Tradução da Entrevista de Adam Lambert na Revista Rolling Stone de Junho/2009

Conforme publicamos aqui, no dia 25 de Junho deste ano, Adam Lambert twittou a foto acima, dizendo: “4 anos atrás, capa da Rolling Stone”.

Adam se referia à edição da revista, de Junho de 2009, que publicou uma entrevista exclusiva com ele, logo após o término da 8ª temporada do “American Idol”, da qual ele foi o vice-campeão. Adam, na ocasião, aos 27 anos, revelou ao mundo que era gay através das páginas da revista, apesar de já viver abertamente gay desde os 18 anos, acabando então com dúvidas e os comentários que eram veiculados sobre isso na época.

Como prometemos, estamos trazendo agora, a tradução na íntegra desta entrevista, a qual você poderá acompanhar abaixo. Uma reportagem bastante completa, onde, além de diversas informações importantes, você ficará conhecendo um pouquinho mais sobre Adam Lambert.

A transformação psicodélica e a liberação sexual de Adam Lambert
Por Vanessa Grigoriadis

IDOL SELVAGEM

Às vezes, no deserto, você pode descobrir as coisas. Isso foi o que Adam descobriu alguns anos atrás, no “Burning Man”, um festival utópico anual que acontece em Nevada, nos EUA. Naquela época, ele se divertia nos clubes noturnos, em Los Angeles, como o “Hyde” e outros pontos de encontro de celebridades. “Era negativo e realmente obscuro, cocaína e egos inflados rolavam soltos”, ele conta. E ele se sentia um pouco perdido, não sabendo exatamente o que queria fazer da sua vida. “Eu estava me tornando uma pessoa amarga”, ele disse. “Eu estava procurando por alguma coisa, e não sabia exatamente o que era”. No “Burning Man”, ele circulou num ônibus com um lança chamas em cima, se apresentou num musical improvisado chamado “Big Black Man Show” e também experimentou “certos fungos”. Então aconteceu: “Eu tive uma experiência psicodélica onde olhei para as nuvens e pensei, ‘Oh!’ ele disse. “Eu me dei conta de que todos temos nossa própria força, e fosse lá o que eu quisesse fazer, eu tinha que fazer acontecer”. E o que ele queria fazer era tentar o “American Idol”.

Isso não é o tipo de história que esperamos ouvir de um concorrente comum do “American Idol”. E existem muitos outros aspectos de Lambert que as pessoas desconhecem, mesmo depois de 30 milhões de espectadores terem passado quatro meses achando que estavam ficando íntimos dele. Por exemplo, ele é Judeu, apesar de nunca ter realizado o “Bar Mitzvah” [ver nota 1] e odiava a escola Judaica, devido ao fato de ter sofrido uma hemorragia nasal na frente dos colegas no primeiro dia de aula. Seus pais se separaram quando ele tinha 19 anos, enquanto ele estava na Europa se apresentando num musical barato de seis pessoas, a bordo de um navio de cruzeiro. Ele admite ter passado a maior parte de sua vida fazendo festas, procurando pelo amor obsessivamente, embora soubesse em seu íntimo que é a coisa mais difícil de se encontrar na cultura pop: um verdadeiro espírito livre, uma pessoa pacata, que valorize o amor acima do dinheiro e a paz acima do poder. E existe mais uma coisa, algo que provavelmente você já saiba, mas sobre a qual ele não foi explícito até agora: “Eu não acho que deva ser uma surpresa para qualquer um ouvir que eu sou gay”, ele disse.

Esta informação, novamente, nenhuma surpresa… é passada adiante às 11 da manhã, duas noites após a final do “Idol”, quando Lambert, no chique escritório da recepção da “19 Entertainment” no “Sunset Boulevard”, com uma vista das luzes brilhantes de Los Angeles ao longe, murmurou, olhando fixamente à distância: “É a neblina que faz tudo ficar com essa aparência?” “Ou isto é glitter?”. Em duas semanas, ele estará começando a se apresentar para a turnê nacional do “Idol”, que estreia dia 05 de Julho (de 2009), mas esta noite ele se encontra com Simon Fuller, o criador da franquia “Idol”, para falar sobre seu novo contrato de gravação. “Ele é tão confiante e seguro de si”, disse Fuller. “Ele é como uma mistura de Marc Bolan com Bowie, com um toque de Freddie Mercury e a sexualidade de Prince”. Ele pode ser tudo isso, mas nesse momento Lambert está muito atarefado. Depois da final, ele comemorou o encerramento do programa até as 3 da manhã, e então teve que acordar para uma série de entrevistas da afiliada da Fox TV, uma hora depois. “A primeira coisa que eu fiz foi abrir um Red Bull”, ele disse, rindo. “Por um tempinho, eu me senti como se estivesse numa corrida. E então eu fui de ‘Oh meu Deus, quem tem um bastão de brilho?’ para ‘Me dêem um bastão de energia, eu estou acabado!'” Mesmo assim, ele abre uma garrafa de “Vueve Clicquot” [ver nota 2], um presente de Fuller, enchendo os copos de sua nova comitiva: uma publicitária, uma assessora, e um guarda-costas. “Não vou dizer não para uma bebida”, ele disse. “Você me encontrou em uma forma incomum: sem filtros”.

