Onde a música LGBTQ está e para onde vai

Onde a música LGBTQ está e para onde vai

A música dá aos artistas um espaço para expressar-se, educar outros e orgulho à comunidade pela exibição. Do rock clássico ao dance-pop eletrônico, a música evolui constantemente para refletir as tendências da época. Veja como a comunidade LGBT tem sido representada nas últimas quatro décadas, através da música.

O Passado

A década de 1970 testemunhou a primeira onda de músicos proeminentes abertamente LGBTQ nos Estados Unidos. David Bowie, conhecido por sua mista personalidade como Ziggy Stardust, fez história ao sair como bissexual em 1972. O cantor e compositor Elton John, que possui mais de 50 músicas no Top 40, disse que ele era bissexual em uma entrevista em 1976 com a Rolling Stone. O vocalista do Queen e roqueiro glam Freddie Mercury, sem nunca verbalmente haver comentado sobre sua sexualidade para o público, era um artista exuberante que muitos acreditavam ser um homem gay.

Esta rejeição de gênero e normas sexuais deixou a maioria dos americanos perplexos. John e Bowie chocou alguns quando eles se assumiram. Bowie era bem conhecido por suas atitudes grotescas no palco como Ziggy Stardust, que incluiu sair sem roupa usando somente uma tanga, decorando o rosto com maquiagem e simulando sexo oral com as guitarras de seus companheiros de banda. Ao se recusar responder perguntas sobre sua sexualidade, Mercury tinha uma forte mensagem para o mundo: Ele estava orgulhoso de quem ele era e não sentia a necessidade de validar a si mesmo.

Outros artistas LGBTQ chegaram à fama na década de 1980, graças em grande parte aos pioneiros diante deles. A cantora e compositora jamaicana Grace Jones tornou-se popular em clubes em 1980 com seu estilo andrógino e seu álbum de sucesso “Warm Leatherette”. Ela desenvolveu um grande número de seguidores gays e tornou-se um ícone da moda para drag queens. O vocalista do Culture Club, Boy George, que citou Bowie como uma de suas principais inspirações, era um artista cross-dressing [ver nota] cujas performances deixou a muitos curiosos sobre seu gênero e sexualidade. Ele não gostava de perguntas íntimas, mas por quase toda sua vida ele disse que “preferia uma xícara de chá” que sexo.

Em 1993, RuPaul Andre Charles trouxe o drag à popularidade quando sua canção “Supermodel (You Better Work)” alcançou a posição nº 2 na Billboard Hot Dance Music e Club Play Graphic. RuPaul, que surgiu em club gays de Atlanta, se juntou a um grupo crescente de celebridades nos anos 90 que eram conhecidas publicamente como gays. Ele também rejeitou a noção de um rigoroso gênero binário. “Você pode me chamar de ‘ele’. Você pode me chamar de ‘ela’. Você pode me chamar de Regis e Kathie Lee; eu não me importo, desde que você me chame”, disse RuPaul.

O Presente

A virada do século 21 marcou uma mudança significativa na música LGBTQ, quando mais artistas começaram a falar mais sobre seus gêneros e sexualidades. Em 2001, o vocalista Jake Shears e seus amigos que são abertamente gays começaram uma banda chamada The Scissor Sisters. O grupo, com um nome que faz referência a atividade sexual lésbica, implementou muitos temas da cultura gay em suas canções. A dupla pop canadense Tegan and Sara, gêmeos idênticos abertamente homossexuais, ganhou sucesso em 2007 após seu álbum “The Con” ter alcançado o nº 34 na lista Billboard 200. Adam Lambert chamou a atenção da nação com seu estilo chamativo e personalidade extravagante na 8ª temporada do American Idol. Seu álbum de estúdio de estreia de 2009, “For Your Entertainment”, alcançou a posição nº 3 na Billboard 200, e o The New York Times depois identificou-o como “o primeiro artista pop abertamente gay” em iniciar uma carreira em uma gravadora famosa.

