Tradução da Entrevista da Revista Di Weekend (Suécia) – 26/06

Já havíamos publicado aqui os scans da entrevista de Adam Lambert na Revista Di Weekend, da Suécia e aqui algumas fotos. Agora, confira a tradução desta entrevista:

“Eu não preciso mostrar tudo o que sei fazer”

Os vocais de Adam Lambert o tornaram um astro do American Idol e no cantor do Queen após Freddie Mercury. Mas são necessários hits poderosos para se tornar uma mega estrela internacional – e agora ele conseguiu a ajuda de profissionais suecos para isso. Jan Gradvall do Di Weekend conversou com o artista americano em uma de suas várias visitas à Estocolmo.

Adam Lambert
Idade: 33
Onde mora: Los Angeles
Passado: Finalista no American Idol de 2009. O show será cancelado ano que vem, após sua 15ª edição. As maiores estrelas a emergir do show são Carrie Underwood, Kelly Clarkson e Adam Lambert.
Atualmente: Novo álbum solo, “The Original High”, gravado em Los Angeles e Estocolmo. Faz turnês com o Queen no lugar de Freddie Mercury.

Adam Lambert consegue assistência sueca para o topo

Quanto vale uma voz? Essa é uma pergunta abstrata, mas no caso de Adam Lambert, temos uma resposta exata: 48 milhões de dólares. Antes de uma turnê, quatro anos atrás, sua voz recebeu um valor que chocou o mundo musical. Ao mesmo tempo, há vários que argumentam que sua voz poderia valer o mesmo que o pé de Lionel Messi.

Adam Lambert, nascido em 1982 em San Diego, tem uma voz com uma grande força, e talvez até mais alcance que qualquer pessoa na música pop hoje.

Sua capacidade vocal o coloca nos mesmos níveis de Whitney Houston e Aretha Franklin.

Brian May, do Queen, disse que percebeu a voz extraordinária de Adam Lambert em 2009, quando ele cantou “Bohemian Rhapsody” no American Idol durante sua audição.

A oitava temporada terminou com os dois finalistas, Adam Lambert e Kris Allen, cantando “We Are The Champions” com o Queen.

O vice-campeão se tornou o vencedor

Foi Kris Allen quem ganhou o American Idol, mas o outro finalista que se tornou o real vencedor.

Quando Freddie Mercury faleceu em 1991, Queen o substituiu por Paul Rodgers, do Free e Bad Company, durante suas turnês de reunião nos anos 2000. Mas depois da performance de Adam Lambert durante o American Idol, deram tchau à Paul Rodgers após 5 anos de parceria.

Desde então, Adam Lambert segura esse trabalho. Depois de fazer uma turnê pela Europa na primavera, a banda continua na América do
Sul no outono.

Três semanas após a final do American Idol de 2009, Adam Lambert se tornou o primeiro, e continua sendo o único, participante do programa a parar na capa da Rolling Stone. A manchete era “Idol Selvagem”, com Adam em uma pose provocante. Na mesma entrevista com a Rolling Stone, ele falou pela primeira vez publicamente sobre ser gay.

Mirando um sucesso internacional

Como um artista solo, Adam Lambert se tornou uma grande estrela nos EUA. Seu primeiro álbum, “For Your Entertainment” de 2009, ficou em terceiro lugar na lista da Billboard, e “Trespassing” de 2012 em primeiro.

Mas ele não teve os grandes hits para torná-lo uma estrela internacional. Isso é algo que deverá mudar nesse verão.

Em seu novo álbum, “The Original High”, que foi lançado semana passada, Adam Lambert foi ajudado pelos dois compositores de mais sucesso no mundo: os suecos Martin “Max Martin” Sandberg e Johan “Shellback” Schuster.

“A capacidade de sua voz é inacreditável”, diz Shellback.

“The Original High” foi gravado em duas cidades que lideram o desenvolvimento da música pop atualmente: Los Angeles e Estocolmo. Adam Lambert passou dois meses no estúdio Wolf Cousin em Roslagsgatan, Estocolmo.