Ele certamente parece estar nesta forma no jantar às altas horas no Hotel “Sunset Marquis”, onde, comparado ao circuito da grotesca mídia, onde parâmetros de virtude, tais como Bill O’Reilly e Perez Hilton, tentando disfarçar a sua homossexualidade no inconsciente urbano diário, Lambert raramente compartilha detalhes sobre sua vida particular, por suas próprias razões, para manter muitos deles para si mesmo. “Logo depois da final, eu quase comecei a falar sobre isso com os repórteres, mas eu pensei, ‘Eu vou esperar pela Rolling Stone, vai ser mais legal'”, ele disse. “Eu não queria o mesmo que o Clay Aiken e as bobagens das revistas de celebridades. Eu preciso poder me explicar dentro de um contexto”. Mais tarde, ele acrescenta: “Eu achei muito importante estar no controle da situação.” “Eu sinto como se todos tivessem uma opinião a meu respeito e eu quero uma chance de dizer, ‘Bem, você quer ouvir o que eu realmente sinto a respeito disso?'”

Esta é uma questão mais fácil de perguntar do que responder, porque Lambert tem muitos pensamentos a respeito do seu novo papel como o novo gay americano premiado do “Idol”, e muitos deles são, de alguma forma, contraditórios. Mas existe um ponto no qual ele está completamente seguro: “Eu tenho orgulho da minha sexualidade”, ele disse. “Eu a assumo. É apenas uma outra parte de mim.”

Vamos retornar, por um momento, a outras partes de Lambert, o garoto de 27 anos de idade, de San Diego, que capturou tantos corações nesta temporada do “American Idol” por razões que pouco têm a ver com a sua preferência sexual e tudo a ver com sua voz tão poderosa, suave presença e performances explosivas. Afinal, esse é o cara que dividiu o palco com o Kiss na final. “Eu estava tão empolgado”, ele disse a respeito do fato. “Eu disse: ‘Eu vou colar pedras brilhantes nos meus cílios, ‘bitch'”! Isso mesmo, “American Idol” de botas plataforma. Vocês não estão mais votando! A mesma eletricidade que ele projeta no palco é abundantemente demonstrada em pessoa, aliada com o refinado senso de humor, seguido pela clara disposição e uma destreza para rapidamente avaliar a melhor maneira de trabalhar em tudo que a que ele se dispõe. Lambert é lindo. 1,85m e 75 quilos, com feições perfeitas e olhos azuis da cor do céu… e ele é aberto sobre flertar com ambos os sexos. Mesmo sabendo que ele é gay, é difícil não achá-lo atraente fisicamente. E é assim que ele gosta. “Eu amei essa temporada, onde as garotas ficaram loucas por mim”, ele disse. “Da maneira como eu entendo, tudo é sexy. Só porque eu não faço sexo com elas, não significa que eu não as ache bonitas”.

Esse é o tipo de frase que Lambert gosta de jogar ao vento, com um brilho nos olhos enquanto saboreia o choque causado. Algumas delas são gratuitas, com a intenção de provocar; a maioria parece ser verdadeira, saídas de um senso de confiança que veio após ter conquistado seu lugar em Hollywood depois de quase uma década. Antes do “Idol”, Lambert cantava como meio de vida, recebendo US$ 1.800 (aproximadamente R$ 4.050,00) por semana como membro do coral do “Actors Equity”, na produção Californiana do musical “Wicked”. Mas ele não estava realizado. “Eu finalmente consegui uma participação num show da Broadway, e de repente não era mais aquilo que eu queria”, ele disse. “O teatro musical era muito parado, de uma certa forma, e totalmente sem reconhecimento. Eu estava cansado de ser um menino de coral”. Nos bastidores de “Wicked”, os rapazes gostavam de falar sobre o “American Idol”. “Todo mundo tinha uma opinião, tipo, ‘Oh, Jason Castro é tão bonitinho, mas será que ele realmente consegue cantar?’ ou ‘Carly Smithson, ela é tão corajosa'”, ele disse. Quando ele contou para eles sobre a epífane durante o “Burning Man”, eles o animaram: “Eles disseram, tipo: ‘Você tem que ir, querido!'”. “Eu sabia que era a minha única oportunidade de ser levado a sério na indústria da música, porque é rápido e generalizado.”

