Ann Powers fala sobre Adam

O crítico da música pop do Los Angeles Times, Ann Powers, publicou esta matéria super interessante hoje sobre Adam.

Adam Lambert: Legal, calmo e eclético

A estréia destruidora de gêneros do cantor, ‘For Your Entertainment’ acontece em 23 de novembro, e pode simplesmente torná-lo um American Idol de novo.

Passando por mais uma típica semana de trabalho no escritório da companhia que o empresaria, a 19 Entertainment, Adam Lambert fixa seu olhar em sua própria bela face. Espalhados pela mesa de seus publicitários estavam exemplares de uma seção de fotos do cantor, que vai lançar seu álbum de estréia pela RCA Records, ‘For Your Entertainment’, em 23 de novembro. As fotos capturaram Adam em típicas poses de deus-glam: pavão, poses na rua, odisséia no espaço, aventureiro excêntrico no reino dos condenados.

Lambert, que pessoalmente não é nada daquelas coisas mas sim um sul californiano otimista e radiante de 27 anos supreendentemente pé no chão, pegou um lápis vermelho e fez um círculo em uma moldura: ‘Essa precisa de um pouco de ajuste aqui,’ ele disse, brincando de diretor de arte momentaneamente. É tudo parte de uma grande performance para Lambert enquanto ele trabalha para ressuscitar o rock na nova era do pop.

Mas espere. Quando tal hipérbole é confiada a ele – como dito por um crítico pop admirando em excesso enquanto acompanhava de perto a edição desse ano do ‘American Idol’, quando ele quebrou barreiras sendo o Idol de mais sucesso tendo orientação pelo rock, andrógino e gay – ele levanta um dedo com um anel e espana isso para longe.

‘Eu quero dizer que eu não me levo tão a sério desse jeito,’ ele diz. Esse é um dos mantras dele. ‘O suporte de me fantasiar, o elemento da fantasia suporta. Pessoas querem falar tanto se eu tenho uma veia de rock, se eu estou vendendo, a teatricidade, a coisa de ser gay… Acalme-se! E apenas aproveitem de si mesmas. Não é tão profundo.’

Então ele corrige a si mesmo, um pouco. ‘Às vezes é profundo. Algumas das músicas no álbum são,’ ele admite, apontando a canção ‘Soaked’, uma épica varredoura sobre a solidão de passar uma noite sozinho que é na verdade o cover de uma música que não foi lançada do Muse, e uma bem séria sobre isso. Ele também falou sobre ‘Broken Open’, uma balada que ele co-escreveu, a qual ele diz ser sobre encorajar um amor a se tornar vulnerável o suficiente para chorar.

‘Mas às vezes é só, isso é legal, eu me sinto bem, essa música me dá vontade de ir pegar um drink e paquerar alguém e me divertir.’ Boa energia é apenas como um plano quanto aquela coisa cataclísmica, escura e pesada,’ ele disse, ‘É tão importante quanto!’

Essa talvez seja a mensagem mais excitante que Lambert carrega em um das mais intensamente observadas estréias na história recente do pop. Ele está lembrando a América que rock pode ser agradável, com um espírito leve e subitamente bobo, assim como o pop pode explorar assuntos sérios além de serem direcionados a pista de dança. E que uma estrela do rock também pode gostar de dançar.


O jeito Lambert

Como Lambert faz o papel, uma estrela do rock não precisa ser um punk enfurecido, um puritano pós-grunge emburrado, ou um cara com penteado hair-metal em um vestido. Essas abordagens todas tem um propósito, mas Lambert projeta algo diferente: um ultrajante que está totalmente em paz consigo mesmo.

Ele faz isso conectando idéias culturais contrárias – valores que ele aprendeu ainda criança em turnê pela Alemanha em uma produção de ‘Hair’, o musical que trouxe pela primeira vez o espírito do rock para a Broadway – com um senso de performances artísticas como trabalho, o qual necessita de cérebro e uma certa precisão assim como talento.