No total, 19 compositores suecos foram envolvidos para a criação do álbum. Isso cria uma imagem de um carro de Fórmula 1 rodeado por mecânicos fazendo o motor funcionar perfeitamente.

Amargo e mais calmo

Esse carro estava parado nesse dia no Oscar’s Theatre. A gravadora tocou o novo álbum para os fãs que foram especialmente convidados, os chamados Glamberts, que também tiraram selfies com seu ídolo e modelo.

Esses não são fãs adolescentes, mas sim homens e mulheres de todas as idades. Todos com histórias sobre o que Adam Lambert significa para eles.

Depois, Adam Lambert senta-se em uma cadeira. Ele toma água de uma garrafa de dois litros que ele leva consigo o tempo todo.
“Eu fico desidratado facilmente quando voo”, ele diz com uma voz profunda.

O álbum parece um pouco mais amargo e calmo do que os outros.
“Isso é provavelmente porque eu vivi a parte mais teatral e glam da minha personalidade com o Queen. Com eles, eu pude extravasar. Eu queria que o álbum refletisse outro lado de minha personalidade.”

O que você aprendeu com Max Martin e Shellback?
“Eles me lembraram não só o que é ser um cantor mas também um ouvinte. Me ensinaram a pensar o que uma música faz o ouvinte sentir pela primeira vez e também pela 50ª. Então você percebe que ‘menos é mais’ é uma boa regra. Eu não preciso mostrar tudo o que sei fazer o tempo todo, eu posso me segurar.”

Há uma grande diferença entre cantar em um palco e em um estúdio.
“Verdade. Nos meus primeiros álbuns eu lidei com o processo de gravação da mesma forma que eu tomo o palco. Eu achava que tinha que fazer uma performance ao vivo no estúdio. Eu tenho um passado no teatro, então é isso que eu sei. Mas dessa vez eu me encontrei longe de casa em uma atmosfera mais calma, e eu pude ouvir mais meu lado melancólico.”

Em várias de suas letras você se refere à Hollywood – a antiga Hollywood, um mundo glamouroso mas ao mesmo tempo obscuro.
“Eu morei em Los Angeles pelos últimos 14 anos. A antiga e nova Hollywood é a mesma ilusão. As pessoas têm uma percepção do que é Hollywood, mas na realidade tem muita tristeza. Agora eu estou bem, mas passei por tempos obscuros. Eu tenho amigos que vieram para a cidade com grandes esperanças mas deram de cara com uma parede. Há muito disso. Crises de identidade. Pessoas que sonham com o sucesso mas não conseguem alcançá-lo.”

O que é o “The Original High” que você fala na faixa-título do álbum?
“Há muitas coisas que podem nos fazer sentir vivos. O que eu penso é voltar ao que criou essa vontade. Pode ser a própria vida. Pode ser amor, ou sexo, ou a emoção de performar pela primeira vez. Ou no meu caso, ir em turnê com o Queen. Meu trabalho é trazer antigas memórias para a audiência. Relembrá-los do porquê eles se apaixonaram pelo Queen. Então há esse outro aspecto. Para lembrá-los das músicas fantásticas que Freddie criou.”

Você canta um dueto com Freddie Mercury na tela de vídeo?
“Não é exatamente um dueto, mas há momentos em que cantamos juntos.”

Na música “Lucy”, você fala sobre uma gangue juvenil chamada The Diamond Dogs. Essa é uma referência bem óbvia à David Bowie.
“Bowie é fantástico. Eu cresci com a coleção de músicas dos meus pais. Eu me lembro de quando meu pai pegou a capa de “Diamond Dogs” pela primeira vez. Para mim, Bowie é mais um ícone de estilo do que uma influência musical. O que ele criou foi único. Muitos pegaram emprestado dele.”

Bowie também borrava os limites. Entre rock e disco, entre hétero e gay.
“Eu amo a era glam rock. Todos os limites estavam borrados. Minha mãe também me mostrou outras influências musicais. Ele tinha muito Al Green, Bob Marley. As músicas que cresci ouvindo era o que meus pais ouviam nos anos 70.”

