The F Word": O Corte Estendido do Diretor – Adam Lambert

Conforme publicamos aqui, a série “The F Word”, transmitida pela primeira vez em 2012, pelo canal a cabo Music Choice, voltou a ser transmitida pelo Music Choice Play, em 20 de Janeiro, tendo como último episódio o “Corte Estendido do Diretor” de Adam Lambert.

Abaixo, você confere a tradução do episódio completo, que dá acesso em primeira mão aos fãs sobre a visão de seus artistas da fama e como a mesma os afeta. Você pode assistir o episódio de 20 minutos clicando aqui.

Adam: De repente, a sua vida – sua vida real, sua realidade – é totalmente diferente de como ela é projetada para todo o mundo. É o seu trabalho, então ele pode deixá-lo ansioso; eu acho que ninguém entende o que a indústria realmente está pedindo. A fama não é necessariamente o que eu estava procurando.

A primeira vez que percebi que eu era famoso foi quando eu estava no American Idol e, de repente, todos os amigos que eu já tive em toda a minha vida, família, família estendida, conhecidos, ex-colegas de trabalho, me ligaram dizendo “Meu Deus, eu te vi no Idol!”. Depois, ainda durante o Idol, eu descobri que estaria na capa da Entertainment Weekly, o que foi realmente surreal, bizarro; naquele momento, eu pensei: “Uau esta é a minha vida agora, pelo menos por enquanto”. Eu não audicionei para o Idol necessariamente para ser famoso, eu fui para poder cantar para mais pessoas, ganhar um pouco mais de dinheiro, poder fazer o meu próprio álbum e trabalhar com grandes colaboradores.

Já faz quase seis anos que Adam Lambert apareceu pela primeira vez no American Idol, e, desde então, ele ganhou uma base de fãs leais, lançou dois álbuns bem sucedidos e circulou o mundo em múltiplas turnês. Além de suas contribuições para a música, Adam tornou-se uma voz importante para a comunidade LGBT. Com um impacto tão significativo na cultura pop, não há dúvidas de que Adam Lambert é famoso.

Adam: Eu ainda estou me ajustando… É estranho ir ao supermercado, ir ao posto de gasolina, coisas cotidianas normais que acabam tornando-se não tão normais. Eu não estou reclamando, é como as coisas são! Eu me sinto afortunado por tudo isso, você só tem que aceitar e continuar adiante. O que é estranho na fama é, de repente, você sair de um evento e ter um monte de pessoas gritando seu nome; pessoas que você não conhece vêm até você… ainda é estranho para mim. Isso tem um preço, às vezes é um pouco agravante, às vezes invade seu espaço ou momento íntimo, mas você tem que fazer as pazes com isso, essa é verdadeiramente a conclusão. Eu gosto que as pessoas saibam quem eu sou, que sou famoso, mas espero que eles também saibam que eu tenho lançado músicas, porque isso é o que eu faço e é o que eu amo. Não é uma existência normal, mas tem grandes vantagens, não estou reclamando.

Logo depois do American Idol foi quando consegui morar pela primeira vez em uma casa própria. Eu não comprei a casa, só alugava, mas foi definitivamente um grande avanço, comparado ao meu apartamento-estúdio onde morava no meio de Hollywood, com o banheiro mais minúsculo do mundo. Foi bom ter mais espaço pela primeira vez, poder convidar os meus amigos para comer em uma mesa de jantar… Foi legal ter meu próprio espaço.

Durante o programa eu não tinha uma ideia pronta de quem eram os meus fãs, eu não estava interagindo tanto naquele momento. Apenas quando o programa acabou, eu soube quem eles eram. E são esses fãs incríveis, que se arrumam para mim e são bem verbais, leais e dedicados. A parte mais legal de ter uma base de fãs como essa é que eles realmente me apoiam. Houveram momentos nesta jornada em que me senti um pouco desafiado, mas meus fãs sempre fizeram com que eu me sentisse protegido e incentivado, o que é algo incrível. É como que se eu tivesse uma irmã mais velha neste mundo grande e cruel.

É uma honra estar em destaque na “Out 100”, é uma importante lista de pessoas que estão tentando abrir o caminho e avançar com a sociedade. Nós estamos tentando ser progressivos, e acho que todos nós estamos fazendo um bom trabalho. Estou orgulhoso da comunidade e estou orgulhoso da Out Magazine por destacar a todos nós.