‘O primeiro desafio dele, o qual eu acho que ele vai passar, é se manter verdadeiro com ele mesmo e desviar dos punhos quando eles vierem,’ disse Rob Cavallo, que trabalhou com artistas desde Green Day até The Dave Matthews Band e produziu quatro faixas de ‘For Your Entertainment’. ‘Ele vai ter sucesso. Ele talvez tenha pessoas contra ele. O que é exatamente o que aconteceu com Elvis, os Beatles, Prince… Vai haver controvérsia, e haverão opniões. Se ele se manter verdadeiro com ele mesmo ele vai ser um daqueles grandes artistas para serem assistidos através dos anos.’

Lambert prontamente admite um grande débito com David Bowie, a quem ele descreve como ‘meu favorito’, e outros roqueiros clássicos e glam como Mick Jagger e Marc Bolan do T. Rex (Mais surpreendentemente ele cita repetidas vezes Prince e Michael Jackson.) Os esforços de Lambert para ter sucesso como um roqueiro são o ponto vital na sua habilidade de conseguir tocar no legado que Bowie e aqueles outros representam. O lado ‘emo’ dele, conectando ele com bandas como Fall Out Boy, também ajuda. Mas é difícil saber se o mundo do rock – e a rádio rock, em particular – vão aceitá-lo.

‘Quando bandas como Fall Out Boy e All-American Rejects apareceram pela primeira vez, eles conseguiram divulgação em estações de rock moderno,’ acrescentou Leslie Fram, uma veterana da rádio rock que é diretora de programação da rádio de Nova York 101.9 RXP FM e co-apresentadora no seu show matinal com Matt Pinfield. ‘Mas quando eles avançaram para o top 40, foi a unha no caixão. Eles foram pro lado pop, baseados na imagem, e a rádio de rock moderno não quiseram fazer mais nada com eles.’

Lambert está tentando algo que essas bandas nem se quer tentaram – ter sucesso em ambos campos de rock e pop ao mesmo tempo. Ele ama seu glamour, mas ele admite que em termos de estrelas de hoje em dia, ele tem mais haver com Beyoncé do que com Chris Daughtry.

‘As pessoas olham pra mim e imediatamente dizem, ‘Oh, ele está fazendo aquela coisa de teatro musical,’ diz ele. ‘Mas se você olhar para a maioria das estrelas femininas de agora, como elas são pelo menos um pouco menos teatral? Beyoncé esta fazendo ‘Single Ladies’ com duas meninas usando sapatos de personagens e colantes, fazendo a coreografia do Fosse de ‘Sweet Charity’ e ‘West Side Story.’

Lambert obviamente aprendeu alguns de seus movimentos na sua juventude no teatro, mas ele também sempre creditou os amigos que ele fez através do Burning Man, o festival anual de arte conceitual que caminha pelo deserto de Nevada até seu próprio reino da magia. Se ‘Hair’ introduziu ele para a linguagem de ideais culturais contrários, Burning Man mostrou a ele como s pessoas falam disso todo dia.

‘Tem uma comunidade aqui em L.A. que faz parte do Burning Man,’ diz Lambert, um nativo de San Diego que se mudou para Hollywood depois do ensino médio. ‘É uma comunidade underground, e quando eu descobri sobre ela eu fiquei muito mais excitado em viver aqui. As pessoas que eu estava conhecendo eram muito mais interessantes, mais originais. E felizes, apenas felizes.’

‘Los Angeles pode ser uma cidade realmente triste. Se você for para os clubes vai encontrar um monte de pessoas querendo ser atores e não conseguindo realizar os seus sonhos, e eles são azedos e tristes… Mas na [Burning Man] comunidade ninguém se importa. Você está vivendo sua vida, e você se sente fabuloso com isso, e você pode estar fazendo com 5 dólares por dia.’