Com o que seus pais trabalham?
“Meu pai (Eber Lambert, origem norueguesa) trabalha com comunicação móvel. Quando eu estava crescendo, ele trabalhava na companhia sueca Ericsson. Minha mãe (Leila Lambert) é uma higienista dental.”

Você trabalhou com várias caridades e com suporte à escolas públicas.
“É um projeto chamado Donors Choose, que começou há 15 anos. Através deles você pode doar dinheiro online à projetos específicos e até para professores específicos. Eu frequentei uma escola pública em San Diego, então eu sei o quanto dinheiro extra significa.”

O que você gostava mais na escola?
“Eu gostava de Inglês e História, e tinha dificuldades com Matemática e Ciências. Mas o que significou mais para mim foram as atividades extracurriculares, matérias fora do currículo normal. Podem ser matérias artísticas como teatro ou coral. Para mim isso foi crucial durante minha infância. Quando a escola tem que guardar dinheiro, o orçamento dessas atividades é cortado.”

É assim que funciona aqui na Suécia também, infelizmente.
“Isso é incrivelmente estúpido.”

Quando você começou a cantar?
“Eu comecei a fazer diferentes produções para o teatro musical quando tinha nove anos. Eu amava.”

Você tinha aulas de canto?
“Sim, eu comecei a fazer isso com 13 anos de idade.”

De que forma? Cantando escalas?
“Sim, tudo isso. Mas eu tinha uma professora que me ensinou não só as técnicas como também como cantar em geral. Ela se tornou uma mentora para mim, e me introduziu à todos os clássicos: filmes, musicais, músicas. Ela me ensinou sobre grandes cantores, grandes compositores. De certa forma, é como se eu tivesse conseguido minha educação de uma geração prévia.”

Mesmo sem saber, isso é mostrado em sua artisticidade.
“Isso é provavelmente verdade. Eu carrego comigo coisas da era de ouro do entretenimento que ela me ensinou.”

Então você assistia vídeos durante essas aulas?
“Sim. Ela também me ensinou sobre a história gay, todos os ícones.”

Como Judy Garland?
“Judy Garland, Liza Minnelli, Barbra Streisand. Eu consegui toda essa educação com ela. Eu nem havia saído do armário nessa época. Eu falei para os meus pais quando eu tinha 18 anos. Mas minha professora vocal sabia disso sem perguntar. Ela sabia. Eu também continuei dividindo o conhecimento que ela me deu. Eu tenho amigos gays que acham que tudo começou com Beyonce. Então eu os ensino, ‘Esse é Bob Fosse, e é isso que você tem que saber’.”

Há detalhes na produção que eu sinto que são Bob Fosse. Estalar os dedos. Assobiar.
“Definitivamente. As coisas estão mais dramatizadas. Bem Fosse.”

Você vai à musicais hoje em dia?
“Não, eu me cansei um pouco disso. Muito do que é colocado na Broadway atualmente é para turistas. Não há riscos. Eu me lembro de quando era criança e vi Tommy by The Who em San Diego. Foi incrivelmente legal. Tinha coragem. São experiências assim que procuro.”

Outra caridade que você ajuda é o The Trevor Project, que ajuda a juventude LGBT.
“Trevor Project é fantástico. Eles trabalham com prevenção de suicídios. Qualquer um pode ligar para um número grátis a qualquer hora para conseguir ajuda e aconselhamento.”

Há pessoas que te procuram e te dizem coisas pessoais?
“Eu não fazia ideia de como isso afetaria as pessoas depois de me assumir gay após o American Idol. Eu recebo muitas cartas, fãs que me dizem que eu os fiz ver as coisas de outra maneira.”

O American Idol alcança todo o país. Como que ele reagiu a essa notícia?
“Houve alguns obstáculos na estrada, mas eu fico feliz de ver o quão rápido as atitudes das pessoas estão mudando. A próxima geração já não liga. Para eles já é passado, eles estão indiferentes. E é exatamente isso que eu quero alcançar.”

Autoria do Post: Josy Loos
Tradução Sueco/Inglês: Adam Lambert Sverige
Tradução Inglês/Português: Carolina Martins C.
Fontes: @AdamLambertSwe e Adam Lambert Sverige

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