Então, em Julho (de 2008), ele se dirigiu até os testes para o “Idol”, em San Francisco, e logo foi catapultado dentre os Top 36, quando então ele fez a sua primeira tatuagem, o “Olho de Horus”, um “Deus Egípcio”, para mantê-lo seguro. Ele tentou se manter calmo, custeou do próprio bolso as roupas que usou no palco, e agonizou sobre cada escolha de música. “Eu vi o que David Cook tinha feito no ano anterior, e achei muito legal” ele disse. Ele pensou: “Eu tenho que cantar algo que todo mundo conheça, mas eu vou fazer com que funcione do meu jeito e eu não vou dar a mínima importância para o tema da semana, e, acima de tudo, eu vou simplesmente ignorar aquele cerimonial todo”. Ele ri um pouco. “É tão cerimonioso”, ele disse. “É por isso que é tão difícil para pessoas como Allison [Iraheta], que não ficam lá de pé, sorrindo, dizendo o que eles querem que ela diga.” “Eu me comportei muito bem, mas não estava sendo falso. Aquilo realmente foi o meu melhor comportamento.”

Quando Lambert chegou ao Top 13, ele sublocou seu apartamento num prédio na Hollywood 1920, e se mudou para a mansão do “Idol” em Bel-Air com um novo colega de quarto: o eventual ganhador, Kris Allen. “Eu pensei: ‘Oh, droga, eles me colocaram junto com o cara bonitinho'”, diz. “Distração! Ele é o único cara que eu achei atraente em todo o grupo do programa: gentil, charmoso, bonito e totalmente meu tipo… exceto por ele ter uma esposa.” “Quero dizer, ele tem a mente aberta e é liberal, mas ele é definitivamente 100% hétero.”

Danny Gokey, um diretor de grupos de trabalho de Milwaukee, não era tão liberal quanto Allen, e Lambert disse que eles discutiram religião algumas vezes. “Danny segue a Bíblia, e a Bíblia é a Palavra”, ele diz diplomaticamente. “E eu respeito isso. Só não tente impor isso pra mim e ficaremos bem.” Gokey não fazia parte da turma de Lambert durante o programa, que era formada, principalmente, por Allen e Iraheta, de 17 anos de idade. “Dois irmãos e uma irmã!”, diz Iraheta, rindo. Eles encorajaram Iraheta a pegar uma guitarra e se expressar. “Um dos treinadores vocais uma vez disse pra mim: ‘Pare de dar conselhos tão bons pra todo mundo.'” “Ninguém estava fazendo isso por eles”, diz Lambert. “Mas foi um karma bom, sabe?” Allen não precisava de nenhum de seus conselhos, e Lambert não ficou chateado em perder a competição para ele. “Eu não estava atrás do título”, ele disse. “Eu estava querendo só permanecer naquela plataforma pelo máximo de tempo que eu pudesse, e eu fiz isso.” Allen foi incessantemente gracioso sobre ter ficado com a coroa. “Adam foi consistente durante toda a competição, e eu fiquei realmente chocado em vencer”, ele disse.

Nos bastidores do “Idol”, todos sabiam a respeito da sexualidade de Lambert, mas a América ainda não estava totalmente certa. Então, um dia, em Março, fotos dele vestido de “drag [queen]” e beijando seu ex-namorado chegaram à internet. Mas foi culpa dele. Antes do “Idol”, ele deletou sua página do Myspace e do Facebook, mas esqueceu de remover fotos do seu perfil no Tribe.net, uma comunidade frequentada pelos participantes do “Burning Man”. “Eu pensei: ‘Droga, provavelmente estou ferrado'”, ele disse. “No Idol, eu presumi, ‘OK, as pessoas vão falar’. Quero dizer, eu tenho vivido em Los Angeles por oito anos como gay, eu frequentei clubes, fiquei bêbado, beijei alguns caras pelos cantos.” “Mas evidência fotográfica?” Ele sacode a cabeça, pesarosamente. “Eu não contava com isso. Não estava pronto pra isso.” Ele estava particularmente nervoso sobre as fotos em que ele aparece vestido de “drag [queen]”, preocupado que as pessoas fossem pensar que era a verdadeira natureza dele. “Eu só me vesti de ‘drag’ três ou quatro vezes, e é claro que eu tirei fotos, porque eu fiquei incrível! Mas eu não escondo meus ‘documentos’ ou uso seios, isso não é comigo”, ele disse. “Ter dado uns amassos no meu namorado? Sim, isso eu assumo.”

A decisão então, foi manter o assunto quieto, uma escolha feita por ele, em parte também porque os concorrentes do Top 13 são normalmente proibidos de falar com a mídia até saírem do programa. “O chefe de relações públicas do ‘Idol’ me perguntou o que eu queria fazer a respeito”, disse Lambert. “Eles apoiaram completamente qualquer decisão que eu tomasse.” Ele pensou em conversar a respeito com a imprensa, mas ele não queria que a plateia se focasse nesse assunto. “Eu fiquei preocupado que [minha revelação] fosse tão sensacionalizada que iria sobrepujar aquilo que eu estava lá para fazer, que era cantar”, ele disse. “Eu sou um artista, e o que eu sou e o que eu faço na minha vida particular é uma coisa separada.” “Não deveria importar.” Ele suspira. “Só que importa.”. Ele sacode a cabeça. “É realmente muito confuso.”

