Aaron Hicklin da Out Magazine Entrevista Adam Lambert

Dois anos após ser a capa da OUT Magazine, Adam Lambert está de volta e em forma de pop art, revivendo uma das imagens mais famosas de Elvis Presley feita pelo artista plástico Andy Warhol [ver nota 1] e também com uma nova entrevista feita por Aaron Hicklin, o editor chefe que tinha em 2009 publicado uma carta aberta apara Adam reclamando da dificuldade que foi de trabalhar com os empresários de Adam em relação à entrevista e a sessão de fotos da edição de 2009, a qual causou polêmica entre os fãs de Adam, e ele próprio rebateu no Twitter [ver nota 2]. E nesta nova entrevista, Adam fala sobre o que aprendeu e amadureceu como um popstar assumidamente gay depois da polêmica durante a performance no American Music Awards (AMA) de 2009 [ver nota 3]. Outro assunto abordado foi sobre a sessão de fotos para a Details Magazine ao lado de uma modelo nua na edição de novembro de 2009 [ver nota 4]. E fala também sobre o seu novo trabalho, revelando que esse é realmente o álbum que sempre quis fazer e que ter um tempo maior para a produção deste trabalho está sendo essencial. Confira o artigo:

Adam “Revisitado”

Adam Lambert conta ao Editor Aaron Hicklin o que ele aprendeu nesses dois últimos anos desde que ele apareceu na capa da OUT100 em 2009.

Dois anos atrás, na OUT100 de 2009, nós UNGIMOS (???) Adam Lambert “Breakout Star of the Year”, e o colocamos na capa, junto com Dan Choi, Wanda Sykes, Cindy Lauper, e Rob Marshall. Na carta paralela do editor, eu desafiei a indústria do entretenimento pela maneira como eles controlam e limitam o acesso à imprensa gay, usando nossa experiência com os empresários de Adam na época, como meu exemplo. Em retrospecto, eu cometi um erro ao direcionar a carta diretamente à Adam: Apesar da resposta em massa de seus leais fãs ter dado início à um valioso debate, minha carta foi recebida como um ataque pessoal que desviou a atenção da verdadeira mensagem. Lambert com certeza tentou se defender, em parte por demonstrar sua independência no American Music Awards, quando ele simulou sexo oral e beijou um dos membros de sua banda. Muito tempo se passou, e nós podemos olhar pra trás e analisar aquela confusão com a cabeça fria – tão fria, que de fato, nós fomos capazes de bater um papo, algo que deveríamos ter feito da primeira vez. Este ano nós estamos homenageando Adam pelo modo como ele permanece fiel à sua identidade de homem gay ao mesmo tempo em quem lida com uma carreira musical bem sucedida, uma atitude balanceada que não é deve ter sido fácil. Como ele disse a Advocate recentemente, “Ninguém te ensina como ser uma celebridade gay”. De uma maneira muito real, ele está liderando o caminho.

Adam Lambert: Eu ouvi seu nome e pensei, Oh aqui vamos nós!

Aaron Hicklin: Você sabe, eu estava organizando essa entrevista e me dei conta de que já fazem dois anos que nós colocamos você na capa da OOUT100 em 2009. Eu percebi que seria importante que desta vez nós realmente conversássemos um com o outro.
Eu concordo. Eu não guardei mágoa. Aquilo foi antes, e eu tenho aprendido muito.

Eu também aprendi. E eu aprendi muito com a experiência de ter usado minha carta de editor [como uma crítica à indústria do entretenimento] – bom e ruim, para falar a verdade. Pra começar, eu me dei conta de que você tem zilhões de fãs apaixonados e cada um deles estava determinado à deixar claro que eles existem [risos].
Sim, eles gostam de se expressar verbalmente.

Com certeza, e alguns deles ainda se comunicam comigo, e eu fiz uma esforço para responder à tantos quanto pude.
É uma dinâmica interessante, porque eu acho que a coisa que é mais irônica com relação a isso é que a seção de fotos da Details [na qual Lambert posou, controversamente, com uma modelo nua], sobre a qual estávamos falando, meio que foi feita para brincar com a fantasia de muitas de minhas fãs mulheres. Elas têm uma imaginação fértil, e existe muita ficção escrita na internet. Eu tento não ler porque pode ser meio assustador, mas eu sei que é algo com o qual elas realmente se envolvem. Então, pra mim, é isso, OK, eu vivi minha vida inteira como gay; e me sinto muito a vontade com isso. E de repente, eu tenho a oportunidade de fazer essa seção de fotos, de encarnar esse estereótipo oposto que é o de um cara hétero e rústico. Eu achei muito interessante, criativo, e eu não pensei por um minuto sequer que eu estava amenizando algum lado meu ou tentando mudar quem eu era, mas sim brincando com uma fantasia que eu sei que está muito, muito presente, tendo passado todo o verão em turnê, tendo mulheres jogando suas roupas íntimas em mim, e todas essas doideiras. Eu vou dizer uma coisa, no final das contas, timing é tudo. Isso é algo sobre o qual eu aprendi muito este ano. Eu ainda estava apresentando a mim mesmo para as massas naquela época e, para mim, na minha jornada pessoal, pareceu uma coisa interessante a fazer.

