The Wireles: Adam Lambert no Town Hall em Auckland (Nova Zelândia) – 22/01

Adam Lambert no Town Hall em Auckland

O ex-participante do American Idol, atual frontman da banda Queen e ator convidado do seriado Glee descobriu o lugar onde pertence – e, o mais importante, como trazer seu público consigo.

Quase todas as introduções sobre Adam Lambert incluem uma referência ao American Idol. Ele é, depois de Carrie Underwood e Jennifer Hudson, sem dúvida o artista mais bem sucedido a sair da franquia de televisão, mesmo que – ou justamente pelo fato de que? – não tenha vencido sua edição.

Se você não acompanhou sua trajetória desde então, estará perdoado por pensar que ele produz pop-rock com uma voz infalível. Pois ele não o faz. Mas a marca do American Idol é difícil de se abalar, especialmente quando sua fanbase de hardcore permanece apegada às versões que foram apresentadas em um reality show. E ainda mais difícil quando você é um pragmático quando se trata do papel do seu público em sua sobrevivência artística. Descobrir como equilibrar quem você é com quem seus fãs pensam que você é um desafio, para dizer o mínimo.

Este, em essência, tem sido o dilema pós-Idol de Lambert desde o primeiro dia: como preencher os espaços em branco para as pessoas, para lhes dar um caminho para aceitar sua progressão do artista que desde o final do programa, quando performou com o Queen usando delineador pesado, jaqueta de couro e uma enorme plataforma cravejada, a um popstar assumidamente influenciado pela cultura contemporânea, ostentando pelos faciais e movimentos de dança alternativos.

Na “The Original High Tour”, ele parece ter finalmente conseguido isso. Na sexta-feira à noite, no Town Hall em Auckland, levou o público a uma corrida de 24 canções através de todos os seus álbuns completos. O conjunto de quase duas horas foi pesado na música dance, que abrangeu quase todo seu “The Original High” somado aos seus discos anteriores (“Trespassing” e “For Your Entertainment”, respectivamente).

A mudança mais óbvia desde a sua última turnê solo em 2012 pode ser resumida em: seu diretor musical, na época, era um guitarrista de metal consumado; agora, seu diretor senta-se atrás de dois teclados e três laptops. Lambert não baniu sua história, com “Lucy” (originalmente com a participação de Brian May, do Queen) e “Another One Bites The Dust”, do Queen, oferecendo arranhadas de guitarra para embalar a noite. Ele também não ignora os hits favoritos de seus fãs do seu álbum estreante “For Your Entertainment”, incluindo seu maior single “Whataya Want From Me” e “Mad World”, do seu tempo no Idol.

Lambert definiu o tom do shown nos seus primeiros 15 minutos com um movimento surpreendente. Tocou “For Your Entertainment”, seu primeiro single pós-Idol (lembrado principalmente por sua aparição no AMA, quando beijou seu baixista ao vivo na televisão), seguido de “Ghost Town”, o primeiro single do “The Original High”. Unir o velho e o novo foi uma declaração de suas intenções: estávamos ali para cruzar esta ponte com ele, para reconhecer suas iterações passadas mas não permanecer presas a elas.

Percorrer do WeHo Gay Club para o glamrock dos anos 70 não soou forçado ou inautêntico, no entanto. A amplitude musical apresentou tanto sua versatilidade como artista quando demonstrou a diversidade insana de seu público. O casal septuagenário diretamente em minha frente estava curtindo alegremente tudo, desde o cover de Lambert de “Let’s Dance”, de Bowie, até seu club-bang “Kickin’ In”… assim como jovens de 17 anos sentados no chão, e os casais de 30-e-poucos com suas crianças nos assentos. Lambert conseguiu iniciar uma rave completa no Town Hall enquanto adentrava no último terço de seu show.

O passo em falso no seu setlist foi a versão de “If I Had You” transformada em reggae. Eu esperava que esta fosse uma parte mal-orientada, porém bem intencionada, do show, preparada para ser apresentada na Nova Zelândia, mas o YouTube já confirmara que é um momento oficial da sua atual turnê.

Ao contrário das Beyoncés do mundo que sacrificam quase todos seus coros a fim de se entregar à coreografias de alta energia, Lambert faz um uso escasso de backing vocals. Sua força vocal é inegável, assim como sua coreografia para o final do show é algo para o qual ele claramente não se compromete. Lambert foi totalmente imperturbável.

Mais de seis vezes, o microfone cortou por alguns segundos (aparentemente uma falha de sinal, não uma sobrecarga, apesar da produção substancial no show) e mais seis vezes, Lambert continuou como se nada tivesse acontecido, com visível presença de espírito. Só podemos imaginar o que estava passando em sua cabeça, porque ele literalmente não deu a mínima. Ele esteve comprometido com a apresentação como só um ex-ator da Broadway poderia estar. Em uma rara pausa na metade do show, Lambert disse à plateia do Town Hall: “Este show é uma viagem”, daquelas que nos leva da escuridão para a luz. Mesmo que esta aventura musical e emocional possa bem ter sido verdadeira, a real jornada é a que seus fãs fizeram com ele. Não é pouca coisa para o menino que eles descobriram cantando covers semanalmente em um reality musical.

Autoria do Post: Josy Loos
Tradução: Diego Girardello
Fonte: The Wireles

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3 Comments

  1. Uau,que texto maravilhoso,Adam está mesmo arrasando nessa turnê, elle evoluiu muito nesses anos,se pudesse escolher gostaria que fossem tocadas todas as músicas dele,mas infelizmente não dá, pelo menos as minhas preferidas ele está cantando entre elas está Runnin, apesar de gostar da versão reggae de If I had you,preferiria a versão original( essa música é demais)!!

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  2. Belissimo texto mesmo. Esse cara realmente não é deste mundo. Nos surpreende a cada dia com suas atitudes! Só um aparte: Eu amei a versão reggae de If i had you.

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  3. Gente já disse isso em outras reviews aqui, mas não canso de falar. Que orgulho de ler um jornalista elogiando dessa forma um show do Adam. É diferente de ser um de nós Glamberts, é como se fosse uma confirmação que nosso ídolo é tudo que nós pensamos e falamos, não é coisa de fã doida, fanática.

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