Muito tempo atrás, antes de ele entrar no “Idol”, e com certeza antes da revelação no “Burning Man”, Lambert não estava certo se ele gostava de ser tão diferente. Quando ele era pequeno, ele gostava de passar as tardes cantando ou dublando músicas em frente ao espelho. “A caixa com os trajes do ‘Halloween’ ficava fora do armário o ano todo”, diz sua mãe, Leila, que trabalhou como higienizadora dental para crianças. “Ele era tão precoce e sedento de tudo.” Seus pais, um casal liberal que se conheceu na Universidade de Vermont no final dos anos 70, não se importavam com o fato dele não gostar de esportes; ao invés de esportes, eles o colocaram num grupo de teatro para crianças, para incentivar o talento de Adam. Seu pai, Eber, que trabalhou como DJ na faculdade e acompanhou a banda de rock “Gratful Dead” através dos anos 80, deixou Adam vasculhar sua coleção de vinis. “Eu não sou um grande fã de ‘Dead’, apesar de gostar da comunidade e da arte que os rodeia”, disse Adam. Ao invés disso, ele gravitou entre “Diamond Dogs”, “Jesus Christ Superstar”, e o rock teatral como o “Queen” (apesar de ter sido largamente noticiado de que Lambert talvez faça turnê com a banda, parece que isso não será mais possível)[ver nota 3]. “Uma vez, alguém deu à Adam alguns CDs de música disco dos anos 70, a época que eu mais odeio, e eu cheguei em casa para ouvi-lo tocando ‘Brick House’ no último volume.” disse Eber.

A fase passou, e começou seu grande desafio durante o colegial, quando ele repentinamente começou a se sentir estranho na presença de seus colegas de escola. “Eu comecei a perceber que eu não era como todos os outros garotos, e eu ficava muito introvertido com relação à isso, sem conseguir me libertar” ele disse.

As aulas de Educação Física aumentavam a sua ansiedade. “Eu não queria me sentir nu e vulnerável” ele disse. “Eu estava assustado com minha sexualidade.” “Ele encontrou conforto no palco, agendando a si mesmo duplamente como ator principal em peças de escola e peças semi-profissionais em San Diego”, diz seu pai. “Eu pensava, ‘Cara, é tão deprimente que eu tenha que viver através desta música duas vezes'”, colocando a si mesmo dentro de um círculo fechado de teatro infantil, cuja maioria das crianças eram Mórmons. “Nós éramos tão bonzinhos” ele disse. “Quando eu era mais jovem, eu nunca me meti em nenhuma confusão.” Os pais dele perguntaram a um amigo gay se eles deveriam conversar com Adam a respeito de sua sexualidade, mas ele os aconselhou a esperar que ele viesse até eles com a notícia. Quando Adam tinha 13 anos, Eber o flagrou assistindo a um pornô gay no computador da família. “Eu falei com minha ex-mulher e disse: ‘É oficial’. E ela disse: ‘Ele só está curioso'” “Eu disse: ‘Me deixe eu te falar sobre homens héteros e pornografia homossexual… isso não é curiosidade!'”, conta Eber.

No colegial, Lambert beijou algumas garotas, e até fez sexo oral com uma delas durante as férias, mas na maior parte das vezes, elas se davam conta rapidamente de que ele não jogava no time delas. “Durante os jogos, Adam ficava com as garotas no vestiário feminino enquanto estávamos nos trocando, e de vez em quando uma mãe aparecia e perguntava: ‘O que você está fazendo aqui?'” diz Danielle Stori, uma cantora/compositora, amiga de Adam. “E nós dizíamos: ‘Imagina, é só o Adam!'”

Depois do colegial, ele se inscreveu na universidade em “Orange County”, mas desistiu depois de cinco semanas para fazer uma peça em San Diego. Uma noite, ele acompanhou sua mãe à uma noite de debates no colegial sobre monólogos fictícios. “Um garoto fez um discurso dramático a respeito dos seus pais darem as costas à ele porque ele era gay, e o garoto quase morreu por causa daquilo” disse Lambert. “Eu percebi que minha mãe estava ficando chateada. No caminho de volta pra casa, ela perguntou:’Você tem namorada?’ Eu disse, ‘Não’. Ela disse: ‘Você tem namorado?’ Eu disse: ‘Não.’ Então ela perguntou: ‘Bem, você gostaria de ter um namorado?’ Eu disse: ‘Sim, isso seria legal.'” Ele conta, rindo. “De repente, foi como se uma parede tivesse caído e nós começamos a falar como loucos.” Mas ele ainda tinha que amadurecer. “Eu não me sentia confortável comigo mesmo, não me sentia sexy” ele disse.