Às vezes eu não sou tão objetivo quanto eu poderia ser, e eu não vejo as coisas a partir da perspectiva de uma platéia para a qual eu nunca me apresentei. Esse com certeza foi de alguma forma o caso com a apresentação no American Music Awards [quando Adam simulou sexo oral e beijou seu baixista]. Eu não me pus no lugar do telespectador, em casa, que me assistiu no American Idol e, na vez seguinte me viu na TV, e foi aquela apresentação. Aquilo no AMA talvez tenha sido um pouco demais, muito cedo, e a seção de fotos para a Details, apesar de muito bonita, talvez não tenha sido feita na época certa.

Mas, passados dois anos, eu estou curioso para saber o que você aprendeu sobre si mesmo nesse processo desde que você, de uma maneira muito transparente, foi de um concorrente em um show cujo sucesso representou um ponto de partida radical para se tornar um super astro. Deve ter sido bastante cansativo, desgastante e emocionalmente exaustivo de muitas formas.
Sim, com certeza foi muita coisa para absorver. Mas sempre que eu me sinto sobrecarregado ou estressado, o que mantém o meu equilíbrio é que eu realmente aprecio a oportunidade que eu tive. Se eu fosse um pouco mais jovem, eu não teria lidado com isso tão bem. Eu tenho 29 anos de idade, e tendo participado da indústria do entretenimento durante os meus vinte anos em Los Angeles, eu deixei que se criasse uma certa camada de Teflon, ao invés de ser um garoto de Ohio simplesmente se jogando de cabeça nisso tudo.

Então, de alguma forma, você estava preparado?
Ninguém pode realmente te preparar por completo. Houve coisas que me surpreenderam [risos] e sobre as quais eu tive que aprender rápido, e da maneira mais difícil.

E você provavelmente não estava preparado para o meu ataque…
Não, mas fique tranquilo, sem ressentimentos. Eu acredito que isso enriqueceu meu caráter, o que é ótimo, e com certeza me colocou onde eu estou agora. Eu acho que o mais difícil sobre ser uma celebridade gay é que nós estamos no meio de um movimento pelos direitos sociais e é um assunto bem delicado, então nós estamos em um época de grandes mudanças. Me assumir foi ótimo, mas existem certas coisas que sempre me surpreendem e eu penso, Porque isso é um problema? Eu vivo e cresci num ambiente de muita aceitação e mente aberta; eu me cerco de pessoas que são artistas e boêmios e eu esqueço às vezes que, OK, estamos lidando com a cultura popular agora, a qual não tem a mesma mentalidade que eu tenho. Eu acho, também, que por natureza, eu sou do contra. Se você me disser que eu não posso fazer alguma coisa, eu vou me esforçar mais e fazer. Eu sou meio rebelde, mas eu tento fazer isso com um sorriso. Eu não sou um babaca sobre o assunto.

Você teme que existe uma troca entre o sucesso e as vendas quando você é verdadeiro consigo mesmo da maneira como você tem sido?
Com certeza existe um pouco de conflito. Eu acho que eu gastei bastante energia tentando encontrar o meu ritmo e expressar minha sexualidade de uma maneira ou de outra. E eu acho que agora que eu estabeleci quem sou e tirei esse peso da minha consciência, o que é realmente importante – sem negar ou diminuir meu orgulho como gay – é a música. Olhando em retrocesso, eu acho que outras coisas se sobrepuseram um pouco à música.
Com meu novo álbum, o que é empolgante é que eu, com certeza, estou no comando. Estou trabalhando com produtores e com munha gravadora diretamente. Eu não estou sendo manipulado de nenhuma maneira, aspecto, ou forma. É só sobre a música agora.

E isso é em contraste com o começo da sua carreira?
Bem, quer dizer, nós estávamos tentando nos concentrar na música, mas haviam tantas outras coisas sendo jogadas em cima de mim e foi tudo tão rápido. Você não tem tempo pra pensar. Nós montamos o album em um mês e meio – enquanto eu estava em turnê ao redor do país com o American Idol.
Eu não tinha tempo pra pensar nem pra dormir. Eu estava fazendo o que podia. E isso é difícil quando você não tem perspectiva. As coisas ficam confusas quando você esquece um pouco do básico. E durante esse processo de composição dos últimos seis ou sete meses, eu tenho morado numa casa em Los Angeles, eu estou num relacionamento, eu tenho algum tempo pra passar com meus amigos, eu tive algo que é o mais próximo de uma vida normal desde toda aquela coisa com o American Idol. Foi muito bom.