Eu estou tão feliz por ter uma plataforma na qual posso criar música e influenciar as pessoas! Eu gostaria de inspirar as pessoas tanto para dançar como em pensar sobre os problemas sociais, e essa é uma grande oportunidade que eu tenho. Eu vou tentar viver sendo honesto com quem eu sou, espero inspirar outras pessoas a serem quem eles querem ser desse modo. Eu realmente nunca gostei da ideia de ser um modelo a seguir, no sentido de que as pessoas façam o que eu faço, mas espero que eu possa incentivar as pessoas a serem elas mesmas!

Você tem que mudar

Eu tenho tentado bastante permanecer a mesma pessoa que eu sempre fui, por isso tenho os mesmos amigos. Mas você tem que se adaptar e ser flexível. Em alguns casos, você tem que mudar um pouco, porque você tem que se adaptar a este novo estilo de vida… E é uma grande mudança. Isso definitivamente coloca algumas relações em um contexto diferente, alguns relacionamentos crescem mais fortes, porque você percebe o quanto é importante ter pessoas de verdade em sua vida, que te conheciam antes, e reprime outras porque elas simplesmente assumem que, depois que você se torna famoso, você vai esquecê-los ou agir como um idiota. E muitas vezes você escuta aquela coisa, “Ah você mudou”. Bom sim, eu tive que mudar um pouco.

Enquanto o sucesso de Adam Lambert no American Idol o ajudou a realizar sonhos que ele nunca pensou serem possíveis, a sua fama veio com um custo, em um mundo obcecado pelas celebridades. Os ricos e famosos se tornam nossa manchete, e seu estilo de vida a nossa fofoca. Uma exposição difícil de se preparar.

Quando você está no Idol, é como se você estivesse em uma pequena bolha. Não somos autorizados a fazer entrevistas com outros meios enquanto estamos no programa, porque eles querem nos manter protegidos. Eu acho que nenhum de nós percebemos exatamente como estávamos sendo projetados lá fora. Minha mãe, meu pai, meu irmão e amigos me ligavam para dizer que “estão dizendo isso e aquilo”, e depois do final, três ou quatro de nós saímos e eles me colocaram na capa da Entertainment Weekly e disseram “A América estará pronta para um Idol Gay?” Eu ainda não tinha confirmado nada, mas eu era assumido desde que eu tinha 18 anos, não era um segredo. Eu estava sentado lá e pensava “Bem, sim, eu sou gay, eu sempre fui, desde que eu era adolescente, mas para o público eu não estava assumido”. A razão pela qual eu fiz uma audição para o Idol foi que eu queria ter mais oportunidades de carreira. Eu queria mostrar às pessoas que eu podia cantar e qual tipo de artista que eu queria ser. De repente, foi sobre eu ser ou não gay, religioso ou não religioso, e veio toda esta questão moral social. E eu não acho que o American Idol é assim tão complexo.

Ele é ou não é

Quando a Rolling Stone anunciou que eu estaria na capa, claro, durante a entrevista, falaríamos sobre tudo. Imediatamente eu disse: “Sim, eu sou gay”. Eu não senti que deveria ser um grande anúncio, mas acho que as pessoas estavam se perguntando se eu era ou não. Foi interessante, porque a resposta da comunidade LGBT foi mista, e eu acho que, no início, havia uma atitude um tanto quanto “você não é gay o suficiente, e agora você é muito gay”, e assim alternadamente. E isso é um dos problemas de ser um dos poucos artistas pop abertamente gay atualmente. Você não pode agradar todo mundo, e todo mundo quer que você seja uma coisa diferente para um grupo diferente. Foi difícil para mim aceitar que, queira ou não, eu ia ser visto como uma figura que estaria representando a comunidade gay ao resto do público, e isso nunca foi uma responsabilidade que eu procurava. Eu só queria cantar. Vendo a indústria da música hoje, é complicado, porque não há muita presença gay. É complicado ser um dos poucos, e não é um trabalho fácil, não existe um manual pra isso. No entanto, é interessante que tenha-se iniciado essa conversa. Eu sempre achei que poder manter as pessoas interessadas, e elas começarem a conectar a cultura pop com um panorama mais amplo é emocionante. Pelo menos você mantem as pessoas presentes e dedicadas a alguma causa. Eu acho que, agora, depois de ter ficado confortável com toda a situação, com meu papel e com quem eu sou em toda esta nova vida, eu aceito, com prazer, a responsabilidade, e espero que eu possa viver como um exemplo, em vez de fazer algo plástico ou dizer: “É assim que as pessoas homossexuais são” (ou supostamente são). Eu só vou tentar viver o exemplo e ser honesto e ser quem eu sou.