Depois de passar um ano num navio de cruzeiro, ele se mudou para Hollywood, onde perdeu a virgindade no seu aniversário de 21 anos. “Eu estava bêbado e foi estranho” ele disse. “Minha impressão foi ‘Wow, isso foi péssimo.'” Intimidado pela ideia de se mudar para Nova York para ir atrás de um trabalho na “Broadway”, ele pegou papéis em pequenas produções na Califórnia, incluindo uma versão musical de “Debbie Does Dallas” em “Lake Tahoe”. “No colegial, eu consegui tudo que eu queria com relação a apresentações, mas no mundo real, era realmente muito difícil” ele disse.

Quando ele não conseguia pagar o aluguel, seus pais normalmente davam uma ajudinha, mas às vezes o celular dele era cortado, e ele não tinha dinheiro para a gasolina. Aos 21 anos de idade, ele conseguiu um papel no “cast” de Hair, numa turnê pela Europa, durante seis meses. Na Alemanha, ele começou a fumar maconha e tentou ecstasy pela primeira vez; tingiu o cabelo de preto e foi à um clube de sexo pela primeira vez. “Eu sempre fui obcecado pelos anos sessenta, e essa experiência foi como viver através daquilo”, ele disse. “Eu queria muito ser o hippie do espetáculo.”

Esse foi o estilo de vida que ele manteve quando retornou à América, imergindo no cenário neohippie alternativo de “West Coast” do Festival “Burning Man”, numa mistura de psicodelia, astrologia, políticos de esquerda, DJ’s de “dubstep” [ver nota 4] e liberdade de expressão. Uma revival musical a altas horas, sobre o zodíaco? Inscreva-o. Um bacanal na segunda à noite no encardido centro de Los Angeles? Com certeza ele estará lá. Junto com essas pessoas, ser diferente não era somente OK… era ser reverenciado. “Ter tanta bagagem é uma jornada difícil”, diz uma de suas amigas, Scarlett (ela usa somente um nome). “Às vezes se você é fabuloso demais, as pessoas reagem de maneira estranha, e eu acho que era parte da jornada de Adam.”

Amigos como Allan Louis, um ator do “Cw’s Privileged”, o encorajou a se expandir como artista, e ele assumiu a posição de compositor na banda de garagem de Monte Pittman, o guitarrista de Madonna e do Prong, e até foi vocalista e líder de uma banda de metal para Pittman, por um curto período de tempo. Ele também se apaixonou pela primeira vez, por um colega de “Burner”: “Eu evolui muito com ele, espiritualmente falando.” Lambert disse. “Nós tratávamos nosso relacionamento como um ‘grupo de trabalho’, conversando sobre as maneiras como gostaríamos de que ele crescesse.” “(Estou tentando fazer com que Zac Efron venha participar do ‘Burning Man'”, ele disse, mais tarde. “Ele diz que quer muito ir!”)

Agora ele se sente criativamente desperto e pessoalmente satisfeito. “Tudo o que eu pensei que fosse fantasia está acontecendo, e é um testemunho à imaginação fazer qualquer coisa que me vier à mente”, ele diz. Ele até encontrou seu próprio ídolo, Madonna: Pittman convidou Lambert para ir ao apartamento dela depois que ele lhe deu algumas aulas de guitarra. “A princípio ela ficou na defensiva, como qualquer um ficaria nessa situação, mas depois ela se deu conta de que eu tinha boas intenções e foi super divertida”, diverte-se Lambert. “Eu disse que a amava e que me sentia intimidado por ela, e ela me disse, ‘Oh, então para você, amor é igual a intimidação?'” Madonna não assistiu ao “American Idol”, mas os dois conversaram sobre astrologia, e discutiram seus signos lunares, Áries. “Ela disse: ‘Você não gosta que ninguém te diga o que fazer, não é?'” ele disse. “Foi tão legal, porque ela entendeu, sabe?”

Ele sorri. “Finalmente eu fiz as pazes com minha auto-estima pela primeira vez na minha vida, e o fato de que coincidiu com o ‘Idol’ foi muito legal”, ele disse. “Quero dizer, eu ainda tenho momentos em que penso: ‘Oh, minha pele é terrível, e eu sou meio gordo, e eu realmente deveria malhar mais.” “Mas, na maioria do tempo, quando eu olho no espelho, agora, eu finalmente vejo alguém que pode fazer algo bacana.” Então ele ri um pouco. “Não dizem que você sonha mais quando existem coisas que você não está atingindo, que você está reprimindo?” “Bem, eu não tenho tido nenhum sonho ultimamente. Agora eu estou sonhando acordado.”

