?

É interessante porque no passado eu fiz coisas que eram exageradas, extravagantes e com uma energia muito, muito, muito alta. E eu amo essas coisas, eu realmente amo. Eu tenho isso no meu catálogo. Mas eu queria cantar sobre coisas que era mais obscuras, talvez. Mesmo sabendo que ainda há beleza no mundo, que ainda há pessoas maravilhosas, há também muitas coisas assustadoras acontecendo nesse momento.

Eu sou um viciado em cultura po. Eu gosto de descobrir o que está acontecendo, o que as pessoas estão dizendo, o que está sendo falado nas redes sócias. Tem muita tensão lá fora ultimamente, e mesmo que se trate de música pop, eu queria tocar nisso. Eu queria cantar sobre coisas que fossem mais sérias e um pouco mais reais. Tem muitas coisas assustadoras acontecendo. E ainda assim, ao mesmo tempo, nós empregamos música dance nesse álbum: Tem batidas, tem coisas que te fazem mover. Minha esperança é que você possa encontrar algum tipo de cura ou catarse com essas canções.

Há uma teoria que música pop é apenas escapismo, más há tanta música pop maravilhosa em todos esses anos que fizeram declarações sociais ou que promulgue mudanças. Pode ser feito as duas coisas.

Bem, era por isso que eu estava tão animado para lançar “Ghost Town”. Obviamente, ele explora esse gênero deep-house, que é muito divertido e nostálgico dos anos 90 e muito na moda agora. Mas lírica e melodicamente, é realmente uma música folk sobre se sentar desencantado e desconectado do mundo, da pessoa que você queria ser, das fantasias que originalmente tinha. São todas essas coisas. Eu acho que é muito real. Pelo que posso ver, eu incluído, a geração de agora, enfrentará problemas como esses por causa da tecnologia, porque do jeito que nós nos comunicamos – ou não nos comunicamos. Há muita coisa que irá mudar culturalmente. Eu acho cada vez mais difícil – e talvez porque eu estou sempre viajando e ocupado o tempo todo – fazer conexões reais com as pessoas, por causa da maneira que nós todos nos comunicamos.

É, é uma comunicação superficial. Você pode olhar e dizer “Oh, Eu tenho esse X de seguidores no Twitter.” Mas quantas dessas pessoas você realmente conhece?

Certo. E então a questão é, seu coração está preenchido por causa disso? Você sente isso, ou é apenas uma visão, meio como um fantasma? Uma ideia vazia? Eu não sei. Eu estou muito feliz pela maneira com que a música terminou, porque eu sinto, para uma música pop, se eu disser pra mim mesmo, a letra cava um pouco mais fundo.

A turnê que você fez com o Queen e o tempo que você passou com eles teve uma influência na maneira como você abordou esse álbum?

As coisas com o Queen tem sido loucas. Eu tenho tanta sorte. Eu sou tão honrado de poder ser o vocalista de uma maiores bandas de rock de todos os tempos. Freddie Mercury é pessoalmente um herói pra mim. Como um cantor, ele era inigualável. Eu acho que ele foi um compositor incrível. E em um nível pessoal, no momento em que ele estava, sendo assumido, ele tinha que manter algumas coisas privadas. É interessante, porque nós estamos em um tempo diferente na medida em que isso seja uma preocupação. E, de certa maneira, eu gosto disso, eu gosto que eu posso ser assumido e orgulhoso enquanto celebramos sua música e sua vida.

Eu acho que as pessoas esqueceram que há 35 anos, era um ambiente e uma atmosfera diferente.

É engraçado porque em alguns aspectos, nos anos 70, o rock and roll não se importava qual era sua orientação sexual. E em um nível maior, na medida em que as massas estavam preocupadas, eu acho que a maioria das pessoas preferiam ficar em negação sobre isso, e na verdade não fazer a pergunta. É mais ou menos o que os fãs estavam passando naquele momento, tipo “Bem, eu não me importo, que seja.” As coisas são diferentes agora. E é interessante olhar para algumas músicas do catálogo deles e ficar como “Oh, eu me pergunto sobre o que era isso. Interessante.”

Há mais alguma data de turnê com o Queen nos Estados Unidos? Eu sei que vocês estarão fazendo algumas coisas na Europa nesse verão.

Nós fizemos uma turnê nos Estados Unidos ano passado. Nós estaremos fazendo festivais na Europa nesse verão. O que é tão bom de trabalhar com eles é que eles entendem que eu tenho uma carreira solo pop e que algumas vezes eu estarei colocando muita energia e tempo nisso, e eu acho que eles totalmente aceitam isso. É muito legal que podemos fazer os dois. Porque não?

Apenas pensando nisso – você tem esses dois projetos maravilhosos em que você pode usar ambos os lados de seu gostos e habilidades. Poucas pessoas conseguem fazer isso.

E isso é interessante, porque são duas escolas de pensamentos, dois projetos diferente. Há alguma sobreposição – eu tenho Brian May tocando em uma música chamada “Lucy’ no meu álbum, e isso foi muito legal ter ele entregando um solo como aquele. Com o Queen, eu começo a olhar para trás com nostalgia e celebrar a música que fez parte da vida das pessoas nos últimos 30 anos, cantar peças icônicas de música, e estar na frente de audiências gigantes e cantar músicas que eles já amam e conhecem como a palma da mão. É uma experiência diferente.

Com a minha música solo, é o oposto. Nós estamos olhando para frente, nós temos que responder questões sobre o agora. Onde estamos hoje? Onde estamos? O que nós queremos lembrar daqui 10 anos? São duas mentalidades diferentes. E como um artista, como uma pessoa criativa. Eu tenho muita sorte de poder ter os dois, de poder ir e voltar entre os dois. É muito satisfatório.

Você já se apresentou muito em Las Vegas. Tem alguma memória de uma performance em particular que se destaca pra você?

Falando sobre o Queen, nós nos apresentamos no show do iHeartRadio que aconteceu no MGM, provavelmente há 3 anos. Aquela noite foi uma espécie de catalisador para montarmos uma turnê mundial juntos. Nós tivemos uma reação incrível da audiência, das pessoas da indústria e dos fãs. Promotores começaram a ficar como “Hey, vamos colocar isso lá fora.” Essa foi a razão pela qual fizemos uma turnê mundial juntos.

Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Gisele Duarte
Fonte: Las Vegas The Weekly

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One Comment

  1. Não se esqueça do Brasil,por favor,como fã do Queen e mais recentemente do Adam espero ve-los aqui,porque acho emocionante ouvir todos os clássicos da banda com a voz mais linda do mundo!

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