Privacidade

Quando, de repente, você não tem mais privacidade, é o momento em que você percebe quão incrível ela realmente é. É uma das coisas mais agradáveis ao ter em uma vida regular. Tentando pensar quando foi que percebi que eu não a tinha mais… Eu estava na praia, em Miami, durante uma turnê, e eu estava tentando relaxar. Haviam muitos paparazzi lá e eu cooperei por um tempo, mas depois continuaram a chegar mais e mais e, finalmente, eu falei “O que vocês querem?” Eles disseram “Queremos que você entre na água”, e eu disse que não entraria enquanto eles estivessem tirando fotos. Eu não vou jogar seu jogo, Sr. Paparazzi.

Os meios de comunicação

Eu tenho uma relação de amor e ódio com a mídia. Por um lado, é parte do trabalho. Eu sou um artista e preciso dos meios de comunicação com o fim de me comunicar com o público, compartilhar meus novos projetos e minha música. E há muitos jornalistas que são muito legais, entusiasmados e interessados, com ótimas entrevistas. Mas há, em igual quantidade, pessoas na mídia que não fazem suas pesquisas e exageram as coisas, ou pegam as palavras, as tiram do contexto e me fazem soar completamente diferente. Eu acho tão louco que um jornalista pode criar esta história que nem sequer existe. Tenho amigos que me mandam textos, perguntando, “Isso é verdade?”. Isso é o que eu acho interessante: que as pessoas acreditam em tudo que leem. Wikipédia é o novo padrão de fatos, mas a verdade não é assim. No final do dia, o público está comprando e apoiando essas publicações, como um ciclo de “o que veio primeiro, a mídia ou o consumidor?” O engraçado é que, às vezes, os pontos negativos recebem muito mais destaque do que os pontos positivos, e isso é uma pena. As pessoas que têm algo não tão agradável para dizer muitas vezes falam muito mais alto. Eu cometi erros, fiz escolhas que não são as melhores, mas existem momentos em que eu faço as coisas boas, como contribuição social, por exemplo. Eu acho que esperamos que as celebridades sejam perfeitas. Aconteça um desastre e não há perdão. Isso não é a vida real. Houveram momentos em que eu me senti frustrado com isso, mas me dei conta que é assim que lidam com as coisas. Eu não vou ser capaz de mudar tão cedo assim, você só tem que me aceitar.

Administrando a fama e o estilo de vida que vem com isso pode ser difícil e opressivo. Desde que foi apresentado ao mundo no American Idol, Adam Lambert não só aceitou a sua fama, mas aprendeu a equilibrá-la com sua carreira e vida.

A fama traz um certo nível de expectativa, tanto para si mesmo quanto para os fãs e o mundo exterior, que esperam algo de você. Isso, obviamente, amplia bastante os altos e baixos da vida normal. Eu acho que é fácil para as pessoas verem uma celebridade e formarem uma opinião inflexível quando leem uma manchete, e assumem que eles são “isso ou aquilo”. Mas nós somos humanos. As pessoas famosas passaram a ser famosas porque fizeram algo certo na hora certa, no lugar certo, ou trabalham duro para chegar a um determinado ponto onde elas adquiriram visibilidade; mas nós não somos perfeitos, eu certamente não sou perfeito. Se eu cometer um erro, ou dizer a coisa errada, isso vai evoluir para algo maior, e por aí vai. Eu aprendi que tudo começa comigo: eu tenho que me comportar de uma determinada maneira, ou fazer uma determinada decisão se eu quero ser retratado de uma certa maneira. Foi nesse momento que eu percebi que existem pessoas jovens que disseram para mim: “Eu admiro você, você me inspira a ser quem eu quero ser, a ser eu mesmo”, e é só para essas pessoas que é realmente importante eu me manter forte. Eles me dão um sentido de responsabilidade que me guia em minhas ações, e em como quero me conduzir até mesmo à luz da controvérsia e do ódio, e outras porcarias como essa.