Lambert com certeza deve estar aproveitando seu alto orçamento agora – especialmente as ‘caras, lindas e esquisitas’ roupas – mas ele aparenta ter preservado a perspectiva que ele ganhou conhecendo sérios boêmios.

Ele sabe como jogar o jogo da indústria da música. Ele invadiu as suítes dos executivos para colaborações em ‘For Your Entertainment’: seus compositores incluem indubitáveis fazedores de hits como Max Martin, Ryan Tedder, Linda Perry, Dr. Luke e a jurada do ‘Idol’ Kara DioGuardi, e seus produtores incluem grandes nomes como RedOne e Rob Cavallo.

‘Adam tem uma confiança incomum em minha mente mas não de um jeito pretencioso, ‘ Tedder disse em um e-mail. ‘Ele tem a confiança de um cara que se conhece completamente até o âmago, tanto em musicalidade quanto em personalidade. Ele passou quatro dias em Denver trabalhando comigo e estava tão relaxado e confortável no meu estúdio quanto ele estava sendo rodeado por fãs quando ele foi jantar. Para um artista de primeira viagem, ele com certeza tem mais controle criativo que eu já vi em qualquer novato, mas Adam é o tipo de pessoa que prefere não fazer do que fazer algo que não seja 100% daquilo que ele vê.’

Pinfield, o co-apresentador do WRXP junto com Fram e definitivamente uma força dentro do rock alternativo como uma apresentador da MTV durante os anos 90, acha que sua aproximação eclética pode funcionar com Lambert. Ele pode ter um pouco de dificuldade nas rádios rock, Pinfield diz, mas os fãs do cantor não devem se importar.

‘Havia um mundo diferente antigamente, com a coisa do rock n’ roll,’ ele diz. ‘Hoje, as mesmas pessoas que amam os Beatles e os Stones e o Zeppelin também podem amar Radiohead, e Adam Lambert. Os jovens de hoje não estão tão preocupados em ser de um gênero específico.’

No estúdio, Lambert listou figuras quentes como Pink e Lady Gaga como compositoras enquanto segurava aquela veia do rock fazendo cover de um material de Justin Hawkins, originalmente formador da banda inglesa revivedora do glam The Darkness, e Muse, uma banda que ele ama.

‘Eu escuto música de rock doida e potente, onde eles cantam com tudo o que tem, e soul music, o que pode ser similar,’ Lambert disse. ‘Mas eu também escuto um monte de música dance. Eu amo aquele estilo. Eu era um fã de Paula Abdul, um fã de Michael Jackson, um fã de Madonna. Quando Christina Aguilera apareceu quando eu estava no ensino médio, aquele era um grande exemplo de alguém que tomava o sentido de dança pop mas que podia realmente cantar. Pop stars fizeram isso; mas nem tantos caras fizeram isso. Talvez seja uma questão da pessoa masculina.’

A margem do cantor

Um homem gay assumido durante uma época em que essa identidade tornou-se mais aceitável (na mídia, pelo menos), Lambert começa com uma vantagem surpreendente sobre os roqueiros aparentemente heteros: Ele espera estar em contato com seu lado feminino.

‘Eu sou um gay empurrando barreiras heterosexuais,’ ele diz. ‘Mas isso foi o que eu fiz no programa! Assim como quando eu cantei ‘Ring Of Fire’ eu fui vestido com os olhos muito maquiados, uma roupa bem diferente e couro. Na semana seguinte, eu cantei ‘Track Of My Tears’ de terno, parecendo bem hetero. Eu estava brincando com a minha imagem. Não era que eu estava tentando parecer hetero.’

Essa brincadeira dele com sua pan-sexualidade e seu gingado exibicionista, qualidades que já foram comuns para roqueiros, são agora dominadas por pessoas como Pink e Lady Gaga. Lambert entende isso. Ele também cita Justin Timberlake como um espírito livre, se não musical, falando sobre termos de showman masculino e estilo próprio.