Um dia depois do jantar no Marquis, Lambert chega em seu hotel em Beverly Hills por volta das 10:30h da manhã, depois de uma longa seção de fotos, e descansa no lounge do segundo andar. Nós conversamos sobre coisas que ele gosta e coisas que ele não gosta: no lado das coisas que ele gosta temos a série de livros “Twilight”, Bret Easton Ellis, Thievery Corporation, Goldfrapp e o Presidente Obama. “Eu votei pela primeira vez, para Obama”, ele diz. “Viajar pela Europa era muito deprimente quando Bush estava na Casa Branca! As pessoas estavam sempre perguntando: ‘Porque vocês o elegeram?'” “E eu acho que eu deixei isso acontecer, de uma certa maneira.” Na parte das coisas que ele não gosta, o topo da lista é ocupado pelo Nickelback, Creed, câmeras (“Porque você não pode fazer alguma coisa sem tirar uma foto disso?”) e cocaína. “Essa droga é um reflexo da falta de auto-estima e controle que as pessoas têm sobre si mesmas e suas vidas”, ele disse. “Eu prefiro muito mais fumar um baseado, relaxar e ouvir música.” Nós começamos a conversar sobre seus medos, e o único nesta lista é o medo de que seus pais morram e, mais tarde, envelhecer sozinho. “Eu acredito que o que quer que aconteça depois da morte é realmente muito bom”, ele disse. “Eu não acredito em inferno. Talvez você seja recompensado por ser uma boa pessoa, mas eu não acredito que você seja punido.”

Esse é o tipo de atitude normal e tranquila que se espera de Lambert, mas quando a conversa toma o rumo do seu novo papel como modelo ícone gay, ele começa a cutucar o esmalte das unhas, coisa que ele faz quando ele se sente ansioso. Claramente é um assunto sobre o qual ele passou muito tempo repassando em sua própria cabeça. Por um lado, ele quer apoiar os direitos gays num momento em que o casamento entre pessoas do mesmo sexo está no limbo em tantos Estados. Ele gostou de cantar “A Change Is Gonna Come”, de Sam Cooke, no programa, por uma razão: “Esse movimento dos direitos gays é muito especial para mim, e realmente me senti muito bem cantando essa música”, ele disse. “Eu não estou pedindo para casar na sua igreja, mas você não tem o direito de me dizer que eu não possa fazê-lo.”

A discriminação, apesar de ser mínima, é um fato em sua vida: “Outro dia, um motorista do ‘American Idol’ disse que não tinha problema nenhum com ele, ‘porque ao menos ele não era efeminado'”, Lambert estremece. “Cara, isso é tão estúpido”, ele disse. “Porque alguns homens não podem ter lados femininos fortes?” “Isso os faz menos homens? Eu não sei porque a nossa sociedade dá tamanha ênfase para masculinidade e feminilidade! É realmente nojento. Eu não acredito que você seja realmente sexy até você não se importar com isso.”

Por outro lado, Lambert não quer ser o garoto propaganda pelos direitos gays. “Estou tentando ser um cantor, não um líder dos direitos humanos”, ele disse. Também, ele não se sente à vontade com algumas das maneiras como a cultura gay tem evoluído. “O centro do país pode pensar que o que eu sou é gay, mas aqui em Hollywood, os caras gay se parecem e agem como héteros”, ele disse. “Clay Aiken é gay e eu sou gay, e nós não poderíamos ser mais diferentes.” “A única coisa que é igual a respeito de todo mundo na comunidade gay é o fato de sermos gays.” “Nós temos algo em comum além do fato de gostarmos de pênis? Porque não podemos falar sobre uma comunidade humana?”

Ele está certo: Identidade política é uma droga, e a situação dele é complicada. Além do mais, se ele não quisesse anunciar publicamente que é gay, isso não seria um direito dele? “Eu acredito que me reservo o direito de falar sobre minha própria sexualidade”, ele disse. Ele enfrenta um esquadrão de repórteres do entretenimento todos os dias, desesperados por saber quando ele irá responder “à pergunta que está pairando sobre a cabeça dele”, como um deles disse uma vez, sobre o assunto. Ele encolhe os ombros. “Eu não posso me irritar ou deixar que isso me deixe louco”, ele disse, e então, ri um pouco. “De qualquer maneira, eu meio que gosto de coisas pairando sobre a minha cabeça.” Ele se recosta. “Sabe, ultimamente, existe uma parte de mim que está meio que curiosa a respeito do outro lado.” “Eu já beijei garotas algumas vezes em clubes quando eu tinha bebido uns drinques a mais.” Eu não sei se irá acontecer, mas eu estou meio que interessado. Apesar de que eu não acho que queira fazer isso com uma groupie. Ele empina a cabeça. “Mas pensando bem, é melhor que seja com alguma estranha do que com alguém que eu conheça.”