É trabalho

A maior concepção errônea de ser famoso é que tudo é glamour, e você terá todas as coisas que quiser, e que todo mundo abrirá a porta para você. Mas tudo é apoiado no trabalho. Parece glamouroso de fora, mas a fama pode te deixar ansioso e um pouco oprimido; você não tem muito controle de seu ambiente. Uma das coisas que eu senti muito foi essa sensação de “Você pediu pra isso acontecer”. De uma maneira, sim, mas eu não acho que as pessoas sabem o que estão pedindo quando fazem algo para tornar-se famoso. A fama é como o efeito colateral do que eu estou fazendo.

Oh, a gente te adorava

Um dos desafios de ser famoso por causa do programa American Idol é que um casal, ou pais e as suas famílias me param e são sempre muito simpáticos, mas me dizem: “Oh, a gente adorava você”. É tempo passado, como se eu estivesse morto, “Oh a gente adorava você naquela época”. Eu penso: bem, você pode me adorar agora, se você não se importar… Eu ainda estou fazendo música! O programa sempre vai ser por onde eu foi introduzido para as pessoas, e o programa atinge milhões, tem um alcance mais forte do que a indústria da música tende a ter. Eu acho que eu tenho que lutar um pouco mais pra fazer mais músicas incríveis, e isso está em mim.

O talento de Adam Lambert não apenas rendeu-lhe aclamações de fãs, mas de líderes do setor da música também. Em 2011, a canção “Whataya Want From Me”, de seu álbum de estreia, For Your Entertainment, foi nomeada para um Grammy.

Nomeação para um Grammy, isso foi incrível! Eu soube em Paris enquanto fazia promoção do meu álbum lá. Meu gerente na época me ligou e eu não podia acreditar, foi uma coisa muito surreal, significou muito para mim. Me fez sentir bem, me fez sentir como se estivesse no caminho certo, que estou fazendo algo que meus colegas e a indústria da música respeitam. O que significa muito para mim, isso definitivamente me deu confiança para o segundo álbum, e para escrever e trabalhar com produtores. Senti que eu não era uma piada para eles, talvez não a todos eles. Isso me fez pensar que eu estou fazendo algo certo. Então, isso foi ótimo.

O American Idol está atualmente na sua 14ª temporada e, enquanto os vencedores e concorrentes vieram e se foram, a estrela de Adam Lambert ainda brilha forte, em 2015. Adam planeja lançar seu terceiro álbum completo depois de terminar uma turnê mundial como vocalista da lendária banda de rock Queen.

Se tornar relevante é algo subjetivo. Acho que o trabalho duro tem muito a ver com isso, se você estiver disposto a se esforçar e aprender e se adaptar e evoluir à medida que o tempo passa, eu acho que sua chance de permanecer relevante é provavelmente maior, e espero que eu também possa ficar relevante, porque estou fazendo músicas que as pessoas gostam. Essa é a ideia, obviamente, há uma pressão quando você trabalha em um próximo álbum, o que você pode fazer comercialmente e onde você está artisticamente. Claro que, se eu me desse bem comercialmente, eu ficaria feliz. Eu adoraria isso. Mas estaria muito satisfeito e contente também sabendo que eu passei muito tempo, foco e energia trabalhando no álbum, então vou estar satisfeito em desvendá-lo e dizer que este é o MEU álbum, e se ele se der bem, bom. Se não, tudo bem, mas não é algo que eu possa controlar. Eu só posso desejar isso.

Mantenha-se fiel a si mesmo

Tem sido uma viagem interessante tentar permanecer fiel a mim mesmo e ser honesto. É realmente fácil na indústria do entretenimento focar-se no que todo mundo quer de você, e querer agradar a todo mundo o tempo todo. Aos 27 anos, quando fiz a audição para o American Idol, eu já tinha passado pela maior parte dos meus 20 anos e sabia bastante quem eu era como pessoa, meu caráter e minha identidade. Um dos meus grandes “quês” é que eu sempre fui muito honesto e sempre tive a língua afiada, e isso me colocou em problemas antes. Eu abri minha boca e disse a coisa errada, mas isso me ajudou a tomar uma decisão que me mantem fiel a mim mesmo, porque ser você próprio é mais fácil do que fingir.

Autoria do Post: Elisa Ferrari
Tradução: Sandra Saez
Fonte: Adam Lambert TV

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