Agora os músicos não só possuem suas sexualidades e gêneros – eles escrevem canções e álbuns sobre eles. A artista Lady Gaga, que cita David Bowie e Freddie Mercury como principais influências musicais, atraiu muitos seguidores gays com suas canções electro-pop provocativas. Em 2011, ela lançou “Born This Way”, um álbum de auto-empoderamento centrado contra a luta sexual, de gênero e minorias raciais. Gaga, que é aberta sobre sua bissexualidade, é também uma defensora pelos direitos LGBTQ. Ela afirma que seu infame vestido de carne que ela usou para o VMA 2010, enquanto era acompanhada por soldados gays que foram despedidos, foi uma declaração política de acordo à lei “Não Pergunte, Não Diga” que “quando morremos, a carne em nossos ossos não contém nenhuma sexualidade, não há diferença. Não devemos discriminar aqueles que estão dispostos a dar a vida para proteger os americanos. Porque quando uma vida é perdida, somos carne da mesma forma.”

O cantor e compositor Frank Ocean fez manchetes quando ele se tornou um dos primeiros artistas de R&B em ser assumido. Em uma carta postada no Tumblr do Ocean o cantor disse que ele era gay e detalhou seu primeiro romance com outro homem. Na canção “Bad Religion” no álbum “Channel Orange”, ele menciona suas lutas com fé e sexualidade. “É uma má religião estar apaixonado por alguém que nunca poderá amá-lo. Só uma má religião poderia me fazer sentir do jeito que eu sinto.”

Apesar da polêmica em torno da sexualidade de Ocean, “Channel Orange” chegou ao 2º lugar na Billboard 200 e ganhou um Grammy de “Melhor Álbum Contemporâneo Urbano”.

O Futuro

O número e a importância de artistas LGBT aumenta a cada ano. A cantora e compositora de R&B Janelle Monáe, conhecida por seu estilo andrógino, é intencionalmente vaga sobre sua sexualidade e expressão de gênero para que os ouvintes possam julgar com base em sua música, e não na sua vida íntima. O álbum de Sam Smith “In The Lonely Hour” foi inspirado pelo seu amor não correspondido por outro homem e se tornou um sucesso em todo o mundo neste ano. O primeiro álbum do drag queen Adore Delano, “Till Death Do Us Party”, chegou ao nº 3 nas paradas Billboard eletrônicas/dance este verão, que é o mais alto que um álbum de um artista drag já alcançou. Outros artistas, como o rapper Angel Haze, a cantora pop e celebridade de internet Troye Sivan e a vocalista da canção “Same Love” Mary Lambert são estrelas com potencialidade em ascensão que poderia expandir a influência de músicos LGBT nos próximos anos.

A indústria da música tem tido um crescimento exponencial de artistas gays nos últimos 50 anos. Apenas algumas décadas atrás, era um movimento da carreira arriscado para um artista ser assumido. No entanto, a nossa cultura tem sofrido uma transformação tão surpreendente que artistas LGBTQ não são mais famosos apesar de suas expressões de gênero e sexualidades. Em vez disso, eles usam sua música para espalhar mensagens positivas sobre suas sexualidades, que, em um país que às vezes ainda se esforça para acomodar seus cidadãos LGBTQ, é exatamente o que precisamos.

Fontes: Adam Lambert TV e The Diamondback

Tradução: Sandra Saez

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2 Comments

  1. O mundo precisa de mais músicos LGBT, precisamos mostrar que temos talentos e sentimentos iguais aos heteros! Se esqueceram de citar o Sam Smith!

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  2. Foi citado sim, está na parte “O FUTURO”:

    O álbum de Sam Smith “In The Lonely Hour” foi inspirado pelo seu amor não correspondido por outro homem e se tornou um sucesso em todo o mundo neste ano.

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