Depois de uma hora conversando na recepção do hotel, o guarda-costas de Lambert aparece para levá-lo até seu quarto de hotel para que ele possa arrumar as malas para sua viagem à Nova York amanhã, para uma nova leva de entrevistas de TV. Às 9h da manhã do dia seguinte, ele se acomoda na parte traseira de um carro compacto, óculos “Karl Lagerfeld” no rosto, tagarelando sobre o novo condomínio que ele quer comprar. “Eu quero um lugar para descansar, ou uma espécie de esconderijo, com almofadas no chão, um sistema de som e muita terapia de cores, roxos e vermelhos sensuais”, ele disse, e então começa a mexer no seu “Black Berry”. “Meu irmão Neil me ligou ontem a noite muito bêbado, com seus amigos”, ele disse, rindo. “Ele me disse: ‘Nós achamos que você deveria fazer um álbum de covers chamado ‘Doin’ Hella Dudes’: você faria versões de alguns caras bem maneiros, mas seria como se você estivesse transando com os caras, entende?” Adam dá uma tremenda gargalhada. “Então ele me disse: ‘Tudo bem se você não puder nos agradecer agora, mas quando o álbum sair, nos dê os méritos, porque nós te amamos’.”

Em Nova York, Lambert janta em restaurantes cinco estrelas, se mete numa briga com um motorista de táxi e “berra” no Hair na Broadway. Ele se encontra com Barry Weiss, o cabeça da RCA, a companhia que distribui seu álbum juntamente com a “19 Recordings”. “Ele perguntou se eu era Judeu, e eu disse que eu usaria um yarmulke (solidéu, acessório judaico para a cabeça), se ele quisesse, contanto que tivesse pedras brilhantes”, ele brinca. Ele está esperançoso sobre o seu novo álbum, o qual ele classifica vagamente como “pop rock eletrônico”. “Todo mundo está tão preso ao ‘Você canta pop’ ou ‘Você canta rock?'” ele disse. “E eu digo: ‘Essa música te faz ter vontade de dançar, ou fazer sexo, ou te lembra de algo?’ Não é tão profundo. Ser uma estrela do rock é fazer de conta. É Halloween, faz-de-conta.” Ele ri. “Mal posso acreditar que agora eu ganho a vida fazendo isso.”

Na manhã do seu retorno à Los Angeles, ele decide dirigir até a costa com um cara que ele está namorando, até um resort em Santa Bárbara (o cara, que Lambert conheceu enquanto distribuía folhetos num clube, mas ele não quer falar muito a respeito do cara, por medo de prejudicar o relacionamento. “Estou muito empolgado por estar quase de férias”, ele disse. “Eu não vou mentir, eu pus ‘Kahlua’ (licor mexicano, sabor baunilha) no meu café hoje de manhã.”

Antes de sair, ele para num salão de pedicure, onde uma dúzia de atendentes coreanas batem as cabeças ao redor dele em uníssono, quando ele aparece. Depois de escolher um esmalte de unhas cor preto metálico, ele se acomoda na cadeira de massagem, com uma atendente massageando seus pés e outra fazendo o mesmo em suas mãos. Ele murmura um pouco, e depois direciona sua atenção para a tela da TV, que está reprisando o “American Music Awards” de 2008, com uma apresentação das Pussycat Dolls (“meu prazer secreto”, os Jonas Brothers (“eu gosto mais daqueles lasers do que deles”) e Justin Timberlake (“Delícia”).

Em minutos, uma dupla de alucinados paparazzi aparecem na porta do salão, portando câmeras. Uma gerente baixa uma das cortinas brancas de renda para dar mais privacidade, mas eles permanecem na calçada, tentando ficar na ponta dos pés para espiar através das janelas.

“Será que eu devo espantá-los?” pergunta Lambert, um sorriso divertido nos lábios. “Seria muito provocante?”

Ele pensa e repensa sobre sua decisão.“Você acha que eu quero causar confusão?” Ele diz: “Não é divertido ser atrevido?” antes de resolver mostrar suas unhas dos pés para as câmeras, quando o esmalte seca, mas ele fica impaciente. Ele sai do salão de pés descalços, balançando o pé como o “Hokey Pokey”, e então entra no carro que estava esperando por ele.

Apesar que teria sido divertido espantar os fotógrafos. “Eu teria feito com um sorriso enorme no meu rosto, pra mostrar que eu não estava zangado de verdade”, ele disse. “Eu só estava brincando.”

Você pode visualizar alguns scans da revista na nossa galeria, clicando aqui.

E abaixo, confira as legendas de algumas fotos de acordo com as páginas do artigo:

Pag. 50
Lambert no Smashbox Studios em Culver City, Califórnia, 3 dias depois da final do American Idol.

Pag. 53
“Eu ainda tenho momentos em que penso: ‘Minha pele é terrível, e eu sou meio gordo.’ Mas, na maioria do tempo, quando eu olho no espelho, eu finalmente vejo alguém que pode fazer algo bacana.”