‘Eu acho que a próxima geração virá um pouco mais com a cabeça aberta,’ ele diz. ‘Mais receptiva, mais colorida, mais multi-gênero, multi-etnica, multi-sexual, o que eu acho que é mais utópico. Ou eu acho que é, eu espero que seja.’

O que separa Lambert das outras estrelas jovens da elite é a sua voz, um instrumento com o timbre, poder e alcance relembram aqueles titãs do hardrock.

‘Ele consegue cantar quase qualquer nota de uma guitarra, da mais grave a mais aguda,’ disse Cavallo, que acredita que o senso de estilo e espírito de Lambert, combinados com o alcance vocal, coloca ele no reino dos grandes. ‘E se você está no estúdio com ele e diz ‘Hey, podemos esquentar um pouco as coisas? Ele vai dizer ‘Vaaaaamos’ E então o microfone derrete e a caixa de som explode.’

Lambert estudou ópera quando era adolescente, e então se afastou um pouco das aulas por um tempo. ‘Eu comecei a rejeitar o jeito próprio que se deve cantar e então comecei a cantar,’ ele diz. ‘Eu estava escutando cada vez mais música de rock e pensando, wow, como aquelas pessoas conseguiam fazer aquilo com as vozes delas?”

Ele descobriu que não tinha nome para o que os cantores de rock faziam. O jeito de Lambert cantar, assim como seu estilo pessoal, colocam ele além de uma barreira.

‘Eu me encontrei [com um professor de canto] perto do verão e falei com ele sobre isso, e o engraçado foi, sabe quando eu faço pequenas, loucas, notas gritadas? Ele ficou tipo, ‘Nós realmente não temos um jeito pra ensinar isso. Meio que fica fora do que nós podemos.’ ‘Aquelas notas que soam um pouco como um grito de rock, ninguém nunca me ensinou a fazer. Eu meio que tive que ensinar a mim mesmo. Você simplesmente faz. É simplesmente um som que você faz.’

Fonte: Los Angeles Times

Tradução: Rodrigo Neri

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3 Comments

  1. materia otima! Adam é muito humilde e maravilhoso! Vai ser um dos grandes!!

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  2. TAMBÉM GOSTEI MUITO DESSA MATÉRIA, PRINCIPALMENTE NA PARTE ONDE O ROB CAVALLO FALA QUE O ADAM VAI SER UM DAQUELES ARTISTAS QUE A GENTE VAI ACOMPANHAR POR ANOS E ANOS A FIO, TIPO MADONA, ALIÁS, É MUITO LEGAL ISSO, IR ACOMPANHANDO O ARTISTA FAVORITO EM CADA TRABALHO, E VÊ-LO CRESCENDO SEMPRE, TANTO COMO ARTISTA COMO PESSOA. EU CRESCI OUVINDO MADONA, NA ÉPOCA QUE ELA ESTAVA COMEÇANDO TINHA MUITA GENTE QUE ( PASMEM…) FALAVA MUITO MAL DELA, DIZIA QUE ELA ERA SÓ MAIS UMA CANTORA POP, QUE IRIA SER ESQUECIDA LOGO E OLHA AÍ A MULHER DEPOIS DO QUÊ?? QUASE 30 ANOS DE CARREIRA…FIRME E FORTE E É EXATAMENTE ISSO O QUE A GENTE VAI VER ACONTEÇER COM O ADAM, DAQUI A UNS 30 ANOS O CARA AINDA VAI ESTAR CANTANDO, E ENCANTANDO MULTIDÕES!!! SE DEUS QUIZER..E NÓS SABEMOS QUE DEUS QUER, NÃO É PESSOAS??? 😉
    BJS
    GO ADAM!!!!

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  3. ADORO O ADAM E ADORO AVRIL LAVIGNE E MESMO PORQUE O MEU SOBRE NOME É INGUAL A DA AVRIL QUE COENSIDENCIA

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