O próximo album é aquele com o estigma do segund album, DREADED pra muitas pessoas porque um artista normalmente põe tanto no seu primeiro álbum porque estava PERCOLATING na sua cabeça por anos e o segundo, eles estão sob pressão para produzi-lo rapidamente.
Eu sinto como se fosse quase que o oposto no meu caso. O processo de fazer o primeiro álbum foi muito rápido. Esse é com certeza o álbum que eu quero fazer. Eu estou indo devagar, eu posso dizer, “Eu quero regravar este vocal”, ou “Vamos levar essa música a um produtor diferente ou colocar uma batida diferente nela”. Então eu estou imerso no processo. Eu sinto que estou conseguindo levar o tempo necessário.

Para você, quando você escreve uma música, ela vem de uma experiência pessoal?
Bem, a maioria das músicas neste álbum eu escrevi. Existem algumas músicas escritas por outros compositores, mas para que eu cante uma música que eu não compus, tem que ser algo com o qual eu me identifique 100% a nível pessoal. Então, quando eu entro na cabine de gravação e a canto, o sentimento vem do lugar mais real possível. É engraçado, quando eu comecei o processo de composição eu me senti completamente exausto. É como uma descompressão que acontece depois de você estar na estrada por muito tempo. A vida real parece tão estranha e bizarra, e eu estava verdadeiramente deprimido quando eu voltei porque eu não sabia o que fazer comigo mesmo. Eu me sentia um pouco sozinho e estava tentando recuperar as minhas amizades, mas parecia que eu tinha estado ausente por muito tempo, era estranho. E eu estava tentando superar alguns falhos relacionamentos amorosos que não deram certo.

Desculpe-me.
Então… Minhas composições, inicialmente, gravitaram em direção a algo mais obscuro, sombrio e angustiante. E vagarosamente pelo curso deste processo de composição, meu relacionamento se solidificou, era alguém que eu tinha conhecido em um momento que eu estava na turnê, que veio visitar algumas vezes no começo desse processo e agora está aqui permanentemente. Eu fiquei realmente muito feliz e satisfeito com a vida. Eu queria que minha música refletisse aonde eu estou, e eu posso dizer a vocês que uma das primeiras pessoas com quem eu trabalhei no álbum que foi um ponto de mudança material foi Pharrel Williams.

De que jeito?
Nós tivemos uma ótima conversa e foi interessante ter a perspectiva dele em que ponto eu estava como pessoa e como artista, porque ele é alguém que não me conhece – nossos estilos de vida são muito diferentes – mas ele é um artista incrível, um rapaz muito inteligente e também muito profundo e espiritual. Então nós conversamos sobre vida e tudo o que ocorre – sobre ser um artista, sobre ser uma pessoa superando adversidades. E nós escrevemos uma música juntos, com a qual eu acho que as pessoas vão ficar realmente impressionadas. Após a minha sessão com Pharrell, eu comecei a trabalhar com outros compositores e indo nessa direção. Ir junto com as tendências da música dance era algo que eu realmente queria adicionar ao álbum. Eu amo meus fãs, e eu quero dar aos meus fãs as músicas que eles realmente vão devorar, mas eu também quero expandir o meu público se eu puder. E eu quero fazer música para os meus irmãos e irmãs gays. Você entende o que eu quero dizer? Eu quero fazer o tipo de música que eu ouviria se eu estivesse em uma boate.

Que é qual tipo de música?
Música dance! Meu desafio era, como eu faria música para dançar autêntica para se adequar ao que eu sou vocalmente capaz e ao que eu faço. Foi quando eu comecei a entrar na arena do funk. Eu quero dizer, é ainda eletrônica, mas é funk e tem swing, e eu comecei a ouvir muito Michael Jackson e Prince e nós começamos indo nesta direção.

Que música te inspirava quando criança?
Minhas duas grandes inspirações eram Madonna e Michael Jackson. Eles eram rei e rainha. E ambos usavam muita maquiagem, eram fabulosos em suas roupas e tinham vídeos teatrais e cinemáticos, e isso é parte do modelo de artista o qual eu me vejo em comparações – um que quer criar de baixo para cima, não apenas uma ótima música, mas também acompanhado de uma batida, uma história, um look e um motivo musical. Eu estou realmente esperando que esse álbum me conceda essas oportunidades e que eu possa levar o meu público nessa espécie de “viagem”.

NOTAS:

[1] Photoshoot realizado para esta edição especial da revista onde foram divulgados as celebridades que fazem parte da “17ª Lista Anual OUT 100“, conforme publicamos aqui).

[2] Leia mais sobre o assunto aqui.

[3] Fato ocorrido no American Music Awards de 2009 quando Adam beijou seu baixista Tommy Joe Rattlif.

[4] Photoshoot realizado para a revista “Details” em nov/2009, veja aqui várias fotos deste ensaio e aqui a tradução do artigo.

Fontes: OUT Magazine e Huffpost

Tradução: Glória Conde e Larissa Ribeiro

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One Comment

  1. Adam seu lindo já carimbei meu passporte e estou indo com vc nesa viajem com certeza. NOSSA com Adam é inteligente poxa dá pra ler uma biblia se ele escrever. Ele tá mais maduro e seguro q antes.

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