Pag. 54
A vida antes do ‘Idol’
Quando era pequeno, Lambert preferiu um grupo de teatro ao invés de esportes. (1) Com seus pais, Leila e Eber, e irmão Neil, em 1994. (2) No colegial em 2000. (3) Com Drake Labry, seu namorado. (4) Aparecendo na frente de 6.000 pessoas durante a parada do seu homecoming na escola do colegial em San Diego em 08 de Maio.

Pag. 55

Os melhores momentos de Lambert no Idol
De Jacko à Johnny Cash, Lambert em suas performances favoritas

“Black Or White”
“Eu apresentei essa música na época em que saíram minhas fotos beijando meu ex-namorado, e eu achei que a letra se encaixava na situação. A letra também se relacionava à mudança que estava acontecendo no país com a candidatura do Obama. Eu queria cantar sobre algo que eu acreditava naquele momento.”

“Ring Of Fire”
“Country não faz sentido para mim – não é meu estilo. Mas a versão da cantora sul-africana Dilana Robichaux me permitiu mudar um pouco a música, então funcionou para mim. Eu amo misturar estilos diferentes: Eu queria fazer isso pelo menos uma vez.”

“Mad World”
“Meu irmão aprendeu ‘Mad World’ no piano, e há alguns anos, eu comecei a cantar enquanto ele tocava. Eu acho que essa música é uma das minhas melhores performances: Tem um estilo mais sombrio, é diferente no Idol.”

“Whole Lotta Love”
“No início, os produtores acharam que a banda não liberaria a música, mas era a semana do Rock, e eu pensava ‘eu tenho que cantar Zepellin’ e eles conseguiram. O ritmo é ótimo nessa música. É pura sensualidade, sexy.”

Kiss Medley
“Quando os produtores me disseram que eles agendaram Kiss, eu fiquei perplexo. Eu não sou fã do Kiss, e eu pensei que era muito exagerado. Mas eu ouvi as músicas e disse ‘Isso arrebenta’. Depois, eu percebi que qualquer coisa que eu fizesse depois disso pareceria ruim. Isso criou uma imagem em mim – eu posso ser o cara de terno ou o cara cheio de glitter.”

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Rainha da Noite
Aos 21 anos de idade, enquanto Lambert estava em uma turnê do Hair pela Europa e foi à um clube de sexo pela primeira vez. Quando retornou para L.A., imergiu no cenário neohippie alternativo (1), estrelando no burlesco Zodiac Show (2) e outros shows (3). Em 2007, Lambert participou do festival Burning Man com sua amiga Scarlett (4). Ele decidiu tentar o Idol após uma experiência psicodélica. “Eu pensei, ‘E fosse lá o que eu quisesse fazer, eu tinha que fazer acontecer'”, ele relembra.

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“Ser uma estrela do rock não é tão profundo. É Halloween, faz-de-conta. Mal posso acreditar que agora eu ganho a vida fazendo isso.”

NOTAS:

[1] Bar Mitzvah: (filhos do mandamento) é o nome dado à cerimônia que insere o jovem judeu como um membro maduro na comunidade judaica. (Wikipédia)

[2] Veuve Clicquot: é uma marca de champanhe francesa, facilmente reconhecida pelo distinto rótulo laranja em sua garrafa. Fundada em 1772 por Philippe Clicquot-Muiron, Veuve Clicquot desempenhou um importante papel no estabelecimento da champanhe como bebida escolhida pela nobreza e pela rica burguesia europeia. (Wikipédia)

[3] Como sabemos, Adam mais tarde realmente veio a fazer uma pequena turnê com o Queen, conforme publicamos aqui, e aqui, e eles têm planos para novos trabalhos juntos, como publicamos aqui.

[4] Dubstep: é um estilo de música eletrônica caracterizada pelas batidas duplas e compassadas.

Fonte: Revista Rolling Stone

Tradução: Glória Conde
Agradecimentos: Graça Vilar

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5 Comments

  1. Relembrar essa entrevista foi mto interessante e divertido.Logo quando o ouvi cantar pela primeira vez ñ imaginava a historia por traz do rosto dele. Foi modificadora as letras e os refroes das musicas de Adam… Emocionada ao ler essa entrevista de novo e mto bem traduzida.. Thanks!

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  2. Adoro as matérias que vcs me encaminham, me sinto uma adolescente nunca na minha vida curti tanto um artista e acompanhei sua carreira, mas estou curtindo muito. Parabéns pelo trabalho de vocês.🤭🤗

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  3. Me ha encantado la entrevista (muy buena también la traducción). Yo he conocido a Adam hace solo 4 meses ( marzo 2021) y gracias a esta entrevista he conocido un poco más sobre él. Adoro su música y le adoro a él. Gracias por toda la información que he encontrado en su web sobre mi ídolo.

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